30 abril 2007

Uma questão de números

Sempre ouvi dizer que os números não mentem.

As estatísticas são frias, indesmentíveis, e não se contradizem, e contra elas existem poucos argumentos.

Podem-se fazer muitas comparações teóricas, compararem os sistemas tácticos das equipas, as características, os pontos fortes e pontos fracos das mesmas, tentando perceber o seu modo de encarar as partidas, mas os números são a prova real daquilo que uma equipa consegue explanar em campo.

Um jornal desportivo, no outro dia, revelou os números e eu tentei fazer uma comparação das duas equipas do FCP nestes 2 últimos anos: Co Adriaanse vs Jesualdo Ferreira.

Quem ganhará? Será o carrossel louco ofensivo do holandês ou a preocupação pela consistência defensiva do professor?

Co Adriaanse afirmou na pré-época que queria ver a equipa a marcar 60 a 70 golos por época, queria revolucionar o futebol atacante da equipa, dizendo que a sua época anterior teria sido um mau ano em golos marcados, e que a promessa de ver a equipa marcar muitos golos não teria sido cumprida.

De facto, o futebol praticado no ano passado só tinha um pensamento e um objectivo, o risco e o jogar no “fio da navalha” defensivamente, em troca de uma avalanche ofensiva eram das características mais marcantes de uma equipa que conquistou tudo nacionalmente, mas fracassou e envergonhou o seu passado glorioso na “Champions League".

Na defesa só se jogava com 3 elementos, sem complicar e com um nível de concentração altíssimo e não se admitia, nem se aconselhava, falhas sujeitando a que o guarda-redes tivesse, muitas vezes, sozinho que enfrentar os seus adversários. Aliás, esse mesmo guarda-redes, além de ter as funções de libero, era sempre o primeiro homem a começar as jogadas de ataque da equipa.

No meio campo, apenas um tinha a missão de defender e depois o resto tinha a preocupação de fazer chegar a bola à frente o mais rápido possível para que os atacantes fossem bem servidos.

No ataque, eram muitos elementos, mas não quer dizer que marcassem muitos golos, aliás até me lembro que muita gente na área só estorvava, quando Adriaanse começou a fazer recuar um elemento mais para trás, naquele caso foi Anderson que começou a surgir na cabeça da área, Adriano sozinho resolvia tudo.

Jesualdo Ferreira optou por construir uma equipa de trás para a frente, com consistência defensiva, a jogar mais no calculismo, sem riscos, mas querendo sempre impor a sua personalidade, o seu domínio, e a qualidade técnica dos jogadores.

Na defesa, Jesualdo Ferreira coloca sempre 4 elementos, com laterais mais atrevidos ofensivamente, a subirem mais e a participarem mais nas jogadas ofensivas da equipa.

A equipa "encolheu" mais, as linhas jogam agora mais próximas e não tão largo como se fazia antigamente.

Os jogadores do meio-campo estão mais perto da baliza e, na parte final da época, já existe um nº 10 mais solto sempre disposto a moer a cabeça dos seus adversários.

Mas se uma equipa ataca mais e a outra gosta de defender mais seguramente, então, teoricamente, poderíamos calcular que Adriaanse teria mais golos marcados e Jesualdo menos golos sofridos.

Puro engano, os números não mentem, eles estão aí para provar que essa teoria está errada.

Nestas jornadas decorridas, a equipa liderada por Jesualdo Ferreira tem mais golos marcados do que a época anterior.

Tendo em conta, que ainda faltam 3 jornadas para o fim, aquilo que o holandês se propunha já foi cumprido com distinção, o que denota um melhor aproveitamento das oportunidades da equipa.

Mas defensivamente, Jesualdo já sofreu mais golos do que aqueles que a equipa comandada pelo holandês encaixou, mas uma equipa que está em primeiro lugar e com o título cada vez mais à vista, pode-se dizer que não é motivo para apreensão.

Em suma, a equipa que corria mais riscos defensivamente, sofreu menos golos, na minha óptica vejo isso como um sinal claro de uma concentração maior, por receio de falhar, por parte da defesa do FCP. A equipa que criava mais oportunidades para o golo marcou menos, o que significa que, nem sempre jogar só ao ataque, dá golos. Curioso é verificar que os plantéis são compostos quase pelos mesmos jogadores, e a equipa base não varia muito, a culpa, como dizia o outro, é do sistema.

28 abril 2007

Que sirva de aviso

Boavista 2-1 FCporto
R.Silva 15', Zé Manuel 50' e Lucho 71'

Qualquer campeão, ou pretendente a campeão, tem direito a ceder uma derrota, a ter um dia mau, mas tudo depende de como ela é cedida e o que se viu neste jogo é algo absolutamente inexplicável. A culpa não pode morrer solteira, ela tem de ir directamente para quem comanda a equipa, para quem é responsável por ela durante a semana, para quem é responsável por fazer os jogadores entrarem com espírito de campeões e para quem tem a responsabilidade de alterar o que está mal durante o jogo. Se os imprevistos podem alterar por completo uma estratégia delineada durante os vários treinos que antecedem a partida, já o que está errado durante jogo, e que está à vista de todos, sem que o responsável nada faça para alterar, é algo que já não se pode compreender. Mas é evidente que um treinador não pode levar com todas as culpas sozinho, se os jogadores não mostrarem raça, empenho e trabalho, por vezes pouco se pode fazer, e hoje terá sido um pouco de tudo isto que aconteceu.

Sabíamos qual o tipo de futebol do adversário, um estilo durão e raçudo, bem à imagem do seu treinador, uma equipa que tem como única virtude a sua entrega, virtude essa disfarçada só com alguma técnica de dois ou três jogadores. Aceitamos que a equipa inicial do FCPorto deveria ser, mais jogador, menos jogador, a dos últimos jogos, que boa conta de si deu. Mas a partir do momento que se viu que o meio campo azul-e-branco estava em clara inferioridade e que lhe faltava a dureza necessária para enfrentar o muito combativo meio-campo do Boavista, coadjuvado por um árbitro complacente, algo teria de ser alterado. E isso, todos vimos logo nos primeiros minutos com o FCPorto a ver jogar, a errar passes, a perder bolas, a nem sequer passar do seu meio-campo. Algo estava mal, algo tinha de ser mudado e a somar a tudo isso tivemos uma defesa que, após alguns lances mais apertados, parecia tremer quando a bola se aproximava, nascendo assim o primeiro golo dos homens da casa logo aos 15 minutos, sem qualquer culpa para Helton, com o normalmente imponente Bruno Alves a deixar-se antecipar.

Esperava-se uma reacção do FCPorto, mas essa foi ténue por parte dos jogadores, já do banco foi inexistente. O jogo foi-se arrastando até ao final da primeira parte, apenas havendo a salientar uma ou duas grandes defesas do Helton, que hoje fez uma excelente exibição. Arrastando-se também foram os jogadores portistas, com especial destaque para Postiga, e isto com os do Bessa a controlarem a seu belo prazer.

Para a segunda parte o inexistente Postiga foi finalmente substituído por Anderson, mas o meio-campo portista continuava perdido, já que o substituto de Postiga foi para o seu lugar no ataque. Continuava o frágil Jorginho entre os duros do Boavista, que chegavam e sobravam para um Lucho e Meireles abandonados à dureza do seu trabalho. De qualquer das formas notou-se que o FCPorto tinha entendido que uma derrota poderia ser um grande passo atrás na conquista do grande objectivo final e já se viu mais querer, apesar de muito inconsequente e num lance de contra-ataque, como que a fazer crer que existem dias em que tudo acontece, os boavisteiros acabam por marcar o seu segundo golo.

Só depois do Lisandro entrar, a mais ou menos meia hora do fim, e com o recuo de Anderson para o meio campo, começou-se a ver mais FCPorto e numa excelente desmarcação de Adriano, este é rasteirado dentro da área. Penaltie que Lucho concretiza e reduz para 2-1. Renascia a esperança num melhor resultado, até porque o guarda-redes adversário foi expulso, passando os da casa a jogar com menos um jogador. A partir daí só deu FCPorto e foi com naturalidade que se foram vendo lances de algum perigo perto da baliza adversária, mas que nasciam de jogadas pouco pensadas, sem muito discernimento, em que apenas Anderson parecia querer colocar ordem à casa. Via-se que o coração já pensava mais que a cabeça, via-se que só por muita sorte se poderia chegar sequer ao empate. E assim terminou o jogo com o FCPorto a jogar, desde a saída de Cech para entrar Renteria, apenas com três defesas no desespero de chegar ao golo.

Quaresma merece que lhe dedique umas linhas, ou melhor, se calhar, e pelo que fez hoje, não merecia sequer que o referisse, mas cá vai. Existem jogadores pelos quais nada ou pouco esperamos e se estes falham, quase nem ligamos. Mas Quaresma é um grande jogador capaz de coisas incríveis, capaz de estar um jogo até muito apagado e de um momento para o outro resolvê-lo em favor da sua equipa. Mas o Quaresma de hoje, mesmo que resolvesse o jogo num desses lances, teria de levar uma nota muito negativa. Negativa por só jogar para si, desrespeitando o trabalhos dos outros, negativa por ter perdido um sem número de bolas infantilmente, negativa por nada ajudar na defesa e negativa por ter levado um cartão amarelo completamente desnecessário que o impede de ser opção no próximo jogo (tal como Bruno Alves). O Quaresma de hoje foi para mim o pior em campo, o Quaresma de hoje não tem lugar em nenhuma equipa desta primeira liga.

Agora mais que nunca o derby de hoje assume uma grande importância para o FCPorto, já que um empate manteria os dois mais directos competidores à distância. Mas o FCPorto continua em primeiro, seja qual for o resultado, e continua a depender de si próprio. Só espero que tenha servido de aviso o que se passou no Bessa, para que não tenha de depender dos outros.


PARABÉNS HEXA-CAMPEÕES

Parabéns à equipa de hóquei em patins do FCPorto pelo hexa-campeonato ganho ontem no pavilhão de Fânzeres, tendo vencido pela terceira vez o Benfica neste fase final do campeonato. Desta feita foi por um concludente 5-0.

PS: Na Opinião da Bancada está uma nova questão. Responda já aqui:
Porque perdeu o FCPorto no Bessa?
Pouco empenho da equipa
Táctica inicial desajustada
Treinador mexeu mal na equipa
Falta de sorte
Por culpa do arbitro
O adversário foi melhor

Se vencermos, bi à vista

A contagem decrescente continua na conquista do bi. Segue-se o xadrez do Bessa como obstáculo, com uma possível casa cheia de adeptos do FCPorto, já que o Boavista acedeu a baixar o preço dos bilhetes para o jogo, restando saber porque só neste jogo os seus sócios entram de graça. Esta partida, tal como as anteriores assume-se como muito importante, mas este derby tripeiro tem algo de diferente, antecede precisamente o derby alfacinha que coloca frente a frente os mais directos perseguidores, o que implica a perda necessária de pontos por parte destes, podendo com isso e com uma vitória, o FCPorto reforçar a sua liderança, além de que, com esta vitória, seja qual for o resultado da Luz, bastará aos azuis-e-branco apenas vencer os jogos no Dragão.

Visitando o FCPorto um rival da invicta, este derby não se antevê nada fácil. Miguel Sousa Tavares, na sua crónica desta semana num jornal desportivo lisboeta dizia que «no Bessa, o FC Porto tem um jogo terrível: como todos os portistas sabem, o Boavista pode não estar a jogar nada, como é o caso, pode, como quase sempre, facilitar a vida aos grandes de Lisboa, mas bater-se contra o FC Porto como se se tratasse de uma questão de vida ou morte, isso eles não falham.». Tem toda a razão Sousa Tavares, para o fraco Boavista deste campeonato este será o jogo do ano e Jaime Pacheco, que já tem guia de marcha do clube axadrezado, juntamente com os seus jogadores quererão mostrar obra feita e nada melhor que uma vitória contra o rival da invicta.

Os jogadores do FCPorto estão avisados quanto às dificuldades que irão encontrar, além de que sabem que a vitória neste jogo, dado o jogo do dia seguinte, pode definir o campeonato de uma vez por todas, já a perca de pontos fará os portistas terem de ver o jogo do dia seguinte com o “coração nas mãos”. Apesar da mais valia do FCPorto, comparativamente com o Boavista, os imponderáveis podem acontecer e a concentração deverá ser total em busca da vitória.

O onze inicial do FCPorto não deverá sofrer grandes alterações em relação ao último jogo. Jesualdo Ferreira terá apenas que incluir Marek Cech a defesa esquerdo já que Fucile se lesionou (já não aparecia uma lesão há muito tempo). Raúl Meireles assumirá novamente as principais funções do meio-campo defensivo. Apesar do regresso de Lisandro Lopez no último jogo, se o professor seguir a mesma linha dos jogos anteriores, o argentino ficará, pelo menos, mais este jogo apenas como arma para o segundo tempo. Já Anderson não parece ainda estar com o ritmo desejável para iniciar o jogo na equipa principal. Assim o onze que se prevê será:


O bi está aí, só depende da equipa e de como ela encarar este e os jogos seguintes. Os adeptos terão também um importante papel nesta conquista. A invasão pacífica do Bessa e a consequente pintura de azul-e-branco daquelas bancadas fará com que os jogadores se sintam em casa neste que é talvez o jogo mais importante dos que faltam. Quem poder que não falte a ajudar na conquista de mais esta vitória.

“Quando alguém se atrever a sufocar
O grito audaz da tua ardente voz
Oohh porto então verás vibrar
A multidão num grito só de todos nós!”

PORTO!!! PORTO!!! PORTO!!!

Boavista - FCPorto, 21H15 - TVI

27 abril 2007

Porto e FC Porto

Sendo portuense por nascimento, e portista por opção, sempre me habituei a encarar com naturalidade a associação que é feita entre a cidade e o seu clube mais representativo – e que transporta o seu nome.

Hoje em dia o FCP é, também, o mais vivo símbolo da cidade do
Porto. Depois de a cidade de ser afirmado nos séc. XIX e inícios do séc. XX através do seu produto mais emblemático – o Vinho do Porto – e de ter assumido um importante protagonismo político e económico no período pós-25 de Abril – tendo sido menos afectada pelas tropelias do período pós-revolucionário e pelas nacionalizações, por um lado, e por se ter assumido como uma intransigente defensora dos valores da Liberdade e Democracia, voltando a fazer jus à inscrição que apresenta nas suas armas, “Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade D’ Porto”. Nessa altura, a economia da região – alicerçada, sobretudo, em pequenas e médias empresas de natureza industrial, com destaque para os sectores dos têxteis e calçado – apresentava um grande dinamismo.

Hoje em dia, poucos exemplos restam desse dinamismo económico. A falência de muitas das empresas industriais da região têm provocado um elevado crescimento do desemprego, e a região Norte transformou-se na mais pobre de Portugal, apresentando graves carências sociais.

Num contexto profundamente adverso, surge na cidade um FCP verdadeiramente demolidor a nível interno, quebrando uma hegemonia que parecia inatacável dos clubes de Lisboa, e projectando-se como uma equipa de nível mundial. No espaço de 20 anos, conquista seis títulos internacionais, incluindo duas taças dos campeões e duas taças intercontinentais.

O FCP projecta, assim, o nome da ci
dade além-fronteiras. A sua cultura de trabalho e determinação inabalável, que ficaram como legado de várias figuras que por lá têm passado, com destaque para Jorge Nuno Pinto da Costa e José Maria Pedroto, demonstram à cidade que é possível vencer em todas as circunstâncias e em todos os estádios – com a neve de Tóquio ou o calor de Sevilha.

Por isso, não fará sentido que cidade e clube vivam de costas voltadas, ignorando a importância que têm um para o outro. Embora seja dos que não sancionam a promiscuidade e o espírito facilitista que existiu em tempos – e que envolveu negócios e a atribuição de verbas que terão difícil explicação – também acredito que se pode errar caindo no extremo oposto. Para dar um exemplo recente, não me confo
rmo com o facto que, tem sido referido, segundo o qual só foi possível promover a construção de um pavilhão com 2.000 lugares devido à ausência de cooperação entre a cidade e o clube. Sendo as modalidades amadoras indispensáveis na promoção da prática desportiva, torna-se incompreensível a ausência da busca de soluções que possam servir os interesses da cidade e do clube.

O FCP, por seu turno, conquistou uma posição única no panorama desportivo nacional. Em pouco mais de 25 anos – os anos de Pinto da Costa, primeiro como responsável pelo departamento de futebol, e depois como presidente – passou de clube de província, que raramente saboreava vitórias e temia “passar a ponte”, a um clube habituado a vencer. Esta dinâmica de vitórias está a introduzir alterações substanciais no perfil dos seus adeptos. Encontra cada vez mais adeptos seus fora da sua cidade, da sua região (é significativo que tenha aberto uma casa em Guimarães, cidade que vive com intensidade o “seu” Vitória, ou que já tenha numerosos adeptos no Sul em geral, e Lisboa em particular), e mesmo do seu país.

Esta tendência, de cativar adeptos fora do seu espaço tradicional, é vital para o engrandecimento do clube, que terá de alargar a sua base de receitas. Coloca, igualmente, novas exigências ao clube, quer a nível comercial (onde se podem mencionar questões já focadas no blog, como a estratégia de se contratar um jogador asiático, ou o aprofundamento da estratégia de merchandising), quer a nível de exigência da sua gestão. Num país tão apaixonado pelo futebol, e num clube com a projecção internacional do FCP, fechar as contas anuais com prejuízo não pode ser uma inevitabilidade, nem é sustentável. Este ano, o desequilíbrio das contas terá efeitos desportivos extremamente perniciosos. Tendo o FCP uma equipa jovem, e com enorme qualidade e margem de progressão, será obrigado a vender dois um mais jogadores importantes devido à situação financeira do clube, prejudicando os resultados desportivos das próximas épocas.

O FCP encontra-se no início de uma fase de transição, em que terá de ser repensada a sua estratégia e a sua gestão. O seu passado desportivo, e a sua mentalidade vencedora, são activos que permitem encarar o futuro com optimismo. E está demonstrado que será possível encontrar, entre os adeptos do FCP, pessoas com qualidade e paixão pelo clube, que garantam a continuidade das suas vitórias.

Amanhã, o FCP deverá dar um importante passo rumo ao próximo título. Após essa vitória, poderemos assistir tranquilos ao jogo de domingo, que nos deixará sempre com uma posição mais confortável na tabela – e poderá dar-nos a possibilidade de festejar o título no jogo seguinte, no Dragão.

Aproveito para deixar o meu palpite para o “onze” do Bessa: Helton; Bosingwa, Bruno Alves, R. Costa, Fucile; Raul Meireles, Lucho, Jorginho; Quaresma, Adriano, Lisandro.

FORÇA FCP!!!

P.S. Uma nota final. Vi nos noticiários que a claque do FCP foi impedida ontem, dia 25 de Abril, de entrar em Lisboa, aonde se deslocavam para apoiar a equipa de hóquei em patins, que jogou na Luz. É absolutamente espantoso o pretexto de que não poderiam deslocar-se ao pavilhão, por não estarem garantidas as suas condições de segurança, para obrigá-los a dar meia-volta num nó da auto-estrada. Parece que voltamos ao tempo das barricadas em Torres Vedras. Pelo menos, a nossa equipa de hóquei em patins conseguiu passar a barricada, e nem este incidente a perturbou, e venceram 2-3 num pavilhão donde, não há muitos anos, foram forçados a sair sob uma chuva de pedras. Fica o registo de mais um estranho incidente num dia em que seria suposto comemorar-se a Liberdade, num país em que o actual poder político coloca-a em perigo permanente.

26 abril 2007

As portas que Abril abriu

Certamente o grande poeta José Carlos Ary dos Santos não estaria a pensar no futebol quando escreveu o poema “As portas que Abril abriu”, mas também podemos evocar essas palavras para a derrota de um sistema mesquinho que procurava subjugar tudo que se situava a Norte do Rio Tejo, e que todo o poder de decisão se resumia a apenas 3 clubes, todos eles da capital do império.

Se formos aos livros de História, verificámos que na época futebolística de 1972/73, haviam 10 equipas do Sul, 2 equipas do Centro e apenas 4 do Norte, e que o campeão nacional foi a equipa do regime, com uma diferença de pontos tão abismal que, provavelmente, toda a gente se lamentava da competitividade do nosso campeonato, como agora fazem quando o FCP está na frente!

Curiosamente, das equipas do Norte que militavam na altura na 1ª divisão, apenas FCP e Boavista agora continuam no escalão maior, para o ano poder-se-á juntar o Leixões ou o Guimarães às outras duas, e, também é curioso, foram as equipas que mais cresceram, desportivamente, quando se soltaram as amarras do regime.

O FCP no dia 24 de Abril de 1974 era um Dragão adormecido, amorfo, tinha apenas 5 títulos nacionais e 3 Taças de Portugal, ou 7 se juntarmos os títulos no Campeonato de Portugal que depois se viria a chamar Taça de Portugal.

O estigma de atravessar a ponte a perder estava enraizado nas mentes portistas e o comodismo e a sua aceitação, por parte de jogadores e dirigentes, a essa realidade era grande, ao ponto de não haver gente capaz, talvez por medo ou porque o sistema abafava logo quem procurasse navegar contra a corrente, para poder combater essa injustiça.

Mas, mesmo assim, foram precisos 4 anos depois do fim da ditadura, e 19 anos após o último título nacional, para que o FCP chegasse ao título nacional e começar a acordar, combatendo olhos nos olhos quem muitos anos o procurou subjugar.

Nessa altura, já se poderá dizer que o sistema estava vencido e que o mapa futebolístico estava virado ao contrário, já que eram 8 equipas do Norte que militavam na 1ª divisão.

O Futebol Clube do porto, desde o fim da ditadura conquistou, 16 títulos, está quase a conquistar o 17 º, 10 Taças de Portugal e 15 Super-taças Nacionais.

Além de que, demonstrou ser pequeno para este país, e cresceu internacionalmente de uma forma inédita em Portugal, conquistando 2 Taças de Campeões Europeus, 1 Taça Uefa, 1 Supertaça Europeia, 2 Taças Intercontinentais, além de ter perdido 1 Taça das Taças e, mais recentemente, 2 Super-taças Europeias, o que lhe veio dar um respeito e prestigio europeu, nunca antes alcançado.

Para que esse crescimento surgisse foram precisos projectos, e para existirem Projectos são necessárias pessoas, e aí que temos de homenagear duas pessoas que foram as mais importantes da história do nosso clube: Jorge Nuno Pinto da Costa e José Maria Pedroto.

Pedroto, como treinador, e Pinto da Costa, primeiro como director, posteriormente, como Presidente, conseguiram, juntos, construir um clube forte e coeso e, acima de tudo, vencedor conseguindo arruinar o sistema, coisa que o país, sempre zeloso da sua inveja e mediocridade, nunca iria perdoar.

As perseguições que Pinto da Costa ultimamente tem sofrido, descaradamente, mais não são do que os desejos do regresso ao antigamente, às vitórias do clube do povo para que possamos esquecer a realidade do país e da situação económica que vivemos.

Com o contributo de uma comunicação social sempre disponível para dar uma mãozinha, é sem pudor que se escondem factos e realidades escancaradas, como, por exemplo, vimos no último fim-de-semana que, rapidamente, entrou no esquecimento.

Podemos dizer que Abril abriu muitas portas na sociedade portuguesa, inclusivamente, as portas para que o FCP conseguisse reencontrar as vitórias e as glórias, e que crescesse sem receios e fantasmas, lutando contra tudo e todos. Mas ainda falta derrubar a porta do reconhecimento do mérito do país, por isso continuamos a dizer que cada campeonato vencido vale por dois, e este não irá ser excepção.

25 abril 2007

Entrevista de Rui Moreira ao Diário de Notícias

20 de Abril de 2007

Diário de Notícias -Na prática, o FC Porto já é campeão?
Rui Moreira - Ainda não é, mas seria um escândalo que não fosse.

-Se falhasse o título, o FC Porto deveria despedir Jesualdo Ferreira?
- Seria compreensível mas não justo. As substituições dos treinadores servem para amansar as feras, não para serem justas.

Jesualdo é treinador para o FC Porto?
- É o treinador adequado para o FC Porto principalmente se houver uma aposta na formação tal como a direcção tem anunciado. Nesse caso, ele pode ter um papel crucial. Jesualdo Ferreira herdou, a poucas semanas do início do campeonato, uma equipa, tal como acontecera com Adriaanse. Gostava de voltar a ver um treinador do Porto formar uma equipa e treiná-la. Seria bom centrar no treinador, como acontecia no tempo de Mourinho, algumas decisões. Pessoas que hoje decidem contratações, no tempo de Mourinho dedicavam-se a jogar às cartas nos seus gabinetes.

- Quem?
- Não interessa personalizar.

- Falando em contratações, que jogadores dispensaria no final da época?
- Posso dizer aqueles que não dispensaria. E o primeiro nome é o do Quaresma. Entre Lucho, o Pepe ou o Quaresma escolho o Quaresma, pela enorme margem de progressão.

- Jesualdo surpreendeu-o pela positiva ou pela negativa?
- Quando ele saiu do Braga para o Boavista perguntei-lhe quando é que seria treinador do FC Porto. Acho que falta ao Jesualdo um título e acho que a partir do momento em que o ganhe terá uma outra afirmação. O Jesualdo é pouco afirmativo, um pouco cauteloso, mas este ano, em várias situações, mostrou muita coragem.

- Em que casos?
- Teve coragem de ser a única pessoa com bom senso durante o período de Inverno, quando todos os dias se falava de compras e vendas que não se verificaram. Quando ele teve a coragem de dizer que não conhecia Andrés Madrid, enviou uma grande mensagem para dentro do balneário. Foi importante em termos de coesão.

- Com o processo Apito Dourado Pinto da Costa deixou de comentar, por exemplo, as arbitragens, delegando no treinador. Hoje é difícil ser treinador do FC Porto?
- Tenho criticado os silêncios sucessivos e absolutamente incompreensíveis da SAD, que têm obrigado o treinador a alguma ginástica tanto mais que ele não gosta de apontar erros aos árbitros para não desresponsabilizar os seus jogadores.

- Pinto da Costa é um presidente diminuído…
- Não é só o presidente. Alguma coisa na SAD não está bem. Há uma sensação de que a SAD do FC Porto está assustada. Há factores externos que têm provocado isso e, nesse sentido, a direcção tem contado com a solidariedade dos adeptos que, como eu e até prova em contrário, acreditam que vão ser ilibados, mas o que é facto é que se comportam como se estivessem condicionados. E isso limita a capacidade de fazer o seu papel. E obriga o treinador a fazer mais do que a sua obrigação. A SAD e a direcção deixaram de ser um escudo efectivo.

- Pinto da Costa tem estado a prejudicar o FC Porto?
- Aqueles que lhe faziam sugestões ou críticas ou foram-se afastando ou foram afastados. A SAD do FC Porto é hoje muito centrada em Pinto da Costa e nas pessoas da sua confiança. Que ele deixou de desempenhar as tarefas tal como as desempenhava no passado, não tenho dúvida. Aceito até que ele não fale mas não compreendo que não tenha na SAD quem o faça. Agora, que há eleições, é bom tomar nota desse facto. Mas há problemas maiores.

- Quais?
- O problema da sustentabilidade do modelo que o FC Porto enquanto clube com a sua SAD. Desde as vendas para o Chelsea, o FC Porto passou a gerir um orçamento superior ao dos concorrentes directos. Tinha sido uma boa altura para arrumar a casa e criar um projecto. Isso não foi feito, e pior, em Outubro do ano passado tive acesso a contas muito preocupantes. Na altura ouvi a promessa de uma terapia de choque que passava pela aposta na formação, redução do investimento no plantel, diminuição dos custos salariais e reestruturação organizacional. Era uma cura tão necessária quanto dolorosa pelo que pensei ser essa a última dádiva do presidente Pinto da Costa ao clube. Porque ninguém, a não ser ele, conseguiria explicar aos adeptos a necessidade de anéis para não perder dedos. Mas nada foi feito.

- Sente-se enganado?
- Frustrado. Na altura assinei uma lista para a recandidatura de Pinto da Costa, convencido de que essa mudança iria ter início. Não teve.

- Há risco de o FC Porto perder o controlo da SAD?
- Esse é um risco iminente se não forem tomadas medidas de emagrecimento. A operação harmónio de que se fala, significa a redução do capital até um valor muito baixo para depois se aumentar o mesmo capital e com isso atrair novos investidores. Não me parece que o FC Porto, enquanto clube, tenha dinheiro para ocorrer a esse aumento de capital.

- Não gostava de ver um milionário comprar o FC Porto?
- Não. Até o modelo estar exausto a SAD deve pertencer aos portistas. Vender essa participação maioritária, vender jogadores por critérios unicamente de mais valia e, ainda mais perigoso, vender os direitos televisivos do futuro é pôr em perigo esse mesmo futuro.

- Apesar de frustrado, vai votar Pinto da Costa?
- Não vou votar porque normalmente não vou a assembleias gerais.

- Mas se votasse…
- Para se apresentar a mais três anos de mandato, Pinto da Costa deveria ter dito aos sócios não só que se impõe a tal terapia de choque como de que forma a tencionaria implementar. O clube tem uma dívida de gratidão com Pinto da Costa. Foram 25 anos excepcionais mas isso não justifica que se apresente a um novo mandato dizendo apenas que vai construir um gimnodesportivo.

- Vale e Azevedo foi preso quando perdeu as eleições no Benfica. Acha que Pinto da Costa ponderou esse dado nesta candidatura?
- Estou convencido de que Pinto da Costa vai ser ilibado. Não acredito que queira servir-se do clube. Julgo que ele continua a acreditar que faz falta ao clube até porque nunca escolheu um herdeiro.

- Vai ser oposição a Pinto da Costa nos próximos três anos?
- Oposição, nunca. Serei sempre um crítico leal e construtivo.

- Se fosse convidado para um cargo executivo, aceitava?
- Não. Porque no momento actual não interessa ser administrador.

- Quer entrar no FC Porto pela porta da presidência…
- Já disse que, como qualquer outro sócio, gostaria de ser presidente do FC Porto. Mas não estou a tratar paulatinamente disso. E só admitiria ser presidente caso entrasse pela porta do clube e este tivesse o domínio da SAD. Se o FC Porto passar a ser apenas um activo, não contem comigo.

- Vai ser candidato um dia?
- Sinceramente não sei.

- Gostou da forma como Mourinho deixou o FC Porto?
- Não. O FC Porto esqueceu-se que não teria sido campeão sem Mourinho e Mourinho esqueceu-se de que não seria campeão europeu sem o FC Porto. Foi constrangedor e mau para o clube. E os clubes são, também, feitos de símbolos. O FC Porto deveria ter continuado a olhar para Mourinho como um símbolo e vice-versa. E penso que ele deveria ter sido homenageado.

- A culpa foi de Pinto da Costa?
- Pinto da Costa deixou que fosse assim. Mas também li o que diz no seu livro. E acredito quando se refere à vontade de Mourinho deixar o FC Porto. E depois houve aquele incidente com as claques. Que abriu um precedente. A partir do momento em que fizeram aquilo ao Mourinho e não foi condenada, estava a ver-se o que mais tarde aconteceu com Co Adriaanse. Eu avisei.

- Pinto da Costa não controla as claques ou não quer controlar?
- O presidente nunca controlou esses acontecimentos. Não controla as claques nem devia controlar mas devia ter na SAD alguém que influenciasse o comportamento daquela gente.

- Continua sem ler o livro de Carolina Salgado?
- Sim, e até fiquei furioso pelo facto de um filho meu o ter comprado.

- Que justificação encontra para o facto de Pinto da Costa ter-se deixado ficar nas mãos de uma namorada?
Há mistérios inexplicáveis. Talvez por causa da entourage, ou pela própria solidão do poder. Há risco de nos rodearmos de cortesãos que nos induzem a cometer imprudências.

- Há alguma acusação do livro em que acredite?
- Pergunto-me se o livro foi feito por ela. Não tenho dúvida de que há alguma maquinação.

- A agressão ao vereador Bexiga é o episódio mais preocupante?
- É o mais preocupante mas também o mais inacreditável. Não percebo o que é que Pinto da Costa poderia ter contra o vereador Bexiga, que tem uma relação directa coma a Câmara de Valongo e não o FC Porto.


- Quando terminou a carreira, Jorge Costa disse que tem faltado mística à equipa do FC Porto. Concorda?
- O Jorge Costa foi maltratado pelo FC Porto e um dia isso vai ter de ser corrigido. Mas no último ano em que esteve no banco, em vez de fazer o que tem feito Vítor Baía, dizem-me que só levantou problemas. Por contraste julgo que o Baía tem sido o grande símbolo e através dele tem havido uma coligação de forças muito grande na equipa.

- Pelo que diz, acha que Vítor Baía pode vir a ter um papel no futuro do FC Porto?
- Não vai ser treinador do FC Porto como não vai ser um Eusébio do FC Porto. Estão-lhe reservados outros voos.

- Vítor Baía, Jorge Costa, Fernando Gomes e António Oliveira. Quatro ex-jogadores, quatro putativos candidatos à presidência?
-Vai ser muito difícil suceder a Pinto da Costa. Mas dos quatro que referiu aquele que tem carreira ímpar é o Vítor Baía. Na relação com os sócios, tem património superior aos outros. E é muito inteligente.

- Depois de Pinto da Costa defende um presidente de transição?
- Não vai haver tempo para isso. O FCPorto terá de escolher alguém diferente mas os sócios vão exigir provas de amor ao clube.

- Alexandre Magalhães é um candidato?
- Julgo que o tempo de Alexandre Magalhães já se perdeu.

- Daqui a três anos votaria em Vítor Baía?
- Se tudo correr bem, daqui a uns anos, Vítor Baía vai ser presidente. O próprio Pinto da Costa já admitiu esse cenário.

In Diário de Notícias

24 abril 2007

25 anos depois...

Resume-se a 44 títulos no futebol profissional a gestão de 25 anos de Pinto da Costa como presidente do FC Porto. Mais muitas dezenas em modalidades de pavilhão. Campeonatos nacionais, bem, a conta vai para 15 se tudo correr normalmente. E por cada campeonato há uma Supertaça a ganhar, como se sabe. Mas parece estar tudo como dantes, quartel-general em Abrantes…

Ontem de manhã liguei a televisão, o único meio de comunicação que uma maioria dos leitores conhece em Portugal, e como se pudesse surpreender-me dei logo de caras, no zapping, com um resumo do Sporting-Naval na SIC-N que só de passagem me faz lá vislumbrar alguma coisa pois é dos canais lisboetas que passei a menosprezar. Pensei que já teria passado o resumo do FC Porto-Belenenses, sempre era o 1º contra o 4º e o líder estava cada vez mais próximo da conquista de mais um título.

Nã, não só o resumo do principal jogo da jornada veio em segundo plano como, antes dele, o resumo leonino – no qual realçaram a “originalidade” (sic) do 3º golo de Alecsandro que entrou aos trambolhões – só tinha acabado com esta pérola:

Segue-se o Benfica-Sporting na próxima jornada, o derby de todas as decisões!

Bem, se o FC Porto ganhar o provinciano derby tripeiro e o Benfica em casa vencer no derby alfacinha, o FC Porto só precisa de ganhar, depois, ao Nacional, no Dragão, para ser campeão ainda com duas jornadas por disputar. Destes bons hábitos conhecemos nós o prazer!

Do futebol na televisão

Há 25 anos “a” televisão (era a RTP-1 e a 2 mal se via em muito lado) não passava futebol. Quando passava um joguito de cá a coisa até caía mal. Mesmo antes de Pinto da Costa ser presidente, o FC Porto esteve dependente, de facto, de um derby lisboeta.

Foi em 1981-82 e se o Sporting vencesse o FC Porto, com Hermann Stessl no comando técnico, poderia passar para a frente do campeonato. O árbitro viseense, Inácio de Almeida, anulou inexplicavelmente um golo aos leões, perto do fim, quando Bento deixou escapar das mãos uma bola que se aprestava para pontapear para a frente e com o árbitro a virar as costas ao lance e a dirigir-se para o meio-campo contando que Bento fizesse o jogo decorrer normalmente. A bola escapuliu-se-lhe das mãos, Jordão não perdoou aquela falha e o árbitro, sempre de costas, ouviu gritos, virou-se e anulou o golo ao Sporting, por alegada falta de Jordão sobre o guarda-redes do Benfica. Sem ver. Por intuição e muito ruído.

Há um ano, até João Alves admitiu em O Jogo que esse resultado foi uma fraude e a pressão do Terceiro Anel, a "assembleia" de Humberto e Cª e o medo cénico dos árbitros ditaram que o Benfica não perdesse o jogo. Alves disse até que o Sporting foi o prejudicado, mas a verdade é que esse campeonato acabou com o FC Porto em 2º atrás do Benfica dois pontos…

Ainda a televisão, quando desatou a dar jogos de cá, serviu para o presidente Pinto da Costa afirmar que, com os jogos à vista de todos, pelo menos com os três grandes envolvidos, iria ver-se que verdade desportiva havia nos campeonatos. Sabemos como tem sido considerada a verdade desportiva ao longo destes anos, como são avaliados os lances consoante a equipa que equipe de vermelho, de verde ou de azul.

Ainda nesta última jornada, vimos um penálti por marcar contra o Benfica, embora sejam penáltis do tipo nunca marcados contra o Benfica. Vimos um penálti inexistente concedido ao Benfica sem precisar dele para vencer, como muitos penáltis gratuitos lhe são dados. Houve um penálti também simpático a favor do Sporting, sem dele necessitar com 3-0 no marcador. Houve um penálti por marcar para o FC Porto, outro assinalado e com toda a justeza e um golo mal anulado do qual nenhuma televisão, e hoje são 4 canais (com a SportTV), pôs as imagens no ar.

Ser falta ou o árbitro entender que não

Se há 25 anos, até para romper com a liderança do clube de quem não queria afrontar o poder político instalado na capital, Pinto da Costa primeiro revoltou-se contra o comodismo que afundava o clube, a ascensão do FC Porto foi tolerada, em nome do bom tom democrático e de se esbater as diferenças de Lisboa para o resto do País, mas há muito ela deixou de ser admitida.

Tanto que, se algum benfiquista empedernido com tempo de antena disser que era tempo de ele sair da presidência do FC Porto, nada há de novo, embora muitos benfiquistas suspirassem, sem saber até onde chegará a presidência dos títulos, por um Pinto da Costa no seu clube.

Mesmo algum portista com microfone aberto e desassombro na linguagem pode alvitrar que é tempo de mudar de presidente, até porque vozes dessas têm sempre mais ouvintes…

Mas Pinto da Costa não só emergiu contra o poder da capital, esgrimindo com vitórias desportivas para as quais se exigia isenção a começar nos próprios organismos (ainda hoje em falta com as condições básicas para organizar campeonatos), como teria ainda de reinar por mais 25 anos para ver se a televisão, meio de comunicação que por excelência nivela o interesse popular, ajudaria o futebol a entrar nos eixos já que dele depende também para sobreviver.

Hoje, 25 anos depois do 1º dia de Pinto da Costa, com a multiplicidade de canais, locutores, jornalistas, meios técnicos, replays, vozes-off, comentadores, ainda há lances favoráveis ao Benfica/Sporting que são descritos como “penáltis indiscutíveis” e outros lances contra o Sporting/Benfica que instauram o silêncio nas transmissões que é o pior possível em televisão.

Mas no caso do FC Porto, a norma é “um lance polémico em que o árbitro entendeu não marcar falta”, nunca “um penálti evidente por marcar para o FC Porto” como sucedeu com Fucile.

Uma coisa é o jornalista emitir opinião e deve fazê-lo (ou nunca o faça), outra é atribuir a responsabilidade a terceiros, mesmo que sejam os próprios árbitros do jogo.

PS: Hoje há já um jogo das meias-finais da Champions League. Não se esqueçam de actualizar as vossas equipas do Fantasy Football.

23 abril 2007

Com alma de campeão

FCPorto 3-1 Belenenses
Adriano 9', Lucho 45' (gp), Nivaldo 49' e Bruno Alves 85'

Mais três pontos, mais três golos e faltam só mais três vitórias. Está cada vez mais perto o grande objectivo e esta vitória foi grandiosa, não tanto pela exibição da equipa, que não tendo sido nada má teve alguns erros, mas por tudo o que envolveu o jogo, desde um público fantástico e numeroso (44.728 espectadores), passando pelas abundantes oportunidades criadas e desperdiçadas, por alguma incerteza no resultado, até à estocada final que descansou todos os portistas quanto à vitória mais que merecida.

A equipa escolhida pelo professor foi a mais previsível. Foi exactamente a mesma equipa de Coimbra, apenas fazendo regressar ao meio campo Raul Meireles em detrimento de Marek Cech. Com este onze, o FCPorto entrou mais uma vez com um ritmo muito intenso, asfixiando o adversário, fazendo uma pressão alta, que acabou por levar com naturalidade ao golo madrugador de Adriano que apareceu oportuníssimo e no sítio certo para marcar numa recarga a um remate de Hélder Postiga.

Feito o importante primeiro golo cedo, a descompressão apareceu e naturalmente o FCPorto foi, aos poucos, baixando o ritmo e ficando um pouco na expectativa. Apesar disso, nunca deixou de dominar o jogo e de criar perigo. Foram várias as oportunidades e Adriano esteve no centro das principais, desperdiçando-as e fazendo até pensar que esse desperdício poderia ser fatal. Felizmente isso não aconteceu e já bem em cima do intervalo, Raul Meireles desmarca fenomenalmente Adriano que ao fugir ao guarda-redes adversário é derrubado por este dentro da grande-área. Grande penalidade indiscutível que Lucho concretizou, elevando o resultado para dois golos de vantagem, acabando com este resultado a primeira parte.

A segunda parte abre praticamente com o golo do Belenenses, um golo que nasce de uma grande falta de concentração geral da equipa do FCPorto, que se esqueceu completamente de um jogador na área aquando da marcação de um canto. A partir daí o FCPorto acordou novamente e foi criando oportunidades atrás de oportunidades. Adriano por duas vezes, assistido por Bosingwa, que fez mais uma bela exibição, enviou a bola à trave. Mas o estádio gelou quando Lucho resolveu assistir um jogador adversário, que isolado, rematou ao lado. Seria o empate, mas, perante alguns assobios, Adriano pediu apoio ao público que respondeu da melhor forma e já com Anderson em campo, que substituiu Jorginho, que tem este “dom” de ir desaparecendo da partida depois de iniciar muito bem, Bruno Alves coroando mais uma exibição de excelência, marcou um bom golo de cabeça, fazendo recordar o seu colega lesionado da defesa Pepe.

Estava feito o resultado final, a ansiedade que chegou a atravessar todos os adeptos estava posta de lado e cada vez mais todos acreditam que este vai ser o campeão incontestado, conseguindo o bi-campeonato, resistindo a bolas nos postes, a lesões, a arbitragens “azaradas” e sabe-se lá mais o quê. Esta equipa, assim embalada, parece resistir a tudo, tem uma grande capacidade de sofrimento e tem sobretudo alma de campeão.

PS: As saudades que eu já tinha de ver como é belissímo o nosso Dragão à luz do dia, ainda por cima com a excelente moldura humana que teve. Simplesmente lindo.

PS2: Quem tiver televisão por cabo, nomeadamente o canal ESPN Classic, poderá ver hoje às 22H00 um documentário de cerca de 50 minutos dedicado ao FCPorto dos anos 80, intitulado "Lendas do nosso tempo: FC Porto nos anos 80". A não perder.

PS3: Já está uma nova questão na "Opinião da Bancada". Podem votar já aqui.

Qual o melhor jogador do FCPorto-Belenenses?
Bruno Alves
Bosingwa
Lucho
Postiga
Adriano
Quaresma

21 abril 2007

O jogo mais difícil? É sempre o próximo

Para os Portistas de Bancada e através da votação colocada no início da semana (que poderão ver no quadro), este é o jogo mais difícil dos que faltam ao FCPorto na presente época. Acredito que não seja tanto pelo valor do adversário, que não é de todo de desprezar, mas sim por usarem a velha máxima de que o mais difícil é sempre o próximo adversário. E é assim que um Dragão tem de encarar todos os jogos.

Das finais que faltam, a próxima é já amanhã, com uma vitória e sem se saber os resultados de outros jogos, restarão apenas três vitórias para alcançar o tão desejado título. O professor, na conferência de imprensa de antevisão do jogo, já disse que a equipa está com a concentração ao máximo e que aprendeu a não facilitar nunca mais enquanto os títulos não estiverem nas mãos. Nada de faixas antecipadas, nada de foguetes antes da festa, até porque ainda falta muito para o fim e é assim com esta mentalidade que queremos que o FCPorto se apresente.

O adversário vem de uma meia-final com 120 minutos de jogo, está desgastado fisicamente, mas o nível psicológico está como nunca esteve depois de se apurar para a final da taça de Portugal e como disse o próprio Jesualdo, «quando se ganha, a fadiga é mais facilmente recuperável». Assim não se esperam facilidades da equipa que ocupa actualmente o quarto lugar da liga, e, como disse novamente o professor, não podemos cair no erro de achar que a fadiga trará facilidades ao FCPorto.

Depois da vaga de lesões, e apesar de ainda alguns jogadores estarem “de baixa”, Raul Meireles está apto, assim como Lisandro Lopez e Ibson. O português poderá até, e pelo que se ouve na comunicação social, ser já opção para o onze inicial, ficando a dúvida se Lisandro depois de tanto tempo de paragem estará com o ritmo competitivo necessário para poder jogar de início ao melhor nível, já Ibson será apenas uma opção no banco à disposição do professor. Tenho a esperança que Anderson também já possa contribuir com a sua magia desde início e isto apesar de com isso ter retirar da equipa Jorginho, que tem estado simplesmente excelente, sendo um verdadeiro jogador de equipa. Assim, trocando apenas M. Cech e Jorginho, respectivamente, por R. Meireles e Anderson e usando a mesma táctica do jogo anterior a minha equipa seria esta:

Este é mais um grande, importante e decisivo jogo rumo ao 22º título do FCPorto. Este é mais um jogo em que o estádio tem de estar lotado para que o apoio à equipa seja uma mais valia decisiva no desenrolar da partida. O Dragão tem de deitar fogo até o título estar “carimbado” em definitivo. O 12º jogador é cada vez mais importante na carreira da equipa neste campeonato. Nenhum portista neste momento deve, na medida do possível, descartar-se da responsabilidade que tem em apoiar equipa, por isso, AJUDEM A ENCHER O DRAGÃO PARA FAZER DESTE CLUBE NOVAMENTE BI-CAMPEÃO.

FCPorto - Belenenses, Domingo, 19H15 - TVI

PS: Quero só acrescentar a este post o que Jesualdo Ferreira disse sobre o presidente, para ele, Pinto da Costa tem «uma liderança incontestável e assume uma postura frontal contra o poder instituído», disse ainda «Os 25 anos de Pinto da Costa na presidência do FC Porto tiveram como resultado o crescimento impensável de um clube que era visto como sendo de província. Na altura, era inimaginável que o FC Porto pudesse atingir uma dimensão global, alcançando níveis competitivos e organizativos invejáveis. Pinto da Costa fez do FC Porto o clube português com mais títulos internacionais e só não é aquele que tem mais títulos nacionais devido ao regime vigente que o precedeu e o qual teve de afrontar. Conflituar para ganhar e para ser mais forte é uma atitude muito nobre e estou seguro de que tem ainda muito para dar ao clube, apesar do muito que já deu.»

20 abril 2007

Pinto da Costa e a sua recandidatura

O presidente Pinto da Costa tem nos últimos dias proferido algumas palavras em órgãos de comunicação social, mais precisamente ao semanário Sol Online. Tem falado sobretudo da sua candidatura e das eleições que se vão aproximando.

Aos poucos se vão conhecendo as suas intenções para o mais que certo mandato a que vai presidir, como o próprio disse, contra tudo e contra todos. Não são muitas as suas declarações mas algumas são um pouco surpreendentes, outras talvez um pouco enigmáticas e ainda outras provam que ele ainda tem muito para dar ao FCPorto.

Pelo que disse, e para se candidatar novamente, impôs a si próprio algumas condições e a primeira era «fazer alguma coisa nova» já que «para gerir o dia-a-dia, 25 anos já bastavam». Essa condição estava logo à partida assegurada já que quer cumprir o grande objectivo a que já se tinha proposto, o de construir o que se irá chamar de "Dragãozinho", o «pavilhão gimnodesportivo, cuja primeira pedra será lançada segunda-feira».

A segunda condição imposta tem a ver com o aparecer ou não de uma candidatura credível, diz o presidente: «Se aparecer alguém com um projecto credível, como por exemplo o eng.º Belmiro de Azevedo, apoiarei essa candidatura. Por isso, vou aguardar até sexta-feira. Se não aparecer ninguém credível, vou avançar».

Já ontem, ao mesmo semanário, o presidente mostra que irá fazer algumas mudanças no seu elenco directivo e a primeira vítima é o presidente do Conselho Fiscal do FCPorto, Domingos Matos. Diz o Pinto da Costa, justificando o afastamento, que «Não há nada de pessoal, tenho por ele, aliás, grande consideração. Unicamente, não faz sentido ter como presidente do Conselho Fiscal do FC Porto um administrador do grupo proprietário de títulos como o Record e o Correio da Manhã, que como é do conhecimento geral mantêm uma perseguição permanente ao FC Porto e ao seu presidente». Veremos se ficam por aqui as mudanças.

Hoje deverá ser apresentada a lista completa da candidatura do presidente Pinto da Costa para este mandato. Entretanto já foi apresentada a sua lista para o Conselho Superior do FCPorto e que até tem alguns nomes curiosos. A lista A apresenta-se com os seguintes nomes: Pôncio Monteiro, José Lourenço Pinto, Manuela Aguiar, Nuno Cardoso, Rui Moreira e os presidentes de Câmara António Bragança Fernandes (Maia), António Borges (Resende), António Pereira Júnior (Paredes de Coura), Jorge Magalhães (Lousada) e José Mota (Espinho). Existe outra lista da iniciativa de Faria de Almeida mas que até hoje ainda não foi apresentada e será possível nem o ser.

Curiosamente este fim de semana deverá sair para as bancas a nova biografia do presidente de seu nome "Pinto da Costa - Luzes e sombras de um Dragão", da autoria da jornalista Felícia Cabrita, aproveitando talvez o mediatismo da recandidatura à presidência do FCPorto. Talvez tenhamos no livro finalmente algumas respostas a tudo o que se tem passado. Aguardemos.

PS: Será que irá haver alguma candidatura surpresa de última hora?

19 abril 2007

Porque o futebol também é isto...

Hoje decidi fazer um intervalo no que ao FCPorto diz respeito. O campeonato está no momento de todas as decisões e para que a ansiedade no rumo para o bi abrande um pouco, resolvi dar aos Portistas de Bancada alguns momentos de boa disposição.

Corre num site alemão uma votação para o golo mais idiota da história do futebol, pelo menos o golo mais idiota dos que têm uma gravação de vídeo escolhidos pelos autores do site. E porque as infelicidades de uns podem ser as alegrias de outros, aconselho-os verem todos os golos, tem momentos simplesmente hilariantes, acreditem que se vão rir e muito.

Deixo-vos a minha escolha para os três golos mais idiotas:

- O meu preferido, N.º8 da lista



- O meu 2º classificado, N.º2 da lista



- o meu 3º classificado, N.º9 da lista



Podem ver todos os golos e votar aqui. Já agora digam qual para vocês é o mais idiota. Se por acaso se lembrarem de outros, agradeço que os refiram.

18 abril 2007

Pinto da Costa por mais 3 anos, contra tudo e contra todos

"O presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, vai entregar a sua recandidatura à presidência do clube até ao próximo dia 25 de Abril, informou hoje fonte próxima do candidato.

Segundo a mesma fonte, que falava após o jantar de inauguração da Casa do FC Porto de Coimbra, Pinto da Costa concorre à presidência da direcção, acompanhado por Sardoeira Pinto na Mesa da Assembleia-Geral e por Domingos Matos à frente do Conselho Fiscal.

As eleições realizam-se no próximo mês de Maio e o mandato de três anos irá até 2010, altura em que, se for eleito, Pinto da Costa completará 28 anos à frente dos destinos do actual campeão nacional de futebol.

Tudo indica que irá disputar as eleições do clube sem concorrência, uma vez que até ao momento, segundo Sardoeira Pinto, presidente da Assembleia-Geral, ainda ninguém entregou qualquer candidatura.

Durante o seu curto mas inflamado discurso, Pinto da Costa manifestou a sua emoção e felicidade por estar em Coimbra, cidade que acolheu o seu irmão Eduardo Onório, a quem prestou homenagem.

Na parte final da palestra, Pinto da Costa referiu que «o FC Porto é eterno» e que iria lutar pelo clube «contra tudo e contra todos», deixando no ar a intenção de continuar a gerir os destinos do FC Porto."

14/04/2007 In semanário Sol.pt


25 anos de êxitos

Pinto da Costa assinalou ontem 25 anos de êxitos na presidência do FCPorto. É indiscutível que foi e será por muitos anos o melhor presidente que alguma vez tivemos. Foi ele que transformou o FCPorto no grande e glorioso clube que ele é hoje. Como portista só tenho de lhe dar os parabéns e de lhe estar eternamente agradecido por todas as grandes alegrias que me deu.

Como será mais que certa a sua continuação como presidente do clube por mais três anos, o meu grande desejo é que esses brilhantes 25 anos de êxito se transformem em 28. Enquanto estiver na presidência do clube será sempre o meu presidente, sempre, o que não quer dizer que ele, e principalmente a direcção a que preside, estejam imunes às minhas críticas. Sempre disse que acima de qualquer homem está o clube, mesmo que esse homem seja Pinto da Costa, além de que um dia alguém disse "Pinto da Costa quando decide sozinho, normalmente decide bem, já o contrário...".

Assim, dou por fechada a votação que tanta "tinta" fez correr e dou pela minha parte encerrado este assunto pelo menos até ao fim deste novo mandato do presidente, não fazendo sequer mais comentários sobre a votação para não ferir susceptibilidades. Deixo só o resultado da Opinião da Bancada às 00H00 do dia 17/04/2007 (para verem o quadro real basta clicar na imagem):

PS: Está já uma nova votação na "Opinião da Bancada". Podem votar já.

Qual acham ser, dos cinco jogos que faltam ao FCPorto até ao final do campeonato, o jogo mais difícil?

FCPorto - Belenenses
Boavista - FCPorto
FCPorto - Nacional
P.Ferreira - FCPorto
FCPorto - D.Aves