02 julho 2012

Boa altura para fechar

Terminou o Europeu, começa hoje a nova época para o FC Porto e muitas equipas, a esta hora (9h) prestes a entrarem em campo para as apresentações da praxe que por sinal o FC Porto ignora olimpicamente, tal como esconde novos jogadores que pouco espaço merecerem por não serem mostrados condignamente. Uma passagem que serve para me despedir, estou cansado, sem grande motivação apesar de gostar de escrever mas nem sempre poder. A pressão de fazê-lo diariamente, até aqui, fazendo amiúde por antecipação e por causa de ausências repetidas, não poderia acompanhar-me, mais um ano, durante o Verão, as férias, muitas ocasiões sem estar por perto e, para mais, numa altura do ano que nunca gostei: a silly season que, mesmo sem motivação da Selecção nos intervalos dos jogos, já vinha preenchendo os pasquins - e inclusive já alimentou alguns blogues (troca Miguel Lopes-Adrien) que desconsideram os pasquins mas dão-lhes crédito para poderem repisar as notícias (falsas) sem darem sequer a sua opinião, acompanhando o declínio dos blogues o do descrédito da Imprensa em que muitos se fiam e cujos números de vendas vão prenunciando fim de títulos em barda!

Deixo o símbolo do Bi, que nem sequer sei pôr aí na coluna da direita por me falharem os artefactos técnicos que o Zirtaev há muito deixou de providenciar (agradeço a oferta de ajuda do Jorge, que conheço tão bem quanto conheci o Zirtaev, sem caras nem sequer vozes ao telefone), para que cheguemos ao tri. Por isso deixo também desactualizada a coluna dos penáltis com a última época, mas essa é também uma das coisas copiadas deste blog, inclusive por jornais nacionais, sem a referência devida.
É evidente que estamos em vias de provavelmente descer de divisão porque, como se sabe, os rivais venderam ou muito bem e estão cheios de pasta ou compraram de forma a assustar a concorrência. Não teremos mais portugueses no onze portista (não acredito em Castro) e o esgotado Projecto 611 morreu sem deixar rasto mas com RIP! Veja-se, quanto às promessas na nova época, como o Sporting pretende comprar "cirurgicamente" (uau, que novidade e exclusividade!) e o Benfica já tem um plantel invejável.
Fica, também, a imagem que servirá para casas de apostas vaticinarem quando a promessa se cumprirá. Uma "ameaça" ou já um "desafio" esse título que, quiçá, poderá ter a ver, tal a coincidência, com a nomeação de Pedro Proença para a final do Europeu, depois da final da Champions, tendo sido o alvo preferencial benfiquista que se sabe, por tabela desde a cabeçada no início da época no Colombo, por feitio desde o jogo da Luz que serviu para agitar o fantasma da arbitragem, esquecida na inenarrável tarefa do bruto do Caixão em Barcelos, na única derrota portista em dois anos de campeonato e na vigarice e pisadela da verdade desportiva do bruto da Esteva em Paços de Ferreira, num bloqueio de polémicas conveniente tanto quanto o golo infame na semifinal da Luz para a taça da treta.
Entretanto, enquanto a vigarice leonina com Cardinal lá anda enredada nas malhas da Justiça e os acertos de conta na Judite, amanhã fará quatro meses desde o Benfica-Porto (2-3) que devia motivar um castigo exemplar ao treinador do Benfica mas a justiça desportiva cá da terrinha é o que é e parece que as palavras de Jesus caíram em saco roto. Não pretendiam prejudicar a carreira do árbitro-auxiliar que esteve com Proença no Europeu?
Não ocorreram vendas até final de Junho para compor as contas das SAD, Hulk e Moutinho ainda estão cá, Álvaro Pereira também e com mais hipóteses de ficar do que o homónimo ministro, vai ser um Julho arrastado, de poucas decisões, muitas hesitações e várias precipitações, porque o mercado não está fácil e a crise é indesmentível mesmo em ano de Europeu em grande.

Acredito que haverá vendas até fim de Agosto, mas este nunca foi o período, de solavancos, que me entusiasmou, nem para traçar cenários com os reforços ou alvitrar fracassos com as vendas. A curiosidade será ver, não tanto quem e o que se compra, mas quem e por quanto se venderá alguma pérola. Hulk valorizadíssimo na canarinha, Moutinho pelo Europeu, Álvaro porque sim, mas que dizer de Cardozo que valia 60 e há dois meses tentam despachá-lo por 15? E o Saviola em decadência? E os grandes da Europa com o Wolfs? O Patrício que se despedira de Alvalade em lágrimas num adeus cantado mas só em silêncio?
Pois, não me chatearei com isso. Fecho este espaço, muito procurado mas pouco respeitado no sentido de, sem ética, lhe atribuírem as citações merecidas que se espalharam por aí como se não tivessem foros de exclusividade. Veremos se inventarão novos termos e outras apreciações. Quando a bola rolar a valer por cá e lá fora poderei, um dia, quem sabe?, reabrir isto e comentar alguma coisa que não prevejo estimulante para o fazer. Nem o tri que espero ver consumado. Mas também não me devo consumir muito no caso, nem sequer com a mediocridade das avaliações, críticas e comentários que marcam o descrédito da Imprensa - um director há que fala disso constantemente e nem olha para dentro... - e é copiado pela blogosfera em geral de forma também desmotivadora para mim.

Até porque já há dias que se anunciava como os rapazes dos rivais vinham cheios de vontade de triunfar e na verdade vai ser mais do mesmo porque é mesmo assim:
Bom dia e boa sorte!
(acho que deixei a caixa de comentários aberta para não ter de moderar e poderem ver o lixo que segrego de há anos a esta parte)

01 julho 2012

Ganha o Barça a Europa que a Champions lhe negou

A Espanha ganha outra vez, depois de 2008 e 2010, confirmando-se como a melhor selecção mundial de sempre ao vencer três grandes competições internacionais consecutivas. Não só pela maioria de jogadores na convocatória e no onze habitual, mas ao perfilhar o estilo incomparável de jogo do Barcelona, trata-se de um tributo que deve ser dado ao que tem sido o melhor futebol desde há quatro anos, desta vez sem David Villa e, obviamente, sem Leonel Messi.
Portugal? Ganhou, pois ganhou, mas terá menos destaque do que a derrota do futebol, por muito que se vangloriem de... não terem perdido (milagrosamente) com a Espanha.

E se é preciso corredores de fundo, pois o êxito da Espanha já vem espalhado das camadas jovens quando Simão Sabrosa e outros disputavam um Mundial-99 de sub-20 em que Casillas e Xavi saíram campeões com 4-0 ao Japão e as selecções jovens, até aos sub-21, não deixaram de somar títulos internacionais para Espanha. Um êxito criado nas escolas dos clubes que em Portugal se perdeu quando se julgava ter tudo semeado, um legado que rapidamente muitos passaram a subalternizar, a FPF a menosprezar por conta de um estúpido brasileiro que disse um dia "o chefe sou eu!" (antes do Euro de sub-21 no Minho, em 2006), ficando a episódica passagem pelo Mundial da Colômbia no ano passado como sinal do que devia ser mantido e que os nossos vizinhos fizeram mesmo por manter e fazer crescer ao ponto que se vê agora. Uma lição, mas poucos terão isso em mente enquanto fazem comparações estúpidas com 2010 e o trabalho que devia ser retomado por Carlos Queiroz.

A participação portuguesa, de facto e tal como foi commumente comentada na mesmice patrioteira e de visão futebolística abstrusa (similar, mas sem confundir com avestruz), pode ter um paralelismo aqui::
"Ora, o PS negou a má gestão do programa de requalificação de escolas e negou a existência de luxos. Só que não lidou com os factos. Mistificou-os. Para os socialistas, ter candeeiros Siza Vieira não é um luxo, é querer o melhor para os alunos. Por isso, para eles, não houve desvios. Gastou-se apenas o necessário, e quem afirmar o contrário é inimigo da escola pública. Fica assim claro, para quem tivesse dúvidas, qual a razão para termos chegado ao estado a que chegámos".
É a consagração plena de um tipo de jogo avassalador em campo e arrebatador de títulos. Todos somados, estes jogadores espanhóis, maioritariamente os do Barça, contam mais de 200 triunfos entre si, o que é notável e marca a sua supremacia inegável e incontestável a que nem a Itália resistiu, soçobrando à maior goleada em finais de Europeus e Mundiais (4-0).
Para a final em que devia superar a marca da RFA campeã em 1972 (Europeu) e 74 (Mundial) depois finalista vencida por penáltis em 1976 (Europeu), sempre com o mesmo treinador Helmut Schön, a Espanha jogou ao seu mais alto nível e pegando de novo em Fàbregas para falso ponta-de-lança, o que dá novo triunfo a del Bosque que, ao contrário do alemão Schön, conseguiu ser campeão europeu de clubes (Real Madrid em 2000 e 2002), o que o teutónico nem tentou (não treinava o tricampeão Bayern de Munique que alimentava a sua RFA).
Se já é risível glosar quem não gosta, e já vão tantos anos, do futebol de toque da Espanha copiando o estilo do Barcelona, torna-se anedótico criticá-lo quando ganha sem dúvidas as competições em que tem entrado. A juntar a isso, del Bosque venceu a sua de jogar "sem" ponta-de-lança, o que causou surpresa mas não evitou, ironicamente, que Fernando Torres acabasse como melhor goleador do torneio e o primeiro a marcar em duas finais consecutivas do Europeu (fizera o golo em Viena à Alemanha em 2008). Com menos minutos jogados do que uma série de jogadores com 3 golos no torneio, Torres acabou a marcar o 3-0 e a oferecer a Mata o 4-0, uma assistência que também o distingue de Mario Gomez e Cristiano Ronaldo, que não tiveram passes decisivos para golo.
Torres e Mata, de resto, são mais dois suplentes lançados por del Bosque para juntarem o título de campeões europeus de clubes (pelo Chelsea) e selecções, com o segundo a marcar o último golo do torneio nos únicos minutos que teve em competição. Um toque de midas de del Bosque, sempre um senhor campeão que não teve pejo em assumir o futebol de toque do Barcelona que os outros jogadores do Real Madrid no onze assimilaram de bom grado  - para além de comprovarem que as tricas do campeonato e da clubite não interferiam, como se temia, na Roja.
Uma equipa para a História, definitivamente, na esteira do Barcelona, numa altura em que a Holanda, "adepta" desse estilo de jogo, pondera contratar Pep Guardiola para a selecção laranja depois do abandono voluntário de van Marwijk.
E tudo isto sofrendo apenas um golo no torneio, no 1-1 inicial com a Itália, com os "azzurri" desta vez destroçados pela infelicidade de lesões musculares, erros defensivos catastróficos e ineficácia no seu ataque, tudo ao contrário do que lhes sucedeu com a Alemanha.
Parabéns, ainda, a Pedro Proença, árbitro da final que fez bem em não assinalar um cabeceamento de Sergio Ramos contra a mão de um italiano muito próximo e involuntariamente a cortar a bola com a mão.
Tudo extraordinário e nada mais. Até Prandelli achou apenas "excelente" o que a Itália fez, e muito bem.. E Viva España!!! Mas não perdoo a Casillas ter quebrado a promessa de beijar um jornalista, contendo-se agora com a namorada.