31 maio 2009

Jesualdo por mais dois anos


Jesualdo Ferreira continua como técnico do FCPorto por mais dois anos. O técnico anunciou na conferência de imprensa no final do jogo da taça que acabara de conquistar, que no dia do jogo com o Manchester United no Dragão selou um acordo com um aperto de mão com o presidente Pinto da Costa. Só amanhã serão tratados todos os pormenores do contrato.

PS: Actualização 11h00

FUTEBOL CLUBE DO PORTO - Futebol, SAD

COMUNICADO

A Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD, de acordo com o artigo 248º nº1 do Código
dos Valores Mobiliários, vem informar o mercado que, após conversações havidas
com o técnico da sua equipa principal de futebol, Jesualdo Ferreira, foi encontrado
um acordo de princípio para prolongar o contrato de trabalho que o une a esta
sociedade, por mais duas épocas desportivas, ou seja, até 30 de Junho de 2011.
No entanto, este acordo não está ainda formalizado, nem tão pouco estão
estabelecidas as suas bases contratuais, o que se espera venha a acontecer nos
próximos dias.

O Conselho de Administração
Porto, 31 de Maio de 2009

In CMVM

14ª Taça, 6ª Dobradinha

Paços de Ferreira 0-1 FCPorto
Lisandro 6'
Equipa: Nuno, Fucile, Rolando, B. Alves, Cissokho, Fernando, R. Meireles, M. Gonzalez T. Costa 69'), Hulk (E. Farias 90'), Lisandro e C. Rodriguez (Guarin 88')


PARABENS CAMPEÕES E OBRIGADO POR MAIS ESTA ALEGRIA!!!

30 maio 2009

O "Paço" que falta para a dobradinha


Convocados:
Guarda Redes: Helton e Nuno
Defesas: B. Alves, Cissokho, P. Emanuel, Rolando, Sapunaru e Stepanov
Médios: Fernando, Guarín, R. Meireles e T. Costa
Avançados: C. Rodriguez, E. Farias, Hulk, Lisandro, M. Gonzalez e Tarik
Paços de Ferreira - FCPorto, 17H00 - TVI

28 maio 2009

A patetice pegada de ver Wembley no Jamor


Quem manda, quem manda, quem manda? Os salazarentos e a tradição, quando dá jeito…

Os defensores das finais de Taça no Jamor, nem olhando para a Taça da Cerveja que a Liga nunca considerou levar àquele palco e seguramente nunca lá levará, ainda não perceberam que se não for o FC Porto a marcar presença os portistas estão-se a marimbar para a ocasião. Se se chateiam, na verdade, e vão chatear-se sempre os que têm ideias e memória que vão além da tradição do regime do fado, futebol e Fátima, é quando lá têm de ir atrás da sua equipa, contrafeitos e por maioria de razão quando o rival também é clube nortenho e as despesas bem podiam ser contidas em quilómetros e na bucha para o jogo.

Acredito ainda que, para um Porto-P. Ferreira, a coisa não desperte minimamente a atenção de grande maioria de adeptos, particularmente de Benfica e Sporting. Torna-se, por isso, uma patetice pegada esta final do Jamor, por três razões:
- teimosia estúpida da FPF, que a Liga já não partilha na sua prova de taça
- absurdo desprezo por estádios com superiores condições de conforto, segurança e até higiene sanitária e votados ao abandono desde o Euro-2004
- alheios aos quilómetros desperdiçados a percorrer para satisfazer um capricho de alguém ausente.
Mas há a velha questão estrutural que é política, ainda e sempre a lembrar quem manda, quem manda, quem manda?: a ideia de o Jamor albergar um centro desportivo de excelência ainda por completar, que pode satisfazer modalidades mas não obrigar o futebol a picar o ponto uma vez por ano.

Quando se lhe junta, se não for a velha tradição, o exemplo de Wembley então é o fim da picada, sem noção do simbolismo político do dito Estádio Nacional em contraponto com a projecção de Inglaterra ao Mundo quando se decidiu criar um estádio nacional aberto em 1923 precisamente para as competições de taça e a selecção inglesa, só para esse efeito e mais nenhum no que então era ainda um Império e ostentava a sua força colonial e pujança económica.

Não ter noção histórica das coisas é próprio de quem não tem memória apesar de se apegar a tradição, que já não é o que era.

FC Porto, 14 – Benfica/Sporting, 17 em 25 anos
Das 136 presenças de clubes em 68 finais de taça, Benfica e Sporting contam 58, quase 50%. Se juntarmos 8 participações do Belenenses e ainda 10 do Setúbal, além de uma do Estoril, outra do E. Amadora e duas do Atlético, são 80 da zona da capital e arredores, sobrando 56 para o resto do País, das quais 25 pelo FC Porto, também 50% sozinho entre os competidores da província. O hábito fez o monge por muitos anos e no futebol português se há dificuldade é em erradicar vícios entranhados, para não falar de manias de grandeza.

Ora, com esta será a 14ª presença portista na final nos últimos 25 anos. Em cada dois anos, uma vez está lá o FC Porto. Neste período, Benfica e Sporting juntos marcaram presença só por 17 vezes. Os números têm a faculdade de serem fáceis de ler e não deve custar entender a discrepância tanto quanto custa fazer 660 kms de gasolina e portagens, e as inerentes refeições para o dia e as cervejas para festejar ou afogar as mágoas…

Os restos do Império futebolístico dos arrabaldes da capital lá viram o FC Porto vencer em 9 das 13 vezes do último quarto de século. Os portistas até poderiam argumentar que aprenderam a ganhar no Jamor, onde até disputaram também duas finalíssimas. Para quem não tem de se meter à estrada, sem esforço nem lhe sair do bolso, não custa nada nem balbuciar que hoje em dia faz-se em três horas e picos…

Por isso, lá por Lisboa onde os portuenses ficam sempre ansiosos de voltar ao Porto, não entendem este sentimento de rejeição que se confunde, ainda, com a tradição liberal histórica no Porto contra o absolutismo personificado na capital e a centralização macrocéfala que embruteceu o País e de que o centro do antigo Império lusitano nem sequer foi poupado…

Pechisbeque do regime
Chegados a este ponto de confrontar posições históricas, a ideia fixa do Jamor perde mais valor por o alegado simbolismo do estádio de pedra, inspirado nas obras nazi-fascistas dos areópagos de Berlim e Roma dos anos 30, não ter servido para muitos mais que uns esparsos jogos de futebol mas que já nem serve à selecção portuguesa e muito menos é admissível em provas da UEFA.

Como é que filosoficamente se defende esta ideia fixa e parva numa federação que recebeu um Europeu, sem utilizar o chamado Estádio Nacional, e quer organizar um Mundial?

Mas não só a vertente desportiva, pela utilização escassa, penaliza o anfiteatro feito pechisbeque do regime. Nem tem sequer condições de higiene, além de mau para se ver futebol nas “curvas” e desprotegido do sol e da chuva. Se conforto quiseram instalar com cadeiras de plástico, há três anos só fizeram sarna para os adeptos se coçarem desesperados… E gastar dinheiro em torres de iluminação com ainda mais raros espectáculos nocturnos só digno de um País que se imagina rico e próspero sem outras necessidades além de dedicar um estádio só para um jogo de futebol.

Depois disto, provincianos são os que olham com este desdém para a saloiice capitalina.

Notei há dias a curiosidade de um tipo volumoso mas sem ideias (e seguramente sem perceber futebol sob qualquer ângulo), daqueles comentaristas-residentes da visão anquilosada do regime por sinal chamado Gobern, e que forçou a nota da tradição, de Jamor ser como Wembley e tal. Evocou até as sardinhadas, mas já lá vi e ouvi adeptos do Porto e Braga desdenharem dos couratos…

Este mesmo comentador, dias depois, já não entendeu a tradição que se pretende evocar em Alvalade quando se aponta Paulo Bento como Alex Ferguson do Sporting. Aí já não fazia sentido a tradição… como é óbvio.

Há quem ache, por isso, ser uma “batalha perdida” o presidente do FC Porto, e muitos adeptos, contestarem que a final se realize no Jamor. Não é mais que um alerta permanente, contra os ouvidos de mercador na capital onde o próprio presidente federativo, Madaíl, concordou que desde 2004 e novos estádios por todo o País, haveria condições para nem sempre se jogar no Jamor, se os finalistas concordassem.

Parece que o P. Ferreira vai sentir a realização máxima da sua história desportiva, não por jogar a final da Taça, mas por ir ao Jamor. Inviabilizando outra alternativa que serviria mais perto os seus adeptos e dispensaria a equipa de Paulo Sérgio de um mini-estágio perto da capital – mas na capital do Móvel há pau para toda a colher e dinheiro abunda além da escapatória da A42 que desde 2006 se lhe abriu para chegar ao Porto em 15 minutos em vez dos três quartos de hora que antes demoravam a fazer meros 20 kms.

Recuso pensar que seja a final da Taça no Jamor o pretexto para saudar a solidez das finanças dos adeptos aos quais não deve causar mossa uma aparição milagrosa na capital, mas enjoa e tem custos não despiciendos para 14 visitas em 25 anos por portistas, enquanto cresce no seu meio muitos opositores a estas deslocações e advogam o boicote generalizado para ver se, mais do que a “batalha perdida” da fixação pelo palco da final, se ganha uma guerra contra o lusitano absurdo idiosincrático e o anacronismo no século XXI – com eles os ingleses podem bem e por isso são uma Monarquia de respeito mas uma democracia parlamentar tão pejada de críticas e despesismo saloio.

Wembley tanto enche com um Manchester-Liverpool, já encheu com o dérbi de Sheffield entre o United e o Wednesday bem como com finais entre clubes de 3ª Divisão como Burnley e Bolton a lembrar os anos 20 ou 30. Mas lá jogam-se várias finais, até semifinais (campo neutro) mesmo entre equipas londrinas, Burnley acabou de subir à Premiership com 80 mil nas bancadas para o Play-off com o Sh. United.

Mas Espanha (onde o franquismo nunca reteve a taça em Madrid), Itália, Holanda, Polónia não têm palcos fixos para as finais de taça, além de vários pequenos países (Rep. Checa, Eslováquia, Eslovénia) que poderiam usar os exíguos confins territoriais para fixarem um local.

Infelizmente, a exemplo das sardinhadas mas sem contar as pauladas e pedradas em jogos com adeptos de Benfica e Sporting (estes, em 1994, até na tribuna de honra mimaram João Pinto a erguer a taça), Portugal tem um futebol que ideologicamente não se desprende da capital e pensa venerar os adeptos do garrafão e lanche no arvoredo próprio de outras romarias e salamaleques de antigamente.

FC Porto arrasta o País: 13 adversários distintos
Como adversários, o FC Porto já teve na final da Taça mais clubes diversificados que qualquer outro finalista: o Paços é só mais um a juntar a Sporting, Setúbal, Benfica, Leiria, Marítimo, Braga, Boavista, Beira-Mar, Guimarães, Rio Ave, Leixões (este nas Antas) e Torreense, por ordem cronológica decrescente e só estes dois últimos fora do período recente de 25 anos (desde 1983-84, com os vila-condenses) em que o Porto se habituou a descer ao Jamor. São 13 opositores diversos, contra 11 do Sporting e 9 do Benfica.

É o FC Porto que faz a chamada festa do futebol para a qual se apura, arrasta o País consigo mas não é convidado (amiúde nem desejado…) e tem de aceitar que lhe ditem o palco da final.

Mas a gente só lá vai para pegar a taça e vir embora. Que seja a 14ª vez, mas a equipa demonstre mais frescura física e dê passos seguros que não se viram a fechar o campeonato.

27 maio 2009

Inveja atribuída ao FC Porto cegou o Boavista…

Ascensão e queda do Boavista vista de fora dos amigos do Porto que quiseram mimar um clube que se apoiou em Lisboa para ter protagonismo

É incontornável não comentar a queda do Boavista para fora das competições profissionais. Não para abrir uma excepção, porque comentá-lo é falar do FC Porto e das ligações havidas e também desavindas que pontualmente marcaram as relações dos dois clubes desafiadores da ordem reinante do futebol português após o 25 de Abril.

Recorde-se que, com Pedroto, o Boavista ganhou a Taça de Portugal em 1975 e 76, uma nas Antas frente ao V. Guimarães, outra derrotando o Benfica em… Alvalade. Depois, em 77 Pedroto ergueu a Taça de novo nas Antas, já pelo FC Porto, e tornou-se bicampeão nacional de azul e branco.

Ora, FC Porto, Boavista e a liderança firme com as marcas pessoais de Valentim Loureiro e Pinto da Costa ajudaram a mudar o rosto do futebol nacional, correspondendo nos gabinetes e centros de decisão ao poder competitivo que os dois clubes do Porto mostraram em campo.

Chegou-se até ao ponto de o Boavista ganhar uma final da Taça ao FC Porto (1992) e um campeonato também à custa do FC Porto, esta para gáudio dos admiradores lisbonenses subitamente rendidos ao exotismo do xadrez… Também a Supertaça de 1997 foi à custa dos dragões.

Em 2001, com o Boavista campeão, confirmava-se a ascensão do clube, que discutiu com o FC Porto o título de 1999 que foi do Penta para os dragões. E no campo, precisamente, reflectia-se o poder que o clube tinha nos gabinetes, com o major bem entronado presidente da Liga que se deslocou, entretanto, da zona alta da Constituição para as proximidades do Bessa, um quilómetro e meio ao fundo da rua…

A pujança axadrezada nos anos 90, de novo com uma Taça ganha ao Benfica em Lisboa antes de vender Nuno Gomes e Sanchez, primeiro teve a energia dinâmica de Valentim e a estabilidade também de comando técnico em Manuel José (5 anos!) com brilharetes na Europa e alguns “escalpes” de clubes famosos. A passagem de testemunho hereditário garantiu a João Loureiro a protecção paternal da presidência da Liga, depois o arrojo de criar a SAD e, por fim, remodelar o Bessa por causa do Euro-2004, claramente um passo maior que a perna e que arruinou por completo o clube: por falta de ajudas estatais, não garantidas de início para quem foi pioneiro a avançar com as obras à sua custa contando com o reembolso, mas também por aventureirismo e sonhos de grandeza desajustados.

Três anos de Liga dos Campeões, com o título nacional de permeio, só contribuíram para andar na lua… e o correspondente prejuízo de exploração de que o custo do estádio é uma parte mas não justifica tudo. Foi, pior que tudo, o tempo de João Loureiro aludir a “inveja de nos verem crescer e não quererem que tal aconteça”, aludindo ao FC Porto. A cidade, como nos velhos duelos americanos ao entardecer, tinha um fanfarrão desafiador do gigante entretanto entorpecido. Mas o FC Porto que nunca viu o Boavista como ameaça de aspecto algum a não ser uma procura de apoios lisbonenses que viria a arruinar o clube do Bessa com a sequela do Apito Dourado forjada pela conspiração montada na Luz, manobrada nos órgãos de investigação criminal em nome da justiça popular e sentenciada pela CD da Liga onde Valentim ainda é presidente da AG.

Nunca o Boavista chegou sequer perto dos 30 mil sócios que o seu jovem presidente preconizava ao tomar posse em 1997 e, daí, era irrealista fazer um estádio cujos adeptos não enchiam nem por metade. Ainda o velho Bessa mudava a face, em 2003, e na semifinal da Taça UEFA com o Celtic, no sorteio de Nyon, os escoceses comprometiam-se a comprar toda a lotação disponível… Seria o canto do cisne axadrezado, o seu 100º jogo europeu, a ver pela tv o FC Porto ganhar em Sevilha.

Essa megalomania, também a coberto de facilidades camarárias que nem o actual edil e adepto boavisteiro desdenharia fazer, não fez sombra ao FC Porto e enquanto equipa competitiva foi mais um espinho da Invicta cravado na sede de poder permanente dos rivais lisbonenses. Valentim Loureiro teve o apoio dos grandes da capital na Liga enquanto se demarcou paulatinamente da influência e da amizade duradoura de Pinto da Costa. Lucrou também o Sporting a quem o malfadado sistema não fez mal em dois campeonatos. O Boavista ficou com despojos, no meio dos títulos leoninos e a Imprensa do regime era tão salamaleques para a competitividade da equipa como basbaque para com a gestão empresarial do Boavista.

Bastou que de 2001 para 2002 o principal adversário na corrida ao título deixasse de ser o FC Porto para passar a ser o Sporting e o sopro bajulador de Lisboa tornou-se tão agreste como as críticas ao que passou a ser denominada equipa de sarrafeiros comandada por Jaime Pacheco. Contra o FC Porto, todos quiseram ajudar o Boavista: os clubes de Lisboa, o José Veiga a arranjar jogadores, o Vítor Pereira a apitar alguns jogos (nomeadamente o dérbi que permitiu a mudança de comando ao dobrar a 1ª volta), as crónicas mais macias do que as entradas de Litos como lixa nº 5…

Com o FC Porto por três anos sem ganhar o campeonato e à procura de redescobrir a sua identidade, Valentim e Pinto da Costa andaram de costas voltadas e os clubes de Lisboa quiseram tomar de assalto a Liga: foi esvaziada a possibilidade de Guilherme Aguiar concorrer à presidência e entrou um director-executivo todo Cunha e nada Leal que levou ao primor da despromoção do Gil Vicente para favorecer o Belenenses e, por fim, ao título infame do Benfica em 2005 no período mais tenebroso da história da Liga.

O caldinho de cultura fomentado em Lisboa contra o poderio dos clubes do Porto e a afinidade cultural de ambos que os faziam temidos acabou envenenado por promessas de alianças eternas, negócios chorudos e situacionismo porreiro, pá, sem o FC Porto dominador que não interessava sequer ao Boavista.

Daí à derrocada foi um passo. Agora passa um ano sobre as sentenças do Apito Final em que o Boavista foi levado pelo golpe de autoclismo e sobrou o FC Porto para aguentar a estocada dos que quiseram “fazer as coisas por outro lado”.

Mas João Loureiro não presta contas (há anos) da SAD, esta esteve para ser comprada pelo conto do vigário e agora tem de ser dissolvida fora dos campeonatos profissionais. Valentim, politicamente ferido de morte e resguardado na sua aldeia de Gondomar, há muito deve ter dado conta com quem se meteu e que pelo telefone lhe disse que fazia “as coisas por outro lado”. A experiência do major levou-o a ignorar os sinais de guerra séria e sangrenta que se revelaram entre 2004 e 2005: já não travou o golpe da descida gilista pelo “caso Mateus” e não percebeu que lhe minaram a autoridade e a capacidade de infundir receio apesar de lograr levar à demissão o director-executivo, qual comissário vermelho a que o clube da Luz, de resto, quis fazer suceder Paulo Gonçalves que foi aliciado a trocar o Boavista pelo Benfica.

As ilusões de grandeza cegaram o Boavista, o silvo do Apito Final soou como guilhotina que, por fim, de forma expectável, agora lhe decepou a cabeça, entre o esbracejar patético de Álvaro Braga Júnior em apontar os “árbitros comissionistas” que conhece mas não denuncia e a espera irrequieta por justiça que há três anos tarda ao Gil Vicente.

Na descida do Boavista, junta com a do Gondomar, não deixou de se falar nos “clubes do Apito Dourado”. Mas passar a época a falar dos árbitros, tal como sucedeu ao Benfica, retirou concentração à tarefa essencial de trabalhar no campo. Os resultados estão à (boa)vista.

Há quem tenha compaixão e quem não esqueça a traição. Os factos, porém, são estes.

26 maio 2009

Treinadores de bancada e a má ou “boa Imprensa”


Jesualdo comparado aos outros, mais um retrato “Deus nos acuda” dos palpites em curso que dão a cada queque seu quique… Onde o fair-play é mesmo uma treta e o Paulo Bento reclama o título de 2005-06…

Estranhei Jesualdo Ferreira algo crispado na penúltima conferência de Imprensa da época para o campeonato, antes do jogo com o Sp. Braga. Falou da desconsideração do seu papel de treinador do FC Porto, onde muitos o descobriram há pouco como capaz e competente, e não tivesse tido mérito enorme no tricampeonato pessoal que o coloca na história dos treinadores portugueses. Fosse o professor mais aberto, digo eu, a entrevistas pontuais ao longo da época e, sabendo argumentar como ninguém, paulatinamente se teriam afundado vários mitos criados pela “boa Imprensa”, esta uma facção avessa a tudo o que seja azul e branco – chame-se Mourinho, Jardel ou mesmo Diego, Hugo Almeida e até Nuno Valente muito considerados mal deixem o FC Porto – que no seu caso se revelou sempre má, veiculando as opiniões desbragadas dos adeptos em geral ou influenciando estes dispostos a trocar seja quem for por um bezerro de ouro… quando não se sentem com o rei na barriga e desatam a pedir os melhores do mundo e arredores.

Jesualdo, enfurecido pelo “mercado das opiniões”, bem zurziu nos idólatras, os que falam de tudo e de nada como verdadeiros vendilhões do templo.

O treinador do FC Porto, sabedor consciente do fel que desperta na opinião alheia quem veste a cor e assume a responsabilidade de defender o Dragão, podia ter-se dispensado deste azedume momentâneo e deslocado, pois a sua figura e um novo contrato estão hoje sob aclamação unânime como há meses pendeu sobre a sua cabeça a guilhotina. Provável que essa inflexão na ortodoxia reinante também o tenha levado a controlado destempero. Empatia ou falta dela, simpatia ou mau carácter antes desconhecido, capaz ou amedrontado, Jesualdo foi brindado com tudo. Talvez por isso prometera dizer umas coisas finda a época e espero que o desagrado manifestado não esmoreça daqui a uma semana.

Carlos Azenha esteve, alguns o garantem, apontado como substituto em Outubro. O ex-adjunto de Jesualdo, mais um que se afastou, estranha e voluntariamente, do professor depois de Rui Águas, acabou a defender o técnico tricampeão no último Domingo Desportivo onde os experts do painel da casa se dividiram nos méritos quanto ao “melhor da época” envolvendo Lázaro (E. Amadora) e Domingos (Académica) no lote.

Estupefacto, quase ridicularizando os outros votantes, Azenha (agora apontado à Académica) disse que não podia haver dispersão de votos além de Jesualdo. Foi como dizer, ou andam a brincar ou não percebem nada disto. Um dos experts, helàs!, é um velho ‘toninho’ conhecido de quem Jesualdo me contou umas histórias do seu tempo no Benfica… Um dos espectadores interventivos no último “DD”, por sinal 2º classificado pela quarta vez consecutiva na Liga, Paulo Bento, deve ter entendido de que categoria de treinadores estaria a falar-se para rivalizar com Jesualdo como o melhor da época.

Pensar, digo eu, que José Mota acabou a época a reclamar atenção, perdida a meio, para o magnífico Leixões que levou à 2ª melhor classificação de sempre, uma soberba equipa que sucumbiu à míngua do plantel exaurido, aliás, no mercado de Inverno…

Mestre das tácticas
Com o último duelo Jesualdo-Jesus acabado em abraços no Porto-Braga, mas anunciado como prometedor na próxima época com o novo andor em faustoso altar de luz e floreados, vá lá que ninguém se lembrou de outro protagonista como Manuel Machado, que guindou o Nacional a repetir a sua melhor classificação de sempre (4º lugar), com o gozo assumido de “ficar à frente do mestre das tácticas” (sem aludir decerto a Luís Freitas Lobo…) e que descobriu, o sempre sereno ex-professor de Educação Física, o melhor marcador do campeonato, Nené…


Nem Jesus, outro que saiu de Mota mal as exibições europeias empalideceram depois de terem obscurecido as irregulares prestações no campeonato, mereceu a atenção dos experts da casa. Se Jorge Jesus voltou a ser notícia ultimamente não foi pela época de pouca “espessura” com o maior orçamento de sempre do Sp. Braga. Nem sobressai o facto de com o 5º lugar apenas, quando aspirava a lutar pelo título, ter só igualado a sua melhor posição pessoal uma vez com o Belenenses de há duas épocas.

Mesmo no FC Porto, Jesualdo deve ter sentido como o desprezaram… pelo trabalho feito em Braga. Ajudando a salvar a manutenção em 2003-04 quando substituiu o ”Toni mais novo”, Jesualdo logo elevou o Braga ao 5º lugar e duas vezes seguidas ao 4º posto na Liga, o que bem pode equivaler, salvas as proporções, a um tricampeonato pessoal de enorme êxito. Mas ao incensar-se Jesus, pouco modesto ao assomar a grandes palcos e preferencialmente de nível europeu e com o famigerado “fair-play da treta” face ao “professor do tetra”, em Braga também se criou a exultação do bezerro de ouro, enquanto para a história prevalecem o máximo de 17 vitórias numa época (34 jornadas, em 2005-06) e duas vezes a marca de 58 pontos (nessa e na época precedente) do próprio Jesualdo na capital minhota!

Jesualdo Ferreira deve, então, sentir-se duplamente desrespeitado, enquanto a turba ululante muda de cenário: do Minho para a capital, onde o estilo queque de dar palpites confirma a tendência nacional dos treinadores de bancada arranjarem uns quiques de moda para dizerem “eu é que sei”… Estes, quais cristãos-novos, vão assumindo actos de contrição face à decepção, como treinador, que foi o sobrinho da Lola Flores ao qual não podem poupar-se elogios à hombridade, cavalheirismo e simpatia desprendidas de um homem sincero, respeitoso e de mais estaleca e elegância acima da sua altura. Os experts, useiros em ver para crer, ocultando a sua ignorância com recurso a apressadas buscas na net, falam tanto das desventuras de Quique na Luz como abonam, pressurosos, agora em favor de Cardozo de quem não lembraram quando o altar estava erguido a Suazo e a equipa-maravilha era, enfim, uma promessa cumprida e imparável para o colosso anunciado para 2011…

Uns, tão politicamente correctos quanto resultadistas, também elogiaram os feitos de Jorge Costa na subida do Olhanense e de Domingos no surgimento academista. Mas só para acentuar-se a marca de ambos “made in FC Porto”: não como epíteto de notório reconhecimento atribuído com facilidade a triunfos ocasionais de gente com outro sotaque mas sem “pedigree” de vencedores, mas com manha na sibilina mensagem de procurarem, como quem tem sarna, demarcar-se do pecado original que, como em milhentos exemplos, é expurgado mal mostrem serviço fora do burgo que os acolheu e formou no futebol onde como portistas foram apelidados do que os muçulmanos não dizem do toucinho…

Lobos da Alemanha foram leões de verdade
Paulo Bento, voltando ao programa que me fez lembrar quando o vi ser entrevistado e sem eu saber o resultado de ter perdido a primeira Taça da Liga, lá mereceu a desculpa da disparidade de orçamentos. Vamos para mais um ciclo, um novo diz o treinador incontinente verbal, com o estafado duplo argumento serôdio: orçamento mais baixo e equipa sempre jovem.

O Sporting é aquele clube onde a ameaça de um candidato tagarela a presidente tem tanto de fanfarrão nos anúncios como de putativo corajoso ao qual uns empurrões estratégicos de escada o elevam a um cargo na lista da qual se sentiu traído para rosnar mais um “agarrem-me senão eu assumo”. Junta-se então mais um episódio grotesco dos torpes golpes palacianos da fidalguia arruinada mas mimada de Alvalade ao recurso já útil mas idiota do orçamento a comprar as ilusões da próxima época.

É curioso que o clube apontado como denunciante de um sistema que lhe valeu dois campeonatos em três anos tenha aparentemente uma solução de continuidade em que se apregoa um perfil à Pinto da Costa que todos secretamente desejam assumir. E que se mantenha a vitimização, através dos louvaminheiros que exaltam o “pobrezinho mas honrado” da outra senhora, do orçamento inferior cristalizado, isto de depois de ver o FC Porto superiorizar-se ao Atl. Madrid e atemorizar a equipa do mais rico clube mundial.

Enquanto ecoam ainda, além dos 12-1, os milhões atirados pelo Bayern aos encolhidos leões de trazer por casa que borraram as fraldas de “marca branca” da Loja dos 300, eis que o modesto Wolfsburgo sagra-se campeão da Bundesliga, os Lobos da Alemanha que se reforçaram com Diego Benaglio (ex-Nacional) depois do ex-portista Ricardo Costa, tendo despachado o Bayern com 5-1 e o seu técnico Klinsmann para o desemprego…

O futuro eterno treinador leonino, nesta fase final do disparate em que se diz tudo e se deixa dizer tudo dos/aos treinadores, também não perdeu a sua fleuma habitual, lembrando, dois anos depois, que em 2005-06 era o seu Sporting que “merecia” ter sido campeão. À custa de Jesualdo, claro, então coadjuvado por Carlos Azenha, no campeonato que os leões nunca comandaram – mais uma originalidade leonina deste futebol de tristes figurantes –, para eles ficou como o da “mão de Ronny” como se os árbitros não tivessem espoliado o FC Porto até diminuir a sua vantagem de 9 pontos da 1ª volta para 1 apenas na última jornada e o líder de fio a pavio, sempre com vantagem pontual desde o início, não fosse nunca senhor do seu destino.

É o destino de Jesualdo, estas aleivosias de um manicómio cada vez maior no futebol português, que ele sabe estar inextricável ligado ao do FC Porto a quem, os experts do regime, quiseram encontrar sucessor precisamente em Paulo Bento e Jorge Jesus mal tinha passado o Natal. Deus nos livre!

25 maio 2009

Jogador da Bancada - Época 2008/2009 - 48º Round

PS: Em comentário coloco os nomes dos jogadores que actuaram neste jogo e o treinador. Só necessitam de copiar, colar na vossa caixa de comentários e atribuir a vossa nota (de 0 a 10).

Em ritmo de treino...para a Dobradinha

FCPorto 1-1 Sp. Braga
E. Farias 42' e Edimar 56'

Equipa: Helton, Sapunaru, Rolando, B. Alves, Cissokho, Fernando, R. Meireles, M. Gonzalez (T. Costa 80'), Lisandro, E. Farias (Hulk 58') e C. Rodriguez (Tarik 82')

50.019 espectadores

Mais um campeonato terminado, o mesmo campeão anunciado e como tem sido habitual mais um dia de festa para a gente do Dragão. O FCPorto consagrou-se como Tetracampeão nacional num jogo onde tinha, de parte a parte, todos os ingredientes para ser um excelente jogo, mas foi uma partida amorfa, própria de final de época. Nada que preocupe, a festa estava montada, a Taça foi entregue a tempo, (porque raio a entrega da mesma não foi depois do jogo ?) houve muita cor e alegria, não haviam motivos que a fizessem estragar e até um pedido de casamento, que foi aceite, teve lugar neste dia festivo.

Antes de falar do jogo, permitam-me uma pequena crítica, penso que a festa, dentro do Estádio, poderia, e merecia, ser mais grandiosa, com mais música e mais animação, por momentos, deu-me imensas saudades das grandiosas festas de campeão no antigo Estádio das Antas, onde os jogadores entravam já com o Estádio a abarrotar, com muita música, homenagens e muita alegria, quer dentro, quer fora do Estádio.

Embora a alegria não faltasse, penso que o público que, posteriormente, encheu o Estádio poderia ter assistido a uma festa mais eufórica. Um exemplo, uma volta de honra com o troféu poderia ter originado um momento bonito. Enfim…para o ano há-de ser melhor e mais grandiosa, tenho a certeza. Pelo menos, este ano, a festa abriu-se à cidade e o povo correspondeu em grande.

Jesualdo Ferreira não quis poupar os seus jogadores para a final da Taça, no próximo Domingo, por isso lançou a equipa titular, única excepção coube a Hulk que entrou no decorrer da partida e, claro, a Lucho ainda lesionado.

O jogo foi mesmo à medida de um final de época, quase sempre jogado com um ritmo baixo, lento, tudo muito morno e se a equipa do FCPorto não tivesse ainda a final da Taça para jogar, poderia dizer-se que os jogadores já estavam a se preparar para gozar as férias.

Na primeira parte, houve pouca coisa de interesse, salva-se uma jogada ou outra com maior perigo, um livre perigoso de Bruno Alves, o Braga, por alguns momentos, a querer ficar por cima da equipa portista mas a luta era sempre muito aborrecida, e com momentos a convidar ao bocejo.

Mas, aos 45 minutos, Lisandro ganha a dois adversários cruza para o centro, um jogador do Braga entrega a bola a um seu colega que remata contra Ernesto Farias, tendo a bola se encaminhado para uma baliza deserta, dando mais um motivo de regozijo para os adeptos portistas.

Na segunda parte, tudo muito igual, o Braga esboçou uma reacção, indo à procura de um resultado que fizesse com que ficasse no 4º lugar, o FCPorto apenas procurava gerir o tempo e a vantagem.

Aos 59 minutos, o Braga acaba por dar maior justiça ao resultado, Edimar ganha a bola, tira Sapunaru no caminho e remata sem hipóteses de defesa para Heltón, empatando a partida. A partir do minuto seguinte, o jogo iria ter um ingrediente que iria dar um outro sabor, Hulk entraria, para o lugar de Farías, a equipa deu uma resposta melhor, a velocidade foi outra, principalmente quando a bola chegava aos seus pés, tendo tempo para criar uma grande oportunidade de golo.

Á parte disso, o jogo foi o retrato daquele que tinha sido até ao momento, sempre com ritmo baixo e muito aborrecido, Jesualdo tirava Rodriguez e Mariano, entrando Tarik e Tomás Costa, mas apenas Hulk parecia estar disposto a fazer algo mais, destacando apenas um falhanço incrível de Rolando que com a baliza escancarada mandou por cima.

O jogo terminaria com um empate justo pelo futebol apresentado pelas duas equipas, muito amorfo e com poucos momentos de interesse. A festa seguiria na rua, alargava-se à cidade, sempre bonita, com muita euforia e muita gente a acompanhar os heróis do Tetra, esperando que, na próxima semana, tenhamos todos direito a mais uma, neste caso, à Dobradinha à moda do Porto.

Mais um campeonato terminado, mais um objectivo conseguido, numa época difícil, onde se viveram momentos muito delicados o FCPorto conseguiu dar a volta e sair vencedor como só os verdadeiros campeões o conseguem. Parabéns, e obrigado, a todos os atletas, direcção e equipa técnica foram todos uns verdadeiros heróis, mas, como disse Fucile, este clube alimenta-se de vitórias, por isso esperamos pela Dobradinha.

PS: A morte não escolhe momentos, nem lugares, nem sequer participa em festividades, na Estação do Metro do Dragão saí com a, triste, convicção que ela escolheu estragar a festa a um portista que lutava, já muito tenuemente, pela sua vida. Espero que tenha sobrevivido. São momentos assim, quando a morte está tão perto de nós, que nos lembramos o quanto somos frágeis.

24 maio 2009

FCPorto 1-1 Sp. Braga

E. Farias 42' e Edimar 56'

Equipa: Helton, Sapunaru, Rolando, B. Alves, Cissokho, Fernando, R. Meireles, M. Gonzalez (T. Costa 80'), Lisandro, E. Farias (Hulk 58') e C. Rodriguez (Tarik 82')

50.019 espectadores

23 maio 2009

Hoje é dia de festa...


Convocados:
Guarda Redes: Heltone Nuno
Defesas: B. Alves, Cissokho, P. Emanuel, Rolando, Sapunaru e Stepanov
Médios: Fernando, Guarín, R. Meireles e T. Costa
Avançados: C. Rodriguez, E. Farias, Hulk, Lisandro, M. Gonzalez e Tarik
FCPorto - Sp. Braga, 19H00 - RTP1

22 maio 2009

11 DE LUXO – qual a melhor série?

Obtidas em diferentes contextos históricos e competitivos, as séries de 11 vitórias consecutivas do FC Porto fora de casa no campeonato tiveram cada uma os seus méritos, artífices, responsáveis e pontos marcantes. Cabe à bancada eleger qual a que teve mais significado: com Jesualdo, com Oliveira ou com Artur Jorge?


Spielautomaten

“11 DE LUXO” com Artur Jorge (1984-85)

Bibota Gomes era mesmo d’ouro

Muitos não assistiram e muitos não lembram que o FC Porto não ganhava nada, de novo, há uns anos, desde o bis de Pedroto em 78 e 79. O mestre morreria a meio desta caminhada triunfal, em Janeiro de 1985, mas o discípulo que elegera para novo ciclo de conquistas sabia da poda. Artur Jorge, que foi adjunto do Zé do Boné em Guimarães após deixar as Antas no Verão Quente de 1980, tomou em mãos uma nova equipa, ambiciosa, com muita juventude e produtos da cantera portista (João Pinto, J. Magalhães, Semedo, Gomes) e que teve de fazer acertos com as saídas, intempestivas, de António Sousa e Jaime Pacheco para Alvalade de onde Pinto da Costa foi resgatar um puto de nome Paulo Jorge dos Santos Futre que Toshack se aprestava para emprestar à Académica…

A maioria não sabe da sequência, tantos reclamam por ela, mas foi dos mais emblemáticos momentos do verdadeiro começo da superioridade que se tornaria hegemónica do FC Porto. Um quarto de século depois Jesualdo obteve 11 vitórias fora e já ninguém estranha. Mas 25 anos antes de Artur Jorge, em 1949-50, o FC Porto só em Elvas somara uma vitória em 13 saídas (mais um empate em Guimarães), registando 11 derrotas em viagem…

Pois é, 25 anos é o tempo de uma geração, várias passaram e a história mudou, ou pelo menos conta-se de outra forma para quem for sério e honesto. Em 1984-85, depois de anos a ver de novo Sporting (2) e Benfica (3) campeões, o FC Porto iniciou, paulatina mas firmemente, a sua ascensão ao que é hoje. O Benfica de Eriksson – a última grande equipa do Benfica e que bisou campeonatos (83 e 84) – finou-se e julgaria a sua hegemonia histórica inatingível.

Em 1984, o FC Porto conquistara a Taça de Portugal, sob o comando de Pedroto, e baqueara na Taça das Taças em Basileia, já com António Morais no banco pela doença do mestre. O futuro, porém, estava preparado, com muito produto local e um Gomes a bisar a Bota de Ouro. Depois dos 32 golos que em 82-83 lhe valeram o primeiro título de máximo goleador europeu, Fernando Gomes caprichou (36) e fez quase metade dos 78 golos da equipa nos 30 jogos do campeonato – mas só alinhou em 22 e apenas esteve três jornadas sem marcar quando a equipa “facturou”.

Ao apontar 27 golos em 14 jornadas consecutivas, Gomes lançou o mote para uma época em cheio em que a máquina montada por Artur Jorge fez 32 golos em 17 jogos sempre a marcar. Pelo meio, um firme 4-2 na Luz deu para arrecadar mais uma Supertaça.

Tal como agora com Jesualdo, Artur Jorge obteve 11 vitórias consecutivas e uma isolada das restantes, na última jornada em Portimão. Dois empates fora a zero golos, um em Alvalade que fez interromper as 11 vitórias fora de casa, apesar de Futre ter rematado ao poste na 1ª parte e várias oportunidades não foram concretizadas num festival de futebol que teve sequência na jornada seguinte para a consagração do título (5-1 ao Belenenses, 3 de Gomes dos quais 2 de penálti). Outro 0-0 foi com o Vizela, em Guimarães, curiosamente o adversário (orientado por José Romão) que se estreara na I Divisão e apanhara 9-1 dos dragões na Póvoa de Varzim, com 5 golos de Gomes.

A única derrota aconteceu logo à 2ª jornada, no Bessa (1-0), mas meses depois foi decretada a suspensão das Antas por dois jogos, com efeito depois da recepção ao Sporting (0-0). Esta derrota marcou a época, e não só pela diferença de tratamento disciplinar para com o FC Porto, onde as pedradas e desacatos nunca tinham atenuantes e mezinhas como quando sucediam com o Benfica mesmo quando os seus jogos eram interrompidos por agressões a árbitros e tal sucedeu, curiosamente, numa visita ao Varzim e em que a derrota em campo (1-0 aos 32’) não teve confirmação na secretaria, antes o jogo foi repetido na íntegra e 1-0 no final para o Benfica…

É só para saberem como era a disciplina, no seio federativo, há 25 anos, história que será contada noutra altura. O FC Porto, pelos desacatos no final do jogo do Bessa, bem perdido e sem nada reclamar-se de Veiga Trigo, apanhou dois jogos de castigo que cumpriu no estádio do Varzim: goleou o Vizela por 9-1 e depois despachou o Portimonense por 4-1. Os algarvios, 4ºs na tabela, eram orientados por Manuel José que começara a carreira de técnico. Apareceram 50 mil adeptos no pequeno estádio poveiro, motivando o adiamento da partida para 16/1/85 e com um fiscal-de-linha de volta ao campo onde um mês antes tinha recebido uma garrafa de litro de Super-Bock na testa, sangrando abundantemente da ferida aberta.

Estes pormenores, muito comuns à época, acicataram o FC Porto: fez 8 vitórias seguidas depois do Bessa, empatou com o Sporting de ferrolho que Toshack trouxe às Antas, engatou 14 vitórias consecutivas até novo empate em Alvalade meia volta depois.

Uma das vítimas de Artur Jorge foi… Jesualdo Ferreira. Estreou-se na I Divisão com 3-0 pela Académica em P. Ferreira mas não voltou a ganhar. Aguentou 7 jogos, Jesualdo então com bigode (e mais cabelo), o penúltimo dos quais com o FC Porto que, nas Antas, levou tudo a eito, à excepção do ferrolho leonino, a começar com 3-0 ao Rio Ave e acabar com 2-1 ao Braga, com Gomes a marcar também nestes jogos.

Nas fantásticas 11 vitórias fora, incluindo na Luz onde Gomes sentenciou tal como bisara nas Antas face ao Benfica, o “bibota” foi implacável com 11 golos – metade do pecúlio total –, seguido de Jaime Magalhães (4), Vermelhinho (3), Eurico, André e Futre (1 cada) além de autogolo de Adérito. Foram 22-3 golos nesta série que, tal como agora, teve apenas uma derrota e dois empates cedidos. Por isso, se paralelismo houve foi entre Jesualdo e Artur Jorge com 11 vitórias seguidas+1, mais golos na actualidade, um Gomes 50% da equipa há 25 anos.

Eis uma boa base para começar a folhear o álbum da hegemonia portista: foram só 8 pontos de avanço (e metade dos golos sofridos: 13-26) sobre o Sporting (55-47), seriam 14 com três pontos por vitória de hoje (80-66). O Benfica ficou a 12 (seriam 19 pela pontuação actual)… Há quem queira começar por aqui o álbum da alegada perfídia e resultados falseados…

UMA SÉRIE FORA DE SÉRIE EM 1984-1985
*Derrota à 2ª jornada no Bessa (1-0).
4ª j., Setúbal-Porto (0-3) - Jaime Magalhães 18, 71, Vermelhinho 69 6ª j., Académica-Porto (0-3) - Jaime Magalhães 25, Vermelhinho 26, Gomes 63
8ª j., Salgueiros-Porto (0-1) - Vermelhinho 20 (no Estádio do Mar)
10ª j., Penafiel-Porto (0-1) - Eurico 59
12ª j., Belenenses-Porto (0-1) - Gomes 57
14ª j., Braga-Porto (2-3) - Gomes 19, 67 e 84
16ª j., Rio Ave-Porto (0-3) - Antero 26pb, Gomes 42gp e 67
18ª j., Benfica-Porto (0-1) - Gomes 70
20ª j., Guimarães-Porto (0-2) - Gomes 8, Jaime Magalhães 84
22ª j., Farense-Porto (1-2) - Gomes 26, André 62 24ª j., Varzim-Porto (1-2) - Gomes 34, Futre 52
Outros jogos
empates 0-0 à 26ª (Alvalade) e 28ª (Vizela, em Guimarães)
vitória em Portimão (1-3) – Semedo 47, Vermelhinho 63, Gomes 66
PS: Ainda hoje será colocada a votação para o melhor "11 DE LUXO"

21 maio 2009

“11 DE LUXO” com António Oliveira (1996-97)

Jardel reluziu sem o ouro de Gomes

Num campeonato com 34 jornadas, Oliveira levou o FC Porto a 15 vitórias fora em 17 possíveis, 11 delas consecutivas desde a primeira saída a Leiria. Esta série tornou-se impressionante por cavalgar, ainda, em 15 jornadas a vencer de enfiada, esta com a curiosidade de iniciar-se em Alvalade, na estreia de Hilário à baliza para um golo solitário de Edmilson de cabeça a cruzamento da direita, depois de um empate a zero nas Antas com o Estrela da Amadora que na 2ª volta terminaria com a saga vitoriosa do FC Porto em viagem alucinante pelo País longe de imaginar vir a assistir a um tetra, um penta, outro tetra agora conseguido e um total de mais oito títulos nacionais dos dragões de então para cá.

Mário Jardel apresentou-se em cheio e terminaria em fanfarra. Foi o goleador de serviço também para a estreia de Oliveira como treinador portista, após o mandato na Selecção e o Euro-96. Memorável aproveitamento de um
puto brasileiro do Nordeste que o Benfica desprezou, ainda que o novo treinador do FC Porto não o tenha aproveitado na Supertaça com os encarnados, antes de começar o campeonato, que um golo de Domingos resolveu.

Não chegou para ser Bota de Ouro europeu, como Gomes em 84-85, mas Jardel mostrou-se uma máquina de marcar golos logo desde a partida e também na estreia europeia em S. Siro com o Milan (2 golos também no histórico 2-3). Para começar, salvou o dia na estreia oficial (com o V. Setúbal) onde se notava a ausência de V. Baía na baliza (Wozniak não convenceu desde logo) e o avançado de 23 anos entrou na 2ª parte com 0-2. Marcou de cabeça aos 84’ a cruzamento in extremis de Rui Barros, já na linha de fundo e no limite das forças, e deu a assistência, também de cabeça, para isolar Domingos que empatou no último minuto (2-2). Marcaria 30 na Liga, 13 dos quais nas 11 vitórias consecutivas fora de casa (com golos em 9 delas); poderia ter marcado em 8 partidas seguidas (fora e casa). A excepção deu-se numa visita ao Gil Vicente em Famalicão, numa 2ª feira, com o goleador chegado do Brasil aonde acorreu pelo funeral do pai. Jardel apontou 12 golos neste intróito, incluindo os jogos caseiros com Guimarães (2, no 3-1), Braga (2, no 5-0) e Leiria (1, no 2-0).

Uma época marcada pelo tri e o 5-0 na Luz na 2ª mão da Supertaça , com a série vitoriosa incluindo, além do êxito em Alvalade a lançar as 15 jornadas consecutivas a vencer, outro triunfo num campo rival, com aquele golo de Jardel a “matar” no peito, nas costas de Jorge Soares, para “fuzilar” Preud’homme que nem se mexeu, e Jorge Costa a empurrar para a baliza um lance confuso. Uma série, portanto, valorizada com vitórias no Sporting e no Benfica, além do Restelo e Bonfim, com o culminar em Guimarães a assinalar com 4-0 o título com mais dois golos de Jardel (e bis também de Zahovic, ex-vimaranense) com três jornadas por disputar.


Como é já normal, com o FC Porto a superar a concorrência, foi sempre mal digerida tamanha superioridade e, por isso, atreita a vicissitudes e invejas, invariavelmente acabando jogos com burburinho como aquele que propiciou, na Reboleira, a primeira não-vitória fora de casa, graças a um penálti no último minuto que ditou 2-2 e teve polícia em campo e Artur a “roubar” um chapéu de um agente da PSP… Quem viu sabe como foi, quem não viu imagina as apreciações da Imprensa do regime a esse caldo entornado…


Ao percurso também fantástico na Champions, só com um empate cedido com o Milan (1-1 nas Antas) no melhor percurso de sempre de uma equipa portuguesa, até hoje, na fase de grupos (cinco vitórias), a Primavera trouxe a factura do desgaste. Ao 0-4 de Old Trafford, três jogos sem ganhar em Portugal perturbaram a casa portista sem pôr em causa a liderança do campeonato. Ainda assim, nessas três semanas de loucura, o empate na Reboleira (22ª jornada, 2-2) foi só o
mal menor dadas as derrotas caseiras com Salgueiros (pela primeira vez na história e quebrando o tal ciclo de 15 vitórias seguidas desde Alvalade) e Sporting (ambas 1-2). Mesmo assim, quando voltou a ganhar fora de casa (no Bessa), o FC Porto partiu para essa jornada de acerto de rumo com 7 pontos de avanço.

Além da Amadora, só em Braga o FC Porto não venceu (1-2), na penúltima jornada. Por curiosidade, os árbitros destas partidas foram dois conhecidos: António Rola e Lucílio Baptista, pois claro…

No total, 29-6 golos marcados e sofridos, Jardel marcando em nove delas um total de 13 golos, cabendo os outros 16 a Edmilson (6), Rui Barros (2), Artur, Wetl, Jorge Costa, Folha, Domingos, Drulovic e João M. Pinto (1 cada), dez jogadores no total mas quase todos avançados tal era o poder de fogo do dragão. Jardel fez quase metade dos golos nesta série e acabaria com 30 dos 80 golos da equipa que, por fim, deixou o Sporting a 13 pontos de distância e o Benfica a 27!...

UMA SÉRIE FORA DE SÉRIE EM 1996-1997
2ª j., U. Leiria-Porto (0-3) – Jardel 69, Artur 73, Edmilson 77gp
4ª j., Salgueiros-Porto (0-1) – Jardel 62 (na Maia)
6ª j., Sporting-Porto (0-1) – Edmilson 26

8ª j., Espinho-Porto (0-5) – Edmilson 2, Rui Barros 22, Jardel 28 e 83, Wetl 69 (Maia)
10ª j., Rio Ave-Porto (0-1) – Jardel 82

12ª j., Leça-Porto (2-4) – Jardel 8, Edmilson 24 e 56gp, Rui Barros 70 (na Maia)
13ª j., Belenenses-Porto (0-2) – Jardel 21 e 23

15ª j., Benfica-Porto (1-2) – Jardel 24, Jorge Costa 57
17ª j., Gil Vicente-Porto (0-3) – Edmilson 34, Folha 68, Domingos 85 (em Famalicão)

18ª j., Setúbal-Porto (1-3) – Drulovic 15, Edmilson 47, Jardel 48

20ª j., Chaves-Porto (2-4) – J. Manuel Pinto 20, Jardel 34, 76 e 79
Outras partidas fora
22ª j., E. Amadora-Porto (2-2) – Artur 69, Jardel 77
24ª j., Boavista-Porto (0-2) – Fernando Mendes 25 e 31

26ª j., Farense-Porto (1-2) – Artur 77 e 81

28ª j., Marítimo-Porto (0-2) – Zahovic 67, Artur 71
31ª j., Guimarães-Porto (0-4) – Zahovic 24 e 69, Jardel 61 e 65
33ª j., Braga-Porto (2-1) – Costa 4
PS: Amanhã- 3º (e último) “11 DE LUXO” com Artur Jorge (1984-85)

20 maio 2009

“11 DE LUXO” com Jesualdo Ferreira (2008-09)


Não é só vencer, é golear

Esta proeza à vista de todos foi decorada, semanas a fio, com resultados sem margem para dúvidas: nenhuma pela margem mínima, só duas com dois golos, um total de 35-8 em golos marcados e sofridos fazem desta série de luxo a mais realizadora das três que o FC Porto obteve na sua história na mesma época.

Curiosamente, se a série com Artur Jorge teve Gomes goleador e a de Oliveira um Jardel à altura do bi-Bota de Ouro, Jesualdo teve muitos mais marcadores de golos: Hulk (6), Lisandro e Rodriguez (5 cada), Lucho e Farias (4 cada), Rolando (3 nos últimos 3 jogos em que participou, ausente na Trofa), Bruno Alves, Mariano e Raul Meireles (2 cada), também Guarín e Tomás Costa (1 cada); são 11 jogadores no activo e podiam render mais não tivesse Hulk sido massacrado no jogo da Taça na Reboleira após a perseguição infame em Guimarães, para voltar a jogar e assistir na Trofa, e Lucho terminado a época mais cedo. O que diz bem do trabalho colectivo, da força de assalto da equipa no seu todo (só os laterais não marcaram) e de uma categoria futebolística que superou as conjecturas e golpes de sorte proverbiais comuns em muitos jogos fora de casa.

As 11 vitórias consecutivas fora nesta temporada só levam mais uma a abrilhantar a época, ainda que desfasada da série em curso e que terá de prosseguir em 2009-10. Os 12 triunfos longe do Dragão começaram em Alvalade, com golos de Lisandro após ressalto e Bruno Alves num livre magistral de potência e colocação, este a superar o enésimo penálti fraudulento que Lucílio Baptista inventou para o Sporting contra o FC Porto. Além disto, empates na Luz e em Vila do Conde, ambos marcados por arbitragens prejudiciais aos dragões por Jorge Sousa e Pedro Proença, respectivamente. A nódoa, que pareceu pôr em causa a temporada e até a liderança da SAD, foi a 1 de Novembro, na Figueira da Foz, num golo incrível consentido por Nuno. Felizmente, enterrada…

Se Alvalade marcou a primeira liderança do FC Porto na Liga esta época, à 5ª jornada, duas rondas depois parecia o fim da picada, com as derrotas seguidas com Leixões e Naval. Pelo meio o desaire caseiro com o Dínamo de Kiev pôs em causa a continuidade na Champions a ser jogada, em definitivo, na capital ucraniana após aquela que seria a última derrota verdadeira em Portugal (falsa foi a de Alvalade para a Taça da Liga com os dois penáltis inventados por Xistra).

Nesta série que tantos apregoaram poder igualar a que foi obtida sob o consulado de António Oliveira, Jesualdo acabou, sim, por imitar mais a que Artur Jorge conseguiu há 25 anos, até por caber em 30 jornadas nos dois casos.

Poucos pontos de contacto há entre as três séries de 11 vitórias fora, pelos contextos diferentes em que se desenvolveram, mas tornar-se-ia interessante poder “votar” na que mais impressionou quem a elas assistiu, mais ou menos em cima do acontecimento, sendo que há 25 anos não havia transmissões televisivas e os resumos eram tão curtos como maus são os actuais.

Para já, fica a gesta da série corrente. Nos próximos dias, com a evocação das 11 vitórias com Oliveira e Artur Jorge, mesmo para aqueles mais esquecidos e alguns que não assistiram sequer à de há 25 anos, poderemos fazer uma votação sobre a melhor de todas e cada um que vá deixando as suas memórias sobre o tema em cada série.

UMA SÉRIE FORA DE SÉRIE EM 2008-2009

* Outros jogos fora
2ª j., Benfica-Porto (1-1) – Lucho 10gp
3ª j., Rio Ave-Porto (0-0) –
5ª j., Sporting-Porto (1-2) – Lisandro 18, Bruno Alves 31
7ª j., Naval-Porto (1-0) –

A série com as voltas trocadas (adiamento do jogo na Reboleira)
11ª j., Setúbal-Porto (0-3) – Bruno Alves 65, Guarín 68, Lucho 79
9ª j. (atraso), E. Amadora-Porto (2-4) – Lisandro 10, Rodriguez 45+2 e 84, Hulk 71
13ª j., Nacional-Porto (2-4) – Hulk 51 e 90+2, Rodriguez 71, Lucho 90+1gp,
15ª j., Braga-Porto (0-2) – Rodriguez 20, Lisandro 31
16ª j., Belenenses-Porto (1-3) – Hulk 21, Rodriguez 22, Lucho 86
19ª j., P. Ferreira-Porto (0-2) – Hulk 15, Bruno Alves 65gp
21ª j., Leixões-Porto (1-4) – Lucho 23gp, Hulk 49, Raul Meireles 65, Farias 75
23ª j., Guimarães-Porto (1-3) – Farias 52, Mariano 58, Rolando 88
25ª j., Académica-Porto (0-3) – Rolando 57, Lisandro 59gp, Mariano 90+3
27ª j., Marítimo-Porto (0-3) – Raul Meireles 3, Rolando 64, Tomás Costa 83
29ª j., Trofense-Porto (1-4) – Farias 29 e 80, Lisandro 43 e 62

PS: Amanhã - 2º (de 3) "11 DE LUXO" com António Oliveira (1996-97)

19 maio 2009

FC Porto sentenciou, valha-nos o Cristo-Rei

Aborrecido, o campeonato já decidido, cai-nos a monotonia em cima com tudo resolvido no topo e as despromoções por aclarar prà semana mas a que ninguém liga "pevide" durante o ano.

O FC Porto sentenciou a Liga, cumpriu calendário e a máxima obrigação na Trofa e já nada parece ter interesse, a não ser o empurrãozinho que adversários, com a Imprensa do regime, deram a Liedson no sábado...

Com tudo tão sem graça, sobrou pouco para este domingo, mas no pecúlio contou-se a generosidade também de Eduardo pelas suas fífias ao Benfica contente no 3º lugar e o upgrade registado da época passada. Carlos Queiroz é que tem mesmo um problema grave na baliza da Selecção...

E se as cerimónias da Cova da Iria tiveram o seu momento bianual em Fátima, a meio da semana, perdido o interesse no futebol, nada como a tv do regime estar à altura do acontecimento: para os 50 anos do Cristo-Rei, uma reposição dos tiques do regime servidos a todo o País. Era só tirar a cor aos aparelhos e, a preto e branco, aquilo parecia tudo do tempo da antiga senhora.

Uma nuance apenas, sempre acinzentada: decretado pelos cristãos-novos o deserto na margem sul, pelo ministro do "jámé", montaram o palanque no Terreiro do Paço para se admirar a obra lá do outro lado do rio... Os louvaminhas e homens de mão fizeram recriar uma peça do antigamente.

Até o Belenenses recebeu um sopro de vida, como dantes recebia os cumprimentos do adepto presidente Américo Thomaz. E o Olhanense voltou à alta-roda de onde foi atirado logo após a Revolução, em 74-75.

Sempre a enganar os incautos, o nosso Primeiro deixa-se entrevistar alegadamente na intimidade de ir daqui para ali, na Notícias Magazine, confessando que "sou do Benfica, mas dá gosto ver jogar o FC Porto"...

Os lugares alternativos ao 1º continuam sem cores mais vivas que o azul-e-branco no campeonato, tom marcante da Monarquia mas que no futebol vicejou em democracia. Para partidocracia e vivência amordaçada bastaria a realidade sócio-económica tão negra como esses outros tempos. As televisões (RTP e TVI, mas também a SIC) cumpriram o papel de Estado que lhes compete também hoje.

Cheirou a bolor, o bafio soprou do rio, mas um senhor de Bragança foi entrevistado - dantes ajoelhava-se perante suas excelências e a eminência Cerejeira - quando chegava o presidente da República. Até podia ser Salazar que reverente o País se lhe apresentaria à mesma...

Portugal ainda é isto.

18 maio 2009

Jogador da Bancada - Época 2008/2009 - 47º Round

PS: Em comentário coloco os nomes dos jogadores que actuaram neste jogo e o treinador. Só necessitam de copiar, colar na vossa caixa de comentários e atribuir a vossa nota (de 0 a 10).

17 maio 2009

Um Porto de reserva com sabor de primeira

Trofense 1-4 FCPorto
Hugo Leal 83'; Ernesto Farías 29' e 80 ' e Lisandro Lopez 43' e 62'

Equipa: Nuno ( Ventura 70'), Sapunaru, Stepanov,Bruno Alves, Benitez, Andrés Madrid ( Guarin 76'), Tomás Costa, Rodriguez ( Hulk 59'), Mariano Gonzalez, Lisandro Lopez e Ernesto Farias

Depois da festa do Tetra, veio a ressaca mas a sede de vencer continua e o FCPorto acaba a época com uma marca digna de registo, apenas ao alcance de verdadeiros campeões: 11 vitórias consecutivas fora de portas.

A equipa portista apresentou uma equipa diferente daquela equipa-tipo que conseguiu a conquista do Tetracampeonato. Com os castigos de Fucile, Cissokho e Raúl Meireles juntando a gestão dos atletas a pensar na Final da Taça de Portugal, Jesualdo Ferreira aproveitou para ver alguns jogadores que dispõe no seu plantel e também para fazer mais dois atletas campeões, neste caso ambos são bicampeões, Stepanov e o jovem guarda-redes Ventura.

Mas engana-se que com uma segunda equipa, a equipa portista iria ter uma atitude de segunda, o FCPorto encarou a partida com toda a seriedade e com a responsabilidade de ser Tetracampeão, alcançando uma vitória que foi acontecendo com uma grande naturalidade, realizando uma exibição onde não existiu qualquer tipo de falta de aplicação, muito antes pelo contrário.

O adversário apresentava-se cheio de vontade de fugir aos lugares de descida, disposto a complicar a vida ao campeão, o FCPorto encarava a partida com tranquilidade mas não poderia deixar uma má imagem num campo onde outros escorregaram.

O jogo começou um pouco confuso de parte a parte, as equipas pareciam estar ainda a se estudarem mutuamente, o Trofense apenas aproveitava, e foi assim durante toda a partida, os lances de bola parada para chegar à baliza portista, criando, por vezes, bastante perigo ao que Nuno foi sempre respondendo com excelentes defesas.

Mas, aos 29 minutos, o FCPorto materializou o domínio na partida inaugurando o marcador, numa jogada rápida e com boas combinações atacantes, Lisandro Lopez dá a bola a Mariano Gonzalez que responde com um cruzamento para o centro onde aparece Ernesto Farías que com o seu instinto de ponta de lança não perdoa.

O jogo foi, até ao intervalo, sempre jogado com um ritmo morno, a equipa da Trofa ainda procurava o golo, sempre da mesma maneira, sempre de livre, o FCPorto ia controlando à sua maneira a partida.

Até que, aos 42 minutos, Nuno lança a bola para o ataque, o defesa da Trofa não consegue chegar, Mariano recupera a bola, finta o defesa, e dá, quase tirado a papel químico do primeiro golo, a Lisandro Lopez a oportunidade de marcar e alargar a vantagem.

Na segunda parte, a partida nada teve de diferente, o ritmo estava quase de final de época, a tranquilidade portista sobrepunha-se à aflição do Trofense que entra para a última jornada na, sempre incómoda, última posição da tabela.

Aos 59 minutos, Jesualdo Ferreira dava oportunidade ao tão desejado regresso de Hulk aos relvados, substituindo Rodriguez, tendo o brasileiro entrado de tal forma bem que quase parecia não ter estado afastado durante algum tempo.

O FCPorto quando punha velocidade nas manobras ofensivas criava perigo, e, aos 69 minutos, mais uma excelente combinação ofensiva portista, com vários passes em frente da área, criando espaços para rematar, acabado com Farías a entregar a bola a Lisandro Lopez que com um chapéu fez um grande golo, alargando a vantagem.

O vencedor estava mais do que encontrado, ainda havia tempo para fazer sair Nuno dando mais um título ao jovem Ventura, e para fazer entrar Guarin no lugar de Madrid, mas o FCPorto ainda viria a marcar mais um, aos 80 minutos, Hulk, nas suas famosas arrancadas, ganha a linha e cruza com conta, peso e medida para o mergulho de cabeça de Ernesto Farias que não perdoa. É um caso curioso este avançado argentino, cumpre quase sempre a sua função mesmo que jogue poucos minutos, acabando esta época claramente em grande.

Até ao fim, tempo apenas para Hugo Leal reduzir a desvantagem, marcando um excelente golo fora da área, mostrando que ainda continua a exibir categoria pelos relvados.

O FCPorto acabou com uma série vitoriosa fabulosa fora de casa e poderá terminar o campeonato com 10 vitórias consecutivas, o que diz muito da qualidade desta equipa e demonstra o que fez a diferença na conquista deste Tetracampeonato.

Agora segue-se a festa do Tetra em casa frente ao Sp. Braga, uma festa que se espera grandiosa e bonita como os só verdadeiros campeões merecem mas que, provavelmente, não será a ultima desta época, ainda existe uma Taça para vencer e uma Dobradinha para festejar.