31 outubro 2007

Dependências

Embora o futebol seja um desporto colectivo e as vitórias surjam quase sempre devido ao trabalho mais forte de uma equipa sobre outra, a imprensa portuguesa teima sempre em criar motivos para justificar as vitórias das equipas.

Já nos habituamos ás justificações de "mal- perdedor", sejam elas assentes em jogos viciados, neste caso insinuando mais do que provando, como também à falta de qualidade das equipas que o FCPorto leva sucessivamente vencidas, menosprezando-as ao máximo, tudo isto para tentar retirar todo o mérito das vitórias à equipa portista.

Ultimamente, surgiu uma moda que tenta justificar as consequentes vitórias no campeonato da equipa azul e branca: as dependências.

Criou-se a ideia de que o FCP só ganha devido à dependência de um jogador, que a equipa não renderia o mesmo se esse atleta não jogasse, ou até se os adversários conseguíssem anulá-lo dentro do campo, seja de que maneira for, seria mais fácil levar de vencida a equipa bicampeã nacional.

A ideia de que o FCP era " Quaresma e mais dez" foi "vendida" durante toda a época passada, e no inicio desta época tudo iria dar ao mesmo, quando na primeira jornada Quaresma carimbou com um golo uma brilhante vitória frente, ao sempre difícil, Sp. Braga. Entretanto, as vitórias começaram a aparecer e a imprensa tratou de criou de criar mais fantasmas de "dependência" na equipa do FCP, os sucessivos golos de Lisandro Lopez e, por fim, a simples presença de Lucho, aliada ao facto da equipa não perder desde que o "El Comandante" entrou na equipa foram, mais uma vez, a justificação das vitórias portistas.

Mas, onde é que quero chegar com isto tudo?

Quero, certamente, dizer que, desde que comecei a ver que, afinal, o futebol é muito mais do que 22 homens, 11 para cada lado, que estão 90 minutos a disputar a posse de uma bola e no final ninguém quer saber da mesma, percebi que o futebol é um desporto colectivo, e que a equipa que ganha, quase sempre, é a mais forte, a mais capaz e a mais unida colectivamente, por isso não existem nenhuns segredos nas vitórias portistas, a não ser na questão que somos mais fortes do que as outras equipas por muito que isso custe a ver a alguns sósias do Mr. Magoo.

Até mesmo os devaneios tácticos de Quaresma ou as arrancadas individuais do Bosingwa são tudo em nome de um colectivo e do seu objectivo traçado, ou seja, ganhar. Uma equipa que é dependente de um só jogador, não será nunca uma equipa tão dominadora em todos os sectores do campo, tão pressionante e, também, tão ganhadora como a do FCP, e é isso que os "críticos" do futebol não percebem.

Na 2ª feira, frente ao Leixões, o FCP apresentou-se apenas com uma mexida no meio-campo, e o certo é que ninguém deu por isso, apesar de uma ainda, evidente, adaptação de Bolatti ao futebol europeu, principalmente de um atleta que jogava numa equipa que desceu de divisão, num campeonato tão diferente do que o português.

Já, anteriormente, na defesa não se tinha notado, primeiro, a ausência de Pedro Emanuel e, posteriormente, da falta de coordenação entre Stepanov com Bruno Alves, além das sucessivas alterações nas laterais.

O que o FCPorto tem vindo a demonstrar nesta época, até mais do que as anteriores, é que não precisa de ser dependente de um jogador para ganhar, que quando entra em campo é mesmo uma equipa, na verdadeira acepção da palavra, um conjunto difícil de quebrar e de vencer.

Se os resultados, e todos os números positivos inerentes a esse facto, estão aí para desmascarar falsas suspeitas, as exibições do FCPorto estão a começar a melhorar a olhos vistos esperando a nós, como adeptos, que sigam esta senda vitoriosa por muito tempo, enquanto os nossos adversários vão percebendo que afinal o problema está nas suas distracções em olharem demais para a casa dos outros para justificarem os seus próprios erros.

30 outubro 2007

Mais 3

FCPorto 3-0 Leixões
Lisandro 5', 78' e Tarik 8

Equipa: Helton, Bosingwa (Marek Cech 14'), B. Alves, Stepanov, Bolatti, Raúl Meireles, Lucho (M. Gonzalez 79'), Quaresma, Lisandro e Tarik (Postiga 72')

36.509 espectadores

Mais 3 golos, mais 3 pontos. 8 jogos realizados, 8 vitórias conseguidas, 24 pontos conquistados. 8 pontos de avanço sobre o 2º classificado, correspondendo a um ponto de avanço conquistado por jornada aos rivais. Melhor ataque do campeonato com 15 golos, quase dois golos por jogo. Melhor marcador do campeonato (Lisandro) com 8 golos à média de um golo por jornada, tendo o dobro dos golos do segundo melhor marcador. Melhor defesa do campeonato com apenas um golo sofrido, sendo talvez a melhor defesa de todos os campeonatos europeus. Não sofre golos há 7 jogos. Com números impressionantes destes que mais se poderá dizer do actual comandante do campeonato da primeira liga? O adepto mais crítico terá mesmo de se render às evidências.

O FCPorto entrou na partida a todo o gás, procurando conseguir a vantagem no jogo o mais rapidamente possível para depois poder gerir tranquilamente o jogo até ao fim e conquistar assim mais uma vitória. Na realidade foi exactamente isto que aconteceu. Com uma entrada à Dragão, o FCPorto começou completamente virado para o ataque, criando logo nos primeiros minutos vários lances junto da área adversária. Foi então, e até já com alguma naturalidade, que logo aos cinco minutos Lisandro, através de uma jogada de insistência, inaugurou o marcador, conseguindo assim os azuis-e-brancos a vantagem pretendida. Praticamente na jogada de ataque seguinte, Tarik, qual Maradona, resolve entrar pela área dos leixonenses a dentro, fintando tudo e todos e marcando e um dos mais belos golos da presente liga.

Com o dois a zero aos 8 minutos de jogo, esperava-se que o ritmo do jogo da equipa portista fosse aos poucos e poucos abrandando. Os jogadores do FCPorto entenderam que, com maior ou menor dificuldade a vitória dificilmente lhes escaparia e apesar de ainda ter apresentado um bom futebol até perto dos vinte minutos de jogo, o que é certo é que, intencionalmente ou não, o jogo perdeu praticamente todo o fulgor inicial e tornou-se num longo bocejo em que, e ainda na primeira parte, parecia que todos já esperavam o fim do jogo. Neste período há que salientar unicamente a lesão de Bosingwa, logo aos 15 minutos, que poderá ter tido alguma influência na perda de velocidade dos Dragões.

Para a segunda parte esperava-se a reacção dos leixonenses que foram tomando conta das operações. Mas notava-se que era um domínio algo consentido e sempre controlado de muito perto pelo meio-campo portista. Meio-campo esse em que Bolatti foi cumprindo a sua missão de substituir Paulo Assunção, notando-se que ainda lhe faltará algum ritmo de jogo e em que Raul Meireles juntamente com Lucho fizeram um enorme jogo de entrega total, conseguindo para mim, juntamente com Lisandro, serem os três melhores jogadores em campo.

Já perto do final e depois de mais um jogo em que se perdeu em lances individuais, só não conseguindo levar ao desespero o Dragão devido à vantagem no marcador já adquirida, Ricardo Quaresma assiste primorosamente Lisandro para este facturar o terceiro golo da partida e seu oitavo no campeonato, selando em definitivo o marcador final.

O FCPorto com os números já apresentados na actual edição da liga parece praticamente estar a passear, mas é necessário manter os níveis de concentração elevados, não adormecendo nos oito pontos de avanço alcançados, nem que para isso a equipa liderada por Jesualdo Ferreira tenha de se ultrapassar dentro das próprias portas. É isso que têm de fazer e neste momento existe um recorde de 13 jogos consecutivos a vencer para bater, podendo ficar assim esta equipa na história do clube. E é precisamente isso que queremos. Façam história.

29 outubro 2007

8x3...

Finalmente o FCPorto está de regresso à liga portuguesa, precisamente 21 dias depois de nela ter participado pela última vez, e regressa logo com um jogo marcado para uma segunda-feira à noite. Não duvido que o clube tenha sido um dos interessados nesta escolha, por isso acredito que mais uma vez quem não foi tido nem achado nesta decisão da SAD portista foram os adeptos, aliás como infelizmente não poucas vezes acontece. Sei que existiu um jogo na quarta-feira passada mas nada justifica que se faça com que muitos adeptos tenham, ou de fazer um grande esforço para ver um jogo que não terá assim tantos atractivos como isso, a não ser o simples apoio incondicional ao FCPorto, ou então que, aliando o tempo frio e o primeiro e cansativo dia da semana de trabalho, pura e simplesmente não assistam ao jogo no estádio, conseguindo com isso que o apoio à equipa seja mais fraco. Espero estar enganado.

Quem não se importará com a menor adesão dos portistas ao estádio será precisamente o clube vizinho e velho rival que se irá apresentar hoje no Dragão. O Leixões, que tem nos seus quadros nada mais nada menos que quatro jogadores emprestados pelo FCPorto (motivo acrescido de interesse para acompanhar o jogo), tem uma carreira muito peculiar nesta liga, os seis pontos conquistados até agora são resultado precisamente de seis empates, tendo a equipa de Carlos Brito nos sete jogos efectuados perdido apenas por uma vez. Como velhos rivais e mediante a pressão dos seus adeptos, que deverão marcar uma grande presença hoje no Dragão, que ninguém duvide que estes “vermelhos” de Matosinhos farão do jogo com o FCPorto o seu próprio campeonato. Por isso serão necessárias muitas cautelas e deverá ser necessária toda concentração por parte dos jogadores do FCPorto.

Apesar dos muitos jogos que se avizinham para Jesualdo Ferreira e para o FCPorto, isto apesar de estarmos “aliviados” dos jogos da Carlsberg Cup, acreditava que o técnico não fizesse já neste jogo poupança de jogadores, mas essa poupança é necessária e teria de começar por algum jogo e o que é certo é que Paulo Assunção já não foi convocado. Ainda assim acredito que a entrada na equipa inicial de Bolatti no lugar do médio brasileiro será uma das únicas alterações, acrescentando a estas talvez a saída Mariano Gonzalez, dando este lugar a Tarik. Estranhamente Adriano é que continua também de fora. Fazendo apenas as duas alterações faladas o onze não deverá ser muito diferente daquele que tão bem se mostrou em França. Aqui está a minha previsão se Jesualdo não resolver poupar mais ninguém:

Depois do anterior segundo classificado ter perdido pontos, o FCPorto, além do aliciante da conquista da oitava vitória consecutiva, tem como aliciante aumentar a vantagem para a concorrência, sendo mais uma vez importantíssima a conquista dos 3 pontos. Mas acredito que, para além de todas as dificuldade de que já falei, e não tendo por hábito falar do árbitro, ele esta noite poderá ser mais um dos problemas, deixando para justificar esta minha excepcional referência o seguinte texto:

SENHOR DE MATOSINHOS Escolha de risco A Comissão de Arbitragem insiste em fazer escolhas de risco para jogos complicados. A nomeação de Rui Costa, funcionário da Câmara Municipal de Matosinhos, para o jogo entre o FC Porto e o Leixões, equipa de Matosinhos, é um risco desnecessário para um jogo clássico do futebol português, colocando sob pressão um jovem e promissor árbitro.
Jorge Maia in O Jogo
FCPorto – Leixões, SportTv - 19H45

27 outubro 2007

Medida pró-"Fair play"

"Fair play" fica ao critério do árbitro
Os jogadores do FC Porto não voltarão a colocar a bola fora do relvado para forçar a paragem do jogo e permitir que os jogadores adversários sejam assistidos. Da mesma forma, não vão esperar tratamento diferente, não devolvendo a bola aos adversários que a coloquem fora do relvado, por considerarem que a responsabilidade pela paragem do jogo para permitir a assistência a jogadores lesionados é da exclusiva responsabilidade dos árbitros. Os responsáveis portistas consideram que aquilo que é visto genericamente como um acto de "fair play" tem sido alvo de abusos por parte de algumas equipas, que exploram a boa vontade dos adversários para quebrar o ritmo de jogo. De resto, a decisão do FC Porto acontece na sequência de uma recomendação recente da UEFA, que aconselha os jogadores a deixarem a decisão sobre eventuais paragens no jogo para assistir jogadores lesionados ao critério do árbitro. A esse propósito a UEFA recordou aos árbitros a Lei 5 das Leis do Jogo, segundo a qual, "o árbitro pára o jogo se, na sua opinião, um jogador estiver lesionado com gravidade garantindo a sua remoção do terreno do jogo". Para que não subsistam dúvidas em relação a esta tomada de posição, os portistas passarão a informar os árbitros e os adversários da mesma antes de cada jogo."
In O Jogo

Ao contrário do polémico e sempre protegido da imprensa lisboeta Jorge Jesus, eu não acho que o “Fair Play” seja uma treta, por isso mesmo estou de completo acordo com esta medida agora tomado pelo FCPorto, que acaba no essencial por coincidir com a opinião do dito treinador.

Confusos? Eu explico.

O tão falado “Fair Play” tem a ver, sobretudo, e como a própria expressão traduzida do inglês o diz, com tornar o jogo justo. Ora, quantas vezes não é feito um aproveitamento da boa vontade de uma equipa para que na realidade, e supostamente em honra do “Fair Play”, uma qualquer jogada ou o próprio ritmo do jogo seja quebrado. Além de que muitas vezes, uma equipa atirava a bola para fora na área adversária e quando a devolviam a bola ia exactamente para área contrária. Podemos considerar estas situações como jogo justo? Eu acho que não, e normalmente quem sofre mais com este género de situações são as equipas que mais tentam jogar futebol, ou seja, as que mais têm a dar ao que nós mais gostamos no jogo em si, o espectáculo.

O FCPorto ao informar antes dos jogos, quer a equipa de arbitragem, quer a equipa adversária, que vai proceder de tal forma, algo que nem tinha necessidade de fazer dadas as próprias recomendações da FIFA, faz o que é mais justo para o jogo, responsabilizando a decidir quem sempre deveria ter essa responsabilidade, o árbitro. Afinal é para isso que ele lá está, para decidir. Interromper o jogo seja porque motivo for, deve ser feito pela única pessoa indicada para tal, embora se saiba que não poucas vezes irão ser os próprios árbitros a estragar o jogo, cedendo então eles às manhas dos jogadores, sendo que aqui poderá estar o maior problema.

De qualquer forma penso que a aplicação desta medida terá de ter o bom senso de, e em casos de lesões de extrema gravidade comprovada, os próprios jogadores do FCPorto a ignorarem, porque para toda a regra existe a excepção e nem sempre é possível que o árbitro se aperceba de todas as incidências de uma partida.

Será feito, como sempre, um aproveitamento dos costumeiros anti-FCPorto sobre esta situação. A suposta falta de desportivismo da equipa azul-e-branca em alguns jogos, será o novo cavalo de batalha da imprensa sempre hostil e dos adeptos adversários, mas não será nada a que não estejamos habituados e não deixa de ser uma medida mais do que adequada ao futebol português, acabando assim com algo que considero ser uma grande hipocrisia.

26 outubro 2007

Jogadores em alta

Quaresma
"Quaresma faz parte da lista de 50 nomeados para a Bola de Ouro, troféu instituído pela revista francesa France Football e que, a partir de este ano, pretende eleger o melhor jogador do Mundo. Até esta edição, cujo vencedor será conhecido no início de Dezembro, a iniciativa elegia apenas o melhor a actuar nos campeonatos da Europa. Alargado o leque de escolha, ainda que a maioria dos nomeados continue a representar clubes europeus, a presença do jogador portista torna-se ainda mais significativa, sendo igualmente de registar o facto de Quaresma ser o único atleta a actuar na Bwin Liga nomeado pelo corpo redactorial da publicação francesa. Incluído na lista dos possíveis vencedores, Quaresma terá agora de esperar pelo resultado a retirar da votação de 96 jornalistas, representando os cinco continentes."
In O Jogo

Leandro Lima
"Leandro Lima está entre os 40 candidatos a Melhor Jovem de 2007, uma nomeação levada a cabo pelo Tuttosport, jornal italiano de referência. O brasileiro do F.C. Porto faz parte de uma lista onde também está o nome de Anderson, agora no Manchester United. Os grandes candidatos à vitória são, no entanto, Lionel Messi (Barcelona), Sergio Aguero (Atl. Madrid) e Cesc Fabregas (Arsenal). Na lista de anteriores vencedores contam-se os nomes de Van der Vaart, Wayne Rooney e o próprio Lionel Messi."
In Maisfutebol

Bosingwa
"O Aston Villa estará disposto a pagar 18 milhões de euros pelo passe de Bosingwa. A notícia foi difundida ontem, mas é em tudo parecida às que foram surgindo durante o defeso, período em que o clube inglês terá sofrido a concorrência do Newcastle. Pública, até porque existem declarações, é a admiração do treinador do clube de Birmigham, Martin O'Neill, pelo lateral-direito."
In O Jogo

Renteria
"Renteria confirmou, à Rádio Caracol da Colômbia, que tem clubes alemães interessados no seu concurso, tal como Record já revelara na passada semana.
“Falei com o meu empresário e ele disse-me que há três equipas alemãs atentas, uma delas o Bayern de Munique”, adiantou o avançado, prudente nos comentários: “O FC Porto tem os meus direitos desportivos. Vou esperar.” Renteria está actualmente cedido ao Estrasburgo, de França."
In Record

25 outubro 2007

Um Porto d’Honra

Marselha 1-1 FCPorto
Niang 69', Lucho 79' (g.p.)
Equipa: Helton, Bosingwa, Stepanov, B. Alves, Fucile, P. Assunção, R. Meireles (Leandro Lima 72'), M. Gonzalez (H. Postiga 45'), Lisandro e Quaresma

Depois do empate em casa com o Liverpool, o jogo com o Marselha foi mais um nesta fase da Champions em que o empate soube a muito pouco. A grande personalidade, segurança e nível com que o FCPorto encarou esta partida mostrou mais uma vez que o ponto de honra obtido acabou por ser insuficiente para o Porto d’Honra que se apresentou no Velodrome.

A entrada no jogo foi excelente, não deixando nunca a equipa francesa atrever-se quase atravessar o meio campo. Com um FCPorto pressionante numa linha mais avançada que recuperava muitas bolas e criava lances de perigo, tendo na primeira meia hora da partida total domínio do jogo a toda linha, provando os temores que o treinador adversário tinha antes do jogo quando disse que o FCPorto se tratava de uma das melhores equipas da Europa.

Nessa meia hora o domínio apresentado traduziu-se em dois grandes remates do Raul Meireles que foram cirurgicamente desviados para o poste da baliza do guarda-redes francês, sendo o primeiro lance uma grande, grande jogada de Bosingwa, que regressou em grande e que merecia melhor sorte na hora da finalização. Com Lucho, Meireles e Assunção em grande foi assim natural o domínio do jogo durante a primeira parte, tendo o Marselha apenas sacudido a pressão após a primeira meia hora e mesmo assim sem nunca sequer criar algum perigo para a baliza de Helton que durante todo o jogo terá feito apenas duas defesas.

Não tendo sido traduzida em golos a grande primeira parte, para o segundo tempo esperava-se uma reacção natural dos anfitriões. Jesualdo Ferreira retirou então aquele que tinha sido a surpresa no onze inicial e que acabou por não justificar a titularidade, Mariano Gonzalez, e colocou Hélder Postiga na frente de ataque, puxando Lisandro para o lado direito. O FCPorto voltou a entrar novamente muito forte e nos primeiros cinco minutos criou novamente várias ocasiões para colocar justiça no resultado. Mas Postiga mostrou-se como o conhecemos, bastante perdulário e trapalhão, algo que aconteceu durante toda a segunda parte e que me fez pensar não sei quantas vezes em Adriano que nem sequer convocado foi para ir a França.

O Marselha, após algumas mudanças começou então a jogar mais próximo da defesa do FCPorto e num dos primeiros lances de real perigo para Helton, conseguiu concretizar, numa das únicas falhas de Stepanov e através de um jogador que antes já tinha feito duas entradas violentíssimas, primeiro sobre Raul Meireles e já na segunda parte sobre Quaresma, contando sempre com a complacência do árbitro.

Mas este FCPorto mostrava confiança e acreditava-se que a qualquer momento o golo do empate poderia surgir. Já Leandro Lima tinha entrado para o lugar de Raul Meireles, quando após mais um grande passe de Lucho a rasgar toda a defesa dos franceses, Lisandro aparece isolado na grande-área sendo rasteirado pelo guarda-redes, dando lugar a uma inequívoca grande-penalidade que o mesmo Lucho converteu repondo alguma justiça no resultado. Até final só o FCPorto mostrou capacidade para chegar à vitória, mas a sorte que tivemos na Turquia não quis nada connosco neste jogo.

Neste momento o FCPorto está a dois pontos do Marselha e irá receber a equipa francesa no próximo jogo, tendo mais que equipa para a vencer, ficando assim no primeiro lugar do grupo. Se conseguir vencer o também o acessível Besiktas, que também recebe em casa, e depois destes terem derrotado o Liverpool, o apuramento do FCPorto estará mais que assegurado. Dois jogos, duas vitórias, para depois podermos viajar até Inglaterra sem qualquer pressão.

Liga Portistas de Bancada - Top ten


Equipa da Bancada da 3ª jornada - "Invictos FC" (Joaquim Pedro Melo) - 86 pt

Observações:
- O primeiro classificado da Liga Portistas de Bancada, o Chycko do "mister" Francisco Castro, num total de 279.478 equipas, está no 999º lugar;

- A Liga Portistas de Bancada, num total de 16.060 ligas, está no 91º posto, tendo subido novamente mais de cem lugares em relação à última jornada;

- Número de participantes da Liga Portistas de Bancada - 106 equipas.

24 outubro 2007

Repetir 2004

Quase três semanas depois de termos visto o verdadeiro futebol de que gostamos, aí está mais um jogo do FCPorto e logo uma difícil e importante partida para a Champions League. Não contando com qualquer derrota desde o início da época, esta paragem não poderia ter vindo em pior altura já que pode ter quebrado o excelente ritmo a que a equipa estava habituada e todos sabemos que o FCPorto não se dá bem com paragens, o início da segunda volta da época passado demonstra-o bem.

O Olympique de Marselha, adversário desta noite, é o primeiro classificado do grupo na Champions, tendo vencido o Besiktas no Velodrome, estádio de ambiente infernal e onde jogará hoje o FCPorto, e derrotado o todo poderoso Liverpool em pleno Anfield Road, estando com mais dois pontos que o FCPorto nesta altura. Mas ainda que a vitória em Inglaterra possa e deva manter em respeito qualquer equipa que os defronte, o que é certo é que a sua carreira na liga francesa não tem sido muito famosa, tornando esta equipa muito imprevisível.

Nos eleitos de Jesualdo Ferreira para esta partida, a maior surpresa foi Adriano que não viajou para França, tudo indica, por opção técnica, já que não existe nenhuma informação de qualquer lesão que fosse impeditiva para a viagem. Farias também não viajou e no seu lugar dos dois pontas-de-lança, foram convocados o recém recuperado Hélder Postiga e Edgar. De resto Fucile, tal como Bosingwa, depois das lesões, estão aptos e deverão ser, tal como Tarik na frente de ataque, opção para o técnico que não deverá apresentar uma equipa muito diferente da habitual e que deverá ser esta:

Uma vitória colocará o FCPorto em primeiro lugar no grupo e consequentemente ficará a um pequeno passo da qualificação para a fase seguinte da prova. É por isto, e já por esta altura da época, um jogo importantíssimo. Convém então, para levantar a moral das tropas, serem lembradas aos jogadores as boas recordações que a equipa marselhense trás ao FCPorto, já que da última vez que foram nossos adversários, foi também o início para a caminhada para a conquista da Liga dos Campões, precisamente em 2004 e nessa altura vencemos no Velodrome por 3 a 2, golos do FCPorto marcados por Maniche, Derlei e Alenitchev. É tão bom recordar!

O. Marselha - FCPorto, 19H45 - SportTv2

22 outubro 2007

Assembleia-geral ordinária do FCPorto Clube

Na passada quinta-feira, dia 18, realizou-se no Estádio do Dragão uma assembleia-geral ordinária respeitante ao FCPorto Clube. Na ordem de trabalhos e como principais assuntos estavam a apresentação para apreciação do relatório e contas do Clube relativo à época transacta, a apreciação de uma proposta de autorização para constituição, a favor da Caixa Geral de Depósitos, de quaisquer garantias para segurança de um empréstimo a contrair pelo clube até um valor de 13 Milhões de euros, isto relacionado com a construção do novo Pavilhão do FCPorto, e por último era dada meia hora para discussão de assuntos de interesse do clube.

Sobre o relatório e contas do Clube e depois de uma explicação sobre o mesmo, onde foi demonstrado que o clube terá uma situação estável, como principal destaque foi apresentada uma redução do passivo no valor de 12,7 Milhões de euros, estando este actualmente no valor de 31,9 Milhões de euros. O relatório foi aprovado quase por unanimidade, tendo havido apenas uma abstenção.

De seguida foi apresentado o Pavilhão Dragão Caixa para dar início à discussão sobre o empréstimo a contrair em relação a este novo projecto. Ficou-se a saber que a Caixa Geral de Depósitos suportará 70% do endividamento tendo em contrapartida, além do “naming” do pavilhão, o patrocínio das três principais modalidades profissionais, o Hóquei em Patins, o Andebol e o Basquetebol. Sobre este assunto várias questões foram colocadas por alguns sócios, sendo que a baixa lotação do recinto foi a mais ouvida, já que um clube como o nosso seria merecedor de um pavilhão com uma lotação bem superior aos cerca de 2000 lugares estimados. Pinto da Costa como resposta defendeu a beleza arquitectónica da obra, não tocando sequer no assunto da lotação. A autorização do empréstimo foi depois aprovada por maioria, existindo alguns votos contra.

Para finalizar e como prometido era a hora (ou a meia hora) de serem colocadas as variadas questões para interesse do clube. Vários sócios intervieram e a questão do Museu, já aqui falada no blog há muito (podem ver o post Museu, porque não temos?), foi um dos assuntos, não deixando de ser colocado em causa como um clube com a nossa história e quantidade de troféus já arrecadados se dá ao luxo de os ter encaixotados numa qualquer arrecadação. Pinto da Costa respondeu que quer um museu temático e não apenas um armazém de taças, não tendo avançado qualquer data, nem sequer uma previsão para quando poderá a execução do mesmo ser pensada realmente a sério, ficando apenas, tal como já está há quatro anos, uma porta ao lado da Loja Azul no Dragão com os dizeres “futuro museu do FCPorto”. Simplesmente incompreensível.

Outro sócio falou do velho campo da Constituição, onde são realizados os treinos das escolinhas do FCPorto e que terá condições muito precárias, principalmente para quem assiste aos treinos. Pinto da Costa falou das difíceis negociações com os senhorios de alguns terrenos, mas que já estarão resolvidas e que assim estará tudo a postos para que a modernização do complexo desportivo seja efectuada, não se sabendo o que estará planeado ao certo. Outros sócios intervieram, lembrando a necessidade de uma piscina, sendo que o FCPorto é um dos clubes com mais campeões nessa modalidade, e da necessidade de um espaço no Dragão onde os reformados possam confraternizar.

Houve também um sócio que mostrou a sua preocupação relativamente ao facto de o clube ter vindo a perder sócios, tendo havido uma redução de cerca de 3.000, o que é incompreensível tendo em conta o que o clube tem ganho e quase continuamente. Os números exactos eram os seguintes:

-Entradas: 7.868 sócios (6.912 novos sócios e 956 recuperações);
-Saídas: 10.429 sócios (10.217 eliminações, 114 pedidos de demissão e 98 falecidos);
-Numero de associados do clube: 86.229 sócios.

Estas últimas questões não obtiveram qualquer resposta por parte da direcção.

A assembleia terminou com uma ovação de pé, a pedido do presidente da assembleia Sardoeira Pinto, em memória das antigas glórias do clube recém falecidas.

PS: Hoje já temos futebol de alto nível com o regresso da Champions League, por isso não se esqueçam de actualizar as vossas equipas da Liga dos Portistas de Bancada no site do UEFA Football Fantasy.

Corrupção (V)

A vida continua e o apito dá de comer a muitos...

Tivemos mais do mesmo no sábado. Mas o Sol e o Correio da Manhã surpreenderam-nos.
O semanário traz uma entrevista de Pinto Monteiro, da PGR. Coisas a vulso sobre a Justiça, a justiça e as injustiças que por aí vão. Mais o "gaba-te cesto" do próprio, que foi eleito como foi mas o facto de o irmão de Pinto Monteiro, catedrático em Coimbra, ser amigo de José Sócrates não diz nada, não se associa uma coisa a outra, iríamos lá pensar nisso de corrupção na justiça e é coincidência pura o Sol ter antes divulgado escutas de Sócrates para correr com Souto Moura e meter lá alguém benquisto...

Já o Correio da Manhã traz uma manchete com Pinto da Costa a in(tro)duzir mais problemas do Apito Dourado. Mas dentro do jornal, nada de novo, a mesma trampa de antes e a surpresa de um Boavista à frente do Leiria no número de jogos investigados, o FC Porto com 7 jogos e acusações sobre três deles mas tudo o que já se sabe.

Tomar a nuvem por Juno
Alegadas listas e árbitros amigos daquela triagem conveniente feita a tempo de distrair parolos são dadas como comida requentada. Nada de novo, nem podia haver. Inclusive, tantos e tantos árb
itros envolvidos num caso que leva o recorde de arguidos mas nos quais não consta nem o FC Porto nem Pinto da Costa.
Tomaram a nuvem por Juno. É escrito, dentro, que o "relatório final elaborado pela PJ e que levou ao arquivamento do processo de viciação das classificações da arbitragem". Ora, este processo tem vários arguidos, vai para julgamento e a curiosidade é que, depois de tanta expectativa, Pinto da Costa não foi implicado nessa eventual fraude. Não foi implicado, não tem interesse! Até se dá o caso como "finito". E assim é dito num jornal mafioso, cuja 1ª página tem o presidente do FC Porto em grande ao lado de letras garrafais de coisas genéricas e outras particulares de um caso que está vivo mas não com Pinto da Costa.

Mas como o apito é como o vinho e dá de comer a alguns milhões de portugueses, decerto bem mais do que os dois milhões de pobres estimados cá na terra das Novas Oportunidades, a vida tem que ir seguindo, correndo e apitando, pois claro.

Sobre a corrupção, o josé na Grande Loja do Queijo Limiano - de cujo nome gosto pelo que retrata da corrupção à portuguesa e um blog que acho dos melhores na Lusitânia - resume bem o essencial de Pinto Monteiro, sua figura e o seu pensamento, fora o trejeito transmontano de falar axim a modos de que...

Excertos da entrevista do procurador-geral da República, Pinto Monteiro, à Tabu do Sol:

"Considero que fizeram uma boa escolha [para o lugar de PGR] , pois sempre fui um bom juiz e um homem que nunca teve medo de ninguém. Nunca. Sempre afrontei os problemas sozinho, sem qualquer temor."

"Eu vou dizer uma coisa com toda a clareza que talvez não devesse dizer: acho que as escutas em Portugal são feitas exageradamente. Eu próprio tenho muitas dúvidas que não tenha os telefones sob escuta(...)penso que tenho um telemóvel sob escuta. Às vezes faz uns barulhos esquisitos.
(...)
- Somos um país de corruptos?
- Não. A corrupção maior é a corrupção de Estados. E em Portugal não temos as verbas fantásticas do petróleo ou aquelas que vão para África, por exemplo. É claro que há tráfico de influências, há a corrupção do "cafezinho" e o "tome lá uns euros para fazer andar", num país com a burocracia que nós temos."

Ficamos elucidados. Maria José Morgado, anda a fazer o quê, no combate à corrupção, pelos vistos inexistente? E o DCIAP, onde se controlam as escutas, serve para quê?
Além disso, se as escutas só podem ser autorizadas por um juiz de instrução, quem é que anda a escutar o PGR? Os serviços secretos, não podem ser: não estão autorizados. Então, quem será?
Fico perplexo. Pinto Monteiro precisa de um Columbo no MP. Imagem, porém, já temos.

Talvez em vez da Morgado - sim, para quê? Ah, para o Apito Dourado e muitos meios à disposição sim senhor... - se tivessemos um Columbo o apito se virasse contra o apitador, ou lá como se diz. O famoso detective, maltrapilho na roupa e cabelo desalinhado, era capaz de fazer o que muitos pedem:
Investigue-se outros jogos, outros clubes, outras épocas e talvez o Apito Encarnado apite mesmo.

Com um PGR, cujo irmão é só amigo do primeiro-ministro, destes não podíamos ir longe, pois não? Nem à segunda tentativa como a eleição polémica que teve no Conselho Superior de Magistratura, pois não? E a respaldar investigações capciosas de uma alegada justiceira do povo de métodos inquisitoriais com resquícios de marxismo-maoismo?...

p.s. - Ó Pinto Monteiro, faxabore, e se tivessemos essa grande corrupção de Estado, com petróleo dos árabes e diamantes dos bokassas africanos, como iria ser uma investigação em Portugal?

20 outubro 2007

João Malainho disse...

Sempre que algum iluminado vem referir o suposto benefício ao FC Porto ao longo de 20 anos para justificar a hegemonia deste clube no futebol português, assalta-me uma pergunta: "Saberão vossas mentes iluminadas ao que vos referis?" - Então digam-me lá quais são os grandes triunfos vossos que dignificaram o futebol português além-fronteiras ao longo destas últimas décadas...

No Porto, cidade que nos dias de hoje se sente abatida, sempre se trabalhou, a nobreza nunca teve vida fácil nesta Invicta cidade - sempre foi a cidade do trabalho - o seu maior clube também se pautou por esse valor. Mesmo quando queriam tirar valor às vitórias do clube, o FC Porto sempre foi um exemplo de trabalho, de rigor, de dedicação. O jogador típico do FCP come a relva, alaga a camisola, deixa tudo em campo, e ainda consegue ser virtuoso no momento decisivo.

Vivemos num país frustrado, é certo. Ora os frustrados sempre tiveram de encontrar a justificação para os seus males no exterior, nos outros (psicologia básica). E entenda-se que não no facto dos outros serem melhores, mas sim porque há uma conspiração para que esses senhores não possam ser felizes, não se possam embebedar e bater na mulher ao chegar a casa - orgulho de muitos da "velha guarda" de outras bandas, que não esta, onde tripeiro e tripeira se pronuncia com igual respeito, força e coragem...

Hoje não consigo admirar tanto a maior parte dos jogadores de futebol como o fiz no passado. A maior parte parecem-me miúdos agora... Quando era eu mais miúdo do que eles pareciam-me todos (e muitos eram mesmo homens de barba rija - que saudades do André, Jaime Magalhães, João Pinto, Frasco... E tantos outros que trabalhavam para que artistas como Futre e Madjer, por exemplo, pudessem brilhar).

Sempre admirei os mais velhos como símbolos do saber - não que idade seja sinónimo de cultura - mas usar a experiência dos que já viveram mais do que nós para aprendermos a cada dia que passa pode ajudar a vencer frustrações, a ver o mundo com outros olhos (mais humanos, talvez) e a tornar-nos conscientes das nossas limitações, para que possamos então demonstrar com humildade que realmente somos inteligentes e merecemos "viver". Até porque como disse Sócrates há 25 séculos atrás - "uma vida não examinada não merece ser vivida".

João Malainho em 28/9/07 às 15:17 em comentário ao post "Momento Vale e Azevedo-JVP na arbitragem"

18 outubro 2007

O rei do Prater

Na passada segunda-feira o jornal O Jogo apresentou-nos uma entrevista a um dos maiores símbolos do FCPorto. João Pinto, o nosso eterno capitão de Viena, que depois de receber a taça fez questão de andar o tempo todo com ela na cabeça como se de uma coroa se trata-se, imortalizando também assim a sua imagem, foi talvez um dos melhores defesas direitos de sempre do futebol português, não propriamente pelos seus dotes técnicos, mas pela forma como superava essas falhas, entregando-se ao jogo em cada jogada como se fosse a última da sua vida. O agora treinador adjunto de Jesualdo Ferreira, mostra em toda a entrevista o que é verdadeiramente viver o FCPorto, justificando assim ser uma das presenças mais importantes no balneário portista. O profissionalismo, a paixão, a raça, a garra, a vontade de vencer, o amor à camisola, em resumo a tão falada mística do Dragão, é a sua imagem de marca e que fica bem patenteada na entrevista, demonstrando a todos o que é realmente um jogador "à Porto". Mística essa que ele próprio tenta transmitir a quem chega ao clube.

Rei do Prater em 87, professor da mística na intimidade portista e também imperador das palavras nesta entrevista, a mesma deve ser lida por completo por todos os portistas, sendo que apenas coloco aqui algumas partes que achei mais significativas, dada a sua extensão. Podem ler a entrevista completa aqui.

Mística
Falou no meu caso e no Rui Barros, e é verdade que temos muitos anos de clube. Por isso, temos a obrigação de mostrar aos jogadores, sobretudo aos que chegam, o que representa estar no FC Porto. Mas, ao mesmo tempo, tenho a certeza de que a mística está viva nestes jogadores. Temos vários atletas com essa mística, não só os que vieram das camadas jovens, como alguns estrangeiros que se integraram muito bem no clube. E depois ainda temos os jogadores jovens que estão a aparecer, como são os casos do Rui Pedro, Castro ou Ventura. E são esses jogadores que daqui a alguns anos vão transportar a mística do FC Porto.

Há jogadores com essa mística no FC Porto, alguns deles estrangeiros, que passaram a adorar o clube pela forma como são respeitados e tratados por todas as pessoas. O Lucho, por exemplo, ou o Lisandro, que vivem o clube intensamente e já interiorizaram a mística do FC Porto. E a prova disso é a forma como treinam e jogam. Com a ajuda deles
, mas também do Bruno Alves, do Pedro Emanuel, e de mais dois ou três jogadores, a mística continua viva. Apesar de ganharmos muitos títulos, queremos cada vez mais, e é isso que estes jogadores têm de transmitir aos mais novos.

Um jogador "à Porto"
É um jogador que leva isto muito a sério. Neste clube, tem de se ser um profissional no verdadeiro sentido do termo, e não apenas no local de trabalho, mas também na vida social, na imagem que passa para fora. Aquilo que fiz ao longo dos anos foi natural; era a forma como treinava, jogava, e como não gostava de perder nem a feijões… E isso é um jogador à FC Porto. Ter garra, meter o pé, mas, mais importante ainda, que quer ganhar sempre.

Liga dos Campeões
No ano passado fizemos uma campanha brilhante, apesar de no FC Porto se pensar sempre em conquistar títulos. Chegar aos quartos-de-final também não nos chega, porque queremos chegar ainda mais longe. Apesar de sabermos que é difícil, não é impossível. Trabalhamos bem, somos um clube organizado e, por isso, existe sempre a esperança de ganhar.

Infelizmente, os clubes portugueses não têm, nem nunca tiveram, capacidade para lutar com as mesmas armas dos clubes estrangeiros. Essas diferenças podem ultrapassar-se com o trabalho, muito valor e um pouco de sorte, até porque neste clube acredita-se que se pode vencer sempre, independentemente do adversário ou da competição. É assim que pensamos.

Apito Dourado
Quando apareceu o Apito Dourado o FC Porto ganhou; agora parece que se fala do Apito Encarnado e o FC Porto continua a ganhar… Tudo na mesma, portanto. São situações que têm um único objectivo: retirar mérito a todas as nossas conquistas, não só as de nível nacional. Aliás, nem sei se também há algum apito internacional, porque é bom não esquecer que também temos sido capazes de vencer a nível europeu e mundial. E disso temos o exemplo recente da carreira que o FC Porto fez no ano passado na Liga dos Campeões… Mas é lógico que ficamos tristes por darem mais mérito aos nossos adversários, que nos últimos anos não ganharam praticamente nada, do que à nossa equipa. No entanto, isto só nos dá mais força e torna-nos ainda mais unidos.

Actual campeonato
Ao longo dos anos fui-me apercebendo que não é fácil dar-se mérito ao FC Porto pelos títulos conquistados. Se calhar, dá-se mais mérito aos nossos adversários, que ganham menos vezes. Isso dá-nos força. Mas sabemos que quando vamos à frente, com uma vantagem como esta, tentam adormecer-nos, passam a dar-nos valor excessivo e a não dizer o que se passa na casa dos outros… Mas as pessoas deste clube sabem como têm de lidar com essa situação.

Estava à espera de ser líder, mas não com este avanço, sobretudo numa fase ainda tão prematura da temporada. Tenho consciência de que se trabalha bem no FC Porto, mas com os três pontos por vitória também sei que esta vantagem pode facilmente ser anulada com dois jogos menos positivos. Apesar da distância, não passa pela cabeça de ninguém que já vencemos o que quer que seja, até porque ainda ninguém se esqueceu do que aconteceu na última época. Sabemos, nesta casa, que só venceremos se continuarmos a trabalhar desta forma. E é isso que vamos fazer.

Principais virtudes deste FC Porto
Temos grandes jogadores e uma equipa muito jovem, apesar de poucas pessoas falaram sobre este assunto. Ao longo dos últimos anos também voltamos a ter jogadores nas selecções com maior frequência, o que não acontecia num passado recente. Neste momento, temos quatro na selecção principal e muitos nas selecções mais jovens, por culpa do trabalho que tem sido desenvolvido. Para além disso, estamos satisfeitos pelos resultados que conseguimos obter nestes dois últimos anos, que faz com que continuemos a ser a melhor equipa a nível nacional.

PS: Aproveitando o facto do João Pinto ter falado da mítica mística do FCPorto, pergunto aos Portistas de Bancada qual dos jogadores do actual plantel acham que transporta consigo essa mística. Naturalmente excluí os novos jogadores e aqueles que menos tem jogados no plantal. Aqui fica a pergunta:

Qual o jogador que mais representa a mística do FCPorto?
Helton
Nuno
Bosingwa
Bruno Alves
Pedro Emanuel
Marek Cech
Fucile
Paulo Assunção
Lucho
Raul Meireles
Lisandro
Quaresma
Adriano

17 outubro 2007

Corrupção (IV)

E mais ainda da desonestidade quanto ao Estado do Apito Dourado - o que Liga?

Estes assuntos levavam-nos muito longe. Dava o tal filme quando a atenção virou-se-me para a Semana da Amamentação.

De facto, ela acaba bem para os choramingueiros.

O presidente da Liga prometeu acabar a época com decisão sobre o Apito Dourado.

Como?, ele não disse. O quê?, ninguém sabe.

O presidente da CD da Liga, entretanto, tinha-se aglomerado no rol dos queixosos de ocasião: o MP não colaborava e ele na Liga não podia dar andamento ao Apito Dourado.

Vai daí, Hermínio - outro Loureiro na Liga, e é tanto que dá cheiro a mais... - põe uma espada sobre a cabeça do presidente da CD, dizem alguns.

Mas como vai Ricardo Costa resolver o caso até fim da época? Alguém sabe? O Hermínio sabe? Ou é mais propaganda? - perguntam outros. Qualquer advogado se sentiria mal no meio desta estória...

Quanto à 2ª pergunta: o quê?, qual o Apito Dourado de que falamos?

Até ao momento, avançado está o processo originário, o dos jogos do Gondomar. O que depois correu em paralelo, o outro, o grande (?), o que interessa (?), o que vende (?), está bem atrasado. Mas a Liga vai castigar, eventualmente, ou até absolver o... Gondomar?

Há uma 3ª pergunta, que remeto para um texto muito curioso, a seguir.

"A celeridade judicial é um meio para atingir um fim, não é um fim em si mesmo. Quando se trata o descongestionamento como um fim, ofusca-se o objectivo real, que é, obviamente, fazer justiça. É o que está a acontecer…

A partir de agora, a parte que inviabilize a resolução de um litígio através de meios alternativos e pretenda recorrer aos tribunais será responsável pelo pagamento das custas do processo, mesmo que o tribunal lhe venha, no final, a dar razão. Por outras palavras, quem não queira pôr fim a um conflito através da celebração de um acordo realizado fora dos tribunais (supõe-se que por considerar que esse acordo não é justo), recorre ao tribunal e, no final, paga, mesmo que acabe por ganhar a acção.

Paga, portanto, por ter querido justiça e depois de um tribunal lhe ter feito justiça."

Isto foi pescado do Insurgente, que o tirou de algum lado com Ana Rita Ferreira como autora.

Isto da celeridade da justiça não ser um fim - obviamente - sob pena de não se aplicar a justiça, tem a ver com aquela questão de a CD da Liga poder julgar o Apito Dourado.

Mas não só. Esta coisa, vendo bem, aplica-se ao cidadão comum. É o Estado que temos.

E, aí, atente-se nos parágrafos seguintes.

Parece claro e é abrangente.

Dá que pensar. Até por causa do Apito Dourado. Que isto de se "meterem" comigo em qualquer assunto que me leve como queixoso ou réu eventualmente a tribunal, também "mexe" e eu não aceito este poder do Estado sobre o cidadão que tem todo o direito de reclamar Justiça.

Como diz o outro, parece uma faca de dois legumes.

Até a barraca abana...

16 outubro 2007

Corrupção (III)

Grande líder no que depende só de si

O FC Porto lidera com 7 pontos de avanço, em apenas 7 jornadas, sobre o 2º classificado. Sofreu um golo na 1ª jornada, só na mais recente ronda teve direito a uma grande penalidade e graças a um corajoso árbitro-auxiliar. O FC Porto vai também bem na Liga dos Campeões, em que não perdeu e conta mais pontos do que Sporting e Benfica juntos.

A superioridade é manifesta. Vitórias incontestáveis, mesmo que pela margem mínima. Jogadores na crista da onda. Melhor marcador, ataque mais realizador, defesa menos batida da Europa, único líder só com triunfos nos principais campeonatos continentais. É um líder dependente de si, em todos os aspectos.

Mas na Imprensa não se reflecte. Com a bola em descanso, damos conta de outro tipo de classificações. Só por exemplo, olhando por acaso um jornal da especialidade, A Bola tem Rui Costa e Quim com 48 pontos no seu prémio de regularidade.

Não admira. Da mesma forma que, na 1ª jornada, Quaresma fez dois golos – e que golos! - e decidiu em Braga, merecendo a nota 8, na mesma altura, sem qualquer golo feito nem sequer vitória alcançada ou que se justificasse, Rui Costa era credor da mesma nota 8 nesse jornal… num Leixões-Benfica.

Quem tanto aceita discutir os critérios de arbitragem expõe os seus critérios assim, de forma incongruente. Mais: nos 8 ou 10 primeiros dessa classificação de mérito individual, só Quaresma e Raul Meireles, ambos com 45 pontos, são os portistas inseridos no topo dessa tabela. Há dois maritimistas com 44 pontos, depois é só sportinguistas. Lisonjeiro, no mínimo, para jogadores cujas equipas distam 7 e 8 pontos (no caso do Benfica) do líder FC Porto.

Isto é só um facto pegado ao acaso. Ao longo de tantos anos, desde que li numa página dedicada a um concurso do Totobola que num Benfica-Porto o prognóstico foi de 1 só porque “uma vitória portista significaria o fim do interesse no campeonato com a dilatação da sua vantagem pontual”, passaram-se histórias dignas de um museu do anedotário nacional: o farense Carlos Costa foi eleito o melhor jogador na era da hegemonia do Penta portista, entre outros títulos e um Jardel avassalador.

É esta lógica da invisibilidade de quem tem mérito, e da opacidade do critério jornalístico, que preside à análise de certos lances.

Pode não haver quem se lembre desta frase: “Parece-me claramente que a bola entrou”. Disse-a, como a registei sem falhas, Miguel Prates, só mais um do mesmo regime que pontua na SportTV, no directo do Benfica-Porto, fez agora 3 anos, em que um remate de Petit foi defendido à segunda por Vítor Baía. Nunca se confirmou se a bola passou ou não o risco de baliza. A Bola e Record titularam que foi golo, o relatador televisivo disse o que disse…

Ainda agora, no Sporting-V. Guimarães com três faltas leoninas num só lance do qual originou o primeiro golo caseiro, o mesmo Miguel Prates nem por sombra aflorou qualquer hipótese de ilegalidade. “Uma jogada polémica, que dará muito que falar, teve como consequência um bonito golo de Izmailov”.

Estamos esclarecidos. O FC Porto segue o seu caminho triunfal. Os cães ladram… É a outra versão da desonestidade e corrupção intelectual expostas nas páginas e nos resumos filmados.

15 outubro 2007

Corrupção (II)

Desonestidade intelectual desportiva

A par da chicana política do Estado, desavergonhadamente inserido na negociata da Justiça minando o princípio da separação de poderes, os órgãos do futebol não deixam de reflectir a podridão do sistema e do regime. Questiona-se a própria Democracia e até o modelo de eleição baseado nos partidos. Apesar dos serventuários do poder fazerem as croniquetas habituais…

Começa a vislumbrar-se, um ano depois, o que foi a eleição na Liga de Clubes: pessoas (Rui Alves) e clubes (Benfica) ameaçaram com tribunais e recusas para agora andarem aos beijos e abraços. Em consequência, a Comissão de Arbitragem da Liga, cujo líder seria suposto merecer a aprovação unânime da sua impoluta figura, assim criada, está sob fogo cerrado. Mas foi eleito por unanimidade... Repetem-se as virtudes do profissionalismo do sector mas multiplicam-se os erros dramáticos em campo.

A esta desonestidade intelectual, treinadores e presidentes vão dando uma no cravo e outra na ferradura. O Sporting tanto cavalga a onda da contestação como advoga o sossego no sector. Basta ser favorecido ou prejudicado. Em Alvalade perde-se facilmente a noção de coisas básicas como a vergonha e a postura.

Anos a fio identificado com o poder na arbitragem e até na disciplina no futebol, o FC Porto há anos que se desligou de qualquer sector de poder, desde a própria presidência da Liga a poderes sectoriais que os invejosos do costume associaram a êxitos acumulados no campo de jogo.

As acusações vagas do Apito Dourado, a intoxicação da turba delirante, a conivência da Imprensa sedeada na capital, tudo se constituiu uma muralha de bloqueio que o futebol em campo fez desmoronar com sucessos inauditos na Europa. Coincidindo com o afastamento de quaisquer órgãos na Liga, o FC Porto acumulou êxitos como nunca. Internamente e, para cúmulo, nas principais competições internacionais.

Rendidos na hora à categoria competitiva do FC Porto, sem igual na história do futebol capelista cá da terrinha, os arautos de desgraças (pela diminuição de espectadores, a perda de receitas, a hegemonia portista que não faz bem ao tecido futebolístico nacional, entre outros defeitos apontados) tocaram a corneta dos vencedores só para se reduzirem à mendicidade intelectual costumeira, retomando suspeitas antigas, alimentando vícios que era suposto erradicarem, sonegando a visibilidade devida aos campeões em nome de audiências que garantiriam o seu futuro mas cujos números caem dramaticamente e minam a sustentabilidade do seu negócio.

É este, também, o estado do futebol em Portugal. O sector e a empresa mais competitivos a nível internacional estão reduzidos à pequenez de espírito das enciclopédias anquilosadas do regime. É a desonestidade da Imprensa Destrutiva indiferente até à queda da sua influência e às vendas minguadas e quase reduzidas a metade do que foram… na epopeia do Penta portista (1995 a 99).

13 outubro 2007

Ilusões de óptica e bambúrrios

"Depois da vitória em Istambul, o FC Porto passou incólume em Coimbra, mantendo a distância para os seus dois adversários domésticos que desta vez venceram, voltando a ser bafejados pela sorte, porque se os erros de arbitragem que os favoreceram foram fortuitos e não intencionais, devem ser atribuídos à fortuna. Naturalmente, não se podia esperar que os beneficiados o reconhecessem, já que até o jogador mais inveterado só invoca a sorte para se queixar dela, e quando ganha na roleta prefere gabar-se dos seus dotes e da infalibilidade do seu método.

Bento viu-se às aranhas para não reconhecer que, o primeiro golo da sua equipa fora precedida de uma falta à qual o árbitro fez vista grossa e houve um dirigente do Benfica que, apesar do penalty poupado a Luisão, apareceu a lamentar-se da arbitragem, talvez por se lembrar de outras noites em que a roda também esteve a cargo do “croupier” Ferreira e a sorte foi ainda mais generosa.

O FC Porto também acabou por ter sorte, já que beneficiou de um dos penalties mais claros do ano. Foi uma ocasião rara porque, enquanto perdurar o “Apito Dourado”, os árbitros continuarão a recear assinalar qualquer penalty a favor do FC Porto e Elmano Santos tem sido sempre um dos expoentes máximos desse complexo. Desta vez, a falta foi tão evidente que a sua marcação dispensaria a patética conferência em que foi evidente o embaraço do árbitro madeirense, como se estivesse a cometer um pecado capital. Fiquei com a ideia que foi o assistente Marcelino quem assinalou a falta que Elmano nunca seria capaz de marcar mas, segundo conta Domingos Paciência, o assistente terá dito aos seus jogadores que a falta ocorrera fora da grande área, e por isso teria tentado evitar a sua marcação. Ficou sem saber, ao certo, a quem deva agradecer a bem-aventurança, mas se o treinador da Académica disse a verdade, tratou-se de mais um sintoma sério dessa terrível doença profissional que tem vindo a afectar os árbitros assistentes. Será um problema oftalmológico causado pelos intercomunicadores? Será que as ondas que emitem, que afectam o julgamento, também perturbam a visão? Vítor Pereira deveria aproveitar a paragem no campeonato para rever a situação, porque é inegável que os novos aparelhos não funcionam bem e só atrapalham o que já era difícil. Por isso, se ainda estiverem na garantia, talvez os possa devolver ou trocar por óculos de boa qualidade. É apenas um recurso mas, infelizmente, os seus impenitentes utilizadores não podem ser trocados."

Rui Moreira in A Bola

12 outubro 2007

Corrupção (I)

Estado do Apito Dourado
O Apito Dourado foi-se esvaziando à medida da própria menoridade, e mal provada, dos factos alegadamente monstruosos que os altifalantes amplificavam. Mesmo algumas esparsas acusações produzidas de uma montanha de factos e milhares de escutas telefónicas cuja legitimidade constitucional se questiona, não deixam de, à própria turba instigada pela Imprensa do regime, causar espanto por tão pouco sustentadas. O próprio recolhimento da Justiceira do Povo - inspirada numa produção de prova de regimes já caídos sob o pó da História, com testemunhas inventadas e relatos convenientemente produzidos e validados por expedientes vários - aos aposentos da capital para assuntos melindrosos da maior corrupção é sintomático. A par disso, os segredos de alcova foram escasseando e os tribunos de ocasião tiveram poucas dicas para expandirem o negócio da urdidura que montaram meses a fio.

Daí enquadrar-se o Apito Dourado nas coisas menores, como apontam muitos comentadores desapaixonados, não envolvidos na farsa nem distraídos do que vai mal no reino da Dinamarca…

Espectáculo
O último foi Vasco Pulido Valente (VPV, in Público, Última Página de 7/10/2007). Em síntese, abordou o tema como outros antes dele e cuja reflexão aqui trouxemos (ver post de 7 de Setembro Apitadelas várias na ordem do dia - aqui). Tudo a propósito da entrevista de João Cravinho à Visão, na semana passada, VPV em síntese:
- a “corrupção [em Portugal] em geral faz-se de acordo com a lei”, aquilo que vulgarmente se diz fugir pelas malhas largas da lei (feita a cargo de políticos, juízes ou não mas políticos ou enteados de interesses políticos);

- a “polícia e os tribunais não podem ir longe e só se ocupam de casos menores”;

- no fundo “o Apito Dourado e operações do género são um espectáculo, que esconde os crimes de consequência”.
VPV confere, ainda, que “os negócios conseguem inspirar um temor e um respeito que, por exemplo, o futebol não consegue”. Pior: a Imprensa e a televisão, para VPV, ficam silenciadas, até por alguns conflitos de interesses entre os grupos de comunicação social e eventuais negócios e figuras a abordar… Para concluir que se isto fosse um país a sério “metade da primorosa elite do nosso país marchava para a cadeia como um fuso”.

Ora, os lóbis que VPV diz poder incluir cinco ou seis escritórios de advogados de presença assídua nos fóruns televisivos, não servem só para cativar interesses; como na contra-espionagem, pode atiçar-se um caso contra alguém. E, assim, eis que surgiu o Apito Dourado, vagueando à mercê destas ondas agora num mar chão perto da praia da sua resolução. Parece cada vez mais claro à opinião pública e, ainda, à opinião publicada.

Casa Pia e CPP
Também esta semana, Manuel António Pina (JN) lembrava como o novo Código de Processo Penal (CPP) e Código Penal (CP), instaurado à pressa, tinha origem no branqueamento ou aligeiramento que os políticos momentaneamente no poder pretendem em função dos seus interesses imediatos – adequar artigos, subtilmente ou não, ao andamento carroceiro do processo Casa Pia do qual Catalina Pestana (ver Sol de 5/10/2007) não excluía figuras do PS implicadas nas denúncias, nomeadamente Paulo Pedroso.

Alterar o CP, no artigo 30º, na definição de crimes continuados, em que 10 crimes ou 50 dos mesmos configurem uma “continuação” desses crimes só em respeito a uma mesma vítima é como 1 crime só, serve ou não para atenuar penas e desagravar crimes em relação aos implicados na Casa Pia?

É esta monstruosidade em curso, que várias personalidades do domínio da Justiça vêm denunciando em diversas entrevistas, com o beneplácito do PS: depois de arrumar com Souto Moura da PGR (apanhando nas traiçoeiras escutas telefónicas o Primeiro-Ministro, ver o Sol de 29/9/2007), fez por nomear (contra o interesse dos seus pares que duas vezes o rejeitaram) quase à pressão Pinto Monteiro para Procurador da República. Que dócil tem sido. E, por fim, conseguiu que, após chincana política até um mês transitoriamente à frente do Tribunal Constitucional, outro homem de mão, Rui Pereira, mentor do CPP agora em vigor, seja o novo ministro da Administração Interna.

Estas coisas não surgem desligadas, sem conexão, a escapar ao crivo da opinião pública. Toda a montagem obedece, claramente, a uma orquestração suportada numa maioria governamental que demonstra, finalmente, os tiques pidescos do anterior regime, para não entrarmos pela feição neoliberal com efeitos chocantes na economia e nas regalias sociais de que o PS era esperado como bom guardião.

Queixumes dourados
Sobre o Apito Dourado, há já queixumes avulsos, esporádicos, de as coisas não andarem, de juízes se furtarem a pegar no caso, de paralisação de tribunais em suma. E não é que o caso pronto para ir a julgamento, o da classificação dos árbitros, não implica a vítima preferida aos pés da qual se amontoou a lenha para a fogueira inquisitória? Isto já depois de o cerne do Apito Dourado, centrado nos jogos do Gondomar, esperar o tempo de arranque, mas também essa corrupção nem parece de grande monta porque lá falta um pecador-mor que o reino dos lóbis quis apedrejar publicamente.

A corrupção nunca divulgada ao povo ignaro continua a ser alvo de zuns zuns, investigações de fachada, programas e telejornais que passam por ali como vinha vindimada e falsa moral apregoada. Mas sem resultados. É um 0-0 sem grandes ocasiões de golo. E muito concerto de apito que desmotiva o adepto.

Este é o Estado em que estamos. E o Apito Dourado em consequência. De permeio, faz dia 14 dois meses que alguém com as orelhas a arder ficou de responder ao Apito Encarnado, prometido na SIC. Um pedregulho que entalou muita gente. E a procissão ainda vai no adro.