30 junho 2012

Fala o fracassado no dia em que Proença é que é extraordinário!

Portugal saiu de cabeça alta e muitos jogadores por cima, no Europeu, embora o mundo do futebol fale pouco do fraco futebol da Selecção que só tem um responsável, pela negativa. Talvez por a palma dos louvaminheiros, do pouco que ia escutando o que se dizia por aí em zapping, ter sido da RTP, à maneira do regime (e que a Nação identifica como tal, veículo de propaganda, ao ponto de dar-lhe mais fatia de audiência e maior bolo publicitário, pelo que li ontem no DE) pois as pessoas habituaram-se a ver a Selecção no Canal 1 como um dos vícios instalados do centralismo, lá conseguiu a tal entrevista de Paulo Bento tão incensado pelos basbaques da santa casa no canal ainda estatal.
Apanhei à noite os títulos no online e é só mais do mesmo medíocre, porém a ressalvar uma série de coisas que os pés-de-microfone escolhidos para não fazerem ondas e darem vivas a Eusébio de permeio engolindo todas as patranhas devidas a outra figura do regime que pesa no subconsciente de toda a Nação agrilhoada ao antigamente, Foram sete os não utilizados, que eu nem contara mas adivinhava por aí, mas ninguém foi perguntar a Quaresma porque não rendia Nani em queda desde os 1/4 com os checos ou a Hugo Viana o que é preciso para haver um 10 que fazia falta à Selecção. E, por fim, o ridículo seleccionador diz que perdeu por ter apostado na pressão alta como forma de desgastar uma Espanha que não joga só em posse, tem um sentido posicional adveniente do futebol tarimbado quer dos jogadores do Barça quer dos do Real Madrid. O caçador foi à caça e saiu caca, fez as substituições costumeiras e acaba a elogiar o flop Nélson Oliveira que, diz, pode vir a ter um grande futuro mas o Europeu era o presente - e Paulo Bento só quis poupar-se a mais críticas a vexame metendo em cunha um jogador do Benfica que, todos sabem, marca tantos golos no campeonato como Moutinho marcava penáltis no Sporting treinado por Paulo Bento...
Enfim, mais um resultado, meritória semifinal, que esconde as deficiências de casting do costume, de resto aparadas pelo director Humberto, ouviu-se à saída da Polónia, atalhando logo que a escolha de Paulo Bento confirmou-se boa aposta do elenco federativo. Ou seja, Paulo Bento começou logo a falar grosso mal passou o grupo onde era impensável a Holanda perder, como nunca fez, três jogos, deu por cumprida a tarefa; a FPF encaixou mais uns dinheiros porque o adversário do grupo A era acessível fosse qual fosse; a estrutura federativa viu justificada a opção mais barata e fácil que encontrou, como já sucedeu no passado - e todos desenrascados falam de brio, de orgulho, de satisfação quando não ganharam nada a não ser, às cavalitas de uma meia-final sem brilho milagrosamente chegada a penáltis e dolorosamente a penates, como se a Selecção resgatasse o País e só ela pudesse dar brio, orgulho e realização aos jogadores, supostos eleitos por essas qualidades intrínsecas e não para as ganhar lá no seu seio.
Continua a inversão de valores, ao cúmulo de acharem que não devem falar quando não lhes apetece e nenhum director ou sequer membro do Governo diz o contrário (o sec. Estado do Desporto encolheu os ombros, como todos os antecessores) e seguem as confissões do fracasso, pois quem tem ambições, apesar de sussurradas em pequenino, não canta vitória quando perde - nem a Alemanha após 15 triunfos consecutivos em jogos oficiais.
Paulo Bento se bateu recorde foi por ter feito jogar sempre os mesmos 11 de início, em cinco jogos, algo que em fases finais só deve ter acontecido no tempo em que nem sequer havia substituições... outra imagem do passado e de regime com que se identifica e uma série de grunhos com ele e circunstancialmente com a bandeira ao pescoço senão mesmo na cintura... Depois queixa-se do cansaço, uma equipa com dois dias de folga, quando não houve futebol para lá do aspecto táctico que hipervaloriza e sempre apoucou o jogo de Portugal. Como se tivessemos uma equipa de velhos e não bons suplentes para utilizar, mas para tal era preciso critério e alguma sapiência.
De tão banal e ridículo, Paulo Bento só pode, inclusive, retorquir sem mais argumentos à polemicazinha da treta criada algo artificialmente no início, visando Manuel José, que abriu as hostilidades, e Carlos Queiroz,  que dificilmente se conjuga com o que Paulo Bento julga ter sido dito pelo antecessor.
Para fim de festa, para alguns tugas que se descobrem patriotas no futebol, foi mau. Mas deu para salvar a face de muito medíocre que gravita na FPF. E os abencerragens da Imprensa veneranda e colaborativa cada vez mais nem destaque deram à presença ou ausência do presidente da Liga na comitiva de convidados, cujo nome não apanhei em lado algum e, presumo, deve ser mesmo persona non grata e a malta das canetas e microfones faz por nem falar para se esquecer de vez, mas falando sempre em nome do futebol português que é cada vez mais de meia dúzia de comissioneiros e dois berlindes governativos a engalanar estas ocasiões do bimbalhismo deprimente.

Entretanto, depois da final da Champions, de uma época com arbitragens horríveis em Portugal mas escondidas por favorecerem o clube do regime, temos Proença na final do Europeu - isso sim, algo tão extraordinário que nunca aconteceu!

Lembrarmos nós, e na altura eu nem sabia por ter-me alheado do mundo e despertar para ele só para ver a bola a rolar, de mais uma triste e pobre figura tão portuguesa de desconfiar de um e de mais árbitros no Europeu, com a chancela, cobardemente escondida, da FPF propriamente dita, com a pateta da TVI a falar de "campo inclinado" pelo turco Çakir, esta é a segunda chapada de luva de boxe para tanto parolismo que a Imprensa do regime exalta porque vende (pouco) para isso e já atingiu o nível vegetativo que nem Eusébio a pão e água.

Como comecei o dia na província, onde me refugiei na semana histérica mais do que histórica, no Portugal profundo ainda livre das feiras e romarias (cujos primeiros ecos ouvi ao meio dia de ontem, a tempo de fugir também dali), um jornal regional falava de centenas à espera no aeroporto, mas a Imprensa do regime bajulava com uma recepção apoteótica. Alguém anda enganado, mais do que iludido, como se os pasquins vivessem à custa da Selecção mas no intervalo dos jogos a alimentarem as capas com notícias dos clubes e do mercado sem alguma confirmação de compras e vendas. Pategos.

29 junho 2012

Orgulho nos gorgulhos e o fado de sempre

Ninguém perguntou a Hugo Almeida se saiu por estar cansado. Nem a Paulo Bento porque tirou Hugo Almeida. Nem a Cristiano se a saída de Hugo Almeida não retirou hipóteses de vitória a Portugal.

Nos espasmos de sons diversos de rádio no carro e tv num café longínquo só ouvia perguntas de os jogadores sentirem brilho, brio, orgulho, superioridade e o "quase vencíamos o Europeu" ecoado, envergonhado, como em 2004. Se o futebol fosse um estado de alma e estes decidissem jogos, os patetas da SIC teriam ganho por goleada à Espanha, tirando falar de ocasião "em cima da baliza" quando Cristiano chutou à entrada da área aos 90', os "quatro passos atrás e um para o lado" quando o dito deu cinco recuando e o seu livre ansiado como a libertação da escravatura dos fracassos e a fuga do Egipto para a vitória dos inanarráveis medíocres do patrioteirismo serôdio à moda do antigamente em que nem eram nascidos era proclamado, mesmo a 30 metros de Iker, como um golo certo - porque o rapaz marcara 65 golos pelo Real Madrid...

A Nação, sempre vibrante só com a Selecção enquanto decorrem jogos mais importantes n Europa que conta com o euro e as contas muito para além das bolas nos ferro que atormentam o pobre treinador tuga, voltou a acolher a equipa de alguns, ouvi dizer, como se nova vitória moral nos enchesse tanto de brio como de orgulho os jogadores dizem sentir nestas ocasiões de regressar a casa a penates mesmo com charrete à saída do avião para desdita dos maldizentes.

Continuamos a contabilizar só as nossas bolas nos ferros e não as bandarilhas que nos metem no dorso. Em nome do consenso patrioteiro, com os epígono do regime em uníssino, Portugal fez algo d' "extraordinário" que, pelos vistos, dizem encher também de orgulho a maralha que vai ao aeroporto - imaginem se vencesse uma competição e como seriam os relatos mais histéricos do que históricos da gente parvinha que em estados de alma sonham com tudo menos encarar como natural trabalhar no estrangeiro quando as fronteiras agora estão abertas.

Temos um Governo que tem a mesma receita de austeridade como a antiga vacina da tropa dava para tudo. Temos uma Selecção que ganha perdendo. Um seleccionador que aplica a mesma receita em qualquer circunstância como um amanuense do funcionalismo público sob as ordens do Gaspar e do Álvaro. Temos quase uma Imprensa una e indivisível a proclamar as mesmas coisas, em nome de um ideal, talvez do velho fado.

O Europeu foi uma maravilha, apesar de tudo, porque experimentamos ouvir e ver jogos em três televisões nacionais, um luxo que a Troika não proíbe, para ao menos desenjoarmos de ouvir e ver sempre os mesmos. Um tipo que não sei o nome mas que pela voz já ouvira em jogos do campeonato inglês na SportTV aprecio imenso, deu ontem na TVI no Itália-Alemanha. Não foi sempre o mesmo, afinal, este Europeu com tanto periodismo medíocre em pasquins pimba e tv's do Despertar e Dar as Horas para comidas, treinos e deslocações.

Como não ter tanto orgulho nos gorgulhos?

Só falta ligar o Paulo Bentoinha para saber o que tem para infomar o País da sua excelsa mediocridade em que cavalga, de charrete, no dorso dos jogadores a quem não ajudou a fazer mais do que podem e sabem.

O fado, logo numa altura em que, ouvia num café longínquo, Domingos engrossava o lote da mesmice nacional e o canto Toy opinava também sobre futebol, tão convidado como ele, meses depois de o ex-treinador então no Sporting perguntar-se porque não discutia fado e ouvia fadistas a falar de futebol.

Triste sina. 

28 junho 2012

O clássico do desengano de Platini e Paulo Bento

Pois é, a tradição tem muita força no futebol e a Itália lá despachou a Alemanha mais uma vez em eliminatórias. A Espanha ganha sempre as semifinais. E domingo, contra todas as previsões, lá teremos uma estreia Espanha-Itália. O que vale por dizer que, afinal, o grupo mais difícil não foi o da "morte" com Portugal, mas o grupo C em que a Croácia esteve a disputar a qualificação até ao fim, mesmo com a equipa mais fraca do Europeu, a Irlanda, sem contudo ficar a dever alguma coisa a essa coisa descolorida chamada laranja da Holanda.

E o árbitro francês Lannoy não confirmou a tese conspirativa de Kiev receber a final Espanha-Alemanha, com os alemães desta vez às portas de Varsóvia e de novo eliminados pelo clássico futebol italiano de brilhanismo táctico e eficácia incomum, mas sempre com uma limpidez processual que faz corar de vergonha a ousadia de querer ganhar sempre e usar todos os panzers possíveis como é da praxe alemã.

Um clássico, aquele que mais gosto de ver, entre Itália e Alemanha, para mim o melhor jogo do Europeu apesar de, a dado ponto, o volume de jogo e as oportunidades criadas não se espelharem, pela primeira vez na competição, no marcador. Sorte, azar, Buffon, eficácia, Balotelli?, que diria Paulo Bento se participasse num jogo deste cariz, todo à sua maneira cínica e parva para o qual não teria a lucidez de escolher o onze e muito menos as substituições que fizeram crer na ampliação do marcador na 2ª parte depois do sufoco inicial em que até Pirlo evitou golo e Barzagli quase fazia autogolo só no primeiro quarto de hora. 

Se perdesse, Bento clamaria contra a falta de eficácia tantas as oportunidades de golo iminente da Alemanha. Se vencesse, falaria só de mérito e deixaria a eficácia que fez Balotelli marcar dois em duas vezes. Um clássico que serviria o argumentário limitado e esgotado do medíocre seleccionador português que já promete ser "bem educado" quando responder  alguém por alguma coisa não se sabe bem porquê mas deixa o suspense de saber não o que vai dizer mas a quem vai dar a "cacha" da entrevista.

Os pés-de-microfone lusitanos que estão à porta do hotel a saber a que horas desperta, come e treina a Selecção lá passaram sem perguntar a Hugo Almeida se saíra por cansaço e a Cristiano se era suposto, do início ao fim, ser ele o decisor a cobrar a última penalidade da suposta glória.

Portugal e Alemanha ficam pelas semifinais, uma glória para uns e um fardo para outros, é só ver a diferença de atitude de como encarar estas coisas sem patrioteirismos serôdios.

A Itália em 1982 ganhou um Mundial com blackout total para toda a Imprensa de início ao fim. Venceu o Mundial de 2006 após o rebentamento do escândalo que despromoveu a Juventus bicampeã nacional. Tem novo escândalo na Série A de novo por resultados combinados e apresta-se a ser campeã europeia - agora vou pelos azzurri, sinto a Espanha fatigada e num rame-rame que lhes custa também. Digam lá se as polémicas criam problemas a quem sabe estar, competir, jogar e ganhar, tirando as tricazinhas da treta da lusa armada que se põe em pele de galinha por qualquer merda, clama por unidade nacional sob pena de naufrágio colectivo, tem jornaleiros de trazer por casa que não dão uma prà caixa e a mesmice comentadeira nacional que não sai da cepa torta a dizerem todos igual para um dia, à custa da Selecção, formarmos a velha unidade nacional de outros tempos, quiçá com uma só cor, uma só tv e um só jornal e rádio, sob uma só bandeira - basta jogar um puto do Benfica que nunca marcou um golo no campeonato para o unanimismo vibrar a Nação sem saber porque a bola pincha, bate na trave e não entra ou no poste e entra, azar nosso do cardápio costumeiro da água benta e presunção.

27 junho 2012

Espanha ganha onde Paulo Bento falha

Portugal saiu de frente da Espanha, com naturalidade, eliminado por penáltis que nos trouxe à vulgaridade de analisar o desfecho, justo, pela fatídica bola no poste e a caprichosa que entrou. Já tínhamos visto o argumento naquele cruzamento de Nani frente à Alemanha que quase dava golo fortuito mas todos consideraram um motivo de azar para "aparar" uma derrota também natural.

A Selecção teve um bom comportamento global, conseguindo passar um grupo difícil e apanhar não só um adversário acessível e vantagem até no calendário com tempo de descanso. Não aconteceu nada de extraordinário, apesar de nos porem de aviso para a necessidade de fugir da realidade mediática que nos devolveu à mediocridade noticiosa, agora travestida de patrioteirismo, de uma campanha normal da bola indígena. Como no campeonato e as épocas penosamente idiotas que nos servem nos pasquins e nas pantalhas.

Temos azar, porvenura, de não apanhar mais a Inglaterra para ganharmos nos penáltis só com mérito e não por sorte, e continuamos sozinhos no mundo, porque tal nunca aconteceu com nenhuma equipa, a lamentar o sortilégio dos penáltis especialmente se o poste tem alguma coisa a ver com isso.

A verdade é que ajuda à parvoíce portugalória e desvia a atenção para as asneiras do treinador às quais, ao contrário dos jogos anteriores, os jogadores não puderam reagir mais e melhor. A morfologia do jogo de Paulo Bento tinha mesmo que bater no poste, esgotando-se em substituições de cardápio e nunca de vencedor. Pela enésima vez, lá entrou Nélson Oliveira e, vejam só, por troca com Hugo Almeida, uma substituição fatal, dois anos depois, mas que, desta vez, sabe-se lá porquê, não levou Cristiano a gritar para o banco: "Assim não ganhamos, Paulo".

Nélson Oliveira nunca contribuiu com nada em qualquer das vezes que entrou. Infelizmente, as críticas sussurradas, para não causar um levantamento popular com os pés de microfone agitados com as repercussões que alguma observação mais crítica a beliscar o bom ambiente, não chegaram para a Selecção actuar de raiva. Porque para Paulo Bento estava vedado algum desvio ao rumo pequenino traçado para esta caminhada. Nada de meter Varela, que nos tirou da fase de grupos com um golo providencial - e muito feliz! - à Dinamarca, para lançar Cristiano no meio. No Mundial, para desequilibrar a Espanha, Queiroz tirou Hugo Almeida - pelo cansaço que os pategos da SIC atribuíram agora ao jogador - para lançar Danny e aproveitar a sua velocidade. Cristiano não pensou assim em 2010 e quedou-se mudo e sem jogar muito desta feita, enquanto a Selecção se afundava.

Os parolos das diversas tv's viram Portugal até a "vulgarizar" (sic) a Espanha, que teve menos dois dias de descanso, sendo que só uma equipa existiu no prolongamento e apenas por milagre, que Patrício ainda prolongou na primeira defesa, chegamos aos penáltis com a ordem de ideias de novo assumida que fez Bruno Alves quase marcar um penáltifora da ordem e porventura ser expulso com um segundo amarelo...

O nacional-parolismo julgou ver um jogo tremendo de Portugal a criar apenas uma oportunidade mínima aos 90', que um pascácio disse que foi quase em "cima da baliza" (sic) e Cristiano chutou apenas do limite da área.

O jogo retraído de Paulo Bento, mais a substituição clássica que nada muda e até estraga, não aproveitou o cansaço espanhol e, até, o devaneio de del Bosque com Negredo a ponta para desprezo de Torres, assim como Paulo Bento meter Nélson Oliveira em vez de Hugo Almeida ou este ainda preterido por Postiga. Del Bosque acabou sem ponta-de-lança enquanto Paulo Bento não sabia usar os seus. Lá entrou Fàbregas, saindo Xavi para Iniesta jogar ao meio e Pedro abrir a esquerda como Navas fazia à direita. A Espanha ganhou nas substituições e Fàbregas até marcou o penálti decisivo - comparem com as decisões absurdas de Paulo Bento!

O medíocre treinador português, sem gerir também o seu onze para chegar mais fresco e constatarmos não aguentar o prolongamento atirando Varela para esticar um jogo que Paulo Bento não soube gerir a não ser na sua pequenina visão de merceeiro, nem sequer meteu jogadores - já que pensava chegar aos penáltis e sair em glória por não perder, como sempre jogando como nunca - para marcar penáltis.

O ridículo do pensamento de Paulo Bento teve a dessintonia de Bruno Alves a sair para um penálti que não lhe competia, depois de pôr Moutinho a marcar quando tanto falhou no Sporting treinado por Paulo Bento e ainda no FC Porto!, deixando Cristiano para o fim sob o risco de nem chegar, como não chegou, a bater o seu, terminando sem honra nem glória a aspiração a ser melhor do que Messi no final do ano.

Se Paulo Bento usou a analogia das críticas iniciais não servirem para espicaçar a Selecção pois caso contrário não seria preciso treinador, bastava alguém dizer mal e tudo corria bem, na véspera do jogo, a contabilização de bolas nos postes em jogos passados que nada resolviam agora e até a tal bola na barra que não entrou e a que bateu num poste e entrou diz bem da mentalidade pobrezinha do seleccionador que há. De resto, a parolice das perguntas no final, com a tese de superioridade sobre a Espanha que mais cansada durou e jogou mais, até à do "campo inclinado" que aquela patetinha da TVI colocou, ajudou a missa cantada para congregar à chegada. Tudo com honra, claro, muito orgulho e por aí fora.

Amanhã jogam Alemanha e Itália, a Alemanha ganha e será campeã na final de Platini, tem contundência e intensidade que já faltam à Espanha. Estou muito crente nisso, tal como certo de que, seja como for, a Itália não se queixará da falta de sorte, de ter lutado e mostrado brio, de estar orgulhosa do que fez. De resto, a Alemanha fará o mesmo se perder.

Só Portugal tem de ter este discurso medíocre, picuinhas e de derrotado crónico quando em campo não pôde fazer mais. Porque faltou Nani, em queda desde os 1/4 final, e assim Cristiano não teve como brilhar. O trio dianteiro voltou a jogar sozinho, sem apoio, isto se descontarmos como Hugo Almeida tanto ajudou a defender. Sim, era para jogar para o empate e pedir a sorte nos penáltis, mas futebol tão avarento e pobre normalmente tem este destino. Paulo Bento é um perdedor, por muitas bolas nos postes que contabilize.  O futebolzinho da treta precisa de mais rasgo que Paulo Bento não tem, por muita água benta que insistam em aspergir e fazer confiar um povo ignaro, católico mas, já e sabe, não praticante. Sem moral.

26 junho 2012

Meia hora do mesmo e o resto dos jogadores em versão (maradoniana) menos prosaica

"Se a contenção da primeira parte foi um projecto deliberado do Paulo bento para dar confiança à Chéquia e assim dissolverem-se em correrias e esperanças vãs de que estariam quase, é um golpe de génio. Mas, como qualquer sportinguista, estamos mais perto de inalar voluntariamente acido clorídrico que conceder uma hóstia que seja de competência a Paulo Bento. Ao contrário das gerações anteriores, parece-me que estes jogadores desenvolveram-se individualmente, cada um evoluiu para o jogador que é em neo-liberal independência, sem relação orgânica evidente com os outros seus companheiros de seleção".

Porque não há maneiras isoladas e exclusivas de ver alguma coisa patente aos olhos de muitos e que tão poucos enxergam. Foi o que eu vi aqui, e o que o Maradona viu ali. Talqualmente.

25 junho 2012

24 junho 2012

Só muda para pior o S. João, a Inglaterra nos penáltis não!

Nada muda na Inglaterra para os penáltis, apesar do riunfo na Champions por essa via, imerecido. Sempre eliminada (excepto com a Espanha, em 1996, nos 1/4 final), agora com a Itália que fez mais e segue para defrontar a Alemanha. Um clássico seria sempre, com um ou outro. E os favoritos para a final dita de Platini são sempre os mesmos. Nos ingleses falharam os Ashley, Young e Cole, é impressionante mas normalmente falha um avançado e um defesa, e normalmente são um par de perdulários, do lado da Inglaterra. Com Hodgson, ficou tão cínica como era atribuído à Itália, enquanto esta privilegia a posse e mantém intensidade, ao contrário do abaixamento progressivo antinatural nas equipas inglesas. Também aqui mudam para pior.
O que vai mudando para pior, pareceu-me, é o S. João. Já não perco muito tempo com a festa do Porto que, também de há muito, deixou de associar-se aos êxitos do FC Porto. Agora já começam em Abril, nunca chegam a Junho como há 30 anos.
Pois creio que esta noite vi menos 30 vezes pessoas do que noutros tempos já longínquos. Ruas inteiras despidas de barracas e tendinhas, bancas e coisinhas quando dantes era de um lado e doutro enchendo os passeios. Andei pelas ruas há uns três ou quatro anos, fui até ver o fogo à Ribeira (creio que pela minha primeira vez) e já notava menos gente do que décadas antes. Agora, muito menos ainda do que da última vez. Já não ligam muito, é como os êxitos no futebol. Hábitos e outros interesses das pessoas. Quanto ao fogo de artifício, até aí me pareceu mais "fraquinho", creio que da outra vez pareceu-me melhor, mas deve ser da crise ou o Rio está a guardar a festa de arromba para o ano da despedida. So se for por aí que se dê conta dele...
Os ingleses é que não estranham. Quando ganharem após o jogo jogado devem ser campeões de certeza em qualquer coisa.

23 junho 2012

Espanha com Fàbregas, por supuesto

Mais facilmente do que se supunha, sem qualquer sobressalto, a Espanha arrumou com a França e defronta Portugal na semifinal de Donetsk. Del Bosque, com planos e opções para todos os dias da semana, voltou ao módulo com Fàbregas a falso ponta-de-lança. Foi com a Itália, apesar de muitos resmungos sobre a ausência de um "nueve" de cuja abundância o seleccionador não pode queixar-se. Ele, campeão mundial, até bicampeão europeu pelo Real Madrid, ouvir críticas acérrimas por jogar sem "9"? Onde é que um campeão mundial,  mesmo que por outro país, passou incólume perante os basbaques?...

É de esperar, pois, Fàbregas e não Torres frente a Portugal. Parece-me bem. Torres nunca me caiu no goto, mas a minha opinião vale o que vale. O salero espanhol dá para tudo. Não com a contundência da Alemanha, mas a virulência do tiki-taka que desanima quem se dispuser apenas a ver jogar. Ora bem, isto enquadrado na pasmaceira inicial da era Paulo Bento não traz boa coisa para 4ª feira.

Homem do jogo, Xabi Alonso, dois golos na 100ª presença na "Roja" e a 1ª vitória em jogo de competição da Espanha sobre a França. Porém, impressiona-me cada vez mais Jordi Alba: fez o 1-0 para o madridista marcar a placer. Pela esquerda, ainda, Pedro Rodriguez fez miséria. Será que João Pereira vai passar do meio-campo?

Amanhã há Inglaterra-Itália. Uns e outros são timoratos, apesar do fogacho inicial dos azzurri. Dos favoritos à partida, falta a Itália nas meias, já que Portugal preencheu bem o lugar (destinado) da Holanda. Mas palpita-me que o safety first inglês vai fazer a Velha Albion delirar em nome de glórias antigas. Pelo menos do seu Euro jogado em 1996 do "football coming home".

22 junho 2012

Alemanha, ya! Espanha, a ver

As equipas do grupo B superaram as do A. Como era de esperar. Com mais dificuldade (Portugal vs. Rep. Checa) ou menos dificuldade (Alemanha vs. Grécia). Mas sem espinhas. Mesmo que, ironicamente, a superioridade flagrante manifestada por ambos os vencedores tenha sido levada a eito sem espaventos nem riscos (Portugal), com mais espectacularidade, intensidade e contundência (Alemanha) apesar do momentâneo empate (1-1) num raide pontual grego (há sempre um que cola...).
Foram seis golos, o jogo mais prolífico apesar de tão desequilibrado técnica, territorial e psicossomáticamente, se é permitida a expressão, mas muito mal distribuídos. Podiam ter sido 10 ou 12 da Alemanha, imperial e em rolo compressor constante, pese a troca do trio ofensivo (Müller, Podolski, Gomez), sem que o trio-surpresa a titular (Schürrle, Reus, Klose), com características técnicas e de mix juventude-experiência diferentes (1x2 no primeiro caso, 2x1 no segundo), tenha produzido menos. Ficou 4-2 acidentalmente, incluindo um penálti pouco claro a amenizar a tragédia grega de levar ao extremo espartano o cavar de trincheiras defensivo, seja Rehhagel ou Fernando Santos a treinador.
Gregos sofreram um frango à Ricardo
Para piorar, vimos o Ricardo desta vez na baliza da Grécia e o Klose a fazer de Charisteas, no 4-1 alemão (cruzamento da direita, avançado-centro a saltar com um defesa enquanto o g.r. sai aos melões e sofre) como se fosse a final de 2004.
Oh, so Schön!, so Schön, so Schön, cantam os alemães nestas alturas de delírio. Que belo é ver jogar a potência alemã. E que pobre a piada política de Merkel na bancada ver ruir a esperança grega no Euro, de resto ladeada por Platini, o da UEFA, que parece proibido pelos talibãs de opinar sobre futebol do qual sabe, como ex-jogador, ex-seleccionador e ex-presidente do COL 1998, como poucos.
Se a Espanha, amanhã com a França, avança ou não, é coisa que até os confiantes periodistas nuestro hermanos, que de futebol sabem mais do que os patrioteiros bacocos de vão de escada do lado de cá, começam a não saber avaliar.
Li há dias, aleatoriamente, que já detectavam no tiki-taka herdado do Barcelona a falhar... de Villa. Pois, aquilo é tudo Barça, mas falta Messi e falta Villa.. O Villa que, helàs, faltou ao Messi para apoio ofensivo no Barça. O Villa que falta à Espanha tem Portugal em Nani, um desequilibrador extra que liberta Cristiano. A Espanha tem um Torres anulável em cunha, mesmo que Silva e Iniesta possam penetrar como dois nº 10 que Portugal não tem. Portugal-Espanha, diga-se, antevendo uma semifinal e antes da final projectada da Espanha com a Alemanha.
A França, já roída internamente pela soberba e falta de união que arruinou a cotada Holanda, tem algo a opôr à protociência dos prognósticos? Os franceses, apesar de tudo, já têm mais dúvidas que os espanhóis. Pelo menos já perdem, os espanhóis ainda não. Os alemães só vencem, os portugueses superaram o Rubicão com a frágil Holanda, mais doce e suave do que era suposto, e cumpriram a obrigação com os checos com um acidental ponta-de-lança a quebrar a teimosia do treinador da treta.

21 junho 2012

Meia hora do mesmo e o resto dos jogadores

Após o período sem futebol costumeiro, desta vez por meia hora a ver jogar até trocar-se o "ler o jornal" pelo "dar corda ao relógio/sapatos", naquele período sabático em honra do treinador, os jogadores desataram a jogar e chegam, naturalmente, às meias-finais do Europeu.

Se é crónico, até num jogo de vendaval ofensivo frente ao opositor que, ao contrário da Holanda partida a meio, quis encostar-se às cordas e jogar do fundo do court, a malta da rádio e televisão falar em sofrimento, a lesão acidental de Postiga deu mais uma ajuda ao treinador da treta e parece, por vias travessas e depois de falhar a insistência pateta no "rookie" Oliveira, que também já temos um avançado-centro de jeito. Quando Portugal começou a pegar no jogo para não mais o largar, Hugo Almeida entrou (40') e deixamos de ter o entretém lá  da frente que, à moda de antigamente, se diz em "missão de sacrifício" e "em trabalho para a equipa" a abrir espaços que normalmente nunca surgiam graças a Postiga, só se perdia fluidez na frente e a paciência também.

O resto, é Pepe atrás, Moutinho no meio e, além dos rasgos (rasgões!) de Coentrão fulminente quando sobe, Nani desequilibrador. Desequilibrador? Nato, pois diversificando as atenções dos opositores, carrilando até mais jogo pela direita do que pela esquerda, é Nani o isco para do outro lado se soltar Cristiano. Nani deu-lhe a vitória com a Holanda e começou a construir, entre muitas outras jogadas, o lance que garantiu as meias-finais.

Cristiano leva a fama e a sua velocidade de ponta para o campo, mas a manobra de diversão é insistir em Nani até o opositor perder o equilíbrio, os médios chegarem à frente (Moutinho e Meireles remataram mais neste jogo do que nos três anteriores) como ainda mal se vira (fora a permissividade holandesa e o seu suicídio táctico que tão bem lhes fica a matar...). Com Hugo Almeida presente em dois cabeceamentos, um que "devia ter dado golo" a abrir a 2ª parte, outro factor de perturbação encurralou mais os checos que foram perdendo o fòlego depois do empertigamento inicial ao qual faltou a mestria de passe de Rosicky. E, assim, em mais uma jogada pela direita tal como é estratégico - mas fácil de antever desde o início como aqui o disse e já notara essa falta antes do Mundial-2010 - e tem dado quase todos os golos neste Europeu, Hugo Almeida atraiu ao primeiro poste e Cristiano antecipou-se ao seu marcador posicional para cabecear sem falhas.

O tira-teimas com a Espanha, de preferência, será crucial para se avaliar se tudo isto é natural apesar do treinador da treta ou se o fado cede ao salero. Mas só sábado se saberá se vem um dos grandes favoritos ou a França que não se assume lá muito bem.

Hoje toca à Alemanha contra Fernando Santos e domingo a Inglaterra frente à Itália. Ser 2º do grupo B deu um jeito do caraças e se calhar a derrota inicial também estava "estudada" até para fazer o papel de coitadinhos que os jogadores, claramente, não mereciam...

20 junho 2012

Agora viram-se contra Platini - que dirão os franceses que vão defrontar a Espanha

Terminou a 1ª fase do Europeu de altíssimo nível, por sinal com o até agora melhor golo na digna despedida sueca (e por Ibrahimovic suposto rebelde no balneário e líder de uma das facções em confronto, nunca visto numa equipa nórdica). Um final com um golo-fantasma, polémica indesejável e que volta a esvaziar a presença do juiz de baliza que é parvo ou cego e não está ali, normalmente, a fazer nada.
Uma 1ª fase com chegada, finalmente, de Portugal em grande, depois de variações em dó menor, o suficiente para ouvir Paulo Bento falar da qualidade do jogo português com a Holanda, como a assumir ter Portugal atingido o nível da competição de forma a ser levado a sério e não em charrete...
Parece, porém, que quem fez a avaliação e antevê o futuro do Euro-2012 é o presidente da UEFA a quem, sob capa de equidistância institucional, negam a qualidade de comentador numa roda de jornalistas internacionais sendo o homem bem mais qualificado para dissertar sobre o jogo do que muitos grunhos que por aí andam e que tanto avultam em Portugal. E que indignações e vitupérios correram os quatro cantos da Lusitânia paródia...

E os franciús, não reagem? Bah!... Procurei no L'Équipe e nada de Platini. O vaticínio do actual presidente da UEFA sobre uma (provável) final Espanha-Alemanha a 1 de Julho em Kiev até eu dava e muitos adeptos também, sendo neutrais. Já agora, se em 2008 foram os finalistas em Viena num Euro cujos anfitriões Suíça e Áustria ficaram na fase de grupos (como a Bélgica em 2000, o primeiro anfitrião sem passar a 1ª fase de uma grande competição em solo pátrio), com Polónia e Ucrânia já eliminados seria apenas uma coincidência que ninguém estranharia, tal como o afastamento das selecções da(s) casa(s).

E a Europa, está escandalizada? Está, mas com uma multa de 65 mil euros à Croácia por racismo contra Balotelli pelos seus adeptos, enquanto a publicidade nos calções de Bendtner paga 100 mil euros e um jogo de castigo ao avançado dinamarquês? Na Europa continua a distinguir-se prioridades de fait-divers, mas o hábito caseiro de discutir o acessório em vez do essencial primeiro estranhou-se e agora está entranhado na comentadeirice de trazer por casa. Não houve bicho careta do Portugalório, em forma de notícia, em apontamento de reportagem do pé-de-microfone em Opalenica ou num àparte de um palrador de ocasião na pantalha de serviço que enquadrasse a coisa devida e concretamente.

Não sei em que contexto Platini deu o seu palpite, para mais saído num dia em que a "sua" França, que ele capitaneou, liderou e "goleou" (melhor marcador de sempre numa fase final do Europeu com 9 golos em apenas 5 jogos) em 1984 (derrotando pelo caminho Portugal numa semfinal louca em Marselha), jogava a passagem aos quartos e poderia, como vai mesmo, defrontar a Espanha na fase seguinte. Sacrilégio? Bem, quem "s'emmerdou" parece que foram os muito susceptíveis tugas, com as reacções epidérmicas e idiotas do costume que me alertaram para a "boutade" de um fala-barato que desde sempre me habituei a ouvir (e ler) tal qual as famosas "predições" de Pelé que não ficava só longe de atirar ao poste nas ousadas previsões como eram autênticas bolas para a quinta ao falhar rotundamente nos diversos palpites que a malta da Imprensa gosta de sacar aos "famosos".
Parece que Platini, como presidente da UEFA, não deve dar palpites, ele que sempre os deu e, como ex-jogador de categoria mundial que foi, ficaram como tal, palpites que ninguém lembra se deram certo ou errado. Talvez muitos dos que hoje, na Tugalândia que discute pouco futebol nos jogos e nos intervalos fala de tudo menos da bola tal a insanidade contagiosa e endémica, gostaram de ouvi-lo, em tempos, falar de "batoteiros" e "vigaristas" nas eurotaças de clubes lhe neguem o direito de palpitar só porque é presidente da UEFA.
Só faltava Platini, como Raul Meireles, dizer que tinha todo o direito de não falar como de falar quando quisesse, estando num caso a evolução do Euro ou a participação nele de Portugal. Mas a gente sabe como é a coerência serôdia dos opinadores de pacotilha, capazes de soltar vitupérios e dizer cobras e lagartos de gente da estranja mas muito caladinhos e venerandos respeitadores das peripécias e dos intérpretes lusos sobre os quais nunca anunciam nem favores ou desavenças como simplesmente dizer não gosto de fulano e prefiro sicrano. São as idiosincrasias idiotas dos tugas que vêem mal para além do próprio nariz. 
Que em certas matérias, como o Pífio Dourado que Platini desconhecia mas era aceitável que enunciasse princípios gerais de filosofia para a sua governança da bola europeia, falou extemporaneamente, isso é verdade. Porém, como então defendi, Platini podia achar o que quisesse, em termos gerais, de como deve ser o futebol europeu no campo e nos gabinetes, em ética e fair-play financeiro ou futebolístico, em respeito e integridade e em diversidade e solidariedade. Aliás, como tem pontificado o seu profícuo reinado em que, obviamente até por um perfil latino diferente do sueco Johansson a quem sucedeu e por ter sido jogador afamado e não mero administrador do frio raciocínio nórdico, marcou a sua actuação sempre com o coração perto da boca. Como, aliás, não se coibiu de chamar ladrões e vigaristas aos hoteleiros ucranianos ávidos de explorar os preços para os adeptos visitantes.
Platini, é bom lembrar, podia dar os palpites que quisesse, em 2008, para gáudio da maralha bolorenta do Benfica mafioso a querer que o 4º lugar desse acesso à Champions. Mas, como se provou nos procedimentos disciplinares, nunca as suas palavras influenciaram as decisões jurisdicionais, tal como pouca repercussão têm as suas tiradas sobre arbitragem, por muito que lhe atirem culpas de influenciar, também de novo sob a sina de protesto português amiúde trazida à estampa. O pateta Coroado lá sacou da teoria da conspiração ou do amanho dos árbitros...
Agora, imaginem que o francês alvitrava uma final entre a França e a Itália, os seus dois países de eleição onde jogou, mostrando sempre um afecto especial pelo futebol transalpino onde foi rei nos anos 80. Que diriam em Espanha, em Inglaterra, na Alemanha? Nada, tomavam apenas como um fait-divers sem repercussão nenhuma na competição. Porventura chamá-lo-iam maluco por descurar as duas equipas mais fortes do momento, precisamente da Espanha e da Alemanha. Platini não foi sequer irónico, muito menos original nem terá, digo eu que posso ser ingénuo, querido ferir o seleccionador gaulês Laurent Blanc que com Zidane liderou os bleus ao título mundial de 1998 - onde Platini foi o presidente do Comité Organizador Local.
Dá vontade de rir a reacção pateta da Tugalândia, decerto sujeita e respeitadora de as figuras institucionais não poderem tugir nem mugir sobre aspecto algum, político, judicial, desportivo, ético whatever, como os diversos Cavaco, Passos, Seguro e companhias mal frequentadas se calam devidamente para não ferirem susceptibilidades sabendo nós que as coisas, e as pessoas, são como são mas não devem sê-lo, assumi-lo ou mostrá-lo mais ou menos à evidência sob pena de chocar a moral pública que se indigna por tão pouco e cala por tantos desvarios que fazem escapar os ratos pelas malhas das redes lassas devidamente "conceptualizadas" por políticos, advogados do sistema e afins regimentais.
Contra os jogadores se calarem na Selecção sem razão plausível e sequer digna não há manifestações de azedume. O permanente estado de guerrilha em que se deixa enredar a Selecção até acaba silenciado pela colocação do lado certo da barricada dos defensores do establishment, na coerente antocensura que faz por calar os detractores inconvenientes e deixa os epígonos do regime darem largas à verve plutocrata, conhecimento ignaro dos dossiers e louvaminhas beatíficas na época dos santos padroeiros a venerar dogmaticamente comme il faut... porque os hábitos da casa, herdados de outras gerações e gente de muitas prebendas, são imorredoiros no Portugalório patrioteiro destas ocasiões da mobilização tuga pela bola que nos faz cidadões a cantar o hino a plenos pulmões.
A Espanha, campeã europeia e mundial, é reconhecida por Platini como potencial finalista, numa altura em que há críticas ao seu estilo de jogo e um tiki-taka já elaborado em demasia e custoso sem ser profícuo, sem que o visado del Bosque perca a compostura. Entretanto, nas suas diatribes monárquicas e guerrilhas autonómicas, descobriu-se que a bandeira não levava o escudo dos Borbon mas de outra família real qualquer metida nas coisas da heráldica. Foram logo perguntar ao presidente da RFEF, Villar, pelo engano.
Não obtiveram resposta, mas os tugas que servem de capacho à porta do hotel de Opalenitsa como gostam de dizer muito eruditos e adaptados ao polonês não ousaram perguntar à FPF, fosse ao Madaíl ou ao Gomes que lhe sucedeu, se os jogadores não devem ser obrigados a falar para os adeptos que dizem respeitar mas desrespeitam pelo silêncio e em nome das suas birras e caprichos pessoais. Mas ontem já ouvi a sacramental pergunta ao ex-presidente da FPF sobre os ditos de Platini, como se Madaíl alguma vez tivesse tido opinião e poder de decisão sobre coisa alguma, na esteira do qual segue o seu sucessor que anda calado que nem um rato com asas a saltar do aerópago da Liga e parir uma presidência da FPF em nove meses na Constituição do Porto e atrelado a ele o ex-tasqueiro e trovador a la Marceneiro, Hermínio dito Loureiro.
Como para criticar há que saber estar, ter conhecimento e treino, na sua vez o italiano Prandelli aproveitou para ironizar com Platini mas para isso é preciso poder de encaixe, capacidade de "dar troco" e ter um profundo saber do passado, dos intérpretes e  compreender o contexto em que se fala.
Os tugas lançaram, como bons "jihadistas", uma "fatwa" contra o sacrílego sacana de França tão antipatriota como um qualquer Miguel Vasconcellos a defenestrar em nome da Restauração do prestígio régio, insensível à sua selecção; talvez na bonomia da epistemologia segundo A Portuguesa, que investe contra os canhões tal qual A Marselhesa, aceitassem um "voto natural" pelo galo francês  pelo qual, helàs, talvez compreendessem a boutade de um palpite inofensivo mas coerente com o personagem de puxar a brasa à sua sardinha. Ao tuga endómito na defesa da sua equipa ficaria bem, voilà!, mesmo resmugando as lamúrias do costume contra a França que nos dá cabo da vida na bola.

19 junho 2012

Paulo Bento nunca passará de besta a bestial...

Só no dia seguinte tomei nota das atrocidades declarativas de Paulo Bento após a brilhante vitória sobre a Holanda mas que nada tiveram a ver com ela, apenas surgiram a reboque e como bom fanfarrão que é. Ontem, portanto, poderia ter escrito algo, mas outro assunto mais importante justificou o post do dia. Paulo Bento não é importante, apenas um grunho como sempre foi. Mal educado e mal assessorado, também sem travão federativo para evitar questiúnculas estéreis, atirou-se a todos e a quase ninguém ao mesmo tempo. Ninguém percebeu, penso eu, a que e a quem se destinava o ódio da sua amargura insana. Se foi a um ou outro em particular, só ridiculariza que o seleccionador perca tempo com tão pouco. Se foi apenas para mostrar o fel que dele se verte, quer quando não ganha quer quando ganha um ou outro jogo mais mediático, já todos sabíamos que é assim. Lamentavelmente. E infelizmente a comprovar um dos motivos porque não deveria ser o seleccionador: só merece desprezo.
Voltou a fracturar, em vez de unir. Já tinha sido com Bosingwa. Publicamente. Todos perceberam que o treinador mentiu e quis ludibriar a Opinião Pública sobre uma lesão que o afastamento do lateral no Chelsea comprovou ser real e suportada em relatório médico do clube inglês. Foi com Ricardo Carvalho, internamente, com um alcance e extensão que não conseguimos apurar, passou-se num estágio, dentro do hotel.
Paulo Bento não era nem é recomendável para o cargo. Sempre o disse. Faz-me lembrar muito o escroque escolari. Até como treinador da treta.
A imagem da Selecção, apesar dos pára-raios da Imprensa que tornam o cargo na FPF uma bonança com tantos amigos e salamaleques de basbaques, andou maltratada e assim não melhora. Pior, os jogadores fizeram birra e mostram também o que são. Uma pena. Podem considerar-se todos unidos, mas dificilmente agregarão mais vontades a não ser dos pategos que assumem ver neles os salvadores do que quer que seja. São apenas jogadores de futebol, apesar dos desvairados que os colocam num pedestal que pode ruir a qualquer momento. Miguel Veloso apareceu com a lágrima no canto do olho também não se sabe porquê a não ser que tenha ganho alguma coisa que não sabemos ou sofra algum percalço familiar. Cristiano ainda pode passar de besta a bestial e após o jogo esteve muito bem nas declarações. Mas nenhum pateta ocasionalmente com as cores nacionais pode julgar-se acima de todos, acima de críticas e acima de comportamento razoável. O que os jogadores fizeram à Imprensa que os leva nas palmas das páginas deveria merecer reparos fortes, se não mesmo o ostracismo também por um dia. Mas os jornalistas, bem ou mal, são pagos para darem informações e cumprirem o seu dever perante os leitores, ouvintes ou telespectadores. Os palhaços que fortuitamente representam Portugal sob critérios subjectivos e discutíveis e pensam fazer refém o Povo que segue as peripécias da Selecção são pagos para falarem ao País, mostrarem resultados e não para se amotinarem e mandarem todos à merda mesmo sob a capa de respeitarem muito os adeptos em festa.

A porcaria da FPF ainda não se deu conta disso e continuamos a ter nem rei nem roque na Selecção, passe lá o presidente, o director, o manager e todo o patego que quiserem. Na FPF continua a não mandar ninguém e a não saber que a Selecção é da sua conta e ela é da conta do País, não de um bando de parolos que dão pontapés na bola durante uns anos.

ACT (13.30H)
Mas como ninguém chama a atenção dos meninos mimados e ricos, a inversão de papéis e valores prossegue, acentuando o ridículo deste pensar e o aviltamento dos valores essenciais que julgam conhecer mas apenas os dos seus interesses.

Seria tempo de dizer basta, mas todos assumem isto como normal e tendencialmente repetitivo e degradante. Haja vergonha!
Tudo isto reflecte o nível de estupidez que envolve o futebol e afasta pessoas de bem que têm direito a criticar. Não me consta que se tenha passado das marcas e não é crível que a Selecção não volte a ser alvo de críticas. A maioria dos jogadores até actua no estrangeiro e sabe que lá fora é pior, muito pior. E exige-se respeito, o mesmo que Paulo Bento quer para si e para a equipa mas comporta-se como um grunho. Que nunca ganhou nada, dificilmente ganhará e não será nunca, ele ou outro qualquer, o redentor de Portugal.
O pior que pode acontecer a Paulo Bento é perder já a seguir. Parece que ao cumprir um objectivo mínimo enche o peito e marimba-se para o que vier a seguir. Como diriam os espanhóis, é um impresentable!


De Paulo Bento, que continuo a achar medíocre treinador, quanto mais cedo tomarmos conta do que tem de tão profundo e extraordinário para dizer ao voltar a casa melhor. O alívio será grande. Domina já as preocupações de todos, mais do que o inexplicável recuo e entrincheiramento de Portugal no início dos jogos. Entrincheirado e de capacete posto e armas em riste está Paulo Bento. Quem parece sempre acossado não faz um bom trabalho. Nem cria bom ambiente. Bem pelo contrário.

Mas é como ele diz: sempre foi assim e assim será. O seleccionador criticar os críticos e falando da "grande maioria que nos apoia" pois para os adeptos que também se fazem de palhaços como se isso fosse ser mais aficionado não há palavras dos jogadores para ninguém.

18 junho 2012

Rebaixas em vez de liquidação total

Um dia para ficar na História do Futebol em Portugal.

Sem João Pode Vir o João Ferreira, agora sem o bruto do Caixão, pelo menos para o Benfica o campeonato parece mais complicado em 2012-2013.


17 junho 2012

15 metros, 15 minutos e um golo a menos...

... mas os jogadores levam Portugal aos quartos-de-final. Apesar de Paulo Bento!

Recorrentemente, Portugal começou mal os três jogos. Rebobinem o filme e releiam as declarações do treinador.

O objectivo é sempre, vindos do balneário, controlar o jogo, começar por ter posse, ser cauteloso, nenhum pensamento no ataque.

Visto e dito nos três jogos.

Viu-se com a Holanda a equipa colada à sua área e os três da frente entregues a si próprios, sem bola nem ajuda. Golo da Holanda. O Pedro Barbosa diz que é estratégico, mas não, é cobardia. Do treinador. A tracção atrás está presente, sempre, até termos de ir atrás do prejuízo. Sempre. Foi com a Alemanha. Foi com a Dinamarca após o 2-0 e com reacção depois do 2-2.

Nani voltou a fazer um jogo excepcional. Nani, João Moutinho e Pepe - Portugal volta a ter a melhor dupla de centrais do Europeu - os três pilares da equipa, os três que faltaram em 2010. As razões são conhecidas e o peso dessas ausências (Pepe esteve apenas a mancar...) notou-se e retirou potencial ofensivo à selecção. Com estes era obrigatório fazer melhor. Até porque cedo se viu que a Holanda é uma lástima. Apesar de manter praticamente a equipa do Mundial (saiu van Bronckhorst), nada igual e um deserto na frente com Robben acabado, Huntelaar e van Persie horríveis, Sneijder numa época de dificuldades físicas.

Cristiano bisou nos golos e nos remates aos postes. Desfrutou da liberdade concedida pelos holandeses, cuja defesa é de susto mas desta vez Stekelemburg evitou goleada mas não a humilhação que o jogo desligado dos da frente propicia e demonstra o erro de querer meter toda a fruta boa no mesmo saco. Pensei que Robben não voltasse a jogar e será que voltará a jogar?

Apesar do treinador, Portugal subiu os 15 metros, empatou em 15 minutos e deu a volta ao marcador. E fez o melhor jogo, qualificando-se com merecimento mas só despertado pelo chicote depois de adormecido pelo discurso bentinho.
Vão dizer que foi tudo bom mas, como de costume, não foi. Começamos mal e pelo motivo habitual. A equipa não quer jogar atrás, cautelosa e receosa de ter a bola.

Com os checos vai ser, aí sim, uma batalha. Os checos são duros, não se descompõem defensivamente, são valentes nas divididas e jogam em raides à área contrária. Portugal vai ter de assumir mais o jogo. Se Paulo Bento deixar.

Em 1996, no Villa Park, Portugal jogou no calculismo e acabou ao chapéu de Poborsky. Paulo Bento é mais calculista do que António Oliveira.

Diz o povo que a pensar...

... morreu um burro!

Como um orgasmo em directo...

Fama de ladrões

Depois disto.
Disto.
E Isto.
Dá para rir isto.
Direi que nenhuma delas é novidade. Sim, é isso.

E num país de ladrões ao sol, esta capa vem a calhar. Fala de golpadas.

Ah, com o berlinde ao cantinho acima a anunciar mais uma santa neste país de devotos. Não há pachorra. Depois do Marocas, a Marocas entre as maroscas dos súbditos do Marocas. Não quero estragar o fim-de-semana. Até lá.

16 junho 2012

Walcott como Varela e Welbeck como Falcao - mais um certo Alan Shearer e um Lineker que dá cátedra de jornalismo como pivot!

Não vi os jogos de ontem (Grupo C), apenas os resumos à noite e parece que confirmaram a grande qualidade de jogo deste Europeu, até ao momento o melhor de sempre dentro do campo.

Curiosamente, duas equipas que muito se respeitaram no duelo directo, França e Inglaterra assumiram vontade de atacar. E venceram. Com diferenças, mas venceram. A França assume o jogo e quer ser mandona depois de uma década de fracassos seguidos aos títulos mundial (1998) e europeu (2000) com jogadores de estirpe superior (entre eles o actual seleccionador Laurent Blanc, que pelo facto de ter sido central, de eleição, não lhe retira lucidez ou refreia o jogo ofensivo). Ganhou à Ucrânia e vai enfrentar a já eliminada Suécia para confirmar a liderança do grupo.
A Inglaterra, cujo seleccionador Roy Hodgson tem pouco mais de um mês de trabalho e dois particulares e dois jogos oficiais, nunca tinha ganho à Suécia num jogo de competição, imagine-se. Pois Hodgson meteu um avançado (Carroll, que abriu o activo) por um médio (Chamberlain) e ainda outro (Walcott) quando perdia 2-1 pela hora de jogo. Walcott empatou e deu a assistência para a vitória por Welbeck (3-2).

Walcott saltou do banco para ser decisivo como Varela, mas também só em aflição como faz Paulo Bento. Welbeck acabou a fazer um golo como Falcao ao Benfica nos Cincazero. E Rooney já pode jogar frente à Ucrânia, na outra "final" dos ingleses com os anfitriões, depois de cumprir castigo de dois jogos.

Mesmo assim, Alan Shearer que está no Euro a comentar para a BBC num painel que contém o ex-Liverpool Alan Hansen e o milanista Clarence Seedorf, além dos treinadores do Tottenham (Redknapp, já demitido) e Newcastle (Alan Pardew), não está de modas e não teme que critiquem as suas críticas. Pede mais posse de bola à equipa, que voltou a gerir mal a vantagem (também marcou primeiro com a França e deixou-se empatar arriscando mesmo perder) e diz que sem melhor jogo do meio-campo a Inglaterra não vai muito longe. Assim a modos de Figo e Rui Costa dizerem que os nossos médios têm de ajudar mais o ataque para serem olhados de soslaio pelos actuais seleccionados.

Ah, o moderador do programa da BBC, que podem ver na net nos jogos em directo, é um tal Gary Lineker. Lança os temas para debate e não interfere, nem dá sequer opinião, dispensando bacoquices e bla´, blá. O ex-goleador é um moderador exemplar e não consta ter a carteira de jornalista. Os paspalhos das nossas tv's podiam aprender um bocadinho ali, mas decerto mal sabem inglês, quanto mais futebol...

15 junho 2012

"The" Rangers, fixem bem, e esqueçam "o Glasgow"

Dívidas ao Fisco no Reino Unido não são convertíveis em papéis falsos de dois tostões furados e o Rangers acaba para dar lugar ao "The Rangers".

ACT. Esta notícia revela a imbecilidade do jornalismo desportivo ignorante como imorredoiro em Portugal, como se o "Glasgow Rangers" existisse e o Rangers FC não fosse já o nome dele. Foda-se, não há cu que aguente!
É um episódio triste de um clube antigo cheio de história que sucumbe à pressão (fiscal) dos tempos modernos, algo que não suecede em todo o lado, como se sabe em Portugal há 10 anos!...
Poderá ser uma maneira de por cá deixarem (corrigido) de chamar "o Glasgow", sendo que nunca teve o nome da cidade no do clube e talvez seja conhecido como Rangers simplesmente, agora avocado com o artigo The Rangers Football Club.
Pela brincadeira das dívidas fiscais perdeu logo 10 pontos na Liga de uma assentada e, por fim, o acesso às provas da UEFA, aliás por vários anos para as quais se qualifique.
Com a euforia do Europeu uma notícia destas vinda de além da muralha de Adriano (separa a Escócia da Inglaterra) passará sem grande nota. Mas é um sinal dos tempos e de como em matéria de igualdade fiscal de todas as entidades não há tergiversações no Reino Unido.
Por cá fez 10 anos que um clube de topo deveria ter descido de divisão por motivos idênticos. A Liga não actuou e uma ex e futura ministra das Finanças avaliou uma golpada engendrada nas catacumbas dos densos ministérios lisbonenses, através de um secretário de Estado ligado ao próprio Benfica. Depois contemporizou-se com o clube porque reconheceu a dívida e tomou-se tal como perdão enquanto se vigarizou uns papéis sem valor para ludibriar o próprio Estado.
Nesse clube mafioso, hoje vamos lendo isto que remonta ainda a mais tempo que só volta para trás quando evocam glórias esquecidas e bolorentas. Outras, como uma permuta de terrenos com outro sportinguista na Câmara alfacinha (Santana Lopes), brilham em 65ME de benefícios ao clube que levou funcionários da EPUL e mais um ex-presidente da edilidade ao tribunal. Vidas difíceis.

Este, entretanto, já se antecipou à medida de coacção, mas não muda nada...

14 junho 2012

Os grunhos da bola não têm var(r)ela

Ganhe-se ou perca-se, a bipolaridade das análises do futebol confirma como a Tugalândia é um manicómio. No Desporto, claro está, onde os pés-de-microfone amplificam as parvoices de quem as ouve ou (t)vê sem se saber bem se nasceu primeiro o ovo ou a galinha. Na Política, fruto dos salamaleques regimentais e cortesias sem esconderem que o rei vai nu mas evitam cenas sul-coreanas, russas ou mesmo da nova salada grega no berço da DemoKratia, há um comedimento em geral e uns arrufos como excepção que, pela boa educação alargada, até se evita falar de grunhos. Sopapos de renda até em debates televisivos. Na bola, a grunhice é uma instituição nacional.
Ontem, como era previsto, evocava-se muito o empate falhado de Varela com a Alemanha, retirado de cada intervenção na zona mista onde os pés-de-microfone tinham duas perguntas básicas de algibeira e estão todós lá para se replicarem como os terramotos. Não fosse o Varela - a quem ainda não se fez justiça de como operar a reviravolta na pasmaceira do jogo da Selecção - e gostaria de saber que capas dedicariam ao Cristiano pelo 3-1 falhado (duas vezes, mas a segunda... nunca imaginei aquela finalização de primeira, mesmo com calma, desastrada, sem nexo e precipitada, esperava que rodeasse o g.r. e saísse em ombros).
Antes do jogo, via SIC, assisti esmagado pelas convicções ouvidas do Rita de serviço, que Portugal ia ganhar seguramente. Nem com o 2-0 senti essa segurança e o jogo demonstrou-o. Continuamos muito no wishful thinking, tanto que dizem por ali que a equipa precisa de ter soluções "para libertar" Cristiano mas ninguém adianta uma. Contudo, há soluções na equipa, desde mudar o sistema de jogo a mexer duas peças retirando Meireles que tem estado pouco em jogo. E que o ataque, sempre entregue a si próprio, não foi muito melhor do que com a Alemanha, no sentido de ser mais alimentado, com consistência, por uma linha média afastada da área contrária. Valem mais os raides de Coentrão, ainda que episódicos porque os adversários travam-lhe as subidas, do que as chegadas de Meireles ou Moutinho, tão raras como as do lateral. Mas tem sido Varela, muito disponível para o jogo talvez por estar no auge da forma numa época atribulada com lesões e pautada pela irregularidade no FC Porto, a mudar a fisionomia do ataque de Portugal. Mais uma vez, indo atrás do prejuízo (agora a deixar-se cair do 2-0 ao 2-2), a equipa foi com ganas para a frente só porque espicaçada. E Paulo Bento a única coisa digna de registo que tem feito é meter Varela e não confiná-lo a uma faixa. Daí que em meia hora em dois jogos o portista tenha sido a evidência maior de uma equipa cinzenta. E não fosse o preto, queria saber o que faziam do brinco de diamantes do madeirense...
Quando ouço esfusiantes discursos que nada dizem de concreto do jogo da equipa e reflectem pouco o jogo em campo de parte a parte (desta vez sem a sorte arredia de nós ou o árbitro que nos prejudicou), passo das parole, parole, parole da canção antiga a Varela, Varela, Varela que faz a unanimidade dos pasquins mas não a confluência das análises.
No zapping a ver onde se apanha o melhor do pior, cheguei ao Telejornal da RTP onde até o orelhudo Rodrigues dos Santos perguntava: depois do que se viu com a Alemanha e agora com a Dinamarca, não seria hora de Paulo Bento considerar Varela a titular?
Uma pergunta óbvia, embora carente de enquadramento técnicó-táctico way beyound do escrevinhador de livros. Carlos Daniel, o afoito pivot-entrevistado-moderador-analista-faztudo, atalhou logo e disse que não, acabando a elogiar o raide de Coentrão pela esquerda.
Num dos melhores jogos de sempre de Nani na Selecção, a UEFA escolher Pepe como MVP da partida - para mais batido por Bendtner que bisou e esteve perto do terceiro duas vezes - só tem comparação na disparidade de opiniões que se ouvem no final destas coisas da bola e demonstram o número de treinadores de bancada. Por isso, uma vez, Raul Águas disse que só na RTP poderiam, num Domingo Desportivo, eleger golo da jornada um canto directo...
Há coisas que ultrapassam a nossa imaginação e vão muito além do entendimento racional. É por isso que o futebol na Tugalândia é um manicómio e muitos se sentem bem assim. Ou o Portugal dos pequeninos...

13 junho 2012

Varela esconde a varrela que é precisa

Tal como com a Alemanha, a entrada de Varela foi determinante para mudar o rosto e a expressão do ataque de Portugal. Desta vez, além de uma arbitragem sumamente simpática que ajudou ao 1-0 num canto inexistente (do qual ninguém vai reclamar...), não pode haver queixas da sorte. Até a "rosca" de Varela, falhando o remate de primeira com o esquerdo, serviu para, à segunda, marcar o 3-2 quando mais nada espevitaria a equipa a não ser a colocação de Varela, de novo entre cair para um flanco e entrar ao meio onde com os alemães quase empatava e desta vez logrou a vitória.
Quem diria que o FC Porto pode vir a ter mais um homem apetecido no mercado com a marca que está a deixar neste Europeu?

Futebolisticamente, a equipa portuguesa está abaixo do nível elevado que se tem observado no Europeu. Uma vez mais, a teimosia de Paulo Bento impede de ver o óbvio: os médios não chegam à área e o potencial de ataque perde-se na maior parte do tempo. Raul Meireles dá experiência mas pouco jogo à equipa. Mesmo com 2-2, foi Pepe a fazer uma subida ao lado contrário e no ataque só apareciam Cristiano à esquerda, Nélson no meio e Nani à direita. Médios nem vê-los e foi sem médios que Portugal chegou a 2-0. Continua a ser sem médios de chegada à área que Portugal não faz jogo e esta partida confirmou, apenas, as debilidades da estreia e de toda a qualificação, aliás. Quase sempre o ataque é do trio da frente e pouco mais. Ao invés, a Dinamarca jogou mais de trás para a frente, em progressão, do que Portugal, com uma consistência de jogo a que o resultado não faz justiça e com jogadas muito bem elaboradas, amiúde basculando a defesa portuguesa com jogo em largura e em profundidade sem bolas longas, criando sempre muito perigo pela direita e retirando hipóteses a Coentrão para subir. João Pereira continua muito fixo atrás e não há "desdobramento" pela direita, o que obriga Nani a recuar em demasia mas, também, a mostrar-se mais e a jogar mais para o colectivo do que Cristiano (mais uma preguiça defensiva evidente no 2-2 - e levou as mãos à cabeça).
A vitória, feliz e imprevista, vai esconder as deficiências de construção e a tracção atrás que marca o jogo pausado da equipa. Era o que faltava se com a Dinamarca não houvesse mais posse (até houve com a Alemanha) numa partida que foi equilibrada e bem jogada de parte a parte porque houve espaço. Mas vi sempre a Dinamarca colectivamente mais organizada, ainda que sem a capacidade de desequilibrar nas alas. E mesmo com 2-0 nunca senti Portugal e o resultado seguros, não me espantando que o 2-2 tenha chegado com justiça. Embora, hoje, amanhã e até domingo, ninguém vá discutir essa bitola tão subjectiva mas que a mim deixa ver o copo apenas meio vazio e não meio cheio. Tal como a sortinha no resultado fique de lado, bem como a falha de Cristiano para 3-1, isolado (no limite de fora-de-jogo, que passou bem mas sem a mesma acuidade no ataque dinamarquês...) que, também aqui, o resultado vai esconder como não escondeu a de Varela para 1-1 no sábado passado...
Os bipolares, em vez de perceberem bem as necessidades da equipa e as limitações que este onze enferma, vão glosar e aliviar-se um pouco e ainda sem sabermos do resultado da Holanda. Business as usual que já vem dos basbaques que viram maravilhas na qualificação sem alguma vez a qualidade de jogo ter sobressaído.
Basta a vitória, como pugnava Paulo Bento, para serenar as hostes.  Não acredito muito, ao contrário da equipa que parece só ter esse registo de jogo e as substituições já programadas que a retiram do sonambolismo. Nani esteve muito bem, Varela voltou a ser o homem decisivo na aragem que deu ao futebol português e Cristiano confirma mais uma má fase final: não fechou o flanco no 2-2 (o cruzamento desta vez foi sem ressalto para nos queixarmos) e falhou o 3-1. De resto, pouco para tanta fartura. E uma arbitragem porreira, insisto.
Falta ver o Alemanha-Holanda, mas se os alemães precisarem do resultado com a Dinamarca vão ter muitos problemas porque os nórdicos são muito sólidos apesar das quebras musculares de Zimling e Rommedhal (outra forma desafortunada de ver a partida mas que também escapará a uma análise mais fria e racional).

Ooops! Hoje os resultados ajudaram Portugal: 2-1 para a Alemanha, numa das suas mais fáceis vitórias sobre a Holanda de que tenho memória desde 1974! A Holanda ainda pode qualificar-se (precisa 2-0 com Portugal e que a Dinamarca perca), mas esta selecção perdeu a alma e tem uma defesa (e g.r.) horrível: a Alemanha acabou os 8 minutos a jogar sobre a direita onde Willems anda de fraldas (e na direita outro puto, van der Wiel, não justifica alguma fama que já tem). Deve é ter sido o fim para, pelo menos, van Bommel; e talvez Robben. Muito maus e que época horrível para o esquerdino!

Que mais irá acontecer?...

ACT.: Pela Imprensa dita da especialidade, vulgo "desportiva", quase nada se passou. Imaginem que os visados, clube e dirigente, eram de outra comarca... Nem a mais reles contratação do "desportivo" e do "recreativo" tem tão pouca expressão nas capas dos pasquins. Quase não quiseram fazer "barulho" para negar o "ruído" sobre o assunto que ele diz que vinham a fazer... Depois, queixam-se...

Duas conferências de Imprensa, que não segui mas escutei o suficiente para me parecerem dois tipos acossados.
O Cristóvão do Sporting voltou a demitir-se. O timing não se percebe, imagina-se apenas que terá acabado de pintar uns postes que, em Abril, dizia ser uma tarefa em suas mãos... Os modos são inconcebíveis. Volta a reafirmar a sua inocência mas, como então apontei, ninguém o acusou de nada, é apenas suspeito, nem arguido sequer... E dizer que "Informação, contra informação, ruído, intriga, manipulação informativa, invejas pessoais e recalcamentos próprios de frustrados, tudo isto pude verificar de há dois meses a esta parte", quer enganar quem?
Só falta o Jorge Jesus vir dizer que estão a pressionar a Comissão de Disciplina para o castigarem... Já lá vão três meses e meio e nada...

Será que, dos meandros dos circuitos do poder e da tal "informação e contrainformação" o Cristóvão do Sporting vai ser apanhado mesmo? E, como é óbvio, a sua conduta vincula o Sporting e o clube/equipa terá de sofrer as consequências? Só os parvinhos de Alvalade assobiam para o ar, querendo separar mais as águas do que o milagre atribuído a Moisés no Nilo - mas que foi de facto a consequência, provável, da erupção que afundou metade da ilha de Santorini...
Há vulcão para soterrar Alvalade? E merda para chover por todos os lados como as pragas do Egipto? É que, mais uma vez, o ex-PJ desmascara-se e demonstra intranquilidade.
Da mesma forma, acossado e falando cada vez mais grosso quando assim denuncia o seu estado de ânimo, não se percebe alguma rispidez na voz e nas palavras de Paulo Bento. Esse, ao menos, os do Sporting conhecem melhor do que ninguém. Fartaram-se, mas ainda demorou uns anitos. Para mim, depois das cenas e das bocas, teve motivos suficientes para achá-lo indigno de chegar à Selecção. Mas se o Merdaíl e o Brejnev Carvalho o viam com bons olhos...
Bento confirmou Postiga como quem diz, acabem-se as tangas eu sou o Paulo Bento casmurro e conservador do Sporting que até adeptos dos outros clubes conheciam. Aliás, joga a mesma equipa que "tão bem" se portou com a Alemanha. O quê, mas ninguém se apercebeu que "jogamos bem com a Alemanha", mesmo que tenhamos "dominado após o 1-0" (a que toda a gente chegou...)? O Figo e o Rui Costa não vêem que falta ali o 10 que eles eram e que o Paulo Bento tem o Hugo Viana só para fazer feitio?
Será que Coentrão poderá jogar adiantado, desviando Cristiano para o meio nas costas de Postiga, metendo M. Veloso a lateral-esquerdo e recuando Meireles para trinco como jogou durante a qualificação?
Muitas perguntas e a última: que mais irá acontecer?

No que muito mais interessa, o dia de ontem mostrou outro acossado. Também deve estar para se ver o ninho de ratos do socratismo, sendo que o rato anda a estudar filosofia e vem comer cá de vez em quando à grande e à francesa no Feitoria...

12 junho 2012

Nem só Viena-87: Reagan em Berlim há 25 anos desafiou Gorbatchev

Vem, até, a propósito do "muro" que Portugal fez com a Alemanha...
Neste dia de 1987, com a Porta de Brandenburgo por trás, o arame farpado ainda estendido como extensão algo transparente, ainda que cortante, do espesso Muro que separava o Leste do Oeste nos dois mundos em que vivia o Mundo, Ronaldo Reagan fez um discurso que alterou o curso da História muito mais do que John Kennedy 25 anos antes. Muito mais do que proclamar solidariedade para com os berlinenses da RFA ('ich bin ein Berliner") de Kennedy, Reagan desafiou Gobertchev para acabar com a divisão da Alemanha e, por arrasto, do mundo com a finalidade (escondida) de fazer ruir a URSS e especialmente a ideologia que por mais de meio século sepultou mais do que um povo, metade do mundo.
Reagan ganhou a parada, vencendo até as resistências e as dúvidas dos seus conselheiros que temiam a proclamação que o presidente norte-americano não regateou no final. Depois do "Mr. Gorbatchev, open up these doors", com referência à Porta de Brandeburgo (e o famoso check-point Charlie próximo, ponto de passagem de fronteira militarmente escrutinada ao longo de milhares de quilómetros como denunciara Churchill há 60 anos, "from Stettin, in the Baltic, to Trieste, in the Adriatic, and Iron Curtain..."), Reagan acabou o discurso a bater na mesma tecla e sob apoteose ainda maior: "Mr Gorbatchev, tear down this wall".
A América e a Rússia, nomes vulgares que diziam tudo como ainda se diz hoje, tiveram a felicidade de conhecer dois homens bons ao mesmo tempo e em conjunto acabarem com a Guerra Fria e a idiota separação de modelos sociais e económicos que viviam num antagonismo terrível e na ameaça permanente de uma III Guerra Mundial sob o signo do nuclear que tanto atemorizava Reagan disposto a tudo para acabar com os arsenais balísticos. De Genebra, em 1985, a Reykjavik, em 1986, quando se reuniram para quebrar o degelo em solo neutro, a guerra passou a ser de palavras e o ex-actor de Hollywood tinha muita letra já desde o tempo de Governador da Califórnia nos anos 60. Ironicamente, o homem que mais combateu os arsenais nucleares e levou à sua progressiva desintegração era aquele que, na década dos protestos sociais que varriam a América, mais enfrentava os adeptos do "verde" que em Berkeley pediam parques públicos para as pessoas em vez de parques de estacionamento para automóveis. E ainda fez crescer 40% o orçamento militar no seu primeiro mandado (1981-85) para se apresentar numa posição de força quando o regime soviético se esvaía sem dinheiro para reforçar o seu arsenal bélico.
Reagan ganhou o desafio com um adversário à altura no lado supostamente encarniçado na defesa de um ideal deletério a que o americano, sem papas na língua com a mesma determinação de apertar a mão ao opositor, chamou "Império do Mal". De forma ridícula, ao seu tempo deu-se a invasão da minúscula ilha caribenha de Grenada (1983) e um aviso à navegação a respeito do terrorismo de Lhadafi na Líbia (bombardeamento de 1986).
E fez no passado dia 5 oito anos da morte de Ronald Reagan, que pensou mais na Economia do que na Guerra e teve a economia do desarmamento nuclear para libertar o mundo para coisas mais positivas do que o medo dos conflitos que imperava. Ronald Reagan preconizou redução de impostos para ajudar a Economia e assumiu a ideologia liberal como Thatcher ao mesmo tempo em Inglaterra. A verdade é que reduziu a inflação para 1/4 em 1988 (comparativamente a 1980 com Carter) e o desemprego em metade. Talvez o mais respeitado e amado presidente norte-americano. Com a pose de actor de cinema capaz de seduzir o grande rival levado a abandonar o gangsterismo.
Nem só de memórias de Viena o mágico ano de 1987 tem para contar e para deixar saudades.

Ontem, na estreia da Ucrânia no Europeu em sua casa, já era irreconhecível outro marco sagrado da história portista, o Estádio Olímpico de Kiev onde nas meias-finais o FC Porto logrou um dos mais distintivos triunfos ante uma das melhores equipas de futebol de sempre, o Dínamo então de Lobanovsky, ainda de Blokhin (marcou nas três rondas anteriores às semifinais) e ainda não de Shevchenko, ontem o treinador e o goleador de serviço (2-1 à Suécia). O antigo estádio imenso e descoberto de 100 mil lugares, sem níveis nas bancadas, apresentou-se como uma arena moderna, em três pisos, todo coberto. Da última vez que lá jogou e voltou a ganhar 2-1, em 2008, o FC Porto jogou no estádio do Dínamo denominado Valeryi Lobanovskyi.

11 junho 2012

Assim ganhamos, Cristiano?

Não estará de todo esquecido o turbulento adeus de Portugal ao Mundial-2010, não pelo que passou em campo, numa garbosa eliminação ante a campeão europeia e futura campeã mundial Espanha, mas pela inusitada polémica criada dentro da equipa e amplificada pelo chamado "entorno", no qual se integra o mafioso interesse obscuro de gente importante gravitando à volta da Selecção.
Aquele desafio final, na zona mista, de Cristiano Ronaldo a remeterem perguntas sobre a derrota - como se fosse alguma anormalidade perder com a melhor selecção de então e muito menos após um embate de alto nível de que todos deveriam orgulhar-se - para Carlos Queiroz, além do estapafúrdio "Assim não ganhamos, Carlos" tirado das imagens de uma tv espanhola (só pelos de fora vamos sabendo mais do que os domesticados escribas e pés-de-microfone apuram além dos efe-erre-ás) a ler os vocábulos pelo movimento dos lábios do madeirense naquele último jogo na Cidade do Cabo.
Mas como parece que, desta vez, os jogadores acharam todos que jogaram muito bem frente a uma titubeante Alemanha convidada a atacar até furar o muro português, talvez não seja a ocasião de se evocar a desdita sul-africana e pedir responsabilidades ao génio da equipa mesmo que não seja o salvador da Pátria (mau era...).
Contudo, como toda a gente percebeu na Europa da bola, o jogo defensivo, calculista e retranqueiro de Portugal obrigará a perguntar-se se assim ganharemos à Dinamarca. Esta, já uma besta negra nas duas últimas qualificações em que nos ficaram à frente, só poderá partir da sua base defensiva em que defrontou a Holanda. Bem, também quando tiveram de atacar, para serem primeiros do grupo evirando o play-off, a Dinamarca deu mesmo um banho de bola em Copenhaga onde nos bastava um empate. Resta saber se Portugal desaprendeu de atacar, pois desde então só ganhou uma vez em sete partidas (à Bósnia, onde ninguém se queixou da eficácia no 6-2) e se a equipa libertará Cristiano para mais jogadas de ataque. E não há como fugir a isso, porque toda a Europa está mesmo atenta e evita os floreados, não as discussões sérias de bola.
A verdade é que, em contra-ataque estrategicamente assumido para tentar surpreender os alemães, nem Cristiano se libertou nem os adversários andam a dormir e só levam para o campo o plano A. No conservadorismo de sempre de Paulo Bento, apojado pelos basbaques que o acumularam de honrarias na qualificação, ele sim, qual salvador da Pátria, já não se sabe se a filosofia de libertação virá de Cristiano, muito apagado nesse domínio de transcender-se e galvanizar a equipa por arrasto, ou do treinador que não teve perfil na carreira para liderar uma equipa com o potencial ofensiva oferecido por Cristiano e Nani, este ausente no Mundial para fatal debilidade atacante portuguesa.
Toda a Europa tem os olhos em Cristiano mas sem a condescendência basbaque da tugalândia que pensa que o futebol se ganha só porque sim. Com Mourinho a seguir os nossos jogos in loco e os dos seus outros espanhóis do Real Madrid, era bom que alguém entendesse a forma de os médios madridistas libertarem Cristiano, para além de um ponta-de-lança forte servir esse efeito e não o pastelão Postiga a quem a Senhora do Caravaggio e o senhor que a pariu fazia bem por verdadeiro milagre.
Cristiano tem de assumir, como Portugal também. Falta-nos o criativo 10, como era expectável já anos mas muitos quiseram até atrasar quando aí por 2003 recusavam Deco como substituto de Rui Costa no futuro imediato. Deco falhou em 2010 porque já pensava na retirada e acabou a contaminar o ambiente, através de Cristiano. Temos de reformular as ideias e os movimentos no meio-campo para mais gente chegar à área e Cristiano poder ser letal. Tal como Nani. Se os extremos se libertarem, qualquer avançado-centro fará golos. Ou, no limite, Paulo Bento meterá Cristiano no meio para Quaresma ocupar uma das alas, partilhando os flancos com Nani?

Os vikings, que nunca facilitam, estarão à espera. E os portugueses também. Pelo menos que se cumpra a promessa de se jogar para ganhar e apostar na vitória desde o início. Depois de amanhã será por obrigação, como após o 0-1 da Alemanha. Portugal não pode jogar espicaçado por uma desvantagem, mas não tem com Paulo Bento a coragem de assumir o jogo.
O blá, blá idiota, tão ridículo e mais desfasado da realidade do que na despedida do Mundial, fica para os tontinhos da comentadeirice tuga e a parcimónia dos pés-de-microfone com carta de alforria para não "destabilizarem" a Selecção. Continuo, por mim, a laborar em factos e não a dar opiniões com as oportunidades de golo assim e assado, primeiro para nós ou depois do golo deles. Muitos, patetas do costume, entretiveram-se com isso. O jogo, agora, é outro e dos fracos não reza a história, mesmo que a roupagem oficial da comunicação pastoral festivaleira e louvaminheira diga que o ambiente é do melhor e a equipa está mais forte e convencida que nunca.
Boutades - A parolice nacional-tuga manifestou-se alarvemente e na ignorância costumeira face a duas tiradas que ganharam raízes no futebol espanhol. Um pasmaceiro qualquer indignou-se por Xavi ter dito que Mourinho não ficará na história do futebol, ao contrário de Guardiola. Acontece que Xavi já o tinha dito há meses mas o jornaleiro lisbonense andou distraído. Do mesmo modo, um bacoco pivot televisivo pegou na deixa de Paulo Bento sobre o "jogamos como nunca, perdemos como sempre" como se ouvisse aquilo a primeira vez. Essa é uma tirada que tem anos em Espanha e há muito a assumi, tal como Paulo Bento a conheceu até dos seus tempos, vai para 20 anos, no Oviedo. Os tugas da pasquinagem lusitana só mostram a impreparação e o gueto informativo em que vegetam servil e pacatamente.