31 maio 2008

Porque o blog é do Zirtaev


Escrevi, há dias, um email ao Zirtaev. Pedi-lhe para me retirar da lista dos convidados deste magnífico blog. São várias as razões que me levaram a fazer esse pedido:
- A principal, é porque tenho muitos compromissos que me impedem de aqui vir com regularidade, o que faz com que o Zirtaev e o seu blog tenham "a fama e nenhum proveito" de me terem como convidado residente.

- A segunda, é porque violo as regras do blog : ao aparecer com o meu nome e assinatura num veículo excelente, mas que deve a sua liberdade ao anonimato. É este anonimato que permite que aqui se possa escrever sem correr riscos. Ora, nesse sentido, o anonimato é uma regra que, ao assinar com o meu nome, violo, com evidente prejuízo para o blog e também para mim.

- Em terceiro lugar, porque o facto de participar no blog leva a que alguns participantes pensem que leio todos as mensagens. Creio, aliás, que é por isso que alguns exageram nas críticas - o que nem me aflige muito - mas há também quem se incomode e acham que não respondo por falta de educação ou sobranceria.

- Por último, porque alguns dos que aparecem a defender-me, seguramente com a melhor das intenções, nem sempre o fazem da melhor forma. Uns excedem-se, e todos são sempre mal entendidos, por vezes insultados e acusados de fazer parte de uma facção imaginária, porque não existe.
Agradeço ao Zirtaev, que concebeu o melhor blog portista, todas as atenções, e só lhe peço uma coisa: que nas próximas sondagens que venha a fazer, não me inclua. Poupa-nos dissabores aos dois e poupa alguma irritação a muito boa gente.

Será que este nosso clube, que era irredutível, liberal e revolucionário, está hoje condicionado pelos tabus? Temo que a livre opinião esteja já condicionada pelo situacionismo, pelo seguidismo, pela unanimismo. Não me revejo nesse espírito de seita, porque não foi por isso que chegamos ao apogeu e, também, porque acho que não nos trará nada de bom.
Continuarei a encontrar-vos no estádio, onde a minha função é do adepto que apoia o clube com as suas as palmas aos jogadores. Continuarei, também, a defender o clube, a instituição e a glória e a honra, incondicionalmente. Continuarei a ser grato aos que fizeram bem ao clube, mas que não me toldarão o juízo, porque não sou adepto de pessoas: sou adepto do FC Porto. Continuarei pois a ver o que vejo pelos meus olhos, a aplaudir o que acho bem, a criticar o que acho mal. Tenho pena, naturalmente, que alguns confundam "fair play" com moleza, que confundam boa educação com fraqueza, que confundam a defesa do bom nome com inépcia táctica, que confundam princípios éticos com cedências. Lamento que alguns não percebam o que separa o desporto da guerra: no confronto desportivo, mais importante do que ganhar é a forma como se ganha. É por isso que gosto de desporto e não o confundo nem tomo por guerra.

O meu email (rumor1956@yahoo.com) está sempre à vossa disposição e, como os que o usam bem sabem, tenho por hábito responder.

Um abraço do
Rui Moreira.

PS: Já agora, e em nota de rodapé para os que imaginam que este blog faz parte de uma qualquer conspiração sinistra, acreditem que, com muita pena minha, nunca tive o prazer de conhecer o Zirtaev pessoalmente.

29 maio 2008

Comunicados

Comunicado da F.C. Porto – Futebol, SAD I

"O médio Paulo Assunção informou a F.C. Porto – Futebol, SAD que deixará a equipa azul e branca já no final desta temporada. Leia o comunicado da sociedade portista na íntegra.

COMUNICADO

O jogador Paulo Assunção informou a Administração da F.C. Porto – Futebol, SAD que põe termo, sem justa causa, ao contrato de trabalho desportivo que o liga a esta sociedade. Esta medida tem efeitos já no final da época em curso.

A comunicação de Paulo Assunção foi efectuada nos termos do Artigo 17º das «Regulations on the status and transfer of player», aprovadas pelo Comité Executivo da FIFA.

Porto, 29 de Maio de 2008"


Comunicado da F.C. Porto – Futebol, SAD II

"A F.C. Porto – Futebol, SAD emitiu esta quinta-feira um comunicado, no qual anuncia ter sido notificada pela UEFA sobre um processo disciplinar relativo à UEFA Champions League 2008/09.

COMUNICADO II

A F.C. Porto – Futebol, SAD foi hoje notificada, pelos serviços disciplinares da UEFA, da abertura de um procedimento disciplinar tendente à verificação das condições de admissibilidade da equipa principal desta sociedade na UEFA Champions League, edição 2008/09.

Na mesma notificação, a F.C. Porto – Futebol, SAD foi informada que poderá pronunciar-se sobre o referido assunto até ao próximo dia 3 de Junho e que o Órgão de Controlo de Disciplina da UEFA tomará uma decisão, em primeira instância, a 4 de Junho.

Apesar deste procedimento da UEFA, a F.C. Porto – Futebol, SAD reitera a confiança nos argumentos que já tornou públicos e na força da razão que lhe assiste.

Leia o Comunicado na íntegra

Porto, 29 de Maio de 2008"

In fcporto.pt

28 maio 2008

Mercado de transferências 2008: Certezas e rumores - I


SAÍDAS

Bosingwa > Chelsea (Inglaterra) - 20,5 M

João Paulo > PAOK (Grécia) – empréstimo

Bruno Alves > Manchester City (Inglaterra) / Barcelona (Espanha) – 30 M

Quaresma > Inter Milão (Itália) – 30 M

Lucho Gonzalez > Atlético Madrid (Espanha) – 25 M

Paulo Assunção > Fiorentina (Itália) / Atlético Madrid (Espanha) – ?

Raul Meireles > Atlético Madrid (Espanha) – ?

Marek Cech > PAOK (Grécia) – empréstimo / Nápoles (Itália) – ?

Hélder Postiga > Sporting (Portugal) – Troca com Milan Purovic / Panathinaikos (Grécia) - ?

Ernesto Farias > Estudiantes (Argentina) - ?

Ibson > Flamengo (Brasil) - vendido em definitivo ao clube de empréstimo por 3.8 M

Alan > V. Guimarães (Portugal) - vendido em definitivo ao clube de emprétimo

Adriano > Nacional da Madeira/ V. Guimarães / S. Braga (Portugal) / PAOK (Grécia) - ?

Bruno Moraes > PAOK (Grécia) - ?


ENTRADAS

Rolando (Belenenses) – Defesa Central – 22 anos - 0.7 M (4 épocas)

Tomás costa (Rosário Central - Argentina) – Médio Atacante – 23 anos - 3,2 M (4 épocas)

Cláudio Pitbull (V. Setúbal) – Avançado – 26 anos - Regresso de empréstimo

Nelson Benitez (Lanus – Argentina) – Defesa Esquerdo – 24 anos – 1 M (50% passe) (4 épocas)

Simon Vukcevic (Sporting) – Médio Atacante – 22 anos – 5 M

Cristian Rodriguez (Benfica) – Médio Atacante – 22 anos – 7 M

Pawel Golanski (Steaua de Bucareste – Roménia) – Defesa Direito – 25 anos - ?

Kléber (Santos - Brasil) – Defesa Esquerdo – 28 anos – ?

Lazaros Christodoulopoulos (Salónica – Grécia) – Médio Atacante – 21 anos – 2 M

Guedes (Penafiel) – Ponta de Lança – 21 anos - ?

João Pereira (Braga) – Defesa Direito – 24 anos - 3 M

Miranda (S. Paulo) – Defesa Central – 23 anos – ?

Santiago Solari (Inter Milão) – Extremos Esquerdo – 31 anos - ?

Fernando Belluschi (Olympiacos) – Médio - 24 anos - ?

Milan Purovic (Sporting) – Avançado – 23 anos – Troca com Hélder Postiga

Jean Calvé (Le Mans) - Defesa Direito - 24 anos - ?

Nota:
- Apenas as transferências a negrito estão confirmadas;
- Apenas com o nome a negrito estão as transferências quase certas mas ainda não confirmadas pelo FCPorto;
- Tudo o resto não passam de rumores.

27 maio 2008

Quem fala assim é Dragão

O título de campeão
Soube a pouco, mas os objectivos mais importantes, que eram ganhar o campeonato e chegar aos oitavos-de-final da Champions, foram conseguidos e por isso mesmo tenho de fazer um balanço muito positivo da temporada. Mas disse há poucos dias que acho que o FC Porto, quando parte para uma época, parte sempre com pelo menos três objectivos definidos: ser campeão, ganhar a Taça de Portugal e conseguir passar aos oitavos-de-final da Champions.

Fizemos um campeonato em que vencemos 80 por cento dos jogos. Na discussão com os nossos adversários directos - o Guimarães fez um grande campeonato, mas é um corpo estranho na discussão do título - ganhámos três e perdemos um. A questão, portanto, não se prende com aquilo que os adversários deixaram de fazer, mas sim com aquilo que nós fomos capazes de realizar. Mesmo que eles tivessem vencido 80 por cento dos jogos, tal como nós, teríamos sido campeões na mesma em virtude dos resultados alcançados no confronto directo.

Apito final
Terminámos o campeonato com 20 de avanço. Dêem as voltas que quiserem. Aliás, até achava giro que, quando fizessem as resenhas do campeonato, pusessem lá os 20 pontos e depois um asterisco: 'Descontaram seis'.

Não coloco sequer a possibilidade de não disputar uma prova para a qual nos apurámos com mérito. Finalmente, acredito que essa hipótese resultou apenas de mais um ataque cerrado ao FC Porto durante as últimas semanas para encobrir problemas de outros clubes.

Trabalhar no FCPorto
Acho difícil que um treinador tenha uma vida tranquila nesta casa. Mas o meu é um percurso que se divide também em três fases. No primeiro ano houve a dúvida sistemática sobre as minhas capacidades até ao final da temporada. No segundo ano, esclarecemos algumas dúvidas, mas persistiram outras em relação às coisas que não conseguimos ganhar. No terceiro ano vou entrar com mais credibilidade, mas também com algumas dúvidas que quero esclarecer definitivamente.

Sinto-me muito bem no FC Porto, não pensava vir para o FC Porto e muito menos pensava começar um terceiro ano no FC Porto. Mas, já agora, já que cá estou e gosto de cá estar, gostava de ficar por cá muitos anos.

Objectivos
O campeonato é o objectivo primordial neste clube. Queremos voltar a vencê-lo, de preferência com muitos pontos de vantagem. Ficou um registo de 20 pontos, porque para mim, para os jogadores e para o clube foram 20 pontos de vantagem e não os 14 que nos atribuem. Temos esses 20 pontos como objectivo a bater, temos os oitavos-de-final da Champions para ultrapassar e temos a Taça de Portugal para vencer.

O que falam dele
Se estou no tricampeão nacional, não posso ter um discurso pequenino e envergonhado. Houve coisas que sempre disse e ninguém quis escutar, mas que agora são ouvidas. Depois, é natural que o discurso seja mais veemente, quando se sente, constantemente, que o exterior não é leal em relação àquilo que conseguimos.

Os ataques ao FCPorto
Admito que todas as questões são discutíveis, mas colocar em causa tudo aquilo que o FC Porto conseguiu e consegue, utilizando sistematicamente os mesmos argumentos, dá a ideia de que vivemos numa floresta onde só há um lobo, e o resto são tudo ovelhinhas muito indefesas, quando o que há é uma série de lobos em pele de cordeiro. Ao fim destes anos todos, o FC Porto é o único mau da fita. Quando há dias me perguntaram se a perda de pontos pelo FC Porto na sequência do Apito Final vai mudar a face do futebol português, tive de dizer que não vai mudar nada, porque o futebol português nunca foi isso, e nunca foi por isso que o FC Porto ganhou. O futebol português só vai mudar no dia em que as pessoas com responsabilidades, a Liga, a FPF e o Governo, quiserem mudá-lo de facto e fazê-lo evoluir no sentido em que o FC Porto já evoluiu.

Quando o FC Porto foi campeão, nasceu imediatamente o castigo que implicava a perda de seis pontos. Mesmo assim, festejamos o campeonato com 14 pontos de avanço. Mais do que isso, desde esse momento e até ao final da temporada, mesmo com uma derrota frente ao Nacional, conseguimos aumentar essa vantagem em mais quatro pontos para o segundo. Depois, foram quatro semanas de ataque cerrado e ininterrupto ao FC Porto, com a introdução de uma polémica nova por semana, quase ao mesmo ritmo em que íamos aumentando a nossa vantagem para os perseguidores. Por muito que queiramos passar ao lado disso, há momentos em que é impossível não sentir essa pressão. Mais recentemente, foi o ataque maciço à exclusão do FC Porto da Champions. De tal forma que não há espaço para que, no meio do ruído, alguém atenda àquelas que são as nossas queixas legítimas.

Saídas
O FC Porto perdeu um jogador, que foi o Bosingwa. Está toda a gente à espera de ver quantos mais jogadores o FC Porto vai perder, e eu estou à espera de não perder mais nenhum. Mas temos um conjunto de jogadores que têm três campeonatos ganhos, e gerir esse sucesso nem sempre é fácil. Os jogadores têm ambições legítimas, e, nesse contexto, teremos de fazer uma avaliação muito clara e consciente do plantel para a próxima época. Teremos de fazer um esforço para manter a mesma estrutura que nos foi tão útil esta época e, dentro das capacidades financeiras do clube, encontrar jogadores que possam ser importantes.

Lucho foi dos melhores profissionais que encontrei, como jogador e como homem. Se o Lucho ficar no Porto, será seguramente mais forte do que foi na última época. Vai ser melhor ainda, não tenho nenhuma dúvida. Mas há questões que estão acima dos meus desejos.

Entradas
Em conjunto, estamos a tentar encontrar jogadores com o perfil do FC Porto, jogadores para determinadas posições e que o FC Porto tenha capacidade financeira para adquirir. São três questões fundamentais: perfil, capacidade de integração no modelo de jogo do FC Porto e capacidade financeira para os adquirir. O Tomás Costa está claramente dentro desse perfil, tal como está o Rolando, prevendo uma saída de um jogador dessa zona do terreno…

Esses jogadores [emprestados] foram acompanhados ao longo de toda a temporada, temos avaliações em nosso poder que terão importância nas decisões relativas à próxima temporada.

Um jogador tem de ter condições técnicas muito boas e alguns traços de natureza pessoal para poder estar aqui. Grande sentido profissional, grande empenhamento no trabalho de grupo da equipa, grande solidariedade e cumprimento de regras que vão para além das qualidades técnicas de cada um.

Quaresma
O Quaresma tem uma enorme capacidade e joga por cima das regras da equipa, e só há duas coisas a fazer num caso assim: se acho que ele é importante, mantenho-o na equipa; se acho que não é importante, tenho de tirá-lo. Ora, se não o tirei, é porque o acho importante. Foi importante para mim e para a equipa, e, se fizerem o levantamento dos últimos dois anos, vão perceber exactamente até que ponto ele foi importante. Agora, é evidente que nem sempre os jogadores conseguem ser tão influentes. O Lucho, no ano passado, não fez uma época tão boa como a actual, mas foi fundamental, e foi por isso que eu não o tirei, apesar de haver quem achasse que o devia ter feito. Este ano, o Quaresma aparentemente teve um rendimento inferior ao da última época, mas os números negam essa evidência e colocam-no como um dos jogadores mais influentes da equipa.

O sistema de jogo
Nunca disse que o meu sistema preferido é o 4-4-2. Disseram - e nunca desmenti, porque nem me interessava - que era esse o meu sistema favorito, mas não é verdade.

Entendo que o 4-3-3 com determinados jogadores é o sistema mais forte de todos. Se reparar nos clubes europeus, nas equipas de topo, andam todas dentro do mesmo estilo. O 4-4-2 clássico já acabou, e o 4-4-2 em losango apresenta uma teoria pouco consistente no que diz respeito aos equilíbrios e estrutura de uma equipa. O Liverpool joga neste momento em 4-3-3, os finalistas da Liga dos Campeões jogam em 4-3-3. É importante ter jogadores para potencializar o 4-3-3, caso contrário não o forço nem corro riscos. Com os jogadores que o FC Porto tem, as alternativas ao 4-3-3 não eram muitas. O FC Porto pode jogar em 4-4-2, apesar de esse não ser, para mim, o sistema mais importante. Nem acho que o 4-4-2 seja mais ofensivo do que o 4-3-3, nem o 3-4-3 é mais ofensivo. Quando cheguei ao FC Porto, deparei-me com esta situação: o sr. Adriaanse foi um treinador ofensivo, e a equipa marcou 54 golos em 34 jornadas. No meu primeiro ano, marquei 65 em 30, e este ano marquei 60 em 30.

Bruno Alves
Era bom que as pessoas fossem observar os cartões amarelos, as faltas que cometeu, as faltas que sofreu, e que percebessem que duas ou três jogadas polémicas não definem um jogador. Não foi assim que o seleccionador o viu, não foi assim que a UEFA o viu, e não foi assim que eu o vi. O Bruno atingiu um nível bom, porque, ao dominar melhor aquilo em que ele tinha mais dificuldades, que eram as técnicas defensivas, equilibrou-se emocionalmente e portanto, subiu como jogador.

O Sporting
Temos os nossos processos, o nosso sistema e a nossa filosofia e não fomos em nenhum momento uma equipa que se adaptasse ao adversário. Nenhuma equipa deixa de ter em atenção o facto de que joga contra alguém de forma a incluir no seu plano de jogo aquilo que o adversário faz, no sentido de não o deixar jogar e tirar vantagem desse facto. O que aconteceu foi um grande jogo em Alvalade, onde fomos muito melhores, mas fomos infelizes e não ganhámos; um jogo bom no Dragão, que vencemos com um lance que é discutido até hoje - nunca mais ouvi discutir o penálti que o senhor Bruno Paixão não marcou na final da Supertaça e provavelmente nunca mais vamos ouvir falar dos erros do senhor Benquerença na final da Taça de Portugal - mas fomos melhores nesses jogos. Na Supertaça, o jogo foi equilibrado e perdemos, na Taça o Sporting foi melhor e ganhou.

Acho que as melhores equipas, as equipas que ganham mais coisas importantes, são precisamente aquelas que resistem mais tempo em patamares elevados de rendimento. O FC Porto é uma dessas equipas. As equipas que pontualmente atingem picos ganham algumas eliminatórias, ganham alguns jogos, mas acabam por perder mais vezes e não vão ganhar títulos de rendimento constante.

Extractos da extensa entrevista dada por Jesualdo Ferreira a O Jogo

PS:Títulos da responsabilidade do administrador do blog.

25 maio 2008

FC Porto 2007-08 - Prazer inacabado

Balanço de uma época gloriosa pelo tricampeonato e infeliz pelo tri que ficou de completar – e nem sempre o que parece é

Ganhámos o campeonato e só por isso ficaria muito satisfeito,
cumprindo um objectivo essencial de cada época. O desgaste é muito
grande"

Foi José Mourinho o autor da frase que os portistas de bancada não conseguiram fixar. Em entrevista à revista “Sábado”, e logo após a final de Gelsenkirchen. Tinha sido campeão europeu, depois de perder a Taça de Portugal mas com o campeonato no bolso e a Supertaça também. Isto um ano depois da época de todas as conquistas: Campeonato, Taça de Portugal e Taça UEFA.

O que se retém? A Champions é um sonho a que só um pequeno país pode almejar. Além do FC Porto, apenas o Ajax deu à Holanda uma Liga dos Campeões (1995). O resto ficou para os tubarões europeus e para incluir-se a França tem de se recuar a 1993 (Marselha). Mesmo a Alemanha, só pelo B. Dortmund e o Bayern... Não surpreende, portanto. Por isso mesmo, o feito é histórico. Nem FC Porto nem Ajax estiveram perto do “bis” nos últimos anos. Os holandeses ainda defenderam o troféu em 1996, perdendo com a Juve por penáltis em Roma. Espanhóis (Madrid-Valência), italianos (Juve-Milan) e ingleses (M. United-Chelsea) gozaram até de duelos internos nas finais de 2000, 2003 e 2008, respectivamente.

Fica a importância do campeonato. Bem marcada. Até por Mourinho. Para mais num clube que tem marcante hegemonia interna e nem sempre adversários que recorrem a triunfos desportivos escorreitos, antes procuram “fazer as coisas por outro lado”…

O tricampeonato, segundo com Jesualdo, foi por isso festejado de forma efusiva, o que até admirou os adversários ranhosos que pensavam em contenção de festejos pela ameaça pendente de -6 pontos na secretaria. Nem de propósito, 6-0 ao E. Amadora foi o corolário da resposta da equipa aos “adversários” extradesportivos.

O tri por fazer
Finda a época, porém, subsiste aquela sensação de prazer inacabado. Pelo tri que f
altou fazer nas outras provas mas a que não pode ser dissociado do fracasso (relativo) as más arbitragens (Supertaça, Taça de Portugal e até Taça da Liga) e uma infelicidade desarmante na Liga dos Campeões.

Note-se que, mesmo sem exibições convincentes, foram precisas más arbitragens para subjugar o FC Porto. Fossem os árbitros honestos e correctos e outra história se escreveria.

Para uns o copo ficou meio vazio. Para outros, como eu, meio cheio. A categoria imposta no campeonato trouxe não só o único troféu, também o mais importante, mas ainda um orgulho maior.

Muitas séries prolongadas de vitórias (24-22, as mesmas 13 em casa e esta época mais duas fora, 11-9, comparativamente a 2006-07) e uma esmagadora vantagem pontual, porém, esconderam que a equipa marcou menos 5 golos (60-65) em relação à época passada, acabada com as calças na mão. A equipa também sofreu menos 7 golos (13-20) desta vez.

Os 20 pontos de diferença registados no campo ficarão para a história. A equipa acaba, porém, com o título homologado com os mesmos 69 pontos da época passada, tirando os -6 que são decorrentes de alegados factos atribuídos a 2003-04. No campo, o FC Porto fez 75-55 em relação ao Sporting. Questões disciplinares irrelevantes para a decisão dos títulos deixaram o FC Porto com 24 vitórias, 3 empates e 3 derrotas, mas foi como se tivesse feito 22 vitórias, 3 empates e 5 derrotas da época precedente.

Ah, não despiciendo o velho historial dos penáltis: o FC Porto teve direito a 2 (não um apenas, como lembrou Carlos Azenha), contra 5 da época passada a seu favor. O recordista Sporting beneficiou de 10, todos em casa e em 15 jogos é digno do Guiness.

Nem sempre o que parece é. E, de facto, a equipa agradou mais esta época, ganhou mais mas marcou menos golos. Ninguém “deu” por isso. Até porque Lisandro foi o rei dos marcadores, o que deixou outra sensação de felicidade na bancada.

Visto de fora, o futebol no campo encantou porque foi mais consistente, definindo bem as jogadas, com um artilheiro reconhecido, a referência na área que faltava e Lisandro era até suspeito quanto a cumprir a função. Quaresma teve os seus lampejos e acima de tudo Lucho andou fresco e a maravilhar pelo 3º ano consecutivo.

(in)Consistência
Mas essa consistência faltou no resto: desde o resto do campeonato, após a obrigação de humilhar o Benfica (2-0) e o V. Guimarães (5-0) então 2º classificado. Foi pena, para quem chegou ao Jamor sem um golo sofrido na Taça e apenas cedeu, com 10
jogadores, no prolongamento. Para quem devia ter ganho a Supertaça, não fosse uma daquelas surpresas inenarráveis de arbitragem à portuguesa. Para quem podia chegar longe na Taça da Liga, mas também Carlos Xistra foi um diabo em Fátima (perdoando expulsões aos locais) num jogo em que o FC Porto voltou a não perder nos 90’: eliminado nos penáltis.

Mas o desconsolo maior foi a Champions: o Schalke ao alcance, uma noite de sonho para a reviravolta desejada no Dragão e uma infelicidade descomunal fez tudo terminar em pesadelo… nos penáltis. A consistência da equipa permitiu-lhe ganhar o seu grupo à frente do Liverpool contra quem não foi inferior nos dois jogos. Mas que pagou em Anfield a factura que seria cobrada no resto da época: incapacidade de marcar golos, a pecha do golo que se notou na Supertaça (3 bolas aos postes), na Taça da Liga (aselhice nos penáltis), na Taça de Portugal e diante do Schalke com as incríveis perdidas de Tarik e Quaresma, este no prolongamento de uma partida em que também o FC Porto jogou quase uma hora com 10 (como viria a ser no Jamor).

A equipa cresceu mentalmente para se impor, sem desfalecimentos, na Liga portuguesa. Aí nunca foi de parar para respirar nem olhar para trás. Tinha pressa de acabar com as dúvidas que perduraram no ano anterior (mas muito por benefícios arbitrais à concorrência que transmitiram uma falsa ideia de competitividade e virtual interesse). Essa concentração competitiva e afinação colectiva ditaram o esmagar da concorrência. Talvez esse desgaste de correr contra si próprio tenha feito passar a factura no que eram competições de acaso: jogos dispersos no calendário, muitos a eliminar, adversários de fraca ou mediana valia em geral retiraram a pressão ou tensão competitiva, fizeram a equipa desacelerar. O primeiro solavanco deu-se em Gelsenkirchen, o último no Jamor.

Pareceu que à equipa interessava, mais que tudo, o campeonato. Mourinho tinha razão e não há que duvidar para 2008-09: só o título interessa, até porque apenas o 1º lugar dá acesso à Liga dos Campeões. O Sporting não irá contentar-se como eterno segundo, nem P. Bento II se regozijará em manter essa hierarquia.

Grande época
Acho que o FC Porto fez uma grande época. Faltaram mais alguns jogos além dos 46 oficiais disputados. Fossem 34 jornadas e a marca de 50, mínimo para equipa de alto gabarito, seria atingido. Ainda assim, foram mais 3 do que na época passada fruto do percurso na Taça e da estreia na Taça da Liga onde se pagou, também, a rodagem necessária do plantel remodelado e à mercê de imprevistos no Outono antes da consagração na Primavera.

Se não fez grande época o FC Porto, que clube português a terá feito? O Sporting com 56 (igualando o recorde de dois anos seguidos com Fernando Santos nas Antas) mas sem pressão em metade do campeonato e adversários como Penafiel e Leiria na Taça da Liga?

E outros? O Real Madrid ficou-se com a Liga, tal como o Inter com o “scudetto”. O Bayern, goleado na UEFA, foi para consumo doméstico na Bundesliga, tal como o Lyon em França.

O Chelsea perdeu tudo: Supertaça por penáltis (Charity Shield), Taça da Liga com infelicidade no prolongamento (Tottenham), Liga dos Campeões por penáltis (de novo com o M. United), FA Cup com incrível má sorte em Barnsley nos ¼ final. Fez 66 jogos (61 do M.U. que se concentrou só na Liga e na Champions) para nada – a não ser ouvir a petulância de Mourinho que deixou um plantel desgovernado que à sua custa lutou por tudo até final. Por uma escorregadela de Terry, falhou a “Special Win” e até Grant acaba no desemprego.

O Rangers fez 67 jogos, 19 dos quais na Europa, para perder a Liga escocesa no último dia para o Celtic (54 jogos oficiais) e a final da UEFA perto de casa. Ficou-se com as taças domésticas (League Cup e SFA Cup) a remoer como a corrida europeia pode pesar na campanha doméstica: fez 5 jogos nos últimos 9 dias de competição com 3 títulos para disputar: UEFA, Premier e Taça da Escócia!

Fracassos são dos outros
Em Portugal, mais uma época comprovada de incapacidade de Benfica e Sporting competirem em pé de igualdade com o FC Porto: 3 anos seguidos nas mesmas frentes, grupos da Liga dos Campeões como limite para os clubes lisbonenses e afundamento no campeonato. Sem estofo para qualquer contexto. Só o FC Porto passa a fase de grupos (a excepção de 2006 confirma a regra, quer para os portistas quer para os benfiquistas) e não deixa beliscar a supremacia no campeonato. As provas de fundo são para os mais capazes, resistentes, competitivos. É mais um trunfo em favor do FC Porto.

E com três campeonatos em pleno Apito Dourado, mais o Aborto Final da CD da Liga, a ver pelos ataques da última época e o maior objectivo da próxima temporada, a preparar na dúvida quanto a saídas e entradas, será ainda mais difícil de conseguir. A luta já é mais fora do campo do que no relvado. Perdurar na liderança, perto das 90 jornadas consecutivas, nunca é fácil. Mas nunca como para a próxima época a máxima do “campeonato é o mais importante” terá tanto significado. Mourinho assinaria por baixo. Jesualdo pode ficar na história como único português a ganhar 3 títulos seguidos.


Aproveitanto o tema, fica a pergunta para determinar a Opinião da Bancada:

O FCPorto fez uma época:
Boa
Assim, assim

23 maio 2008

Perspectivas (II)

“[Época frustrante?] Não acho. Ganhámos a Taça de Portugal, ficámos em 2º lugar no
campeonato, atingimos os quartos-de-final da Taça dos Campeões. O balanço geral é bom”

1) Qual o treinador portista que teve esta afirmação?

2) O que sucedeu, bom ou mau, para tirar esta conclusão?

3) Peca por excesso ou por defeito?

4) O contexto da época ora finda aplica-se ou não?

Um desafio aos Portistas de Bancada.

21 maio 2008

Perspectivas (I)

Ganhámos o campeonato e só por isso ficaria muito satisfeito,
cumprindo um objectivo essencial de cada época. O desgaste é muito grande

1) Qual o treinador portista que teve esta afirmação?

2) O que sucedeu, bom ou mau, para tirar esta conclusão?

3) Peca por excesso ou por defeito?

4) O contexto da época ora finda aplica-se ou não?

Um desafio aos Portistas de Bancada.

Eleição do Jogador da Bancada 07/08 - 21º e último Round

PS: Em comentário coloco os nomes dos jogadores que actuaram neste jogo. Só necessitam de copiá-los, colá-los na vossa caixa de comentários e atribuir a vossa nota (de 0 a 10).

PS2: Não se esqueçam de actualizar as vossas equipas do UEFA Fantasy Football até hoje às 19h00, antes da realização da final desta noite da Champions League entre o Chelsea e o M. United.

20 maio 2008

Um roubo ao raio-x

Comecemos pelos lances duvidosos. O jogo de ontem teve dois:

1) o lance do golo anulado ao Sporting (Romagnoli está em linha ou está adiantado?);

2) o derrube de Polga a Lisandro no prolongamento (foi em cima da linha ou fora da área?).

Em lances destes, que nem a televisão esclarece totalmente, é justo dar o beneficio da dúvida ao árbitro. Já o mesmo não se pode dizer relativamente à enorme dualidade de critérios na mostragem dos cartões, em claríssimo prejuízo do FC Porto, ou em lances como o duplo derrube a Lisandro na área do Sporting, uns segundos antes do João Paulo ser expulso.

Comecemos por analisar o critério disciplinar seguido por Olegário Benquerença.

3’ Falta feia de Grimi sobre Quaresma. O árbitro viu, marcou a falta, mas evitou mostrar o cartão amarelo.

23’ Mais uma entrada dura de Grimi sobre Quaresma. O árbitro avisou o lateral esquerdo do Sporting mas, claro, o cartão (que já deveria ser o 2º) ficou novamente no bolso.

35’ Cartão amarelo para Paulo Assunção, por falta sobre Romagnoli ainda no meio-campo do Sporting. À primeira oportunidade para amarelar um jogador do FC Porto, o árbitro não hesitou.

68’ Ao rodar, com a bola controlada, Quaresma, de costas, acerta com o braço na garganta de João Moutinho. Este atira-se para o chão, como se tivesse sido alvo de uma terrível agressão, e inclusive sai de campo para ser assistido...

72’ O João Paulo teve uma entrada a pés juntos sobre Moutinho e, mais uma vez, o árbitro não hesitou: vermelho directo! Contudo, convém salientar que este lance ocorreu imediatamente a seguir a dois derrubes ao Lisandro dentro da área do Sporting, que Olegário fez de conta que não viu...

80’ Tonel teve uma entrada perigosa, por trás, atingindo o calcanhar do Lisandro (foi com uma entrada destas que o Marco Van Basten ficou incapacitado para o futebol). Cartão amarelo ou vermelho para o central do Sporting? Qual quê, o árbitro nem falta marcou.

85’ Abel, que já tinha um cartão amarelo, fez uma falta dura sobre Raul Meireles. Seria o 2º cartão amarelo, os jogadores do FC Porto protestaram mas, mais uma vez, Olegário fez de conta e deixou ficar o cartão no bolso. Poucos minutos depois, o treinador do Sporting substituiu o Abel, não fosse o diabo tecê-las.

93’ Derlei faz jogo perigoso sobre Pedro Emanuel, acertando-lhe com um pontapé na cara e deixando o defesa-central do FC Porto a sangrar do nariz. Não houve qualquer acção disciplinar por parte do árbitro.

96’ Raul Meireles é atingido pelo braço de Tonel e, tal como tinha feito João Moutinho em lance idêntico com Quaresma (68’), fingiu ter sido alvo de uma agressão. Desta vez, e ao contrário do que tinha acontecido com o jogador do Sporting, Olegário não gostou da fita e zás, toma lá um amarelo.

100’ À 5ª falta cometida, finalmente o árbitro entendeu mostrar um cartão amarelo a Derlei.

Sobre o critério disciplinar do árbitro não é preciso dizer mais nada, os factos falam por si. Mas não foi “só” no critério disciplinar que o FC Porto foi claramente prejudicado.

O lance mais flagrante, em que Olegário mostrou ao que vinha, ocorreu aos 71 minutos, instantes antes da expulsão de João Paulo.

Primeiro Polga e depois Miguel Veloso derrubam Lisandro dentro da área do Sporting, em ambos os casos sem nunca tocarem na bola, conforme se pode ver neste vídeo.

Dois derrubes seguidos! Que mais é preciso para os árbitros marcarem um penalty a favor do FC Porto?

Fruto desta decisão de Olegário Benquerença, de uma situação em que o FC Porto poderia ter passado para uma vantagem no marcador, passou, isso sim, a jogar com menos um jogador!

Mas não é tudo. Aos 110', Polga comete uma falta claríssima sobre Lisandro López, mais uma vez sem sequer tocar na bola.

Dentro ou fora de área?

Honestamente, e tal como no golo anulado a Romagnoli, não é possível dizer com 100% de certeza, mas de uma coisa tenho a certeza: a falta existiu e, no mínimo, deveria ter dado origem a um livre contra o Sporting e cartão amarelo para o central sportinguista.

Contudo, mais uma vez, o árbitro fez de conta que não viu e na jogada seguinte o Sporting marca o 1-0. Com menos um jogador, e a poucos minutos do fim, o jogo acaba aí.

O jogo terminou com os sportinguistas em festa (“a arbitragem foi justa”, afirmou João Moutinho) e com os jogadores do FC Porto a chorar, com a revolta estampada no rosto.

Há portistas que dizem: sim, a arbitragem prejudicou o FC Porto, mas tínhamos obrigação de ter jogado melhor.

A esses portistas eu respondo: Precisamente por o FC Porto não ter feito um jogo brilhante (longe disso) é que a influência da arbitragem foi determinante. É nos jogos equilibrados (e não quando se está a ganhar 5-0) que os erros dos árbitros se tornam mais relevantes, principalmente quando a tendência desses erros é sempre para o mesmo lado.

José Correia in Reflexão Portista

18 maio 2008

Empurraram-nos para fora do sonho da dobradinha


Sporting 2-0 FCPorto

Tiuí 110' e 117'Equipa: Nuno, Fucile, P. Emanuel, B. Alves, J. Paulo, P. Assunção (Tarik 111'), R. Meireles (Kazmierczak 103'), Lucho, M. Gonzalez (Lino 78'), Lisandro e Quaresma

37.600 espectadores

A época 2007/2008 vai ficar marcada nos anais da história do futebol português pela retirada, ou será melhor dizer entrega de mão beijada ao Sporting, de dois troféus ao FCPorto pelas equipas de arbitragem que dirigiram os encontros das finais. Certamente, e se existisse em Portugal uma justiça séria, seria caso para investigação de elementos de um Concelho qualquer de (in)Justiça com capa e espada, e de gestos suspeitos, para salvar a dignidade de um país de bons costumes e de um passado tão glorioso como é este país à beira-mar plantado.

O FCPorto aprendeu uma lição para o futuro, para vencer em Portugal não basta ser melhor do que os adversários dentro do campo, necessita de ser muito melhor, e lutar até contra elementos do jogo que deveriam zelar pela isenção, mas que, neste momento, estão receosos porque não querem serem conotados como " homens do sistema", e que com isso prejudicaria a sua carreira.

O árbitro Olegário Benquerença teve a oportunidade de oferecer a segunda Taça de Portugal ao Sporting, salvando a depressão que a nação estava mergulhada, empurrando, literalmente, a equipa da capital deste vasto império, que é Portugal, para a vitória. Além de um incompreensível critério disciplinar, muito rigoroso para os portistas, menos rigoroso para as entradas, sempre duras, de Grimi e Abel sobre Quaresma, poucos segundos antes do primeiro golo do Sporting surge o lance-chave do jogo, Lisandro Lopez é rasteirado por Polga, na minha opinião claramente dentro da área, falta que deveria ser marcada mas que o árbitro não entendeu assim. Com isso, a equipa portista pareceu completamente desconcentrada, não conseguindo reagir a esse momento do jogo até aparecer o tal golo do Sporting, que surgiu de forma fortuita.

Não quero com isto dizer que foi só a arbitragem de Olegário o único motivo, talvez seja o maior motivo, e aquele com o qual temos de agir rapidamente para que todo o esforço dos jogadores não seja feito em vão, para a perda da Taça de Portugal pelo FCPorto, para isso, também contribuíram vários factores, factores esses que já nasceram muito antes do jogo começar. O FCPorto não foi capaz de lutar contra erros que eles próprios criaram.

Nomeadamente, a questão do Bosingwa, e da forma, arrogante para com o seu adversário, e irresponsável, como os responsáveis portistas desperdiçaram um dos melhores laterais direito da actualidade no futebol mundial. A questão poderá ser vista como um pau de dois bicos, se ganhássemos tudo seria esquecido, embora isso não deixasse de ser uma grande injustiça, ou se ele se lesionasse seriam 20 milhões de euros a voar, mas não consigo compreender como é que a capacidade negocial da SAD portista deixou de proteger os interesses desportivos da equipa ao deixar que o Bosingwa não fosse opção para Jesualdo Ferreira, não incluindo um cláusula no contrato que permitisse ao FCPorto proteger o negócio, em beneficio de ambas as partes.

A outra situação tem a haver com as opções de Jesualdo Ferreira, preferindo fazer uma adaptação na defesa, neste caso apostando na entrada de João Paulo, Lino até tinha dado indicações mais positivas nos jogos que efectuou na sua posição do que o português a jogar adaptado, e também esquecer, na minha opinião tempo demais, Tarik no banco, preferindo ver Mariano a fazer um jogo recheado de altos e baixos.

Por último, a atitude de alguns jogadores da equipa portista durante certas alturas do jogo, completamente descoordenados, desconcentrados, muito lentos e muito individualistas, destruindo a imagem de marca da equipa portista neste ano, ou seja, era no colectivo que residia os segredos para as vitórias, e ele não existiu, ou melhor, apenas existiu em certos momentos da partida, e apenas alguns jogadores levaram isso a peito, e fizeram tudo pelo colectivo, até se sacrificando fisicamente, outros esqueceram-se disso.

Vamos ao jogo, foi um público de ambos os clubes a puxarem de forma fantástica que assistiu, em pleno Estádio Municipal de Oeiras, a um jogo muito medíocre, a roçar o fraco, com as duas equipas melhores classificadas no campeonato nacional a jogarem um futebol confuso, pouco esclarecedor, nada espectacular, juntando a tudo isso as equipas fisicamente apresentaram-se muito mal.

O Sporting entrou melhor na partida, a pressionar muito alto, complicando a tarefa portista que não conseguía sair para a frente. O FCPorto começou muito lento nas suas transições ofensivas, cometendo muitos erros de desconcentração, muitos passes fora de tempo, demonstrando um nervosismo incompreensível de uma equipa campeã.

A equipa sportinguista aproveitava esses mesmos erros para chegar perto à baliza portista, criando algumas oportunidades para marcar, mas o guarda-redes portista Nuno esteve irrepreensível na baliza, rubricando uma das exibições mais consistentes da equipa portista durante o jogo.

À medida que o tempo passava, o FCPorto começava a querer reagir, a soltar-se mais da teia montada pela equipa de Paulo Bento, Paulo Assunção começava a querer equilibrar as cosias no meio-campo, Raúl Meireles sempre muito voluntarioso, parecia jogar em todos os lados, protegendo um Lucho irreconhecível, completamente de rastos fisicamente.

Sempre que saía para a frente, a equipa portista perdia-se em rasgos individuais, curiosamente, foi mesmo num raio individual que surgiu a melhor oportunidade portista durante todo o jogo, Mariano, depois de ultrapassar vários adversários, serviu de forma fantástica Lisandro Lopez, isolando-o, tendo o argentino rematado contra o guarda-redes sportinguista, proporcionando a este uma boa defesa.

Na segunda parte, o jogo foi muito mais equilibrado, o FCPorto ocupava melhor os espaços mas teimava em não se soltar convenientemente para o ataque, os alas portistas preferiram sempre resolver individualmente, e no meio campo o desgaste de Lucho e a sua consequente falta de clarividência estava na origem da lentidão das transições.

Até que o árbitro começa a querer ser protagonista da partida, João Paulo, aos 71 minutos, tem uma entrada dura sobre João Moutinho, mas tão dura como as primeiras duas entradas de Leandro Grimi sobre Ricardo Quaresma na primeira parte. Se nos lances de Grimi, Benquerença nem um cartão amarelo exibiu ao jogador argentino, no lance do jogador portista exibiu, tão cheio de vigor, o cartão vermelho começando a enfraquecer a equipa portista.

Mas, são nessas alturas em que as equipas campeãs mostram o seu valor, o jogo não se ressentiu da ausência de João Paulo, curiosamente, a equipa portista até se mostrou muito mais concentrada defensivamente do que estava até ao momento.

Jesualdo Ferreira equilibrava a defesa, fazendo entrar Lino para o lugar de Mariano, e a equipa portista apostava no contra-ataque e na velocidade dos seus jogadores atacantes para surpreender a equipa sportinguista, mas o resultado no final dos noventa minutos estava destinado, e o jogo iria para o prolongamento com as duas equipas empatadas sem golos.


No prolongamento pouco há que destacar, o Sporting queria tentar vir para a frente, mas o FCPorto, apesar de estar fisicamente esgotados, dava luta e tentava impor respeito à equipa leonina através de ameaças de contra-ataque perigosos. Kaz entraria para o lugar do esgotado Raúl Meireles.

Até que, e já na segunda parte do prolongamento, aconteceu o tal lance-chave que falei anteriormente, Benquerença perdoou um penalty clarissimo ao Sporting, e no decorrer da jogada Tiuí marcou, de forma fortuita o golo que inaugurava o marcador.

Jesualdo Ferreira tirou Paulo Assunção entrando para o seu lugar Tarik, para que a equipa chegasse à baliza sportinguista com mais rapidez, e na jogada seguinte o golo quase aparecia, numa jogada de insistência portista.

Mas, foi o Sporting que viria a marcar, já quando a equipa portista estava quase toda no ataque, novamente, Tiuí aproveitou uma desatenção da defesa portista para fazer o resultado final.

Não se poderá esquecer o campeonato brilhante que esta equipa fez, apresentado o melhor futebol nos relvados portugueses, onde se destacaram o sentido colectivo e a união desta equipa,mas nesta final da Taça esse colectivismo foi esquecido na maior parte das vezes. O FCPorto acaba a época com a conquista do Tricampeonato no bolso, o objectivo-mor, com a sensação que o azar acompanhou-o na Champions League, mas perde esta conquista, não só por factores externos, mas também por culpa própria.

O balanço final, apesar de positivo, é de uma sensação de saber a pouco, porque a qualidade deste plantel merecia algo mais do que um campeonato nacional. Venha a próxima época.

16 maio 2008

Vamos lá empatar isto

Convocados:

Guarda-redes: Nuno e Ventura

Defesas: Bruno Alves, Fucile, João Paulo, Lino, Pedro Emanuel e Stepanov

Médios: Bolatti, Lucho Gonzalez, Paulo Assunção, Kazmierkzak, Raúl Meireles

Avançados: Ernesto Farias, Hélder Barbosa, Lisandro, Mariano, Quaresma, Tarik Sektioui

Para entenderem o título vejam estes números:

FCPorto - 13 taças conquistadas

Sporting - 14 taças conquistadas

Pela dobradinha, pelos constantes ataques de que somos alvo, pela honra, pela nossa dignidade sempre posta em causa, por tudo... só a vitória interessa. Há muito mais em jogo que uma simples conquista da Taça de Portugal. Por isso, não basta sermos os melhores, temos de continuar a prová-lo dentro das quatro linhas.

POR TODA A NAÇÃO AZUL E BRANCA QUE TANTO TEM SOFRIDO NOS ÚLTIMOS TEMPOS COM A INJUSTIÇA DE UM PORTUGAL INVEJOSO, CONQUISTEM A 6º DOBRADINHA DA NOSSA HISTÓRIA E EMPATEM O NÚMERO DE TAÇAS CONQUISTADAS COM O RIVAL DESTE JOGO.

FORÇA PORTO!!!

Sporting - FCPorto, Domingo - 17H00, SIC

15 maio 2008

Como a CD da Liga viu o FC Porto-E. Amadora

Isto só lido, porque ninguém acredita. Não sei se algum jornal deu-se ao trabalho - diria à coragem que os plumitivos do regime atribuíram à CD da Liga - de publicar as partes significativas do acórdão sobre o FC Porto-E. Amadora que foi tido, de início, como o jogo de toda a corrupção, apesar de não ter registados erros de arbitragem graves ou sequer com influência no resultado, mas continua a não haver ligação factual directa e objectiva ao eventual aliciamento do FC Porto para com Jacinto Paixão e seus auxiliares. Muitos não se dão à maçada de ler o acórdão. Experimentei. Não vale a pena perder tempo. É de vómitos.

Esta peça jurídica, que alguém apelidou de “notável”, decerto sem querer ironizar, demonstra como, à falta de leis que pudessem penalizar seriamente o FC Porto, tentou-se, em vão, encontrar-se factos que minimamente se adequassem às regras vigentes de modo a, pelo menos, encostar o FC Porto às cordas.

Da “coragem” da CD da Liga para publicar uma coisa destas no site da LPFP estou avisado. A mim desarmou-me: já nem vou ler o caso do FC Porto-Beira-Mar.

Sempre ignorado o Gondomar, que não interessa, o Porto-Amadora teria de ser o paradigma da corrupção. Pois bem, o novelo está todo desfeito, caídas as máscaras dos protagonistas desta farsa ignominiosa, percebe-se, com clareza e objectividade, que Maria José Morgado forçou a nota ao pronunciar Pinto da Costa e o FC Porto (ida a julgamento) sem a convicção que achava sustentar a acusação.

Prevenir e aliviar coisas salgadas…
Como é melhor prevenir que remediar, não vá algum tribunal isento inocentar os arguidos, nada como despachar já umas sentenças avulso na justiça dita desportiva.

Do facto, não despiciendo, resulta até a escapatória de Carolina Salgado ao crivo das mentiras, como a CD da Liga reconhece: se ela, até ver, não foi apanhada a mentir em tribunal (é uma forma de ver as coisas, mas pronto), a CD da Liga acha que não pode colocar-se em causa a sua credibilidade. Ricardo Costa, claramente, não tem “razão de ciência”…

Mesmo que a ex-alternadeira, de repente escritora mas já bem definida como cientista pela sua “razão de ciência”, não credível no caso Bexiga, com dois livros escritos e só um publicado com a versão conveniente, aquela que sabia receber muitos árbitros em casa, só lembrou Augusto Duarte e Martins dos Santos mas apenas o primeiro lá passou para tomar café e chocolates, nunca tenha sido apanhada em contradição. Esta coisa está prenhe de mentiras, resta saber se foi por trás, à canzana, ou de barriga para o ar na posição de frango assado.

Vamos ao acórdão. Ponto prévio: recorde-se que o Apito Dourado, versão Gondomar, rebentou em Abril de 2004, e nos meses seguintes seguiram-se interrogatórios às detenções. É natural que, mesmo sem haver diferenças substanciais, alguns arguidos não confirmem certos pormenores no inquérito disciplinar que a CD da Liga começou por 2007, três anos depois dos factos e das inquirições judiciais. Há, portanto, declarações em sede judicial (PJ) e em sede disciplinar (Liga).

Então é assim que está transcrito no acórdão publicado no site da Liga (139 pgs.):

Antes do jogo
[CD elenca os factos, partindo das escutas telefónicas de cujo teor já se sabe mas nunca têm Pinto da Costa a pedir favor algum em contacto com árbitros ou a conceder favor a alguém, parêntesis rectos indicam textualmente o que a CD escreveu]

ponto 29. Pinto da Costa questionou António Araújo sobre a identidade de quem tinha pedido a “fruta”.
30. António Araújo em código esclareceu que “a fruta”, o “rebuçado”, era para o “homem que vai ter consigo de tarde”, o “JP”, isto é Jacinto Paixão [acha a CD]

(a peritagem de ex-árbitros ao jogo, parêntesis curvos são introduções minhas para abreviar e contextualizar)
50. Dois erros foram cometidos em desfavor do Estrela da Amadora
51. Os restantes quatro erros foram cometidos em prejuízo do FC Porto-SAD

(depoimento de Carolina, não à CD mas ao tribunal)
68. Durante o jogo, Jorge Nuno Pinto da Costa comentou com Carolina Salgado que António Araújo estava a tratar de arranjar umas meninas para a equipa de arbitragem.

(Uma ‘ideia’ da CD que nunca aparece transcrita, é uma interpretação rasteira da CD)
98. JNPC anuiu que António Araújo, em nome daquela sociedade desportiva, disponibilizasse e pagasse serviços sexuais das prostitutas aos árbitros como forma de solicitação e obtenção de actuação parcial por parte daqueles árbitros no jogo com o Estrela da Amadora ou em jogos futuros a disputar pelo FC Porto-SAD.
(não parece um facto decorrente do que se apurou, mas adiante…)

(Na CD da Liga, entretanto, a Carolina não apareceu e os árbitros falaram no inquérito disciplinar).

[CD] … Solicitou-se também a presença da Sra. Carolina Sofia Ribeiro Salgado na CD para prestação de declarações. Apesar da convocação, tal inquirição não foi efectuada em virtude da não comparência da testemunha.

Manuel António Candeias Quadrado explicou que (…) “Jacinto Paixão depois lhes transmitiu que um amigo do Lameiras, que não identificou (…) arranjaria as ditas “meninas”.

José Carlos Gladim Chilrito disse o mesmo.

Jacinto dos Santos Silva Paixão acrescentou que “em momento algum Luís Lameira lhe disse quem era o amigo que arranjaria ao depoente e aos seus colegas (…) as “meninas”, nem tão-pouco que esse tal amigo estava ligado ao futebol ou ao FC Porto. Na altura, Luís Lameira não referiu sequer o nome do tal amigo”.

Salientou ainda que “nunca antes tinha ouvido falar de que o FC Porto pudesse oferecer prostitutas a árbitros. (…) Só no procedimento judicial soube de Araújo e a sua ligação ao futebol e ao FC Porto”.

No processo judicial, Jacinto Paixão declarou… “Ele [Luís Lameira] disse que conhecia um indivíduo de nome Araújo e a quem formularia esse pedido… Nunca antes tinha ouvido falar deste tal Araújo”.

Interrogado judicialmente, Luís Miguel das Neves Lameira afiançou… “Também conhece um indivíduo de nome Araújo que é empresário de jogadores de futebol”.

Interrogado [judicialmente], António Fernando Peixoto Araújo“Não conhecia pessoalmente Jacinto Paixão e quem lhe ligou a pedir umas amigas para este e a equipa de arbitragem dele, três, foi Luís Lameira”.

Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa, interrogado judicialmente… “o FC Porto devia ao arguido António Araújo cerca de 130 mil dólares… Araújo tem um vocabulário abrasileirado… passa tempo no Brasil… utilizando o termo “fruta” para significar dinheiro”.
Quando lhe foi referida a sigla “JP pensou que se tratava de Joaquim Pinheiro… e as companhias seriam para este Joaquim Pinheiro… é casado e tem filhos… sendo que achava que estava sob escuta… corria no mundo futebolístico que ele [Jacinto Paixão] seria homossexual”.

No inquérito disciplinar, JNPC afirmou não pretender prestar quaisquer declarações.

(Adianta, ainda, a CD da Liga o depoimento de Carolina Sofia Salgado Ribeiro, trocando os nomes finais, no processo judicial (PJ) de que já se sabe ter a afamada “razão de ciência”)

E adianta-se a douta CD da Liga:

CONSIDERANDO ASSIM OS DEPOIMENTOS PRESTADOS E OS CONTACTOS TELEFÓNICOS REPRODUZIDOS, QUE SÃO PRECISOS, CLAROS E CATEGÓRICOS, JULGAMOS PROVADOS OS FACTOS, PASSO A PASSO, EVIDENCIADOS.
(maiúsculas minhas, como serão sempre as considerações subjectivas da CD da Liga)

Durante o jogo
“Não há dados que permitam concluir que o jogo decorreu em condições anormais devido a eventual acção ilícita e dolosa da equipa de arbitragem destinada a beneficiar o FC Porto-SAD… entendemos que os dois erros que beneficiaram o FC Porto não podem ser considerados intencionais”.

Em sede disciplinar.
Após o jogo Manuel Quadrado“Reinaldo Teles falou com Jacinto Paixão por serem conhecidos há muitos anos e convidou a equipa de arbitragem para jantar. (…) Não associaram as meninas nem o amigo de Lameira ao FC Porto. Jacinto Paixão falou a Lameira e este disse ao Jacinto Paixão que ‘estava a dever-lhe uma e que depois pagava’. Achou depois que poderiam ter sido oferta do FC Porto… numa situação que poderia estar ligada ao FC Porto”.

“Foi o primeiro (e único) jogo em que arbitrou o FC Porto”.
“Não sabe porém se Jacinto Paixão conhecia António Araújo”.

Em sede judicial, Manuel Quadrado … “ficou convencido que tal jantar tivesse sido pago por alguém relacionado com o FC Porto. (As meninas) Não lhe passou pela cabeça que se tratasse de uma oferta do FCP”.

Manuel Quadrado, em segundo interrogatório judicial, … “pensa que o pagamento às prostitutas tinha sido feito por alguém ligado ao FC Porto e provavelmente o referido António Araújo… que não chegou a conhecer senão à data em que foi detido”.

José Chilrito“Reinaldo Teles ouviu-nos a questionar sobre um sítio para jantar e disse que se quisessem levava-os a jantar a um restaurante onde estaria também a jantar o sr. (António) Garrido e uma outra equipa de arbitragem”.
JNPC “já estava a jantar no restaurante quando o depoente entrou, numa mesa à entrada, tendo saído dez minutos depois, sensivelmente… Passou pela mesa, cumprimentou os presentes e saiu, não se tendo sentado à mesa nem permanecido à conversa”.
(meninas no hotel) “Pensou que pudesse ser devido aos conhecimentos do Lameira”.

“Apenas quando foi detido (pela PJ) e informado dos factos e das escutas é que começou a associar os factos e começou a achar que as meninas poderiam ter sido oferta do FCP”

Jacinto Paixão“tentou pagar o jantar e das ‘meninas’ “acreditou que se tratava da oferta de um amigo de um amigo e que apenas quando foi detido é que soube quem é que era o amigo de Luís Lameira, o respectivo nome e a relação que poderia existir entre este agente e o FCP”.

Interrogado judicialmente e inquirido em sede disciplinar, Reinaldo Teles afirmou não pretender prestar declarações.

Carolina Salgado, judicialmente, do restaurante “A marisqueira de Matosinhos” “conhece pelo nome do seu dono, que se chama Miguel… Não identificou os árbitros com quem estava Jacinto Paixão, só Chilrito… não tendo a certeza quanto a outros árbitros que lá pudessem estar”.
“Não viu PC ou RT ou qualquer outro elemento ligado à direcção do FCP proceder ao pagamento de quaisquer outras refeições nesse dia. Pinto da Costa pagou o seu jantar com cartão de crédito”.

António Araújo… esperou Jacinto Paixão no hotel Meridien. A oferta das meninas, a quem ele pagou, “o fez por um amigo seu, o já referido Lameira”.

Uma das testemunhas prostitutas, Hannah, lembra que “Araújo disse: ‘vou levá-las a uma festa com uns amigos’”. Cada uma teria 130 euros. Outra disse 150.

(Acha a CD, maiúsculas minhas):
É DE NOTAR AQUI QUE, EM GERAL, OS ARGUIDOS NÃO COLOCARAM
EM CAUSA OS FACTOS DE NATUREZA OBJECTIVA NEM OS ACONTECIMENTOS DESCRITOS NA CUSAÇÃO; O QUE OS ARGUIDOS NEGAM SÃO OS FACTOS SUBJECTIVOS QUE A SUSTENTAM, ISTO E, O CONHECIMENTO QUE TINHAM DOS FACTOS OBJECTIVOS.

(E ainda)
IMPORTA AGORA EXPRESSAR AS RAZÕES DA NOSSA CONVIÇÃO QUE AFASTAM O ADUZIDO PELOS ARGUIDOS, UTILIZANDO A PRERROGATIVA DE APRECIAR A PROVA OBTIDA SEGUNDO AS MÁXIMAS DA EXPERIÊNCIA E AS REGRAS DA LÓGICA E DO PENSAMENTO RACIONAL, DE FORMA ARTICULADA E CONJUGADA, A FIM DE ALCANÇAR UM JUÍZO DE CERTEZA E ASSIM FORMAR UMA CONVICÇÃO SOBRE A VERDADE DOS FACTOS.

(Mais)
NO QUE RESPEITA AO CONHECIMENTO QUE PINTO DA COSTA NEGA TER TIDO DE QUE AS PROSTITUTAS TINHAM SIDO SOLICITADAS PELO JACINTO PAIXÃO, CUMPRE SALIENTAR QUE ESSA POSIÇÃO NÃO COLHE DO CONTACTO TELEFÓNICO REPRODUZIDO NOS AUTOS CONJUGADO COM A DEMAIS PROVA PRODUZIDA (sublinhado da CD da Liga, mas a escuta não revela nada além do JP que podia ser Joaquim Pinheiro, nota minha)

(E…)
IMPORTA RECUPERAR QUE NO FINAL DA CONVERSA O DIRIGENTE DO FCP-SAD COMBINOU ENCONTRAR-SE COM ANTÓNIO ARAÚJO PESSOALMENTE, O QUE EFECTIVAMENTE SUCEDEU NESSE DIA À TARDE ANTES DO JOGO. ASSIM, SE DÚVIDAS PUDESSEM TER SUBSISTIDO DURANTE O TELEFONEMA SOBRE AS PESSOAS A QUE SE REFERIAM E A QUE ACTOS RESPEITAVAM – QUE NÃO É ESSA A NOSSA CONVICÇÃO – TERIAM CERTAMENTE FICADO AFASTADAS NESSE ENCONTRO MARCADO E TIDO ALGUMAS HORAS DEPOIS, JUSTAMENTE ANTES DO JOGO

(do que se lê, nada está confirmado quanto ao encontro de PdC seja com quem for: Joaquim Pinheiro, António Araújo, muito menos árbitros e ainda menos ‘meninas’)
(A CD nota ainda o depoimento de Carolina Salgado, na PJ, a confirmar que o presidente sabia das meninas para os árbitros, etc., etc.)

(Pergunta-se a CD da Liga, maiúsculas minhas)
NÃO HAVERIA MAIS NENHUM RESTAURANTE NA CIDADE DO PORTO E ARREDORES QUE NÃO FOSSE JUSTAMENTE AQUELE QUE JANTAVA O PRESIDENTE PINTO DA COSTA? ESTE É UM QUADRO FACTUAL QUE MAIS REFORÇA A NOSSA CONVICÇÃO SOBRE A PRÁTICA DOS FACTOS TAL COMO CONSTAM DA ACUSAÇÃO.

(Sobre a idoneidade de Carolina, a CD dá a sua douta interpretação e caracterização da personagem, maiúsculas minhas)
A INIDONEIRADE DE CAROLINA SALGADO VEM DO LIVRO QUE, NO TIC DO PORTO, É TIDO PELA MERITÍSSIMA JUÍZA QUE “PODE NATURALMENTE SER INTERPRETADA COMO UMA VERDADEIRA ‘VENDETTA’ CONTRA O SEU EX-COMPANHEIRO’ (…) MESMO COLOCANDO ESSA HIPÓTESE VEROSÍMIL, O CERTO É QUE ESSES SENTIMENTOS MENOS NOBRES, OU MESMO ALTAMENTE CENSURÁVEIS, QUE PODERÃO ESTAR A NORTEAR A SUA CONDUTA, NÃO SIGNIFICA AUTOMATICAMENTE QUE A TESTEMUNHA ESTEJA A PRESTAR FALSAS DECLARAÇÕES SOBRE TÃO GRAVES ACONTECIMENTOS
(só se pode presumir a referência da ida às ‘maninas’, digo eu, basicamente esta estória reporta-se a isso, ninguém pode pedir a um amigo para um divertimento nocturno numa cidade que vai visitar e não conhece).

(Segue a dança do ventre da CD da Liga)
NÃO PODEMOS ESTAR MAIS DE ACORDO COM O QUE AÍ É DITO PELA MERETÍSSIMA JUÍZA. É EVIDENTE QUE O TESTEMUNHO DE CAROLINA SALGADO NÃO PODE SER TIDO COMO VERDADE ABSOLUTA OU INSOFISMÁVEL; NÃO PODE O JULGADOR IGNORAR AS CIRCUNSTÂNCIAS QUE ENVOLVERAM A RUPTURA DA SUA RELAÇÃO COM O ARGUIDO PINTO DA COSTA, NEM QUE A PUBLICAÇÃO DO LIVRO, DE ALGUMA FORMA, PODERÁ INDICIAR QUE SENTIMENTOS VINGATIVOS ESTARÃO PORVENTURA A NORTEAR A SUA CONDUTA. SE TAIS INDÍCIOS FOSSEM IGNORADOS ESTAR-NOS –ÍAMOS A ALHEAR DAS REGRAS DO PENSAMENTO RACIONAL E DOS DADOS DA EXPERIÊNCIA COMUM. COISA BEM DIFERENTE É DIZER QUE POR ISSO, E SÓ POR ISSO, A TESTEMUNHA NÃO GOZA DE QUALQUER CREDIBILIDADE E O SEU DEPOIMENTO DEVE SER TOTALMENTE DESCONSIDERADO
É QUE SE O FIZÉSSEMOS, SEM MAIS, ESTARÍAMOS A RECONHECER IMPLICITAMENTE QUE A TESTEMUNHA VEM PRATICANDO CRIMES ATRÁS DE CRIMES ATRAVÉS DA PRESAÇÃO DE FALSAS DECLARAÇÕES/TESTEMUNHOS PERANTE OS TRIBUNAIS – O QUE, ATÉ VER, NÃO ESTÁ PROVADO.

(pois não, espera pela demora)
(E, por fim, lá vem a “razão de ciência”, antes alegado pela Morgado, por ela ter vivido seis anos com PdC e ter estado no estádio)

(Antes da argumentação técnica-jurídica do resto (metade) do acórdão, que é só para advogados, magistrados e porventura quem tenha “razão de ciência”, a CD da Liga ainda tem este desplante)

AS PROSTITUTAS FORAM DISPONIBILIZADAS NA SEQUÊNCIA DE UM JANTAR EM QUE ESTIVERAM COM DIRIGENTES DO FC PORTO (????)

Faites vos jeux!