30 novembro 2007

A Liga dos lampiões

Como virar o bico ao prego é tão fácil para as equipas do “quase” e o Chelsea mostra a Portugal que depois de um treinador bem sucedido sair há vida no futebol

Vão ver que, esvaziado o caso Bosingwa no alegado confronto com Jesualdo a quem se exigia chicote e racionamento de comida para o (in)subordinado que exprimiu em mau português (língua muito traiçoeira…) uma opinião sobre o que se passou na Amadora; ultrapassado o obstáculo V. Setúbal, que empatara em Alvalade e na Luz (eliminando depois o Benfica da Taça da Liga) e seguia imbatível nas provas domésticas; a derrota “à inglesa” que não belisca minimamente o FC Porto na Champions e um empate festejado em Lisboa que não tira sequer a equipa da iminência da derrocada europeia da “melhor equipa dos últimos 10 anos” a caminho do “colosso em 2011”, vai ser o suficiente para fazer atemorizar o líder da Bwin Liga no sábado na Luz.

De uma Liga a outra, a versão dos lampiões vai fazer encher manchetes e garrafões.

Ontem, no final dos jogos da Champions em directo na SportTV 1 e 2, as coisas terminaram como começaram, especialmente para os apreciadores de estatísticas líquidas que não requerem muitos raciocínios e qualquer burro entenderá.

O FC Porto perdeu em Anfield, continua em 1º do seu grupo, basta-lhe um empate na recepção ao Besiktas e se vencer, com alguma lógica, arrisca-se a terminar na frente do Grupo A.

O Benfica empatou na Luz com o Milan que só precisava de um ponto para se qualificar a uma jornada do fim. A euforia foi tal que, primeiro deu-se conta de que ainda havia hipóteses de seguir na Champions, sem cuidar de saber-se que o Celtic venceu, uma vez mais com sorte e aquela garra que lhe permitiu marcar sobre o 45º e o 90º minutos, arrumando o Benfica da fase seguinte; depois, o tal empate permite ao Benfica… hã, hum, hã, poder ainda continuar para a Taça UEFA mas tem mesmo de vencer na Ucrânia aos mineiros de Donetsk que sepultaram a Luz com bom futebol e 0-1 inapelável no jogo de cá.

A fanfarra teve as habituais honras televisivas. Arranca a emissão da noite e só se ouve Benfica. Primeiro, o Benfica do engano: pode seguir na Champions; depois, o Benfica da reparadora saída para a UEFA, hã, hum, hã, se vencer o Shakhtar que já provou ser a 2ª melhor equipa do grupo. Reportagem com o erro primário, depois reparado mas sempre reportagem, um empate com o campeão europeu que fez o serviço mínimo em Lisboa. Acabou a Champions para o Benfica, mas parece ser a Liga dos Lampiões…

Muda-se para a RTP. Começa com o Benfica. Esteve perto de ganhar, embora parecesse que esteve perto também de perder. Mas o resultado final, que até pareceu justo, não altera nada. Mas o alinhamento dos jogos é mais do mesmo. Porém, a RTP já decalca a TVI: mete jogos da véspera com Barca, Lyon, Inter, PSV, antes de jogos do dia. Salgalhada. Nem o Real Madrid mete mais respeito…

Anfield “rap”
O FC Porto perdeu e foi relegado para plano secundário. Acha-se justa a derrota, mas percebeu-se mal ou tem explicações pouco perceptíveis para resultado tão enganador. Leio os comentários nesta Bancada e fico estarrecido. Mas percebi: a culpa é do treinador porque mete mal o onze; só Jesualdo acredita em Stepanov e lhe devolve o lugar de central; e Jesualdo não arrisca.

O FC Porto sofreu dois golos de canto, qual deles o mais anedótico; sofreu um penálti que pensei só ao alcance dos árbitros portugueses, com falta do atacante transformada em castigo para Stepanov; sofreu um golo que o Liverpool não sofreria, pois um Mascherano haveria de dar uma trancada em alguém, como deu pelo jogo fora com a complacência da arbitragem, uma cacetada que um portista, nem cheguei a vislumbrar qual, não deu na linha do meio-campo quando a jogada se iniciou lá pela esquerda. Apesar desse lapso que qualquer Binya ou Petit resolveria, a verdade é que Kewell ganha dois ressaltos a Bosingwa, a sobra vai para Torres que ganha novo ressalto a Stepanov e marca. Uma inacreditável sucessão de meias-jogadas deu em golo aos 78’ que não se vislumbrava. Eu, pelo menos. E, creio que Jesualdo.

Mariano, erro de casting original, não jogou grande coisa e estava desgastado quando saiu. Mas dava-se pouco por Kazmierczak e ele fez um bom jogo. Impôs o seu físico, o que é importante nestes jogos, cruzou bem e Lisandro marcou. Kaz estava a sentir-se bem e saiu. Mal. Estava 1-1 ainda, lembre-se. Mas percebia-se que a equipa saía mal a jogar. O Liverpool vai atacar em massa mas Jesualdo não percebeu. Kewell num flanco é só o sinal do que vem aí. Alguém para romper, tirando Voronin que joga na frente com Torres mas a mobilidade de ambos não fez mossa na defesa portista.

Jesualdo arrisca, quer melhor saída da bola e transição correcta que a “ausência” de Quaresma não facilita. Está 1-1, sai Kaz entra Meireles, sai Benayoun e entra Crouch, adivinha-se o chuveirinho mas Jesualdo, que tirara Kaz, não compensa com Bolatti para reforçar o eixo defensivo e ganhar a 2ª bola, se não a primeira… O 2-1 nem devia existir, tal o encadeamento fortuito que lhe dá origem. Mas porque alguém não travou o portador da bola na zona morta onde se iniciou a jogada. Antes, porém, saiu Mariano, ainda e sempre mal a passar, como Cech tremido, como Stepanov aflitivo, e Tarik era a opção para esticar o jogo, colocar a pressão à frente, retirá-la da área portista onde a bola era bem cortada e mal jogada.

Aquele 2-1 foi caricato mas acontece. O penálti é digno de um qualquer João Ferreira ou quejando. O 4-1 acrescenta vinagre na ferida.

Foi por isto que o Porto, “fraquinho” para alguns mas que conteve bem o Liverpool e podia ter dado a volta ao resultado ainda na 1ª parte, perdeu. Mas nada está perdido.

Aposto, porém, que há empates valorizados como vitórias, derrotas sem consequências de maior que serão “valorizadas” como catastróficas e os três pontos de sábado, para outra competição, nunca valerão quatro, o FC Porto continuará líder, sereno, com o destino nas suas mãos, por muito que virem o bico ao prego nos próximos dias.

Circo, palhaços, bolos, tolos e coisas fora de horas
O circo, porque vem aí o Natal, teve mais uma antestreia leonina, a quem voltaram a não deixar marcar um golo ilegal e até Queiroz percebeu que a Filipe Soares Franco alguém devia dizer “por que non te callas” após certas horas do dia.

O circo, porém, com o outro clube de Lisboa, quis ser agradável, também aqui. Onde Queiroz falou em jogadores bons a seguir com atenção, como M. Veloso, Bosingwa, Quaresma, Bruno Alves (sic), só o menino da passarela apareceu e não foi na Imprensa Cor-de-Rosa. Este desfile de vaidades vai cansando e Queiroz até conheceu um caso Dani em Alvalade… Mas isso são contas do rosário de lamentações do clube chorão por excelência. Aquele que quando ganhou a Supertaça “da forma que todos viram” era o melhor do mundo e arredores, tem sempre altos objectivos e contenta-se com mínimos conseguidos graças a dínamo de baixa voltagem. Mas parece que ir à Taça UEFA é alto desígnio. Será, lembrando-se a derrocada da época passada. Mas talvez Liverpool e Bayern não consintam outra desfeita leonina.

Ainda na Europa, a qualificação do Chelsea não acabou realçada. Um eremita israelita, a quem condenaram a vaguear no deserto talvez por 40 anos, fez o que Mourinho não conseguiu. Um exemplo para Portugal, onde os profetas da desgraça não acreditam que haja vida para lá de qualquer salvador ou vendedor de banha da cobra…

Nesta semana só de episódios, o blogue da bola mais paradigmático do regime até se lembrou de dizer que o benfiquista Jorge Sousa, acolitado de resto pelo benfiquista de Valongo José Luís Melo, é má escolha para o clássico… Não há dúvida que palhaços não faltam e com papas e bolos se enganam os tolos.

29 novembro 2007

Alguém terá de pagar esta factura

Liverpool 4-1 FCPorto
Torres 19', 78', Lisandro 33', Gerrard 84'(gp) e Crouch 87'
Equipa: Helton, Bosingwa, Stepanov, B. Alves, M. Cech, P. Assunção (H. Postiga 81'), Kazmierckzak (R. Meireles 65'), Lucho, M. Gonzalez (Tarik 77'), Lisandro e Quaresma

45.000 espectadores

Existem jogos assim, jogos em que tudo parece estar sob controlo e de repente… Uma derrota em Liverpool, temos que reconhecê-lo, é algo que pode acontecer a qualquer equipa de topo mundial, mas uma goleada sofrida por quem normalmente vence, deixa qualquer adepto de rastos. Não deixam de ser números completamente exagerados, não reflectindo, de todo, o que se passou em Anfield Road. Quem não tiver visto o jogo pode ficar convencido terá sido fácil para os ingleses abaterem o Dragão, mas a realidade é que até perto de 15 minutos do fim o resultado estava completamente em aberto e poderia ter sido bem diferente.

Jesualdo Ferreira parece não aprender com os erros. Depois de em jogos europeus anteriores ter mudado a equipa e o resultado ter sido sempre o mesmo, a derrota, voltou a fazê-lo e a realidade é fria e crua, resultou novamente em derrota e pesada. Mas desta vez nem acho que tenha sido pelas mudanças que este triste resultado aconteceu. A táctica acabou por ser o mesmo 4-3-3 e apenas três jogadores foram mudados em relação ao jogo de sábado. Pedro Emanuel foi rendido por Stepanov, o que se compreende pelo poder físico dos ingleses e a velocidade dos seus avançados, Raúl Meireles foi rendido por Kaz, mais uma tentativa em ganhar altura e poder físico, e Tarik deu lugar a Mariano Gonzalez, aqui foi um claro indício que a táctica nem sempre seria de três avançados fixos, o que seria normal tendo em conta o adversário.

O jogo começou com o normal ascendente da equipa da casa, o FCPorto, mesmo sem grandes investidas dos reds, conseguiu segurar o jogo, mas as perdidas de bola eram muitas, principalmente de M. Cech (onde estava o Fucile?) e do estreante Kaz. Normalmente iam surgindo alguns lances de relativo perigo que a defesa portista ia resolvendo e aos 28 minutos, na marcação de um canto e numa escorregadela de Lucho, Torres, sem oposição, cabeceou para a baliza desamparada de Helton. O FCPorto reagiu bem e começou a ter mais posse de bola. Kaz, perdidos os nervos iniciais, vinha subindo de rendimento e numa excelente iniciativa individual cruza para o sempre surpreendente Lisandro Lopez (ainda gostava de saber quantos km correu este lutador) que marcou um grande golo. A partir daí e até ao intervalo o controlo do jogo estava completamente nos pés dos portistas.

Para a segunda parte esperava-se um Liverpool mais contundente no ataque, mas o que se viu foi um jogo completamente repartido e as oportunidades surgiram dos dois lados, sendo que até as mais perigosas surgiram na baliza de Reina. Kaz, que estava bem, foi substituído por Meireles, e Mariano, que até estava a fechar bem o seu lado, foi substituído por Tarik. Surgiu então o lance que resolveu o jogo, digo resolveu porque a partir desse lance o jogo acabou, tendo o FCPorto saído completamente dele. Novamente Torres, e num lance de insistência, conseguiu passar pelo meio de Bosingwa e Stepanov ficando só em frente a Helton que nada mais poderia fazer, passando então o Liverpool para frente do marcador. Empolgados pelo seu público, os reds não mais pararam de pressionar e num lance em que Stepanov sofre falta, inocentemente e mostrando que ainda não está preparado para estes ambientes, mete mão à bola e o árbitro marca penaltie. O quarto golo surge num lance em que Helton é impedido de chegar à bola por um avançado do Liverpool, sendo assim carimbada a goleada.

2-1 ou 4-1 vale exactamente o mesmo em termos pontuais. O FCPorto segurou o primeiro lugar de qualquer das formas, graças à vitória do Besiktas frente ao Marselha, continuando a depender de si para continuar na champions, bastando fazer um ponto para tal, para ser primeiro no grupo tem apenas de vencer os turcos no próximo jogo no Dragão, o que não é nada do outro mundo. O que aconteceu depois do dois a um, tem de ser visto e revisto, tendo transformado um resultado normal naquilo que muitos apelidarão de humilhação. Que sirva para aprenderem a controlar as emoções e a saberem reagir após sofrer um golo. Que sobretudo sirva para espicaçar os jogadores para o próximo jogo e os faça pensar que alguém terá de pagar esta factura.

Liga Intercalar
FCPorto 3-1 Trofense
Adriano 19', 86' e Rui Pedro 23'

Equipa: Ventura, Eridson, João Paulo, André Pinto, Lino, Castro, Leandro Lima, André André (Graça 89'), Rui Pedro, Adriano e Edgar (Tengarrinha 72')

1500 espectadores

28 novembro 2007

Liga Portistas de Bancada - TopTen


Equipa da 5ª jornada - My Team (Carlos Bessa) - 68pt

Observações:
- O primeiro classificado da Liga Portistas de Bancada, o Chycko do "mister" Francisco Castro, num total de 301.435 equipas, está no 357º lugar, tendo subido quase 300 lugares;

- A Liga Portistas de Bancada, num total de 16.891 ligas, está no 89º posto.

- Número de participantes da Liga Portistas de Bancada - 107 equipas.

Fazer história

O jogo não é fácil, muito longe disso. Uma derrota em Liverpool é um resultado normal para qualquer potência do futebol mundial. O vice-campeão europeu, para além das dificuldades que colocaria a qualquer equipa, fosse em que circunstância fosse, no seu mítico estádio, necessita de vencer para manter aspirações a continuar na champions. Mas este facto até poderá jogar a nosso favor e sabemos que o FCPorto nos habituou a lutar pela vitória em qualquer estádio do mundo, mesmo nos mais difíceis ambientes, não deixando de ter a perfeita noção de que Anfield Road é mesmo dos mais complicados para um visitante.

Os Dragões encontram-se numa posição confortável nesta edição da Champions, liderando o seu grupo, e um empate poderá, já hoje, garantir o acesso à fase seguinte, caso o Besiktas no seu jogo na Turquia não vença o Marselha. Mas jogar para o empate normalmente não resulta e o FCPorto tem apenas de tentar impor o seu jogo habitual depois de superada a pressão inicial que os ingleses com toda a certeza farão. Vencer, além de dar a garantia da manutenção do primeiro lugar, seja qual for o resultado do outro jogo, faria com que o FCPorto estivesse a apenas um pequeno passo de conseguir o primeiro lugar da classificação nesta fase da prova, com o que isso traria de bom face aos difíceis primeiros classificados de outros grupos.

A equipa terá de ser a de sempre, com o esquema com que tem vindo a jogar e a que os jogadores estão rotinados. Nos últimos dois jogos feitos em Inglaterra, já com Jesualdo no comando da equipa, a equipa foi alterada e, apesar de com o Chelsea a primeira parte ter sido boa, o que é certo é que os resultados foram negativos, mostrando talvez que o ideal é não ser alterada a filosofia de jogo a que a equipa se habituou. A única dúvida no onze inicial é entre Pedro Emanuel, que esteve bem no seu regresso no passado sábado, e Stepanov que, apesar de mais inexperiente, tem mais velocidade e um porte atlético mais capaz para fazer face aos avançados do clube inglês. Ainda assim arrisco a continuação de Pedro Emanuel, que além do referido, poderá servir de voz de comando dentro do campo, não deixando nunca os níveis de concentração baixarem.

Já no Dragão ficou provado que este Liverpool pode estar perfeitamente ao alcance do FCPorto. Com uma vitória hoje estes jogadores entrariam para a história, já que nunca o FCPorto o conseguiu fazer em Inglaterra, e esse terá de ser o estado de espírito que domina a mente dos jogadores. Vamos fazer história.

Liverpool - FCPorto, SportTv2 - 19H45

Liga Intercalar
Inicia hoje a Liga Intercalar, competição criada este ano e organizada pela Associação de Futebol do Porto, em que participa o FCPorto. Esta competição, já debatida no Portistas de Bancada aqui, tem como objectivo principal dar competição aos jovens jogadores que saiam das camadas jovens do clube e por outro lado dar ritmo aos jogadores menos utilizados do plantel principal.

O FCPorto neste primeiro jogo de hoje contra o Trofense, que está marcado para as 15H00 no Centro de Treinos do Olival, será orientado por João Pinto e Rui Barros, contando também com a colaboração do treinador dos sub-19 Patrick Greveaars.

Um jogo por jornada terá transmissão televisiva no PortoCanal e como curiosidade fica a informação que os comentadores serão dois senhores da rádio bem conhecidos de todos nós, o mítico Gomes Amaro e Bernardino Barros.

FCPorto - Trofense, 15H00 - CTFD

27 novembro 2007

A mulher de César não se livra da suspeita…

A arbitragem de Xistra, os que erram porque querem, os castigados e os protegidos e cumprimentos que os portistas não deviam dar nem em nome do fair-play – o Xistrema

Palavra que vou falar do FC Porto-Setúbal, de Carlos Xistra, de arbitragens horrorosas e do escamotear permanente da verdade pela Imprensa Destrutiva e dos pés-de-microfone com menos neurónios do que Jaime Pacheco na avaliação de Mourinho; até garanto tocar a honra da mulher de César, mas começo por um exemplo digno, ou a moeda das duas faces que me levam a Inglaterra e a Scolari. Assim:

Mladen Petric marcou o golo croata que eliminou a Inglaterra do Euro-2008. Andaram por aí vagamente a saber coisas deste móvel avançado (hoje seria bósnio, mas cresceu na Suíça de pais croatas) que começou por se mostrar… nas Antas, onde assinou um belo golo pelo Grasshoppers, em 2001, tinha 20 anos, num jogo que o FC Porto empatou (2-2) com golo de um certo Hélder Postiga quatro minutos depois de Octávio o lançar, como estreante, na 2ª parte.

Petric, que foi melhor marcador na Suíça pelo Basileia (19 em 24 jogos) até transferir-se para o Borússia Dortmund, está lançado na fama como é digno de quem ousa destacar-se frente a qualquer equipa inglesa: mesmo uma equipa banal como a da selecção dos Três Leões, cujo futebol não deixa marca em competição alguma desde o Mundial-90 quando Bobby Robson deixou de ostracizar um genial Paul Gascoigne. Um golo como o de Petric dá a fama e, normalmente, o “herói” aceita todas as comendas e prebendas dos ignaros ingleses quais basbaques de cada vez que um desconhecido lhes faz frente e até os derruba. “No big deal” a Inglaterra ficar fora do Euro – e eu, admirador confesso e resistente, hoje mais do “futebol à inglesa”, sou insuspeito para o assumir – quando o único campeão europeu em falta na fase final é a Dinamarca, mas ninguém reparou porque o marketing e as agências de comunicação promovem jogadores como vendem corn-flakes – e às vezes nem ambos fazem bem às criancinhas…

Pior, a Inglaterra é tão fraca que até Scolari, o pobre coitado que continua a insultar tudo e todos, tão ébrio de pequenas vitórias como burro carregado de má educação, achou que se defenderia das miseráveis prestações de Portugal aludindo à exclusão dos sempre auto-excluídos ingleses – estes a viver num mundo à parte em matéria de futebol, tal como Scolari pensa que um estatuto, já gasto, de campeão mundial lhe valerá, qual Lorde, bajulação honorífica para o resto da vida.

Bem, o desconhecido Petric desprezou de tal maneira a Inglaterra assim:

“Gostei de eliminá-los. Acharam-se sempre superiores, mostraram uma arrogância nojenta que nos soube maravilhosamente o triunfo que os liquidou. E no final nem troquei de camisolas: A MINHA CAMISOLA VALEU MAIS NESSE JOGO do que qualquer outra inglesa”.

Xistrema
Os ingleses encaixaram com “fair-play” a derrota, mas em situações assim deve dar-se-lhes ao desprezo ou afrontar os ídolos com pés de barro como fez Petric? E o que tem isto a ver com o FC Porto?

Depois de Jaime Pacheco, farto de sofrer com erros de arbitragem, ter vindo a público assumir que “os árbitros erram porque querem” -- o que não sendo fácil de provar é do mais elementar senso comum de quem assiste horrorizado, ainda que possa sofrer retaliações das primas-donas do apito dourado nas mordomias que recebem – e sem saber como o monstruoso Lucílio Baptista “reagiu” no Boavista-Guimarães de ontem à noite, a arbitragem de Carlos Xistra no FC Porto-Setúbal é, mais uma, digna de figurar nos anais das péssimas actuações dos árbitros que enlameiam o futebol português.

Há dois anos envolvido por culpa própria num caricato penálti que assinalou mas voltou atrás (Porto-Marítimo, 1-0) e na época passada num fantasmagórico penálti digno da mancha negra (Académica-Porto, 1-2) embora patente no YouTube pelos comentários dos mafiosos do costume, Xistra foi “sorteado” (por ser uma sorte a nomeação criteriosa que até o fez equipar-se de vermelho no Dragão) para um jogo entre 1º e 3º classificados e sem perderem, coisa que, respeitando a importância dos títulos e mesmo o perfume de futebol que portistas e sadinos vinham patenteando esta época, deveria caber a um internacional. Creio que Xistra está “nomeado” para em 2008 receber as insígnias da FIFA, mas é mais um que é nacional e não presta, indigno da categoria que vão outorgar-lhe mas banal na mediocridade reinante na arbitragem

portuguesa.

A forma discricionária como dirigiu o jogo mais importante da jornada no Dragão, com prejuízo “xistramático” do FC Porto em que figura mais um penálti não marcado num dos tais “erros que os árbitros vêem mas não marcam porque não querem”, roçou o insulto.

Conseguiu dar 4-3 em amarelos aos portistas que tiveram esmagadora posse de bola ante uma equipa de bloco baixo que nunca saiu do seu bloco… de partida. Fez uma desavergonhada apitadela a qualquer encosto, prejudicando a fluidez do jogo, mais severo nos cartões com os portistas que receberam mais pancada desde que o hoje afamado Pitbull, muito procurado na semana a sonhar marcar no Dragão ou como exemplo da suspeita ordem portista de não deixar jogar os jogadores que tem emprestados por meio campeonato, cedo levou um amarelo à 1ª falta num critério não mais repetido com os sadinos em todo o jogo.

Além do penálti sobre Lisandro não marcado, à sua frente, sem alguém a prejudicar-lhe a visão do lance, Xistra enervou todo o estádio com o seu preconceituoso critério disciplinar. Faltou-lhe amarelar Quaresma, mas o miúdo evitou as diatribes que o vão marcando por todo o lado e foi a imagem do controlo emocional colectivo. Quaresma foi alvo de entradas a varrer desse tipo em forma de pipo que rebola pelos relvados chamado Adalto, decerto sedento de vingança por ter levado um nó cego e visto o Harry Potter cruzar para Adriano cabecear na vitória do Jamor em 2006 para a Taça de Portugal.

Mas Quaresma, “à bica” de uma exclusão na Luz, percebeu a ambiência e o árbitro de vermelho não teve hipótese, nem quando perseguiu com o olhar o marcador fulminante do 2-0 para saber se podia dar um cartãozito de encomenda caso ele tirasse a camisola, algo que o miserável árbitro não despiu para dar melhor exemplo.

Gatuno não era o cigano…
O Dragão chegou a entoar o clássico “gatuno”, que saudades do coro a xongar os malfeitores!, e não era para o “cigano”. Só que o público portista, cada vez mais frio e pipoqueiro, quando não da massa assobiativa, não fez, nem faz a pressão que tanta asneira justificava, o que me irritou tanto ou mais do que as apitadelas sem nexo do descabelado a purgar algum ressentimento por ser do Interior empobrecido e desertificado, alerta-o Cavaco, mas que só em Lisboa pode encontrar a cura para tal mal.

Por fim, achei lamentável que os jogadores portistas não tivessem feito como Mladen Petric: eu jamais cumprimentaria quem me tratasse com tal desdém e imerecida severidade, mas vi os jogadores portistas a fazerem-no com Xistra, que fica sem lhe mostrarem que quem não se sente não é filho de boa gente.

Ora como o mínimo que Xistra pode ouvir foi um sonoro “gatuno”, entre muitos “filho da puta”, lá temos de questionar a honra da mulher de César. Mas nem esta nem os árbitros portugueses se livrarão jamais da suspeita. E, vista a sua cor na camisola, logo voltou o “fdp, slb, fdp”, pois de um apito encarnado se tratava – resta saber se, cumprimentados os árbitros e não se enviando a queixa que é de direito, alguma comichão avaliativa da fantasmagórica CA da Liga vai tratar, por si própria, de meter este badameco na ordem se não for numa jarra por muito tempo.

Soube, mais tarde, que na TV sobraram dúvidas onde amiúde as certezas são do género “parece-me claramente”, no lance do penálti. Um tal joelho terá incomodado Lisandro, coisa de somenos para o árbitro do Xistrema. Já agora, contando com o slb (Senhor Lucílio Baptista) na Luz a “sortear” hoje entre os protegidos e mal-amados de Vítor Pereira, revejam do YouTube o tal Académica-Porto da TVI da dupla balde mar-manhoso que entremeiam com relatos na TSF como são esperados no sábado. Logo um tal Manha que tem cara em publicidade da TSF em que alegadamente dão o “score” de Jornalismo, 1 – Clubismo, 0. Resultado claramente falseado. Como fazem os árbitros do Xistrema.

Nota do Administrador: Não se esqueçam que hoje já há jornada da Liga dos Campeões, sendo que têm até hoje às 19H15 para actualizar as equipas do UEFA Fantasy Football para mais uma jornada da Liga da Bancada.

25 novembro 2007

Competência

FCPorto 2-0 V. Setúbal
Lisandro 5' e Quaresma 85'
Equipa: Helton, Bosingwa, P. Emanuel, B. Alves, M. Cech, P. Assunção (Kazmierczak 87'), Lucho, R. Meireles (Farias 87'), Quaresma, Lisandro e Tarik (M. Gonzalez 63')

37.309 espectadores

Se precisamente há quinze dias lancei o adjectivo incompetência para cima da mesa como acusação à fraca exibição da equipa na Amadora, hoje, face ao bom jogo conseguido, é mais que justo apelidar esta mesma equipa de competente. E foi precisamente isso que ela foi, uma equipa concentrada quase a 100%, que quis demonstrar aos adeptos que o que se passou naquele “fatídico” jogo não passou de apenas um tropeção do comandante, que pode acontecer a qualquer boa equipa.

O onze escalonado por Jesualdo Ferreira foi exactamente o onze avançado por mim na antevisão de jogo. O capitão Pedro Emanuel regressou em grande ao centro da defesa ao lado do Bruno Alves, demonstrando que a experiência pode mesmo ser um posto, dando muita tranquilidade àquele sector que muitas vezes não é possível obter com jogadores que têm bem menos experiência. Marek Cech foi também escolhido para substituir Fucile e, apesar de ter estado algo inseguro, não deixou, mais uma vez, de demonstrar que é um jogador sempre dedicado, com quem se pode contar quando é necessário.

O jogo começou praticamente com o golo do grande, grande, Lisandro, exemplo para todos os jogadores do FCPorto, pelo que luta, pela garra que tem, pela vontade de vencer que transmite em cada jogada. No primeiro remate à baliza dos sadinos, o argentino marca, servido pelo outro argentino de luxo que temos na equipa, após uma excelente jogada deste, dando assim a tranquilidade necessária à equipa, já que o primeiro golo contra equipas que se fecham, e o Setúbal também o fez, é muito importante.

A partir do golo sabia-se que era necessário gerir esforços, dados os jogos que aí vêm, e isto mesmo tendo sido um golo madrugador. Mas o que aconteceu foi que o FCPorto nunca deixou de procurar o segundo, tentando atacar com segurança, quase sempre pela certa, procurando sobretudo que o adversário não tivesse a bola. Mesmo assim os passes errados foram-se sucedendo, sendo que só o Paulo Assunção errou vários, parecendo demonstrar alguma desconcentração, ao contrário de Meireles que fez mais um bom jogo. Quaresma aos poucos ia subindo de produção, parecendo querer voltar ao genial jogador que lhe conhecemos e foi com alguma naturalidade que foram surgindo algumas oportunidades de golo, sendo que o resultado ao intervalo era já enganador, dadas as oportunidades criadas.

A segunda parte deu-nos o acerto quase total da equipa e principalmente deu-nos o regresso do Quaresma que nos deixa a todos deslumbrados, continuando com algum abuso nas suas jogadas individuais, como não podia deixar de ser, mas também jogando mais simples, mostrando que o Quaresma jogador de equipa é muito melhor que o Quaresma individualista.

A exibição foi quase perfeita por parte de toda a equipa, os lances de ataque e de perigo junto da baliza do Setúbal foram muitos, a equipa jogou com velocidade e o resultado só não foi aumentado mais cedo porque, além dos numerosos lances desperdiçados, alguém, estranhamente ou talvez não, não quis ver um penaltie claríssimo sobre Lisandro. Tarik, muito apagado, deu lugar a Mariano Gonzalez que aos poucos vai ganhando confiança e jogou bem, recuperou bolas, fez até uma boa jogada em que assistiu Quaresma que, carimbando a sua boa exibição, do meio da rua, atira uma bomba para a baliza adversária fazendo o resultado final.

Foi conseguida uma exibição seguríssima para fazer as pazes com os adeptos, o regresso do génio do Quaresma que tanto ansiávamos, uma vitória moralizadora sobre uma equipa que ainda não tinha perdido esta época, mas sobretudo foram conseguidos os três pontos necessários para podermos continuar a ser líderes por, pelo menos, mais duas semanas, sendo que, na sempre difícil visita à Luz, entraremos como comandantes da liga e assim de lá sairemos.

24 novembro 2007

Sem margem para errar

Depois de um resultado negativo, o que os jogadores mais querem é voltar a jogar, para poderem refazer, perante os adeptos, a opinião negativa deixada. Eles próprios precisam que esse jogo se realize rapidamente para que consigam ter a consciência mais tranquila, sentindo que estão a cumprir a sua obrigação e poderem assim encarar os treinos com mais alegria. O que é certo é que após o empate na Amadora, e já lá vão 16 dias, não mais tiveram oportunidade para refazer aquilo a que se pode chamar de “equivoco”. Mas o ansiado jogo aí está, devolvendo também aos adeptos o verdadeiro futebol de que gostam no seu estádio.

O adversário é um surpreendente Vitória de Setúbal, que, contra todas as previsões, na classificação tem-se assumido como um candidato à Europa. Muito bem orientado por Carlos Carvalhal, e contando com alguns jogadores emprestados pelo FCPorto, entre os quais se têm destacado o Cláudio Pitbull e o Bruno Gama, a equipa sadina é uma equipa lutadora, muito organizada e muito difícil de bater, como tem provado neste primeiro terço do campeonato.

A receita de Jesualdo para este jogo deverá ser o habitual 4-3-3, mas acredito que deverá alterar um ou dois elementos no onze habitual. Nestes elementos incluo Stepanov que nem sequer foi convocado, não por castigo, já que não acho que seja assim que se proceda com jogadores que já deram mostras de qualidade, o mesmo se passando com Helton, mas sim porque, tal como Fucile, esta semana nenhum dos dois cumpriu integralmente o plano de treinos estabelecido e assim sendo deverão apenas ficar a 100% para o jogo de Liverpool. Por outro lado sou da mesma opinião de Jesualdo e acho que o central deve ser protegido. Para o lugar do sérvio, conto em saudar o regresso do capitão Pedro Emanuel e para o lugar do uruguaio, conto com um Marek Cech moralizadíssimo pelos dois golos obtidos na goleada da sua selecção. De resto a equipa habitual. A minha previsão:

Este jogo torna-se ainda mais importante devido ao calendário, já que na próxima jornada o FCPorto defronta o segundo classificado que se encontra a apenas 4 pontos de distância. Também por isto o FCPorto tem de vencer, a margem para errar não existe neste jogo, já que manter as distâncias fará a equipa encarar com mais tranquilidade a importantíssima viagem ao sul que se aproxima.

FCPorto - V. Setúbal, Domingo, SportTv1 - 18H15

23 novembro 2007

Para não perder o futuro

Tendo já decorrido alguns dias desde que participei na reunião do Conselho Consultivo do FC Porto SAD, e estando as contas agora devidamente publicitadas, entendo ser o momento de tornar pública a minha análise, partindo dos elementos que já foram enviados à CMVM e estão disponíveis para todos os interessados. Faço parte do Conselho Consultivo da SAD onde não represento qualquer accionista em particular. Sei que quando me convidou, o Presidente pretendia um contributo meu pessoal e independente. É o que tenho procurado fazer e é nesse âmbito que me sinto também obrigado a partilhar com os portistas, sejam eles sócios da SAD, associados do clube ou meros adeptos, a minha opinião. Dizem-me que deve haver recato, apesar de todas as informações que coligi serem de conhecimento público. É também por isso, por entender que é "um assunto de família", que o faço aqui, no lugar certo, num blogue que é uma casa de e dos portistas.

Desde logo, há que referir que o desempenho desportivo do FC Porto tem sido muito positivo. Não é esse o âmbito desta análise, mas é importante reconhecer que essa é a grande exigência dos sócios do FC Porto Clube, o accionista que detém o controle da SAD. Nessa medida, as sociedades desportivas contrastam com as empresas tradicionais, tipicamente empenhadas em maximizar os lucros.

Ainda assim, a sustentabilidade económica e financeira é um objectivo menos perceptível mas essencial, para que a estrutura de capitais se mantenha, para que o FC Porto clube continue a dominar o FC Porto SAD e para que os feitos de ontem e os sucessos de hoje possam vir a ser replicados no futuro. Conhecem-se muitos exemplos de clubes europeus que atingiram sucessos desportivos através de uma política de expansão não sustentada e que depois se afundaram por não terem sedimentado o seu modelo económico e financeiro. Conhecem-se clubes portugueses e até portuenses, ainda que de muito menor dimensão, que por terem “os olhos maiores que a barriga”, estão hoje em tremendas dificuldades.

Por tudo isto, a avaliação financeira da sociedade deve ser feita e a situação das contas deve ser perceptível para todos os sócios e adeptos do clube porque, de alguma forma e a exemplo da política de formação, é o prenúncio dos tempos vindouros.

A situação económica
O desempenho económico continua a ser muito negativo apesar dos êxitos desportivos, que se reflectem positivamente nas receitas da sociedade. As despesas correntes continuam a exceder as receitas correntes (relativamente estáveis se forem expurgadas das receitas da UEFA) e o EBIT recorrente continua a ser negativo.

Apesar do crescimento de proveitos de 19% (46M para 55M Euros) por via do aumento das receitas da UEFA e das receitas de publicidade, o que é uma boa notícia, não foi concretizado o objectivo orçamentado de redução nos custos do plantel.

A situação financeira
Em Junho, a SAD do FC Porto continuava a estar numa situação aflitiva, apesar das vendas de Hugo Almeida, Ricardo Costa e Anderson, que geraram receitas de 31M de Euros (24M de mais valias). Para demonstrar essa debilidade basta ver que:

1) Os capitais próprios são inferiores a 15% do capital social (11M face a 75M).
2) As dívidas ascendiam a aproximadamente 50M
3) O leverage da sociedade atingia os 85%.

É de referir, ainda assim e como nota de esperança, que nas SAD’s, a contabilização da reavaliação de activos não é admissível. Ou seja, o impacto das mais valias só ocorre no momento da venda do passe dos jogadores. Em termos de uma avaliação financeira correcta, deve ser introduzida a correcção da valia potencial na carteira de jogadores.

A questão do plantel
Esse exercício é, naturalmente, o mais complicado. O exercício, encerrado a 30.6, não reflecte ainda:

· a venda de Pepe (em que foram realizadas mais valias de 28,7M que afectarão positivamente o balanço do exercício em curso)
· a aquisição de 50% do passe de Lucho (adquiridos ao que se sabe por 6,7M e que terão um valor potencial de 8-10M).
· Não é claro, também, quais as aquisições de novos jogadores que estão já reflectidas nas contas, e que por isso deveremos assumir como neutrais (ou seja, admitindo que reflectem o valor directo do mercado e que não são potenciadoras de mais ou menos valias).

A 30.6.2007, o plantel tinha então, um valor contabilístico de 36,6 M. Conhecendo-se já o valor de transacção de Pepe, é provável que a mais valia potencial do plantel ascendesse então a 80 M. Valor intrínseco e valorização bolsista. Se considerarmos essa mais valia potencial de 80 M e a somarmos aos capitais próprios da sociedade, que ascendiam a 11 M de Euros, teremos um valor de Capitais próprios ajustados de 91 M de Euros. Ora, a capitalização bolsista actual do FC Porto tem sido, apenas, 30 a 40% desse valor. Ou seja, os mercados de capitais não reconhecem ou subvalorizam esse factor patrimonial.

Conclusões
O FC Porto vive dificuldades de natureza económica porque não gera receitas correntes suficientes para cobrir as despesas e remunerar os capitais investidos. Estas dificuldades continuadas têm impacto directo na situação financeira, ascendendo as dívidas da sociedade a mais de 50M.

É certo que o défice de exploração foi, no ano passado, suprido e financiado pela mais-valia obtida com vendas de passes de jogadores. É também muito provável que no ano em curso, e fruto da venda de Pepe, se mantenha esse equilíbrio sem que seja necessário vender outros jogadores, mas num cenário de não ser possível realizar continuamente essas mais-valias, a sociedade entrará em ruptura, a não ser que venham a ser introduzidas medidas de contenção de custos, já que as receitas correntes estão, aparentemente, estáveis.

Era essa a política que fora apontada pela SAD do FC Porto há um ano atrás, quando prometia que o equilíbrio na exploração seria o grande objectivo estratégico para 2006-2010, que seria atingido através de:

Redução do Investimento no Plantel
Aposta na formação
Reforço da diminuição dos custos salariais
Reestruturação organizacional

Destes quatro vectores, apenas a Aposta na Formação parece estar de facto em curso, através do promissor Projecto Visão 611 que também tem efeitos, reconheça-se, na reestruturação organizacional.

A verdade é que o Plano de Negócios actual é, ao nível da contenção de custos, muito menos ambicioso que o que fora apresentado em Outubro de 2006. Naturalmente, as mais-valias obtidas com as vendas de jogadores foram maiores do que era expectável, o que poderá ter contribuído para reduzir a pressão sobre a SAD para implementar essas medidas. No entanto, é bom recordar que ainda antes disso, em Janeiro de 2007, se tinham adquirido dois jogadores (Lucas Mareque e Renteria) sem que se tivesse procedido a uma alienação de passes de valor pelo menos equivalente, como seria expectável.

CUSTOS COM PESSOAL

Ou seja, e tal como eu referi já em Abril, as medidas de contenção de custos que haviam sido anunciadas no ano passado foram, de facto, abandonadas. É muito preocupante que, apesar da saída de jogadores com vencimentos muito elevados como Vitor Baía, Pepe, Anderson e, de certa forma, Ricardo Costa, se verifique um aumento no valor dos salários para este ano, por muito que se compreenda que era necessário rever as condições de alguns dos jogadores mais importantes do plantel.

Ora, como já se viu, as receitas continuarão estáveis, já que a SAD prevê para 2008 e 2009, crescimentos residuais nas receitas correntes, mantendo receitas da UEFA de 11,5M por ano, o que poderá ser ambicioso, já que a média anual entre 2005 e 2007 foi de 9M. Prevê também que em 2010 seja possível um incremento de 20% nas receitas da UEFA e de 30% nas receitas de publicidade, o que sugere que nessa altura possam ser renegociados alguns dos contratos).

Quer isto dizer que o modelo irá ser mantido, ou seja, as contas continuarão a ser equilibradas, se tudo correr bem, à custa das Mais-Valias nos passes dos jogadores. De acordo com o Plano de Negócios, as mais valias com jogadores ascenderão no ano em curso (2008) a 32,7M, o que é admissível dado que inclui o montante já realizado com a venda de Pepe, em 2009 a 20M e em 2010 a 12M. Mantendo o rácio actual entre o valor de mercado e o valor contabilístico que é de 2,1, estes montantes de mais valias equivaleriam a volumes de vendas de 38M e 23M para valores contabilísticos de 18M e 11M. Estas mais-valias pressupõem uma política muito agressiva de rotação, com a substituição da quase totalidade do plantel em 2 anos.

Em conclusão, o Plano de Negócios não apresenta qualquer solução para os constrangimentos da sociedade, com o EBIT recorrente a manter-se entre -20M e -6M. Apesar das mais valias que incorpora, de quase 67M em 3 anos, dera apenas 10M de Euros de resultados líquidos acumulados no mesmo período. Ou seja, o equilíbrio das contas vai continuar a depender de transferências muito significativas.

Dir-se-á que é este o preço de ganhar sempre, e que essa é a vontade maior dos sócios. Tem sido esse o argumento do nosso Presidente. Será essa a sua resposta, a quem se interrogar sobre os critérios de gestão, a quem colocar em questão alguns dos custos que parecem desnecessários e perigosamente excessivos.

Todos reconhecemos que os resultados desportivos têm sido excelentes, mas também o foram noutros tempos e com Pinto da Costa. Nessa altura, gabávamo-nos de ganhar com menos meios, porque o nosso orçamento era, ao contrário do que hoje acontece (como se poderá verificar por um simples exercício de benchmarking), muito inferior então ao dos nossos rivais nacionais. Se é com um forte orçamento do plantel que hoje se ganha, se essa se tornou agora numa condição indispensável, então deveremos ficar ainda mais preocupados ao apercebemo-nos que, nos anos que aí vêm, vamos continuar a depender de mais-valias, ou seja, da necessidade imperiosa vender os melhores jogadores: esses que nos garantem os bons resultados desportivos porque, infelizmente, os maus jogadores não jogam, custam muito dinheiro, não são transaccionáveis e representam uma menos-valia no final do contrato, quando o seu passe é amortizado...

Por tudo isto, é bom recordar que o futuro só será ganho então, mas poderá ser perdido agora.

Nota do administrador: É com muito prazer que dou as boas vindas ao nosso bem conhecido Rui Moreira como convidado do Portistas de Bancada. O seu nome dispensa apresentações e sendo um dos nossos grandes defensores na comunicação social, na medida da sua disponibilidade, irá colaborar como convidado no blog, dando a sua perspectiva sobre o nosso FCPorto como grande Portista de Bancada que também é.
Seja bem-vindo caro Rui Moreira.

22 novembro 2007

Nova formação do FCPorto em constituição

A revisão da Constituição
Depois do Estádio do Dragão, do Centro de Treinos PortoGaia e do Pavilhão Dragão Caixa, o FC Porto continua a política de construção e renovação de infra-estruras e, desta vez, o alvo é o mítico Campo da Constituição. O recinto, que serviu como sede do clube entre 1913 e 1952 altura em que foi substituído pelo Estádio das Antas, será alvo de uma profunda intervenção que tem como objectivo actualizá-lo e devolver-lhe a dignidade de outros tempos sem ferir a sua rica herança histórica, única no país.

O projecto, da autoria do arquitecto Ludjero Castro, será levado a cabo pela PortoEstádio, responsável pela construção do Estádio do Dragão, e deverá estar concluído em Agosto de 2008. A obra prevê a demolição dos actuais balneários e restantes edifícios de apoio existentes e sua substituição por dois edifícios novos. O primeiro, à face da Rua da Constituição, terá apenas um piso e vai albergar os serviços administrativos, de atendimento e de direcção numa das alas e uma loja comercial com acesso a partir da Rua da Constituição.

O segundo edifício terá três pisos. Os dois primeiros albergarão os balneários dos utentes, técnicos e árbitros, prevendo-se, ainda ao nível do piso 0, o controle, uma sala de reuniões e de imprensa e arrumos. O último piso possuirá um espaço destinado ao convívio dos utilizadores .

Os dois edifícios servirão de apoio aos dois novos campos de relva sintética, uma opção que leva em consideração a durabilidade do piso bem como a sua adequação aos escalões de formação que vão ocupar o espaço. Um dos campos, necessariamente o maior, terá as medidas exigidas pelo futebol de onze e outro para futebol de sete. Este último beneficiará ainda de uma cobertura suspensa em policarbonato de cristal.

A nova estrutura vai continuar a servir os escalões de formação do clube, mas também servirá de âncora ao projecto de Escolas de Futebol Dragon Force, parte do programa Visão 611 - que começou em 2006 e vai até 2011, que tem como objectivo tornar a formação a principal fonte de talentos.

A casa do FC Porto durante quatro décadas
Desde 1952, altura em que foi inaugurado o Estádio das Antas, o Campo da Constituição perdeu o seu papel como principal casa do FC Porto, mas nunca desapareceu da memória colectiva dos portistas, até pela localização privilegiada no coração da cidade do Porto. O recinto, que chegou a ser palco para uma vitória histórica sobre o Real Madrid por 5-0, serviu nas últimas décadas os escalões de formação do clube. E vai continuar a fazê-lo.

Visão 611 entra no próximo nível
Antero Henrique, director geral de Futebol do FC Porto, não esconde o entusiasmo quando fala sobre o projecto Visão 611 para os escalões de formação do clube. Apoiado nos resultados conseguidos durante o primeiro ano de implementação do projecto - "conseguimos uma enorme dinâmica a nível da organização e a assimilação clara dos conceitos que lhe estão associados, o que nunca é fácil quando se trata de mudar mentalidades e comportamentos, e ainda juntámos a isso os títulos nacionais de Sub-19 e Sub-15", referiu - aquele responsável mostra-se optimista em relação aos próximos passos do projecto. Para esta temporada, os objectivos também já estão traçados, mantendo como meta final aproveitar o prestígio do FC Porto e a sua imagem de clube ganhador para o tornar também uma referência ao nível da formação, tornando esta na principal fonte de talento para a equipa principal.

Entre os objectivos traçados para a próxima temporada, a reabilitação do Campo da Constituição surge em plano de destaque, mas os responsáveis pelo projecto pretendem igualmente adquirir conhecimentos detalhados de outras escolas de formação com tradição a nível mundial, apostando igualmente numa nova abordagem ao treino, com a utilização de um modelo de jogo/treino transversal aos diversos escalões. Ainda entre os projectos a implementar, destaque para o plano de desenvolvimento de potenciais jogadores de elite, atletas capazes de integrar a equipa principal e capazes de justificar um investimento excepcional .

A força do Dragão alastra-se pelo País
Descentralizar a marca FC Porto, expandindo-a geograficamente e tirando daí maior proveito financeiro, é um dos pontos nucleares do projecto "Dragon Force", dossiê que congrega múltiplos interesses e investimentos. A começar pela ideia de espalhar escolas de futebol pelo País, decalcadas, em regime de franchising, de um modelo que funcionará na Constituição. Ao exportar esse modelo para zonas estratégicas, os portistas pretendem não só garantir uma fonte de receita, mas estão também de olho noutro benefício paralelo: alargar a zona de prospecção de futuros talentos e de recrutamento de adeptos. Sendo parte incontornável, o projecto não se esgotará nessa dimensão futebolística. Há ainda um cariz didáctico que lhe está associado, traduzido na preocupação em juntar-lhe outras vertentes pedagógicas. Da geometria à matemática, passando pelo inglês e por uma ampla componente afectiva, conforme se percebe pela preocupação em incluir os pais nas actividades delineadas. Para além das escolas, há outras alíneas no projecto Dragon Force: o FC Porto ganhará rodas para chegar ao País inteiro, com alguns camiões - devidamente equipados com actividades, a história e produtos oficiais do clube - a percorrerem Portugal para a conquista de novos adeptos. Os campos de férias, combinando actividades desportivas e culturais, complementam a nova face do Dragão.

Textos de Jorge Maia in O Jogo

21 novembro 2007

Jesualdo

Salvo raras excepções, os treinadores do FCP são sempre alvo de críticas ferozes por parte da massa associativa – o que também estará ligado ao elevadíssimo nível de exigência dos adeptos do FCP.

Entre as raras excepções, de que me posso recordar, podem contar-se Pedroto (que transformou, definitivamente, o FCP num clube de dimensão europeia), Bobby Robson (recentemente reformado, com 74 anos!) e José Mourinho. Não obstante, José Mourinho foi alvo de críticas generalizadas, por alegadamente ser um treinador defensivo, que recuava a equipa após o 1-0. As críticas só desapareceram após a vitória na Taça UEFA o que, aliado à “dobradinha” dessa época, permitiu a construção do mito, fortemente ampliado após a Champions.

Há, ainda um outro treinador
que não juntei à lista, por ter tido três fases distintas – Artur Jorge. Começou por ter dificuldades em impor-se junto dos adeptos. Depois da vitória na Taça dos Campeões, tornou-se num dos treinadores mais queridos. No entanto, não se livrou de fortes críticas durante a sua segunda passagem – e a sua saída foi pouco lamentada.

Há ainda alguns treinadores que são duramente contestados quando estão no FCP, mas que deixam boas recordações junto dos adeptos. Estou a
falar, sobretudo, de Carlos Alberto Silva –acusado de ser defensivo, e de fazer escolhas medíocres de novos jogadores. Entre os grandes vencedores, houve mesmo um que nunca conquistou, verdadeiramente, os adeptos. Foi Tomislav Ivic, vencedor da Taça Intercontinental, da Supertaça Europeia e da “dobradinha” numa das melhores épocas de sempre do clube (em que terminamos o campeonato com 15 pontos de diferença, quando as vitórias valiam 2 pontos!), mas que foi despedido por ter sido eliminado da Taça dos Campeões Europeus pelo... Real Madrid (de uma das melhores equipas de sempre do Real, diga-se).

No outro extremo, todos nos lembramos de um treinador que, tendo chegado ao clube após uma das suas piores épocas dos últimos tempos, e tendo ganho uma “dobradinha”, foi mesmo alvo de uma agressão por parte de elementos de uma claque, que poderia ter tido graves consequências.

Dito isto, não surpreende que Jesualdo seja alvo de constantes críticas por parte dos adeptos. Esta é a tradição da casa, e só um título europeu o poderia deixar a salvo de contestações (por quanto tempo?).
O FCP lidera o campeonato à 10ª jornada (ou seja, decorrido 1/3 do campeonato), com 26 pontos (8 vitórias e dois empates). Tem a liderança mais folgada dos grandes campeonatos europeus. Na Champions, após 4 jornadas, lideramos o grupo. Não só estamos quase apurados para os 1/8, como temos fortes possibilidades de – apenas pela 2ª vez na história – vencer o nosso grupo – apesar de este integrar os actuais vice-campeões europeus (e vencedores em 2004-05).

Jesualdo entrou no FCP na época transacta, em circunstâncias conturbadas. Assumiu o comando da equipa após o 1º jogo oficial da temporada, com uma equipa que não tinha sido construída por ele, e rotinada para um esquema de jogo muito peculiar. Apesar disso, conseguiu renovar o título de campeão e apurar-se para os 1/8 da Champions, onde foi eliminado pelo poderoso Chelsea (mesmo assim, esteve em vantagem durante boa parte da eliminatória, e o FCP poderia ter passado se não fosse um lance infeliz do seu excelente guarda-redes). Este ano tem liderado o campeonato com autoridade – apresentando uma vantagem pontual que nem sequer expressa a sua superior qualidade –, apesar de ter cedido dois empates nos dois últimos jogos. O primeiro em casa, num jogo em que fomos manifestamente infelizes, e o segundo fora, num campo que tradicionalmente nos é difícil, mas que ocorreu sobretudo por desconcentração dos jogadores, e por dois erros individuais de palmatória.

Existem três qualidades importantes num treinador. Os conhecimentos teóricos e técnicos – ou seja, o seu domínio de todos os aspectos relacionados com a preparação de uma equipa, e a qualidade das decisões de contratação –, a capacidade de leitura dos jogos – ou seja, a capacidade de perceber as circunstâncias específicas de um jogo, e de fazer alterações tácticas
–, e a capacidade de motivar os jogadores. Poucos serão excelentes nestas três vertentes (sendo Mourinho o exemplo acabado e raro de um treinador que domina as três).

Jesualdo é mais forte
naquela que, para mim, é a qualidade mais importante – sobretudo quando se pretende construir um projecto sustentável. É um homem inteligente, com profundos conhecimentos do mundo de futebol, e uma boa base de dados de jogadores. É, também, um especialista em formação – tendo na época transacta levado ao título uma equipa extraordinariamente jovem.

A sua pior vertente será aquela que, para mim, é a menos importante – a capacidade de reacção no banco.
As alterações feitas durante um jogo tendem a ser sempre modestas (divirto-me com os comentadores que dizem que “o treinador mudou a estratégia ao intervalo”), não podendo actuar de forma dramática sobre a postura de uma equipa. Será muito mais importante o “trabalho de casa” do que a capacidade de improviso (não querendo dizer que não seja desejável juntar ambas as qualidades).

Finalmente, não tendo a capacidade de Mourinho de galvanização de um grupo de trabalho, Jesualdo é competente nessa matéria – e tem sabido resolver os problemas de balneário que lhe têm surgido.
Seria de esperar que Jesualdo fosse, nesta altura, um treinador querido pelos adeptos do FCP – alguém que eles desejariam ver por longos anos no clube, para dar profundidade às suas ideias. Por isso, vejo com estranheza a persistência e a violência das críticas que lhe são feitas – de forma moderada nas frequentes vitórias do clube, e de forma violenta quando este não ganha.

Tenho para mim que é desejável a estabilidade a nível de treinadores – o que será ainda mais importante no dia em que Pinto da Costa abandonar o clube. Jesualdo será o homem certo para garantir essa estabilidade.

20 novembro 2007

Quem melhor defende o FCPorto na comunicação social?

Este período de paragem no campeonato, mais um, desta vez destinado a jogos de selecção, deixa-nos espaço para abordar assuntos que na maior parte das vezes não temos tempo para analisar, o que não quer dizer que sejam de somenos relevância.

Dada a importância que têm para a imagem do clube e a influência que têm na “construção” de opiniões, pela sua exposição mediática, uns mais que outros, como é evidente, desta vez debruço-me sobre os nossos representantes na comunicação social, seja ela escrita, falada ou televisionada. Estas opiniões que temos oportunidade de encontrar todas as semanas nos mais diversos órgãos de comunicação social, têm uma importância vital na vida de um clube, fazendo até por vezes, tal como já aconteceu, com que o clube reaja a alguns destes representantes. Aconteceu já até que as palavras de alguns comentadores influenciaram o próprio futebol em si, já que estes fazem pressão sobre alguns órgãos que tutelam o nosso campeonato, conseguindo assim alguns castigos que de outra forma não teriam acontecido. Por outro lado, e provavelmente o aspecto mais importante, as vozes destes nossos representantes são, na maior parte das vezes, a única voz pronta a defender o clube numa comunicação social empestada de adeptos anti-FCPorto, o que releva e de que maneira a importância destes “comentadores” para toda a massa adepta portista.

Existem nomes históricos que nunca esqueceremos como defensores na causa portista no meio em questão. Quem não se recorda da acérrima paixão com que Pôncio Monteiro defendia o clube e do seu famoso arquivo sobre as arbitragens? Mas o mítico comentador está noutras “andanças” e novos nomes surgiram. Qual é o portista que não conhece nomes como Miguel Sousa Tavares e a sua inteligente e incisiva escrita? Jorge Maia e a sua ironia? Rui Moreira e a sua cordialidade? José Guilherme Aguiar e os seus conhecimentos sobre os aspectos jurídicos do futebol? Miguel Guedes e a sua inteligência e paciência, não ficando nunca fora de si perante um “lagarto” completamente fanático no programa onde participa na Antena 1? E isto só para falar de alguns. Nomes que, na “praça pública” defendem o FCPorto, cada qual ao seu estilo, cada qual com a sua forma de demonstrar a paixão pelo clube, não deixando de serem os primeiros a criticá-lo quando necessário, demonstrando serem adeptos como nós, para o bem e para o mal, debitando a sua opinião, sujeitando-se também eles à crítica.

E o objectivo deste post é mesmo esse, sujeitar os nossos representantes à crítica, colocar os Portistas de Bancada a comentar, exactamente, os comentadores. E, para além de esperar as reacções da bancada sobre cada um deles, para ajudar ao debate, coloco uma nova pergunta na Opinião da Bancada esperando também a justificação sobre as escolhas. Fica então a questão:

Quem acham que melhor defende o FCPorto na comunicação social?

Alcides Freire
Escreve no jornal O Jogo
Álvaro Magalhães
Escreve no Jornal de Notícias
Guilherme Aguiar
Faz parte do painel do programa Dia Seguinte da SicN
Jorge Maia
Escreve no jornal O Jogo
Jorge Olímpio Bento
Escreve no jornal A Bola
José Fernando Rio
Faz parte do painel do programa A Bola é Redonda no PortoCanal
Manuel Serrão
Faz parte do painel do programa A Bola é Redonda no PortoCanal
Miguel Guedes
Faz parte do painel Novos Artistas da Bola na Antena 1
Miguel Sousa Tavares
Escreve no jornal A Bola
Rui Moreira
Faz parte do painel do programa Trio de Ataque na RtpN

18 novembro 2007

Corrupção VII

Onde é que a porca torce o rabo?

Como Saldanha Sanches quebra o segredo de justiça em que Ferro Rodrigues cagava, e nada como a corrupção de aldeia, a 500 euros, aparece – que coincidência! – com o crepitar da Casa Pia

"A pedofilia na Casa Pia não pode ter uma prioridade inferior, digamos, à da... viciação da verdade desportiva do futebol, investigada com meios superlativos e denodo pela Dra. Maria José Morgado, esposa do dr. Saldanha Sanches!..."
No blogue Do Portugal Profundo, 17/11/2007

O mundo da arbitragem ficou sobressaltado de novo. Além da intrigante comichão das avaliações por vídeo e a pedido, com uma comissão de peritos incapaz de julgar por si própria para se deixar ir a reboque dos clubes queixinhas, tivemos a caça às bruxas a sério. Bem, não muito a sério, porque o jornalismo sério não faria as parangonas de favores arbitrais de 500 euros nos distritais de Viseu. Caiu-se mesmo no desplante de se catalogar de “Apito Dourado II” a já famosa corrupção de vão de escada, inferior à do processo de Gondomar. Mas o jornalismo de investigação dá-se ares de importante com coisas menores, quando o que ficou em causa foi, num abrir e fechar de olhos e com polícias locais e sem meios nem tecnológicos nem de escutas telefónicas, uma tramóia, se o era, ter sido desmontada no Portugal Profundo. Mas esta lição ninguém a quer tirar, ante esse colosso investigador do Apito Dourado versão “x” em que quiseram enredar o FC Porto à falta de outros meios de chegar a títulos verdadeiros obtidos no campo.

Ora, como há muito opinei, lá nos meus pensamentos lógicos que não temem os leitores politicamente alinhados a contragosto de verdades inconvenientes, sempre associei o “abafar” do caso da Casa Pia com o emergir do Apito Dourado versão “x” com o FC Porto como alvo (o “x” é o centro do alvo). Até Paulo Pedroso, entretanto desacreditado na personalidade de Catalina Pestana (ver entrevista ao Sol, aqui citada no mês passado), voltar há dias ao tribunal e dizer uma série de coisas que blogues de referência como os aqui citados esmiuçaram, não a Imprensa credenciada…

Ponto comum à Casa Pia e ao Apito Dourado: o famigerado fiscalista Saldanha Sanches, helàs!, que esteve nos caboucos da forma política que o caso teve no seu início comprometedor para figuras socialistas, e obviamente a sua esposa Mizé Morgado Tung, afamada justiceira do povo conquanto encarcere Pinto da Costa (ai dela se o não fizer), que de malas prontas para acompanhar a corrupção que o seu marido diz existir fora da capital, isto é em toda a província restante que sobra de Portugal, subitamente vai ser desviada para esse cancro nacional que é a Madeira, para descanso das elites lisbonenses…

Paulo Pedroso, no tribunal, trouxe Saldanha Sanches à liça, desta maneira comentada pelo José na Grande Loja do Queijo Limiano:

“É por isso extraordinário que Saldanha Sanches, jurista, professor, pessoa séria e competente, casado com uma magistrada de alto coturno em matéria penal e experiente nessa área, tenha feito a figura que fez e agora volta a ser notícia. Pode perguntar-se legitimamente se a fez por ser amigo de quem era - e compreende-se que tenha dado a solidariedade e até a indignação derivada da presunção de inocência absoluta daí derivada. Pode ainda perguntar-se por que razão tomou a iniciativa de ir pessoalmente à sede do PS e aí falar do assunto com o visado [Ferro Rodrigues, então secretário-geral do PS], presumivelmente ainda não sabedor de coisa alguma [pretendiam incriminar Ferro Rodrigues]. Se concluirmos que a razão para essa audiência privada de Saldanha Sanches com Ferro Rodrigues, a pedido daquele, na sede do PS [e SS nem é do PS], para falarem de assuntos relacionados com o processo Casa Pia e para que aquele comunicasse a este, factos em estrito segredo de justiça [para o qual Ferro Rodrigues estava a cagar-se, recorde-se], então o caso muda de figura, completamente. Há registos áudio e até vídeo que demonstram que altas personalidades do PS e de outras áreas políticas e não só, procuraram minorar os estragos, com contactos directos com as mais altas instâncias do poder do Ministério Público, a fim de parar os procedimentos e de algum modo, condicionar a investigação. Chama-se a isso, em linguagem jurídica e até corrente, perturbar a investigação criminal, de forma grave, provavelmente a mais grave que pode haver: pressionar a entidade investigadora, para abandonar a investigação. A prática, além de celerada e tipicamente mafiosa, é condenável pelo direito português."
No blogue Grande Loja do Queijo Limiano, 16/11/2007, o negro é do blogue, os sublinhados e os itálicos são meus.

Mao, Mao
Não perceberam? O casal Mao-Mao faz tudo: ajuda os amigos, sejam do PS ou do Benfica, são mafiosos a perturbarem investigações, capciosos a encontrarem alternativas de desacreditar pessoas, até miúdos abusados sexualmente que é do mais repugnante que existe, mesmo a engendrar maquinações para uns apitos douradinhos que nem iglos. Passe a publicidade, você não gostaria de sentar o Ronaldo no banco, pois não? Nem desvendar um Apito Encarnado, pois não? Se lhe der umas dicas da investigação, arranja-se um crime com a mesma desfaçatez que se desarma outro… de estalo, perdão de Estado. Mas o nosso PGR, o montanhês Pinto Monteiro, diz que em Portugal a corrupção não é de Estado, é a pequena corrupção, a cunha e tal, a 500 euros!

Sem receio de melindrar amigos que gostam pouco de incursões na política nem ligam ao intrincado dos meandros da dita, lá onde se conspiram receitas miraculosas a bem das gentes de boa-fé da capital, pois associo tudo isto. É tão fácil como Felícia Cabrita chamar o caso Casa Pia II e o Correio da Manhã – não se riam! - falar do Apito Dourado II.

Como diria o outro: Saldanha Sanches, fiscalista, Luís Filipe Vieira, Mizé Morgado Tung, política, futebol, Benfica, justiça, FC Porto, Casa Pia, Apito Dourado, numeração romana avulso, corrupção, escândalos, manchetes, casos abafados, investigações desviadas, não vais para Lisboa vais para a Madeira – vocês sabem do que eu estou a falar.

Correio da Manha, um almoço, uma denúncia interesseira
Nada surge por acaso. Nem que o CM tenha deixado a luta, perdida de resto, contra a pedofilia quando perseguia arguidos como Carlos Cruz e inventava casos de cassetes roubadas na sua Redacção, para se arvorar em defensor de carolinas cá do burgo a quem reclamou, até, pedido de protecção policial. Nem, olha, olha, que o ex-director do CM, João Marcelino, hoje no DN, atire a Luís Filipe Vieira, na entrevista dominical mas pouco católica, na semana passada, que o patrão da Cofina, Paulo Fernandes, apontado como “assumido benfiquista”, como saberá o Marcelino, tenha almoçado com o presidente do Benfica para acertar alguma estratégia de linha editorial em que aquele grupo de CS se tem afirmado tão claramente como dantes se eriçava em defesa das vítimas da Casa Pia para, estratégica e politicamente, deixar morrer as criancinhas…

Uma semana de muita informação em que as leituras só podem dar-se entre as linhas destas barricadas que, no risco de sepultar a liberdade democrática com delitos de opinião já sob inquéritos e processos disciplinares em vários Órgãos de Comunicação Social, se vão erguendo para não deixar as pessoas ver mais longe. Obstáculos à verdade, tapando a corrupção, em suma como fica a terminar:

"Falham ao povo as instituições que tinham a obrigação estrita de combater com prioridade e eficácia o horror da pedofilia de Estado e o cancro anti-democrático da corrupção de Estado que corrói o desenvolvimento de Portugal. Portanto, resta-nos a denúncia pública e a indignação popular"
No blogue Do Portugal Profundo, 17/11/2007

p.s. – porque estas coisas devem ser denunciadas, a pedofilia, a corrupção, o intriguismo, o proteccionismo de Estado. Bem, também a pequena corrupção, a 500 euros, mas avaliem as prioridades…