Boavista 2-1 FCportoR.Silva 15', Zé Manuel 50' e Lucho 71'
Qualquer campeão, ou pretendente a campeão, tem direito a ceder uma derrota, a ter um dia mau, mas tudo depende de como ela é cedida e o que se viu neste jogo é algo absolutamente inexplicável. A culpa não pode morrer solteira, ela tem de ir directamente para quem comanda a equipa, para quem é responsável por ela durante a semana, para quem é responsável por fazer os jogadores entrarem com espírito de campeões e
para quem tem a responsabilidade de alterar o que está mal durante o jogo. Se os imprevistos podem alterar por completo uma estratégia delineada durante os vários treinos que antecedem a partida, já o que está errado durante jogo, e que está à vista de todos, sem que o responsável nada faça para alterar, é algo que já não se pode compreender. Mas é evidente que um treinador não pode levar com todas as culpas sozinho, se os jogadores não mostrarem raça, empenho e trabalho, por vezes pouco se pode fazer, e hoje terá sido um pouco de tudo isto que aconteceu.
Sabíamos qual o tipo de futebol do adversário, um estilo durão e raçudo, bem à imagem do seu treinador, uma equipa que tem como única virtude a sua entrega, virtude essa disfarçada só com alguma técnica de dois ou três jogadores. Aceitamos que a equipa inicial do FCPorto deveria ser, mais jogador, menos jogador, a dos últimos jogos, que boa conta de si deu. Mas a partir do momento que se viu que o meio campo azul-e-branco estava em clara inferioridade e que lhe faltava a dureza necessária para enfrentar o muito combativo meio-campo do Boavista, coadjuvado por um árbitro complacente, algo teria de ser alterado. E isso, todos vimos logo nos primeiros minutos com o FCPorto a ver jogar, a errar passes, a perder bolas, a nem sequer passar do seu meio-campo. Algo estava mal, algo tinha de ser mudado e a somar a tudo isso tivemos uma defesa que, após alguns lances mais apertados
, parecia tremer quando a bola se aproximava, nascendo assim o primeiro golo dos homens da casa logo aos 15 minutos, sem qualquer culpa para Helton, com o normalmente imponente Bruno Alves a deixar-se antecipar.
Esperava-se uma reacção do FCPorto, mas essa foi ténue por parte dos jogadores, já do banco foi inexistente. O jogo foi-se arrastando até ao final da primeira parte, apenas havendo a salientar uma ou duas grandes defesas do Helton, que hoje fez uma excelente exibição. Arrastando-se também foram os jogadores portistas, com especial destaque para Postiga, e isto com os do Bessa a controlarem a seu belo prazer.
Para a segunda parte o inexistente Postiga foi finalmente substituído por Anderson, mas o meio-campo portista continuava perdido, já que o substituto de Postiga foi para o seu lugar no ataque. Continuava o frágil Jorginho entre os duros do Boavista, que chegavam e sobravam para um Lucho e Meireles abandonados à dureza do seu trabalho. De qualquer das formas notou-se que o FCPorto tinha entendido que uma derrota poderia ser um grande passo atrás na con
quista do grande objectivo final e já se viu mais querer, apesar de muito inconsequente e num lance de contra-ataque, como que a fazer crer que existem dias em que tudo acontece, os boavisteiros acabam por marcar o seu segundo golo.
Só depois do Lisandro entrar, a mais ou menos meia hora do fim, e com o recuo de Anderson para o meio campo, começou-se a ver mais FCPorto e numa excelente desmarcação de Adriano, este é rasteirado dentro da área. Penaltie que Lucho concretiza e reduz para 2-1. Renascia a esperança num melhor resultado, até porque o guarda-redes adversário foi expulso, passando os da casa a jogar com menos um jogador. A partir daí só deu FCPorto e foi com naturalidade que se foram vendo lances de algum perigo perto da baliza adversária, mas que nasciam de jogadas pouco pensadas, sem muito discernimento, em que apenas Anderson parecia querer colocar ordem à casa. Via-se que o coração já pensava mais que a cabeça, via-se que só por muita sorte se poderia chegar sequer ao empate. E assim terminou o jogo com o FCPorto a jogar, desde a saída de Cech para entrar Renteria, apenas com três defesas no desespero de chegar ao golo.
Quaresma merece que lhe dedique umas linhas, ou melhor, se calhar, e pelo que fez hoje, não merecia sequer que o referisse, mas cá vai. Existem jogadores pelos quais nada ou pouco esperamos e se estes falham, quase nem ligamos. Mas Quaresma é um grande jogador capaz de coisas incríveis, capaz de estar um jogo até muito apagado e de um momento para o outro resolvê-lo em favor da sua equipa. Mas o Quaresma de hoje, mesmo que resolvesse o jogo num desses lances, teria de levar uma nota muito negativa. Negativa por só jogar para si, desrespeitando o trabalhos dos outros, negativa por ter perdido um sem número de bolas infantilmente, negativa por nada ajudar na defesa e negativa por ter levado um cartão amarelo completamente desnecessário que o impede de ser opção no próximo jogo (tal como Bruno Alves). O Quaresma de hoje foi para mim o pior em campo, o Quaresma de hoje não tem lugar em nenhuma equipa desta primeira liga.
Agora mais que nunca o derby de hoje assume uma grande importância para o FCPorto, já que um empate manteria os dois mais directos competidores à distância. Mas o FCPorto continua em primeiro, seja qual for o resultado, e continua a depender de si próprio. Só espero que tenha servido de aviso o que se passou no Bessa, para que não tenha de depender dos outros.
PARABÉNS HEXA-CAMPEÕES
Parabéns à equipa de hóquei em patins do FCPorto pelo hexa-campeonato ganho ontem no pavilhão de Fânzeres, tendo vencido pela terceira vez o Benfica neste fase final do campeonato. Desta feita foi por um concludente 5-0.
PS: Na Opinião da Bancada está uma nova questão. Responda já aqui: