30 abril 2008

A visão de Pinto da Costa

O futuro
Ao fim de 26 anos, sou o presidente do mun­do com mais títulos no futebol e nas outras modalidades. Realizei muito mais do que sonhei. Se fosse por mim, estaria satisfeito. Mas o clube não é meu: é da cidade, do País e uma referência internacional. Pessoas com responsabilidades afastam-se e encostam-se a outros lados, prognosticando que, quando deixar a presidência, o FC Porto se transfor­mará num clube provinciano. Vou sair quan­do entender — e antes dos sócios quererem — e provar aos calculistas que o FC Porto con­tinuará organizado, conquistador e orgulho da cidade.

Os outros do futebol
No futebol, existe muita gente boa, cul­ta e instruída. Mas, como em muitas coisas da vida, também temos de lidar com pessoas boçais, incultas e até estúpidas. E há tam­bém incultos que, chegando a determinados lugares, metem uma cassete na cabeça, con­tratam gente para cuidar da imagem e profes­sores para aprenderem a falar. Não me revejo nessa gente, embora tenha de lidar com ela. A mim o futebol nunca me privou de fazer o que sempre goste: ir a concertos, exposições, participar em actos culturais. Num festival de música ainda consigo passar despercebido, mas o futebol expõe-me mais.

O culto da personalidade
O culto da personalidade é detestável. Se permitisse um busto ou o meu nome no estádio, fazia uma figura ridícula. A proposta de dar o meu nome ao novo estádio foi votada por unanimidade num plenário do FC Porto. Não vetei a decisão, mas disse que, se fosse, mantida, me demitia.

A perseguição
Tive e tenho, há anos, o telemóvel sob escu­ta. Verificaram as vias verdes, os restauran­tes onde fui, para ver se me apanhavam en­contros, telefonemas ou combinações com árbitros. Tudo espremido, encontraram um árbitro que foi tomar café a minha casa, que nunca tinha apitado o FC Porto nesse campeo­nato e só apitaria um jogo em que já éramos campeões. Nem sequer ganhámos! E incrimi­naram-me por tentativa de corrupção num caso em que dois árbitros pedem a um ami­go meu sem ligação ao FC Porto que arranje umas meninas ou senhoras para terem com­panhia à noite. Nos processos, arquivados até alguém escrever o livro de uma certa senhora, não há uma chamada para árbitros. Sinto-me perseguido, obviamente que sim! Se certos papagaios que aí andam fossem escutados e fosse vigiada a forma como se fazem algumas contratações...

Sinto-me seleccionado. A Carolina foi levada à Judiciária, umas vezes pela jornalista Leo­nor Pinhão, outras pelo Luís Filipe Vieira. Há provas. E a irmã da Carolina disse que ela foi industriada por gente do Ministério Públi­co...

"Sei que o tem [o original do livro "Eu, Carolina"], está bem guardado. Não confere com a versão final: há coisas que saíram e outras entraram. No momento próprio será divulgado."

A Carolina
Tinha uma vida estável com uma pessoa que amava e nunca deixei de amar. Por isso estou novamente casado com ela. Foi e é a pessoa da minha vida. Mas às vezes somos levados para situações em que, quando damos conta, já não podemos sair."

(...) a Carolina escreveu e disse que contratou indivíduos para mandar matar Ri­cardo Bexiga. Não acredito, é absurdo. Nunca no tempo que convivi com ela, o nome foi fa­lado. Se Carolina fez o que disse é gravíssimo. Se não fez, é gravíssimo também. No entanto não foi constituída arguida...

(...) quem denegria a imagem dela agora trata-a como se fosse a Madre Teresa de Calcutá. Quando ela disse no tribunal que era escritora, dei uma gar­galhada. Quando as revistas cor-de-rosa lhe mandavam perguntas para entrevistas, ela era incapaz de responder. Pedia a um amigo nosso, advogado, que o fizesse e ele depois mandava-lhe as respostas por e-mail. Quando vejo os artigos dela no Correio da Manhã, rio-me. Sei quem os escreve e para que e-mail são enviados. Ela depois manda-os para o jornal... (...) Muitos foram escritos pelo Pedro Rita [jornalista do DN]. O Correio da Manhã paga à se­nhora dois mil euros pelos artigos que outros escrevem.

A acareação com Carolina
Quero fazê-la! Essa senhora disse que eu al­moçava e jantava com Pinto de Sousa e Valen­tim Loureiro para escolher os árbitros para os jogos do Gondomar. É falso. Nunca almoçá­mos os quatro, nunca! Os quilómetros de fita das minhas chamadas gravadas talvez dêem para ir à Luz - não ao hospital! - e voltar. Mas desafio alguém a encontrar uma palavra mi­nha sobre o Gondomar. Nunca me interessou se o Gondomar subia ou descia, nunca vi um jogo, nunca emprestámos um jogador ao clu­be e eu ia almoçar, tomar o pequeno-almoço ou encontrar-me numa esquina para combi­nar os árbitros do Gondomar?! Ridículo.

As investigações na sua imobiliária e nas transferências de jogadores
Ela diz que uma imobiliária da qual sou o accionista maioritá­rio serviu para se fazerem lá transferências de dinheiro de Jorge Mendes e Joaquim Oliveira. A PJ fez uma busca à contabilidade. Por mim, podem levar tudo. Não existe nada que não se­jam movimentos de compra e venda de casas. Mas se ela disser que tenho um poço de petró­leo escondido, talvez venham os procurado­res e a PJ de Lisboa fazer um levantamento...

Os processos na Liga
Estou tranquilo. A Liga baseia os argu­mentos no depoimento da dita senhora, tal como o Ministério Público. (...) Não aceito perder pontos. No meu caso irei até às últimas instân­cias internacionais. Se calhar, terei oportuni­dade de revelar muitas coisas. (...) Não admito sequer ser condenado.

A obrigação de baixar o nível no futebol
É difícil não baixar o nível com certas pesso­as. Se mantiver o nível, elas não percebem. Não vou citar o José Régio ou o António No­bre com alguém do futebol senão ainda me perguntam se são presidentes da Firestone ou da Goodyear. E eu de pneus não percebo nada (risos).

Asas têm os passarinhos e os milhafres, como aquele do Estádio da Luz. Dizem que é uma águia, mas é um milhafre...

A receita do sucesso
É tudo uma questão de regras. Uma das minhas vantagens foi chegar ao FC Porto há quase 50 anos. Percorri as secções, dirigi as actividades amadoras. Vivendo por dentro, compreendi o que estava mal. A dada altu­ra, até os directores do ciclismo e do ténis de mesa decidiam se um jogador de futebol ficava ou não no clube! Não podia ser. Hoje, as regras são as mesmas que segui quando tomei conta do futebol: treinador escolhido por mim, jogadores escolhidos por mim e pelo treinador, balneário blindado - só entra o director do futebol e o presidente — treinos a mesma coisa. Como correu bem, a tradição mantém-se.

Quem não respeita as regras e a disciplina, não vem, nem fica. Não interessa ser só bom joga­dor. No passado, os jogadores estavam sem­pre bem porque, se corresse mal, o treinador é que ia embora.

O rival da Luz se continuar mal...
Não acontecerá nada. O Fernando Seara con­tinuará a falar na SIC de penaltis com vinte anos e a fazer a defesa do presidente e dos jo­gadores. O senhor António, do Trio da Ataque, vai continuar a dizer que o Benfica é um clube nacional e o maior. E os sócios continuarão sempre à espera do próximo ano, que será melhor.

Se dissesse [qual é o problema do Benfica], eles ainda o resolviam! Estão bem como estão.

As Diferenças entre os rivais de Lisboa
Distingo-os completamente. Com pessoas do Sporting sou capaz de conversar.

Os jogadores dos rivais de Lisboa
(...) Gostava que viesse o João Moutinho [para o FCPorto]. E um jogador «à Porto». Não penso contratá-lo. Sei que para o Sporting é um jogador inegociável.

O jogador mais di­fícil segurar
É o Quaresma, porque tem cláusula de rescisão. Quando leio que o Real Ma­drid está disposto a dar 120 milhões pelo Ronaldo, não é exagerado pedir 40 pelo Quaresma.

O Baía e o seu futuro
Baía já é um elemento directivo e pode vir a ser muita coisa no FC Porto. Não digo que não seja o mesmo que Rui Costa no Benfica, mas, no imediato, está a ser inteligente: gere o seu pres­tígio e está na faculdade a tirar um curso de gestão desportiva para aspi­rar a outros lugares.

As recordações
Escreverei algo sobre as minhas recordações, talvez ainda durante o meu mandato: o lado positivo — os títulos, as vitórias — mas também o lado negativo do que me aconteceu. Quan­do esse livro sair, talvez as pessoas percebam que havia razões para me perseguirem.

A Liga
A Liga preocupa-se com muita coi­sa, com a Taça da Liga, a Carlsberg e os pa­trocínios. Mas a Liga não serve para fazer contratos com as cervejeiras. Sou solidário com o Boavista e clubes com dificuldades, mas é inadmissível que a Liga permita situ­ações destas. É concorrência desleal. Se eu puder contratar jogadores para não pagar, vou já buscar o Cristiano Ronaldo. E quem vier atrás que feche a porta.

A selecção
Portugal já ganhou não sei quantos jogos, mas também perdeu uma oportunidade única de ser campeão da Europa perdendo uma final em casa com a Grécia. Se um treinador do FC Porto perdesse uma final da Liga dos Campeões, no Dragão, com o campeão grego, já cá não estava de certeza absoluta.

A capital do império
Gosto da zona das «partidas» no aeroporto (risos)...Lisboa tem coisas bonitas e sinto-me bem na cidade, onde tive e tenho muitos e grandes amigos. Um deles era o actor Artur Semedo, fanático benfiquista. Era visita de nossa casa.

Extractos da entrevista do Presidente Pinto da Costa à revista Visão

Nota: Títulos da responsabilidade do administrador do blog

Eleição do Jogador da Bancada 07/08 - 18º Round

PS: Em comentário coloco os nomes dos jogadores que actuaram neste jogo. Só necessitam de copiá-los, colá-los na vossa caixa de comentários e atribuir a vossa nota (de 0 a 10).

29 abril 2008

Os palhaços do circo

O FC Porto, os comentadores, os árbitros, a Imprensa Destrutiva – tudo como num filme e no sítio do costume

Quanto mais põem em causa, de uma forma ou de outra, o FC Porto, mais esta instituição responde aos críticos, invejosos, detractores, mentirosos com carta de alforria no País do Vale Tudo (até o Azevedo, até a inamovível crosta de políticos de pacotilha que obscurece o sol iluminado de uma democracia não consolidada verdadeiramente).

O FC Porto silencia-os de forma cabal, de mão cheia um estalo de luva azul-branca, abrindo-lhes a boca para mais sapos engolirem. Cria-lhes mais dificuldades para exprimirem a sua inconsciência abjecta, o seu carácter seboso, o seu espernear esquizofrénico, a cacofonia provinda da capital que não subjuga no futebol a urbe do Norte. Cerceia-lhes a capacidade de inspirarem outras dúvidas (mas estimulando, por outro lado, a sua “criatividade” para inventarem “factos políticos”, “fait-divers” até no campo social). Encurta, perigosamente, o espaço e o tempo para os comentadores encartados forjarem mais maquiavelismos, outras conspirações e várias tentativas de “golpe palaciano” na SAD azul-branca, com mais 6 pontos menos 6 pontos. O FC Porto responde dentro do campo com um futebol há anos a anos-luz da concorrência, cada vez com mais vitórias reduzidas a notas de rodapé, ou manchetes de ocasião do título consumado, com mais êxitos a que aludem anos de traficâncias de poder (“atenção, não confundamos o FC Porto actual com o Apito Dourado!”, ressalvava um dos aflitos do regime na sua brilhantina costumeira), com projecção que extravasa as comedidas páginas de jornal ou os mínimos resumos televisivos.

O fenómeno FC Porto está imparável e impagável!

Ressentimento
A este propósito, uma interessante entrevista de Rui Reininho, ontem no Público, levou o cantor, neste ponto, a afirmar: “As pessoas sentem-se ressentidas. Tive a felicidade de ter estado no after-party da conquista do campeonato de futebol, com a equipa toda, e vi o que eles sentem contra aquela imprensa desportiva (…) Eles sentem-se feridos”.

E como a segunda equipa (grosso modo) do FC Porto foi golear 5-0 ao campo do 2º classificado do campeonato, não há dúvida de que, além da estafada discussão imberbe sobre a “competitividade” (um mal dos outros, e não colhe a bondade de se aludir à eventual afectação da capacidade do FC Porto), por este andar só um terramoto pode lavar a face da terra portuguesa desta afronta futebolística que é a esmagadora superioridade portista. Ou uma revolução, cuja memória acabou de celebrar-se já com algum tom funesto pelas esperanças perdidas de regeneração do tecido social nacional e um porvir mais risonho. Venha outro 25 de Abril, que isto parece o tempo da outra senhora… Os “feridos”, agora, parecem ser outros, mas o orgulho prevalecente dos resquícios do Império Português fá-los dispararem entre si como agora é exemplo o “levar ao colo” que deixou o Berço de Guimarães nas últimas semanas e assentou arraiais na capital.

Queixas de fazer rir
Depois do jogo do esconde-esconde na semifinal da Taça, o Benfica já faz queixa de Lucílio Baptista a quem d
eve uma vitória no Jamor em 2004 frente ao FC Porto. Sim, essa força dominadora sob comando de Mourinho foi campeã europeia. E campeã nacional a 4 jornadas do fim, mas cujo empate em Aveiro ao módico preço de alegados 2500 euros, metendo em campo a segunda equipa azul-branca, deixa esse título em causa para muitos espíritos toldados de raiva e mau-humor: essa equipa, superior como é a actual, foi “colonizada” como nos velhos tempos pela arbitragem bafienta que sempre vagueou no futebol português mas cujo controlo passou, sem justificação plausível, sempre atribuído ao FC Porto.

Entre muitos outros motivos de gozo, os portistas só podem rir, mais ainda, quando vêem os rivais queixarem-se de árbitros que há anos prejudicam o FC Porto e de cujo rol praticamente nenhum se salva. Do Bruno Paixão ao Lucílio Baptista, do Paulo Paraty ao Paulo Costa, o FC Porto já teve razões de queixa de todos, aos montes, e assiste agora a este espectáculo despudorado dos queixinhas da capital.

Pão e circo
Como no circo, onde um par de irmãos faz de palhaços e sem maquilhagem vem a seguir domar leões e cujas irmãs se arriscam em voos acrobáticos sem rede antes de passearem
cãezinhos amestrados como focas, o futebol português alimentou protagonistas como o presidente do Benfica ou árbitros do género de Lucílio Baptista. Qual rainha santa, distribuindo pão do seu regaço, cada qual foi contendo a esfaimada populaça. E a tão premente verdade desportiva esteve sempre em perigo por interesses obscuros, mas também recorrentemente associados ao FC Porto, mesmo distanciando-se voluntariamente dos cargos de poder a que muitos insistem em identificá-lo.

Ao marcar uma grande penalidade inexistente para dar ao Sporting a hipótese de empatar com o Marítimo, no domingo, Lucílio Baptista fez apenas o que lhe está no sangue. Animar o circo do campeonato, atirar pão aos pobres disfarçando-o de rosas, entretê-los com um portentoso 2º lugar. De topete, o Benfica ameaça fazer uma queixa na Liga contra o árbitro, esquecendo que o mesmo árbitro que lhe deu a Taça de 2004 apitou uma grande penalidade inexistente sobre Simão, ainda há um ano, e retirou a vitória ao Beira-Mar (2-2) que era o bastante para evitar a despromoção dos aveirenses.

O mesmo Lucílio Baptista que, a seguir, na penúltima jornada, negou dois penáltis à Académica quando o Sporting ganhava em Coimbra (ficou 0-2) e que poderia ter feito descer os estudantes… O árbitro que, logo na 1ª jornada, expulsou Ricardo Sousa ao cabo de 3’ em campo num Sporting-Boavista (3-2) com erros caseiros clamorosos – e por uma entrada de R. Sousa igual à que Miguel Veloso teve no domingo passado com Mossoró e que “varreu” até o próprio juiz de campo (?) mas sem qualquer cartão, nem falta!, para o jogador leonino…

Trilho de Lucílio
Desde
1992 a apitar na I Divisão/Liga, Lucílio Baptista tinha até ao final da época passada 28 jogos do FC Porto, 31 do Benfica e 33 do Sporting. Com mais uma época no activo antes de se retirar pelo limite de idade (45), tem um rasto nefasto na arbitragem por diversas razões, mas sem aquela má fama que muitos outros, remontando ao tempo da sua estreia como Calheiros, Silvano, Bento Marques, Pratas, Coroado, Vítor Pereira, tiveram e sem tão fortes razões de suspeita como a resultante da actividade bancária no BES que patrocina os três grandes e representa um eventual conflito de interesses.

É irónico, mas as boas tramas têm enredo difícil de escrutinar, que Lucílio tenha apitado a favor do V. Guimarães o seu único penálti e logo contra o Sporting. Por sinal, Alan falhou o tiro e os minhotos perderam (com o 2-0 final) ensejo de ficarem iguais no confronto directo com os leões (3-0 em Alvalade e um 1º golo com muito para contar).

Jogo Rascord
Mas como toda a trama no futebol português é tão intrincada apesar de extensa a perder de vista nos corredores do poder, a mim há muito faz espécie que alguns editoriais de O Jogo sejam tão cordatos e sensíveis aos problemas leoninos, com a tesouraria como pano de fundo. Bem sei que há interesses de accionistas de referência ligados à Imprensa. E nem a venda de património aliviou verdadeiramente a pressão da banca, o que condiciona a estruturação do plantel.

É lógico que o sempre queixoso Sporting seja beneficiado, garantindo-lhe a Liga dos Campeões como balão de oxigénio? Nem que, para tal, volte a acumular penáltis (vão 9!), normalmente para gáudio da plebe em Alvalade (todos em casa), e faça do Sporting campeoníssimo nos últimos 16 anos em que há contabilidade registada com patente desta Bancada.

Para a mancha nem existir, o Rascord do costume não titulou “Roubo” ou “Beneficiado”. Viciado em resultados, o pasquim alimenta ilusões na sua particular Liga da Falsidade onde, por exemplo, também não constou o 2-1 em fora-de-jogo de Liedson no Marítimo… E aí vão 5 pontos perdidos pelos madeirenses mas só ontem, na sua ilha, o presidente maritimista saiu a desancar Lucílio Baptista.

Neste circo em que a existência de tantos palhaços não significa que é tudo só rir, a distracção pode ser a morte do artista. Devorado pelo leão.

27 abril 2008

O vício de ganhar nunca se perde

V. Guimarães 0-5 FCPorto
B. Alves 53', Quaresma 59', 70', E. Farias 77' e Adriano 83'
Equipa: Helton, Fucile, Stepanov, B. Alves, Lino, P. Assunção (Kazmierczak 45'), Bolatti, R. Meireles (E. Farias 69'), M. Gonzalez, Lisandro (Adriano 63') e Quaresma

30.000 espectadores

O FCPorto demonstrou, mais uma vez, que, apesar de já ter conquistado o objectivo principal, não perdeu a vontade indomável de vencer, respondendo, dentro do campo, a todas mentes desesperadas e ignorantes que proliferam neste país, que a sua equipa é digna das faixas de campeão conquistadas com muito suor e muita dedicação, além de que vencer, para a equipa portista, é muito mais do que uma obrigação, é um vicio que nunca se perde.

Desta vez, a vitima foi uma das "equipas-revelação" deste campeonato, ainda por cima num estádio cheio de um público vibrante, o FCPorto encarou esta partida como sempre tem feito neste campeonato, com a máxima seriedade, a máxima concentração e com uma qualidade indiscutível.

As entradas de Lino, Stepanov, Bolatti e Mariano Gonzalez consistiam as maiores novidades apresentadas pela equipa portista, diante um Vitória de Guimarães que se apresentou, com uma equipa demasiada cautelosa, criando um aglomerado de jogadores no seu meio campo. O jogo começou muito lento, talvez por culpa da adaptação ao intenso calor que se fazia sentir, com muitas bolas a serem disputadas no meio-campo e o FCPorto a ter dificuldades em por a bola no chão no meio campo, sentindo-se, aos poucos, a ausência da clarividência de Lucho Gonzalez.

A posse de bola começou a ser repartida pelas duas equipas, o FCPorto procurava chegar à baliza adversária através de remates de fora da área, mas faltava sempre o último passe capaz de servir bem os seus jogadores atacantes. O Vitória jogava sempre muito a meio campo, com muitos homens e, de quando em vez, queria esticar o seu jogo, mas sempre com um ritmo pouco rápido e por vezes confuso.

Aliás, a primeira parte da partida foi jogada sempre a lume brando, tudo muito equilibrado, o Vitória de Guimarães ainda teve oportunidades para desfeitear a baliza de Hélton, mas este respondeu sempre com eficácia e com muita segurança.

Na 2º parte, Jesualdo Ferreira aproveitou para fazer descansar Paulo Assunção fazendo entrar Kaz para o seu lugar, tendo a equipa portista entrado com a mesma atitude mas a querer demonstrar claramente de que fibra são feitos os campeões.

E foi aos 52 minutos, que Bruno Alves inaugurou o marcador, respondendo com uma cabeçada irrepreensível a um livre marcado por Lino, mostrando que em Portugal deverá ser o jogador que melhor joga pelo ar, tudo fruto de um trabalho intenso realizado na última pré-época.

A partir daí, o FCPorto controlou sempre a partida e passados 7 minutos, Ricardo Quaresma, numa jogada individual, faz um excelente golo, arrumando com as esperanças do Vitória em tentar empatar a partida.

Com o jogo já ganho, o FCPorto aproveitava para rodar ainda mais o plantel, Lisandro Lopez daria o seu lugar a Adriano e Raúl Meireles sairia para a entrada de Ernesto Farías.

Mas, se o jogo estava mais do que ganho, o marcador ainda não estava fechado, novamente numa grande jogada individual, Ricardo Quaresma marcaria o seu segundo golo na partida, ampliando a vantagem portista.

A equipa do Vitória de Guimarães, já estava muito abaixo, quer em termos anímicos, quer físicos, o FCPorto trocava a bola confortavelmente e aos 77 minutos Ernesto Farías, isolado frente a Nilson, não perdoa, acabando por ser Adriano, o jogador que, passados 5 minutos, iria fechar a contagem fazendo um resultado, embora com números claramente exagerados, indiscutível, num estádio onde sempre foi dificil lá jogar para os seus adversários.

Na próxima semana é a jornada da consagração, e despedida, dos Tri-Campeões frente ao seu público, espera-se casa cheia e uma equipa com a mesma atitude e o mesmo profissionalismo demonstrado nesta partida, tudo para que essa mesma festa seja grandiosa, como só estes jogadores merecem ter, não descurando a preparação para a final da Taça de Portugal, frente ao Sporting.

26 abril 2008

Cada um sabe de si e o FCPorto só sabe vencer

"Facilidades
Há quem admita que o FC Porto possa facilitar a vida ao Guimarães na próxima ronda do campeonato. Normalmente, e como seria de esperar, este tipo de ideias peregrinas tem origem precisamente nos clubes que passaram o campeonato inteiro a facilitar a vida à equipa de Manuel Cajuda com aquilo a que o treinador dos vimaranenses avisada e atempadamente chamou de "aselhice". Ora, os "aselhas" que não foram capazes de, pelos seus próprios meios, complicar a vida ao Guimarães na luta pelo segundo lugar e pelo acesso aos milhões da Liga dos Campeões, esperam agora que seja o FC Porto a fazê-lo. São expectativas legítimas. Afinal, se há alguma equipa capaz de complicar a caminhada do Guimarães para uma presença histórica na Liga dos Campeões, essa equipa é claramente o FC Porto. Ainda assim, e à luz do que aconteceu nas últimas jornadas, é duvidoso que mesmo uma derrota do Guimarães frente aos tricampeões nacionais seja o suficiente para provocar grande mossa nos vimaranenses, tal a tendência para o suicídio dos seus dois rivais nesta corrida aos restos do campeonato que o FC Porto atempadamente devorou. Ora, precisamente por terem resolvido o campeonato a tempo, por terem garantido a sua própria presença na Liga dos Campeões sem esperar favores de ninguém, o FC Porto e Jesualdo Ferreira têm toda a legitimidade para fazerem a gestão do plantel que muito bem entenderem nas jornadas que restam até ao final da temporada. Sem facilitar a vida a ninguém, nem aceitarem lições de moral de quem não fez ou não conseguiu fazer a sua parte."

Jorge Maia in O Jogo

Após o que aqui está escrito, só tenho que dizer que o FCPorto deve gerir o plantel conforme mais lhe for conveniente, doa a quem doer e que seja qual for a equipa que entre naquele estádio só espero, aliás, como sempre, uma grande vitória.

V. Guimarães - FCPorto, Domingo 18H00 - SportTv

Liga Portistas de Bancada - TopTen - Jornada 10


Equipa da 1ª mão das Meias Finais -
Amigos da Pinga (Hugo Miguel) - 48pt
Observações:
- A Liga Portistas de Bancada, num total de 17.442 ligas, está no 134º posto;

- O primeiro classificado da Liga Portistas de Bancada, o Antunescus do "mister" Luís Azevedo, num total de 331.346 equipas, está no 465º lugar;

- Número de participantes da Liga Portistas de Bancada - 114 equipas.

25 abril 2008

The Dark Side of the Force 2/2

De facto, aqueles que têm a responsabilidade de educar têm um papel importantíssimo na sociedade. Devem passar os valores da justiça e imparcialidade. Numa sociedade de pais ausentes e putos histéricos de telemóvel em riste nas salas de aula, as cadeias de televisão assumem um papel importantíssimo na educação da população mais "desacompanhada".

Quem não se recorda desse célebre documentário Anti-Dark Side, contra a figura do Presidente Pinto da Costa quando a sua posição já estava fragilizada no domínio da “justiça do povo”. Foi feita pela RTP. Foi montada ao longo do programa uma imagem de Vilão que perdurasse na memória de todos. Foram mesmo envolvidos portistas a quem não foi certamente explicado por inteiro como seriam utilizadas as suas declarações.

Por estas razões, as da seriedade e profissionalismo, ou outras tão ou mais importantes, em qualquer sociedade ocidental existem códigos deontológicos para as diversas profissões que se assumem como decisivas no normal funcionamento dos regimes democráticos. É assim na engenharia, na medicina, na magistratura, no jornalismo, etc., etc.

Dito isto, e não sendo Portugal um pais de budistas, não precisamos de lutar contra os nossos sentimentos. No entanto não me parece, que tenhamos que ser parciais na nossa análise e que façamos figuras ridículas em directo, seja na rádio, na televisão, ou a escrever em jornais que controlamos, resolvendo esquecer ética e códigos deontológicos que foram feitos para ser utilizados. Não entendo por onde anda o código deontológico dos jornalistas portugueses. Por sinal vieram de outra geração de "desacompanhados", a quem não foi ensinado o valor da verdade e da isenção. Os Manhosos proliferam.

Desde o director do Publico, a defender a guerra no Iraque, mesmo depois de Barroso e Aznar (e o próprio cowboy) se terem penitenciado, o "senhor Publico" não dá o braço a torcer. Não têm capacidade jornalística para fazer mea culpa. Quem escreve em publico deve fazer "mea culpa". Mas não faz. E o Orelhas desse filme, um tal de Bush continua, mesmo depois de se contradizer, a ter razão. E é assim que Manhosos e companhias passam décadas à frente de instituições de "alta tiragem". Nem precisam de escrever a verdade quanto mais fazer mea culpa. O Porto tem armas de destruição maciça e é necessário aniquilar essa raça suicida.

Lá se vai o código deontológico e a ética profissional de alguns e a imparcialidade de outros.

Os outros são aqueles que nem são jornalistas, mas fazem papel de comentadores entendidos nas matérias de facto. A sua legião de "desacompanhados" bebe a versão Anti-Porto forever, os mauzões do norte, os reis da corrupção. Dart Vader deve ser destruído e os Iluminados precisam do apoio de todos para salvar a Galáxia. Em frente ignorantes!

É nesta realidade que vivemos e com ela convivemos no dia a dia. Nas ruas quando passamos pelas bancas dos jornais, nos transportes públicos quando alguém consegue atirar um olhar discreto para as noticias do "outro" e, como se não bastasse, quando chegamos a casa vemos que afinal, até já nos invadiram dentro de quatro paredes.

O Matrix anda por todo lado e a lavagem cerebral esta em curso há muitos anos. A única arma do FCPorto em toda esta cabala são as suas actuações irrepreensíveis e de superior categoria no terreno de jogo.

Bem sabemos, existem acordos entre todas as televisões e os clubes para as transmissões dos jogos. Todas as emissoras têm acordos com a Sporttv e até participação no seu capital. A grande questão em termos de televisão já nem é quem comenta ou como se comenta. Têm de comentar a favor da Luz, contra o lado negro, porque os Iluminados vivem carentes. Desligamos o som e bola para a frente.

A grande questão é o número de jogos transmitidos em canal aberto. A forma de lavagem cerebral tipo regime salazarista tem agora outros contornos. Mais dissimulados.

A verdade é insofismável: só quem se dispõe a pagar é que vê jogos do Porto!

Vamos então a números:

Até à jornada 20, estes foram os números das transmissões em canal aberto de FC Porto, Benfica e Sporting, incluindo todas as competições (nacionais e internacionais):

Benfica - 17 (RTP-4, TVI-10, SIC-3);

Sporting- 14 (RTP-7, TVI-6, SIC-1).

FCPorto - 7 (RTP-3, TVI-5).

Jogos do FCPorto transmitidos em canal aberto: 5 para o campeonato nacional (incluindo jogos com Sporting, Braga, Guimarães, Paços de Ferreira e Boavista) e 2 para a Liga dos Campeões (Besiktas e Marselha, ambos em casa).

Nos jogos fora, praticamente não há transmissões em canal aberto dos jogos do Porto!

Estes números já são demasiado vergonhosos, mas há mais:

Quem não se lembra das célebres meias-finais da Taça UEFA em 2003? Qual transmissão televisiva qual quê! O importante é o torneio do Guadiana e a taça amizade!

E sabiam que há formas de ver a RTP através da Internet? Sobre isto tenho uma história interessante. Um amigo disse-me há 2 ou 3 meses que, de quando em quando, os jogos do Sporting e Benfica davam na Internet em canal aberto, nomeadamente na RTP Internacional. Ao invés, os jogos do Porto eram substituídos por "clips" de José Malhoa e afins.

Para tirar a prova dos nove, no dia do Leixões-Porto, lá estava eu com computador e televisão ligados em simultâneo. Para meu espanto vejo no computador as equipas a entrar para o relvado. Nesse preciso momento o ecrã foi invadido por cantores pimba, bem ao estilo RTP Internacional, enquanto na televisão todos corriam campo a fora.

Há duas semanas, a RTP Internacional resolveu transmitir o Naval-Sporting. Qual cantor pimba? De pimba o que se viu durante quase duas horas foi apenas o penteado do Miguel Veloso. Jogo transmitido, na integra, com sinal aberto na Internet, ao estilo Selecção Nacional.

Leixões-Porto: Transmissão interrompida.

Naval-Sporting: Jogo transmitido na totalidade.

Conclusão: há Portugueses mais Portugueses que outros.

Não quero com isto dizer que acho a RTP tão facciosa como TVI e SIC. No entanto imparcialidade é coisa que a RTP também não demonstra. Mas já tivemos que aturar o Gabriel Alves e o Miguel ‘parece-me claramente que a bola entrou” Prates tantos anos, agora é normal que trabalhem de forma mais imparcial do que outras estações. Mas como está a vista de todos, o que têm feito não é suficiente.

A propaganda Anti-Porto, segue nas televisões, nas rádios e nos jornais, mas não nos derrota. E nós, Portistas, não podemos pedir isenção a maus profissionais como os que dirigem determinados jornais desportivos, ou encabeçam as realizações televisivas dos jogos de futebol (com as suas linhas de fora de jogo na diagonal), se, nem a televisão pertencente ao estado consegue ser imparcial, ou pelo menos, mais justa no tratamento dos tempos de antena e do numero de transmissões dos jogos das equipas ditas grandes em Portugal.

Deve ser por todas estas razoes que na RTP Internacional, quando há jogos em simultâneo, o "regente" decide que um jogo entre o na altura quinto classificado e uma equipa que luta pela manutenção, tem prioridade, sobre um jogo entre o actual campeão e líder do campeonato, o Porto, e umas das melhores equipas da prova, o Belenenses, que esta muito bem classificado.

Não respondam com as célebres estórias de "o calendário das transmissões há muito estava decidido". Esse calendário é constantemente modificado se algum dos de Lisboa estiver necessitado.

Rádio Renascença, relato do Benfica-Paços de Ferreira: Léo centra. A bola bate no braço do jogador Pacence.

Diz um qualquer iluminado: "A bola foi ao braço do jogador, mas se o braço não está junto ao corpo é penaltie". Desculpe? Como???

SIC, Monologo Mini-Brilhantina. Diz mais ou menos assim o gelatinoso: "há ali um ligeiro movimento com o braço que fere o lance de ilegalidade". De facto que este senhor percebe zero de bola e de ordenados de Presidentes já todos sabemos. Ficamos agora a saber que os movimentos em câmara lenta devem ser vistos e interpretados como se de movimentos à velocidade normal se tratassem e que a partir de agora toda a gente vai começar a correr com os braços colados ao corpo. Veremos na próximas semanas os jogadores de braços colados ao corpo aquando da marcação de todos os cantos. Vai ser um fartote. O karateca no seu melhor.

E assim vai este Portugal. Com gente a espumar sempre que o Porto vence mais uma batalha, mais uma guerra.

Uma legião de invejosos, desacompanhados à espera do milagre que as mentiras construíram. Nem que para isso tenham de pagar do seu bolso, processos judiciais que dariam para pagar muitas reformas de que a Galáxia anda necessitada.

“Rebentou a bomba”! As notas voam dos bolsos dos contribuintes que pagam toda a propaganda jornalística e judicial Anti-Porto! Com tal rebentamento, um rato acordou e veio a correr montanha abaixo. Os subservientes do regime choram de tristeza. Tanto dinheiro e apenas mentiras para os entreter. Mentiras e um rato.

Como costumo dizer aos meus amigos: come, come to the Dark Side of the Force. Vais ver que serás mais justo e mais feliz, menos rancoroso, mais alegre e jovial, mais apaixonado pela vida.

E como gostariam eles de pertencer ao lado Azul e Branco, especialmente durante estas semanas, quando nos vêm a festejar mais um título. Mas como sabem não é Portista quem quer, apenas quem pode.

A Galaxia, os Iluminados, os Andróides, os Kalimeros, os Brilhantinas, os Orelhas, os Manhosos, os Desacompanhados, todos a espumarem ao olharem para os nossos sorrisos de CAMPEÕES.

Contra tudo e contra todos!

"O nosso destino é ganhar"!

Siga o filme rumo à dobradinha!

Soren

23 abril 2008

The Dark Side of the Force 1/2

Em Portugal o futebol é um filme com final infeliz. O realizador e os produtores não têm controlo sobre o guião. Um dos actores tem talento a mais e desata a improvisar a torto e a direito. Este actor tem grande saída lá fora e tornando-se por esse facto mais rico e realizado, não tem quem o possa parar pelas vias legais. Continua portanto a actuar ao mais alto nível, para gáudio de todos, ainda que a maioria disfarce que o não goste de ver. Um dos últimos episódios da saga foi mesmo o mais visto da época, um tal de Porto-Schalke, com quase 2 milhões de telespectadores.

A saga chama-se Star Wars e o Porto representa o Dark Side of the Force, liderado por Dart Vader, qual Pinto da Costa e a sua legião de mercenários de espada em riste a marchar sobre a galáxia de Lisboa onde Luke Sky Walker, qual Orelhas, defende a honra do convento ajudado pelos heróis da batata, os Manhosos da Lua Mentirosa, os Andróides da Luz e os Kalimeros da Alvalaxia.

Os adeptos dos Bonzinhos de Lisboa, os Desacompanhados, vivem constantemente tristes. A choradeira no final dos filmes repete-se e tem repercussões em publico. A saga continua e não param de a ver embora fiquem agora mais recolhidos em sua casa. O anfiteatro da agremiação do planeta galinha perdeu muitos habitués que agora deixam a nave estacionada e seguem pela televisão as vitórias dos Mauzões.

Entre os Bonzinhos os que mais se destacam são os Manhosos. Uma raça que prolifera na 2a circular da Lua Mentirosa. Há anos que tentam através da calunia e da "propagação" de rumores, denegrir os grandes feitos dos Mauzões do Norte e o seu líder Dart Vader. Enaltecem o que não presta, constantemente, sem olhar a meios para agradar a quem lhes paga: os Bonzinhos de Lisboa. Uma raça acabrunhada que vive de êxitos passados, êxitos que nunca viu, êxitos alcançados quando eram suportados por um regime ditador. São agora chefiados pelos Iluminados.

Esta população está sedenta de finais felizes na saga do povo, o Star Wars da Lusitânia.

Dizem eles que são “grandes”, os Bonzinhos.

E o que é ser grande na Galáxia das galinhas:

Esta "coisa" de "grande", tem pelos vistos, um sentido muito lato. Para estes senhores descomunicadores sociais, ser-se grande é ter muita gente para ver aquilo que é respeitante à sua cor.

Ser-se grande é vender muitos kits, e ter um "share" falseado (o jogo com mais "share" da época foi o Porto-Schalke), ter-se o maior estádio (nem esteja sempre às moscas), ser-se campeão uma vez nos últimos 14 anos (no campeonato mais vergonhoso de sempre desde o fim da ditadura) e claro, ter figuras emblemáticas e bem falantes como Luís Filipe Vieira ou o famigerado Barbas.

Ser-se grande é ter um jogador que faz 36 anos. O universo Rui. Depois de muito procurar, não encontrei nenhuma capa totalmente dedicada a nenhum aniversário de um jogador portista. Nem daquele que tem mais títulos na historia do futebol.

Ser-se grande é estar em quarto lugar a 24 pontos do primeiro, jogar com equipas que lutam pela manutenção e ter "Génios à solta", ou ainda mais ridículo andar num estado de alma em que "é só rir".

Os mercenários do Dark Side claro, representados num cantinho à esquerda ou em baixo. Onde houver espaço, que os camarotes vão cheios. Mas não vão cheios de grande coisa.

Ser-se grande é ter Bombardeiro, ter livros autografados por rameiras e águias drogadas a esvoaçar relvados mal tratados para parolo ver.

Ser-se grande é tentar agredir ex-treinadores no túnel de acesso aos balneários, depois de levar um baile de bola.

Ser-se grande é tentar agredir árbitros no túnel de acesso aos balneários no Bessa. Esquecendo-se de que a mão de Nélson (na área), é 20 vezes mais escandalosa que a do jogador do Paços de Ferreira numa das jornadas anteriores.

(continua)

Soren

Nota: Este é o primeiro de dois textos escritos pelo nosso habitual visitante Soren, exclusivamente para o Portistas de Bancada. Quero publicamente agradecer-lhe o seu excelente contributo para com o blog, servindo também de exemplo para outros Portistas de Bancada que queiram participar na construção do blog. Amanhã continua a saga.

Eleição do Jogador da Bancada 07/08 - 17º Round

PS: Em comentário coloco os nomes dos jogadores que actuaram neste jogo. Só necessitam de copiá-los, colá-los na vossa caixa de comentários e atribuir a vossa nota (de 0 a 10).

22 abril 2008

Ensinem o pescador a pescar

O desgaste competitivo, as datas da Taça, o estofo necessário, os desequilíbrios inevitáveis e o essencial da supremacia do FC Porto que escapa às análises boçais. Isto já parece o 24 de Abril, mas com os protagonistas em posições trocadas…

O FC Porto passeia a sua superioridade técnica incontestável e até moral, por muito que desejem denegri-la. Esgotados os argumentos em campo, agora confundem o obra prima do mestre Jesualdo com a prima do mestre de obras que tem orelhas a arder. Ontem, um diário lisbonense de interesseira manha evocava os dias do Apito Dourado (20 de Abril) que envolveram o Gondomar há 4 anos e por lá arrastam Valentim Loureiro, Pinto de Sousa e quem lhe pediu favores, como João Rodrigues em nome do Benfica. Mas a alusão a Pinto da Costa, fora desse filme, não ficou por mostrar…

O FC Porto há muito superou o seu maior rival nos confrontos directos do campeonato (57-52 vitórias) e igualou os despiques oficiais entre todas as competições (76-76). O Benfica estrebucha perante a ameaça de perder o recorde de títulos nacionais (23-31 a seu favor), já suplantado em conquistas internacionais pelos filhos do Dragão.

O dérbi local da Segunda Circular baixou ainda mais de escalão, limitado já ao 3º lugar na Liga e o discurso dos seus intérpretes acompanha a descida de nível. Do bronco do presidente do Benfica ao analfabeto do Chalana, pior não podia ser. A morgue vai encher rapidamente, mas não em silêncio.

O Labaredas da Luz, Luís Filipe Vieira, a quem um pacóvio director de Record não associou a imagem de “pó branco nos pneus” (não riam, ele perguntou se “alguém percebeu?” a alusão de Pinto da Costa feita em Setúbal), pediu a intervenção da Polícia e teve como resposta um tri da Académica e um tri de derrotas, depois do tri do FC Porto – este mais esperado pelos adeptos “visitantes” desta festa contínua, assarapantados com a exaltação popular suplantar tudo o que os invejosos admitiam…

O palrador Paulo Bento, menos afoito a jogar na Europa onde a juventude leonina paga erros de falta de estatura com equipas adultas como já se vai vendo por cá, saiu-se entretanto com o problema de calendário e alegou erros de arbitragem.

Quando jogam entre eles, lá na Segunda Circular, à falta de noção de oposição e valia do adversário, enganam-se, iludem-se, rejubilam. Se o Setúbal lhes bate o pé, mas depois cede frente ao FC Porto, não percebem os analistas de pacotilha porque os sadinos não travam os dragões.

Vencido mais um “campeonato a 3”, a que A Bola perde tempo a conceder um troféu, o FC Porto - acabado de tourear o rival de vermelho - é sujeito (ouvi na rádio) a questões sobre uma supremacia que causa a perda (?) de competitividade da Liga

Neste dias de piedosa efeméride, quando se festeja o advento da democracia difusa que chegou ao País mas resta espartilhada por diversos poderes, reais ou fátuos, na capital adormecida, é bom lembrar que ao pescador não se deve dar peixe, mas ensiná-lo a pescar.

Erros contra – e a favor?
Isto já parece o 24 de Abril… O FC Porto é, d
esta feita, o dominador, mas não do edifício federativo ou da estrutura da Liga de que se desligou, muito menos do aparelho de Estado que levava um clube (ou dois) ao colo, dando-o(s) como exemplo(s) à Nação do Fado, Futebol e Fátima. O FC Porto de sucesso intontestável é só o exemplo à vista para quem quer ver.

Dos tristes rivais, uns pediram a Polícia, outros recusaram ser “tolos”.

Os indigentes dirigentes benfiquistas insistem em não pensarem como pescar, querem que lhes dêem peixe. Já se ouvem, aí nos correios de interesses, mais histórias de telefonemas a árbitros, como se não houvesse gente escaldada, até no seu seio, para se meterem noutra embrulhada, porque nem sempre se escapa à Justiça.

O pobre diabo que é o técnico leonino reclama de erros de arbitragem mas esquece os que lhe foram favoráveis e não vêm inscritos em qualquer Liga da Falsidade. O único troféu conquistado pelo Sporting, a Supertaça, teve a influência determinante de Bruno Paixão, em Agosto, mas Paulo Bento ficou a assobiar para o ar…

Obviamente, estamos na fase crítica da época, quando tudo se decide e, desta vez, ao contrário da época passada, os árbitros não contribuíram para, com erros clamorosos, aproximarem os rivais de Lisboa do líder FC Porto.

Calendário… quando dá jeito
Introduziram, ainda, a queixa do calendário. No início de cada época ninguém olha para o calendário, pelo menos para os últimos dois meses de competição. A excelsa Liga, onde só mudaram as moscas porque a porcaria continua inamovível, deixou para Abril as meias-finais da Taça de Portugal na única semana do mês em que não há competições europeias. Quem a elas acedesse nesta fase
de acesso à final teria de lutar ainda por um lugar no Jamor. Nada que o FC Porto, supercompetitivo há vários anos por forma a aguentar, na medida do possível, todas as exigências, desconheça. E já perdeu títulos por isso, como em 2000 para o Sporting e também com queixas de um certo Bruno Paixão em Campo Maior

No início do mês, Paulo Bento dizia que “não nos importaremos de jogar duas vezes por semana até Maio”. A UEFA tira muita gente do sério até perceberem que qualquer Getafe ou Rangers não são, como por cá se opina, “perfeitamente ao alcance”. Afastado pelo poderio físico e um cinismo de grau superior pelo Rangers, o Sporting queixou-se de ter menos dias de preparação para a meia-final da Taça, mas nem disso o lastimoso Benfica beneficiou, tal a sua incompetência mórbida!

Ou há estofo ou não. Isto a propósito de quem lucra o quê com a sobrecarga competitiva para a qual tem de haver preparação e não lamentos.

FC Porto preparou-se, perdeu e ganhou: eis a diferença
O FC Porto perdeu o campeonato de 2000, que daria o hexa, muito por culpa de fazer
mais 13 jogos (13!) oficiais (56-43) do que o Sporting que cedo foi eliminado da Europa pelo Viking. Ora, 13 jogos significavam, então, quase meio campeonato (17 jornadas). Graças a Paixão e outras amizades subitamente descobertas pelo caminho, o Sporting festejou o título insensível à sobrecarga alheia de que tirou partido. No final, não só o FC Porto aguentou o maior ímpeto leonino no Jamor como ergueu a Taça na finalíssima e ao 56º jogo que se tornou no recorde absoluto para uma equipa portuguesa numa época oficial.

Em 2001, o Boavista lucrou com o desgaste portista de novo em 56 jogos (48 dos axadrezados). Afastado à 2ª ronda da UEFA pela Roma, por fim eliminado da Taça pelo Marítimo no Bessa nas meias-finais, o Boavista, com a Liga dos Loureiros pai e filho, assinalou o seu primeiro título, mas Jaime Pacheco reconheceu que o FC Porto pagou toda a longa época competitiva que terminou com nova vitória na Taça (2-0 aos madeirenses).

Em 2002, o FC Porto, primeiro de Octávio e depois de Mourinho, chegou aos 55 jogos oficiais que só em 2004, com o Special One, voltaria a repetir. O Sporting foi campeão com menos 8 jogos realizados na época e 17 penáltis a favor, meio por jogo, na Liga.

Mais dois “campeonatos” para o FC Porto
Nas 15 Ligas realizadas com 34 jornadas (18 clubes), em 11 o FC Porto fez sempre mais jogos do que os rivais de Lisboa. De 1992 a 2006, o período em questão, o FC Porto não só logrou o penta, como ganhou taças, dobradinhas e até provas europeias. Nas 15 épocas em causa, o FC Porto acumulou jogos na proporção de fazer, no total, o equivalente a 2,2 campeonatos a mais do que o Benfica e mais 3 campeonatos do que o Sporting – tudo com menos penáltis a seu favor, apesar de ter mais vitórias, mais golos marcados e até menos golos sofridos, mas sempre sem a generosidade dos árbitros nas grandes penalidades que, só em 1997-98, lhe deram vantagem apenas numa Liga.

Aos adversários sobraram motivos de inveja e nenhum de reconhecimento. Adeptos rivais nunca viram além das cores clubistas. As conquistas portistas nem por isso foram mais valorizadas, se o foram por motivo algum. E, pelo caminho, o FC Porto cimentou uma hegemonia nacional, fundou raízes na Europa e em particular na Champions, ganhou dinheiro com isso para tornar ainda mais competitiva no contexto global a sua equipa e tirou daí dividendos financeiros com a ainda premente durabilidade da sua raça competitiva, já incólume face a vendas milionárias pela valorização de jogadores-chave, que hoje faz a diferença em Portugal – sem que alguém perceba o que está para trás, por detrás desse fenómeno que não teve sessões em tribunais da especialidade nem estudos demorados do deve-haver.

O FC Porto modernizou-se e ficou não um, como dantes, mas muitos passos à frente da concorrência interna.

É esta a natureza – a raison d’être – da liderança indomável e impiedosa do FC Porto que tanto aflige a concorrência e a desatenta e saloia Imprensa do regime não acompanha regularmente para perceber como a Liga portuguesa está desequilibrada e só tem o FC Porto no pedestal.

PS: Hoje temos Liga dos Campeões e consequentemente mais uma jornada do UEFA Champions League Fantasy Football, por isso não se esqueçam de actualizar as vossas equipas.

20 abril 2008

Um bom treino

FCPorto 2-0 Benfica
Lisandro 7' e 80'Equipa: Helton, Bosingwa, P. Emanuel, B. Alves, Fucile, P. Assunção, R. Meireles (Bolatti 81'), Lucho, Tarik (M. Gonzalez 63'), Lisandro e Quaresma (E. Farias 87')

50.199 espectadores

Já é tempo de perguntar em voz alta para toda a gente ouvir : ainda há algumas dúvidas? Alguém ainda tem dúvidas da diferença de qualidade da equipa do FCPorto para com todas as outras equipas do campeonato, que se vão entretendo, durante todo o ano, a lutar por objectivos menores?

Se, ainda, houvessem algumas dúvidas, provavelmente só existiriam em mentes deformadas e t
acanhas, elas terão sido dissipadas durante a noite de um autêntico recital de futebol que o FCPorto proporcionou a todos os que se deslocaram ao Estádio do Dragão, e também àqueles que televisionaram, assistindo a uma brilhante vitória frente aos seus maiores rivais.

Jesualdo Ferreira apresentou a equipa mais utilizada no campeonato, a única alteração relativa à última partida frente ao Vitória de Setúbal foi apenas a reentrada de Helton, proporcionando a esses jogadores um bom treino com vista à preparação da final da Taça de Portugal, a realizar em Maio próximo, no Estádio do Jamor, em Oeiras, apesar de não ser necessário recorrer a muitos esforços para levar de vencido o seu adversário.

Logo aos 7 minutos, e quando as equipas ainda se estavam a adaptar uma à outra, Lisandro Lopez inaugurava o marcador, com a sua, já reconhecida, classe, rematando de tal forma colocada que Quim nada poderia fazer.

A partir daí,
o ascendente da equipa portista começou a ser visível de forma mais clara, o FCPorto começava a impor mais velocidade e as oportunidades de golo a aparecer na baliza adversária.

Mas esse mesmo ascendente, não foi realizado de forma continua, aos poucos, a outra equipa, começaria a equi
librar as operações e a querer chegar mais de perto da baliza defendida por Helton, se bem que esse equilíbrio, só foi originado por erros de concentração da equipa portista porque, valha a verdade, não existiu uma única oportunidade clara para que a igualdade do jogo acontecesse. Houve apenas um esboçar de oportunidade, aos 19 minutos, mas teve origem em falhas, de vária ordem, da defesa portista, mas Helton conseguiu resolver, e não a uma jogada em condições da outra equipa.

O FCPorto controlava sempre a partida, mas dava iniciativa de jogo ao seu adversário, quando colocava o pé no acelerador a defesa benfiquista abria brechas por todo o lado e as oportunidades para ampliar a vantagem sucediam-se, com destaque para um falhanço clamoroso de Tarik.

Na 2ª parte, mais do mesmo, mas, desta vez, com o FCPorto a jogar de forma mais concentrada, mais vibrante, mais espectacular, não dando quaisquer hipóteses à equipa adversária de chegar com perigo à sua baliza .

Foi uma segunda parte, completamente dominadora da equipa portista, de
sentido único, onde colocou a outra equipa a correr sempre atrás de bola, havendo momentos da partida em que mais parecia um treino, uma verdadeira peladinha, com direito a meínhos e brincadeiras de calcanhar.

Apenas faltaram os alongamentos e também dar alguma oportunidade à equipa de coletes vermelhos testar a nossa defesa pelo chão, porque jogar pelo ar, com chutões e pontapés para a frente, eles lá sabem, mas até nisso a equipa portista esteve bem, principalmente Bruno Alves, que esteve imperial ganhando todas as bolas.

Mas, quando era necessário lutar para conquistar a pose de bola, a equipa portista também estava predisposta a isso, com destaque a uma recuperação de bola, fabulosa, de L
isandro Lopez, correndo do ataque até à sua defesa para recuperar uma bola com uma categoria tal, que os adeptos, que encheram o Estádio do Dragão, lhe dedicaram uma tremenda salva de palmas, como reconhecimento da sua enorme dedicação à camisola que veste. Uma jogada que apenas define o seu valor, a sua garra e a identificação com o clube que representa. Que me desculpem alguns, mas prefiro 5 Lisandros do que 10 Quaresmas.

O jogo ainda não iria terminar sem que Lisandro, quem mais, fizesse o seu segundo golo na partida, e cada vez mais se distanciar como o melhor marcador do campeonato.

No final da partida e quando Bruno Paixão deu por terminado este treino, e já quando muita gente se preparava para abandonar o Estádio, eis que o speaker surpreendeu, tudo e todos, ao colocar, bem alto na instalação sonora, a música dos, portuenses, Trabalhadores do Comércio, com o título "Chamem a policia". De facto, melhor final de festa não se poderia ter desejado.

Agora, na próxima semana, o FCPorto tem uma deslocação a Guimarães, para defrontar o Vitória local, um grande jogo em perspectiva já que irão se encontrar as duas melhores equipas do campeonato. Aplicar a mesma receita desta partida, para não perder o embalo e chegar à data da final da Taça de Portugal com este ritmo competitivo para conquistar a tão desejada, e merecida, dobradinha.

19 abril 2008

TRIunfar, TRIturar

Com paixão, respeito e seriedade, mas sem dó nem piedade.

FORÇA TRICAMPEÃO!!! FORÇA FCPORTO!!!

FCPorto - Benfica, Domingo, 20H30 - SportTv

18 abril 2008

8-0 ao Benfica e delegado agredido

Os benfiquistas estagiaram em Vizela. Em tarde de sonho, os portistas, que tinham ido para a Quinta da Vinha, conseguiram resultado histórico. Pior sucederia nas cabinas

Os sinais exteriores de riqueza sempre consolaram. Mágoa de quase todos os portistas era, em plena década de 30, terem sede pobrezinha, pouco melhor do que a que, não muito antes, se instalara num barracão da Rua da Constituição. Os adversários, sobretudo os do Académico e do Progresso, não calavam, a propósito, murmurejos para denegrir essa imagem de clube com «palmarès», que não conseguia, sequer, sede condigna com a grandeza. Nem sequer seria preciso viver com sibaritas, na luxúria do luxo espaventoso. Mas assim também não...

Em Março de 1933 o F. C. Porto deu mais um passo em frente, inaugurando sumptuosa sede, na Praça do Município, ao cimo da Avenida dos Aliados. Um espaço, enfim, à medida da grandeza do clube. Vastas salas mobiladas e decoradas a rigor, que impressionavam esplendidamente. Sala de troféus, índice do esforço e do valor dos seus atletas, repleta de taças e troféus. Ginásio amplo e moderno. Sala de espera — e dependência destinada a perpetuar a memória de dois dos maiores jogadores portistas do passado: Tavares Bastos (que, dois anos antes, morrera de tuberculose) e Velez Carneiro — e a contrastar, fazendo pendent, a figura viva, apaixonante, de Norman HalI, com a mesma expressão que ele mostrava ao natural, sempre sorridente, sempre de sorriso posto. E um grande salão de bilhares, luz esfuziante e bem disposta, apelando à diversão, apelando ao convívio, entre sócios, entre portistas.

Empolgados e orgulhosos viviam, pois, os adeptos do F. C. Porto. No desfrute doce do seu prestígio. Sentimentos que mais se aqueceram, que mais se exaltaram quando, em Maio de 1933, o F. C. Porto humilhou o Benfica, que acabara de se sagrar campeão de Lisboa, nos quartos-de-final do Campeonato de Portugal.

Sabendo que os lisboetas estavam em estágio em Vizela, havia três dias, na antevéspera do jogo os futebolistas do F. C. Porto foram colocados em clausura para repouso na Quinta da Vinha, nos arredores da cidade, onde se instalara já o Lar dos Jogadores, que albergava todos aqueles que não eram portuenses.
Regresso de Szabo aos... 8-0 os insultos, as agressões e a fuga.

Porque Castro, lesionado, não pôde alinhar, jogou... Joseph Szabo, o treinador, a médio. E como se fosse boa sina, repetiuse o resultado da sua estreia de azul e branco vestido: vitória por 8-0! O árbitro fora o espanhol Pedro Escartin, que, alguns anos depois, se tornaria cronista de «A Bola».

Dentro de campo, aparentemente, tudo bem. Contestação ao árbitro também não se notou. O alvoroço e as cizânias rebentariam depois do apito final de Escartin. Laurindo Grijó, director da FPF e delegado ao jogo, dirigiu-se à cabina do Benfica, onde o ambiente era, naturalmente, de cortar à faca, envolvendo-se em polémica verbal com Manuel da Conceição Afonso, o presidente-operário do Benfica. Trocaram-se insultos, Grijó apequenou o Benfica e ofendeu o presidente, um dos jogadores suplentes agrediu-o. Grijó tentou a fuga para o campo, mas as agressões multiplicaram-se. A FPF, reunida em Coimbra, resolveu suspender até ao Congresso os jogadores Eugénio Salvador (esse mesmo, o actor), Ralf Bailão e Miguel de Oliveira, preparando-lhes a irradiação, pura e simples, para então.

Reagiu o Benfica, denunciando o nome do agressor, António Guedes Gonçalves, anunciando, também, que decidira já suspendê-lo de toda a actividade. A começar, precisamente, no dia do jogo da segunda «mão», com o F. C. Porto.

Como Eugénio Salvador se salvou da irradiação.

Espanhol seria, também, o juiz da partida nas Amoreiras: Ramon Melcón. Desta feita a vitória coube ao Benfica, por 4-2, mas a desvantagem trazida do Ameal era, naturalmente, fatal. E mais que a suave consolação dos benfiquistas, a partida ficaria marcada por incidentes vários.

Respigo da crónica de Júlio d'Almeida, na «Stadium»: «O F. C. Porto é uma equipa digna de se ver jogar. Mais uma vez a sua classe se afirmou de maneira insofismável. Viu-se privada quase de início do seu «capitão», Valdemar, que teve de sair do campo depois de carregado deslealmente por Pedro Silva. Censurável o procedimento deste jogador, que levou todo o primeiro tempo na preocupação do jogo violento e caça ao homem. O mesmo devemos dizer de Vítor Silva, capitão do Benfica, que por vezes, abandonando a sua grande classe, se entregava ao jogo incorrecto. Melcón, que desde o início vinha fazendo reparos ao jogo de Vito, resolveu expulsá-lo, quando este carregou Siska.» Gasolina nas labaredas! Os adeptos benfiquistas protestaram a decisão de Melcón, o capitão recusou abandonar o campo, o árbitro pediu ajuda policial, nervos sentiam-se à flor da pele, valeu, na circunstância, o poder magnético e o fair play de António Ribeiro dos Reis que, como Vítor Silva insistindo em não acatar a decisão de MeIcón de abalar para as cabinas, se abeirou do jogador, exigindo-lhe que saísse. Pegou-lhe no braço, acompanhou-o na caminhada, dandolhe azeda lição de moral.

Entretanto, a FPF reconsiderou e decidiu ilibar Eugénio Salvador, Ralf Bailão e Miguel de Oliveira. O F. C. Porto contraatacou, cortando relações com o Benfica. Pelo que acontecera no Ameal e pelo que acontecera nas Amoreiras. Os dirigentes do Benfica, em comunicado, lamentaram que se quebrasse assim o óptimo relacionamento de longos anos, crivando «a actuação apaixonadamente hostil e cega de uma parte aguerrida da imprensa do Norte, que não pode, por isso, ver os telhados de vidro que por ali proliferam, alimentando possivelmente uma política de conveniências de ocasião e que criou um péssimo ambiente, a que não se puderam eximir os dirigentes do F. C. Porto».

In «abola»

Texto copiado do Forum do Portal dos Dragões

PS: Em comentário coloquei a crónica de hoje
do Rui Moreira no jornal A Bola.