02 dezembro 2013

Pinto da Costa no Museu até Janeiro

A bluegosfera, em geral sempre à espera do Papa e prolixa nas vitórias e "desenfiando-se" nas derrotas, não tem muito para dizer, o domingo passou num silêncio sepulcral nem perturbado pela Patifaria de Paixão recorrente em cada jogo do Benfica em Vila do Conde. Nem se põe um olho no burro nem o outro no cigano. E, entretanto, sai a notícia expectável com tanto silêncio comprometido de que Pinto da Costa segura, "pelo menos até sábado" (O Jogo), Preocupações Fonseca.
 
Apesar de alguns golos incrivelmente falhados, o presidente sabe que a equipa não joga puto e a desorganização chegou ao extremo das mexidas, incoerentes e tão agitadas como um remoinho fatal, de Produções Fictícias para o desastre que se viu em Coimbra. Alguns pategos, daqueles que acham que a ganhar está-se sempre bem e quem sabe é quem lá esta, podem acreditar que há males que vêm por bem, mas não creio que Pinto da Costa veja que a equipa produz um futebol de campeão, nem digo de encher o olho porque não o esperava. E sabe que o ADN perdeu-se e a escolha do treinador foi mesmo má, como prenunciava quem vinha para alterar o que estava bem.
 
Menos de um mês depois de Pinto da Costa ironizar com o facto de muitos adeptos não gostarem do futebol da equipa, dizendo que ia indagar se estavam insatisfeitos, essa ironia caiu, como muitas nos últimos tempos, mal e hoje o presidente não tem coragem de brincar com o assunto. Até porque a reacção, espontânea e sofrida sem ser instigada por luminárias democráticas que põem tudo em causa quando o voto é contra o poder em que se locupletaram, dos adeptos foi tão visível quanto natural - e criticável, sem dúvida! - o que pode dar o pretexto para não entregar o treinador à turba mas apenas adia o inevitável. E defende a posição... do presidente, que assim não cede à violência da rua. Não defende o treinador, embora pareça, porque a sua posição é insustentável. Sabemos que o futebol, apesar da Indústria de entretenimento em que se insere, não é uma empresa qualquer, mas qualquer capataz seria demitido por um gestor de jeito, embora nem sempre assim aconteça em muitos sectores. Mas no futebol não se pode esperar e parar é morrer. Não sou adepto das "chicotadas psicológicas" nem em modas e muito menos em estatísticas fatídicas, mas há excepções para tudo. Um gestor tem de perceber o momento excepcional, como um juiz do Tribunal Constitucional ou meramente de comarca para um caso mais ou menos trivial, mas sério, da vida quotidiana. Tempos que exigem acção, mesmo sem dispensarem ponderação.

Como não tem coragem necessária a um gestor que sabe que as coisas estão mal - e os outros aproveitam-se seja de que maneira for -, agora refugia-se no Museu, afinal o seu objectivo do último mandato. Não era reforçar a qualidade da equipa e cimentar a posição de liderança aproveitando o desânimo e as fragilidades alheias. Como é cíclico, no Dragão após uma série de boas campanhas - mas as últimas foram muito difíceis e precisavam de um lifting mais do que facial, o Porto nos limites foi campeão no limite e não graças à astúcia da SAD mas da firmeza de Vítor Pereira que conseguiu dois milagres -, há ali gente muito afoita a estragar tudo num ápice.
 
Mas está bem, no Museu deve constar que:
- Ivic foi substituído em Janeiro;
- Octávio foi substituído em Janeiro;
- Fernandez foi substituído em Janeiro.
 
Arrastar esta situação penosa, de perda de identidade e muita gente a cismar como foi possível perder tanto em tão pouco tempo, para não falar em 7 pontos em 3 jornadas (quem se lembre?), é indigna de uma gestão capaz e competente. A não ser que, chegando sempre ao limite, se espere uma dèbacle no sábado para que o treinador não chegue ao Natal, como me atrevi a prognosticar há muito tempo. Pior, deixar chegar ao limite de virar o ano a perder em Alvalade e porventura começar um novo ano a perder na Luz, porque de momento ninguém dá nada por esta equipa e a SAD também não parece poder dar alguma coisa.
 
Vai fossilizar porque o Museu, até há pouco alvo de tanto entusiasmo, é para usar.

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