10 novembro 2007

A honra do convento

Há anos que não tínhamos uma época com tantos casos envolvendo a arbitragem. Desde o desempenho de Bruno Paixão no jogo da Supertaça, que abriu a época oficial, tem-se sucedido, jornada a jornada, erros grosseiros que adulteram os resultados. Esse facto indesmentível tem servido, como é tradição, para ocultar outros problemas.

Em Alvalade, esqueceram-se os benefícios já colhidos (que até valeram o primeiro troféu da época) e ensaiou-se a choradeira, valorizando alguns episódios polémicos para assim mascarar a crise. É mais fácil do que reconhecer que os fracos resultados se devem ao depauperamento do plantel. O que vale aos leões é que a pouca inspiração do treinador e o desengano com alguns inflacionados produtos das suas camadas jovens vão sendo “tranquilizados” pelas exuberantes prestações de Liedson, um dos poucos artistas que resta no nosso triste futebol.

Como sofrem do mesmo mal, porque a saída de Simão não foi suprida, as” águias” tentam recorrer ao mesmo estratagema, reeditando o célebre coro da segunda circular. Prova disso é a última crónica do meu amigo Sílvio Cervan, em que se lia que para além do mérito e de alguma sorte, o FC Porto tem beneficiado, também, da “mãozinha”. Naturalmente, o FC Porto já beneficiou de erros da arbitragem, como aconteceu com o golo ilegal na última jornada em que por acaso também foi prejudicado por não ter sido assinalado um penalty a seu favor. Ainda assim, essas peripécias não são comparáveis com o invulgar conjunto de oferendas que o Benfica tem recebido nos últimos jogos. O que tem acontecido, meu caro Sílvio, é que nem sempre as aproveitam tão bem como em Paços de Ferreira. Na Taça da Liga, por exemplo, depois de terem sido apurados no jogo da Reboleira graças à arbitragem, não foram capazes de aproveitar os favores que lhes foram concedidos no Bonfim...

Entretanto, a jornada europeia ditou sortes diferentes. Diz-se que o Benfica podia ter ganho mas perdeu em Glasgow, que o Sporting só não ganhou à Roma porque teve azar e que o FC Porto nem mereceu a vitória, porque até jogou mal. O que vale é que estas questiúnculas domésticas não sobrevivem ao escrutínio europeu, onde são ofuscadas pelas imagens do maravilhoso golo de Sektioui e da inigualável arte de Quaresma. Deve ser culpa do “sistema” mas pelo andar da carruagem quer-me parecer que lá para Fevereiro, será mais uma vez o FC Porto a defender sozinho, na alta-roda do futebol europeu, a honra deste nosso invejoso convento.

Rui Moreira in A Bola

6 comentários:

  1. Como ontem tinha registado nos comentários, li no jornal este texto de Rui Moreira, muito acertado e até contundente. Vem de encontro ao que todos os portistas notam no campeonato, pode nem ser grande novidade mas é sempre bom serem os portistas quem mais toca na tecla da horrenda arbitragem que temos.
    Por coincidência, quando se divulgam castigos a árbitros, nota-se que dois deles estiveram nos mais recentes jogos do FC Porto. Com o Leixões, Rui Costa não podia ver a mão do Lisandro, se é que houve mão intencional com o braço colado ao corpo, e não houve erros de maior, isto é houve um costumeiro penálti por carga de Élvis nas costas de Quaresma a acabar a 1ª parte, mas como em Coimbra já se marcou um penálti em circunstâncias semelhantes, até final do campeonato não deve acontecer outra vez o FC Porto ter uma decisão assim favorável, mas justa...
    Até porque com o Belenenses, Quaresma foi de novo derrubado, por Roncatto, quando rompia na área por dois adversários, mas Paulo Batista não marcou penálti mesmo a olhar para o lance. Achou normal que sem tocar na bola Roncatto derrubasse Quaresma.
    E este árbitro também sob castigo, não faltou quem alvitrasse ser pelo golo em fora-de-jogo de Postiga. O Rascord, de resto como é do seu ADN, anotou o jogo no lote dos "benefícios" ao FC Porto e, além do penálti sobre o Quaresma omitido, nem direito a dúvidas tiveram os lances de golo anulado a Tarik e especialmente a Lisandro que bem poderia ter sido validado, no limite de fora-de-jogo e nas circunstâncias em que em caso de dúvida se favorece o atacante.
    Como temos pela frente, no palco da Roubalheira, o João "Pode ser o João" Ferreira, nada como apertar os cintos porque a trepidação já começou e os inenarráveis e já incontáveis erros de arbitragem - misteriosamente a poupar tipos como Paixão, Paulo Costa, Pedro Henriques, Pedro Proença e Elmano Santos - começam cedo a desvirtuar a competição.
    Na linha da época passada em que um número suspeito de casos de arbitragem contribuiram para encurtar a vantagem portista de forma a virtualmente garantir a dúvida, e uma alegada virtualidade da competitivdade, até à última jornada, a distância pontual do FC Porto já era demais para os altos responsáveis do estado de credibilidade da Liga da treta assistirem impávidos e serenos à perda de interesse do campeonato.
    Ora, quando Jesualdo vem perguntar que critérios subjazem a estes castigos pré-anunciados aos árbitros, está visto que o FC Porto pressente o clima de guerra sob o qual em Dezembro irá à Luz. Os tambores rufam ao longe, os sinais de fumo são indicadores preciosos e nada como os nossos guerreiros se pintarem de campeões e mostrarem que não se intimidam com manobras subversivas do regime contra os "irredutíveis gauleses" que a todos enfrentam e nunca se rendem.
    Isto dava um poster ou não? Sobre Corrupção, claro!

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  2. "Irredutíveis Gauleses" é isso mesmo a que estamos a ser remetidos. Aqui nesta Civita cercada de muros e muito vilipendiada pelos inimigos externos e por alguns moradores/traidores/vendidos ao Império Romano da(o) Capital, vamos resistindo e chispando porrada, qual Astérix nos desgraçados que por aí acima nos tentam eliminar...Obelix vai satisfazendo distraidamente os seus apetites à mesa, enquanto a confusão campeia, mas cuidado tirem-lhe o leitão que ele se está a preparar para afiambrar e temos festa da gorda! Por mim -estou como o outro- qualquer árbitro me serve, eles vêm cá sempre com um objectivo metido nas meninges, parecerem e serem o mais anti-portistas possível. Por vezes tão pressurosos querem mostrar-se, que borram a pintura toda, vão substituí-los? OK, levem-nos todos para lá para baixo e ponham-nos a arbitrar os distritais de Lisboa e Vale do Tejo! Querem destinar-nos esse mini-grupo do João Ferreira, Jacinto Paixão, Lucílio Baptista, Pedro Proença, Elmano Santos? OK façam um quarteto, ponham rotativamente um a árbitro principal, dois outros a Juízes de Linha e o restante a quarto árbitro como já tem acontecido...Serão uma espécie de Santíssima Trindade com um suplente de valia semelhante. Os quatro cavaleiros do Apocalipse! Até poderão vir equipados de vermelho e branco com um galo debaixo do braço -como já vem sendo habitual- de amarelo para o disfarce ou vestidos de verde e branco às risquinhas com bolinhas cor-de-rosa...E tragam consigo a retrete penhorada pelo Catroga para poderem despejar aí a linda porcaria que fazem sempre que apitam! Com a condição de a levarem novamente com eles -juntamente com os desperdícios- quando regressarem a casa e infectarem assim o seu belo habitat natural...

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  3. sempre foi assim e sempre será!!
    os erros dos árbitros nos jogos dos adversários são meros erros humanos tão menesprezados pelo simples facto que tão bem o rui moreira enunciou, eles não os aproveitam
    Por outro lado os erros nos jogos do FCP, estes sim são corrupção e matéria prima para se escreverem livros e levantarem teorias da conspiração, isto td pq, quer com erros quer sem erros, o porto ganha sempre e isso deve doer que se farta nos adversários!!

    FORÇA PORTO!!!

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  4. Bom texto de Rui Moreira. Já aqui disse e volto a repetir: gosto das opiniões dele e das suas intervenções no Trio D'Ataque, desde o primeiro dia. Que continue assim. O clube agradece.

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  5. A comunicação social tem andado a dar um enorme destaque a qualquer erro a favor do Porto, e a atirar para debaixo do tapete os erros tão ou mais graves e em maior número contra, precisamente para se criar um clima propício a um Roubo de Igreja ao Porto antes da ida à Luz. O treinador e jogadores do FCP, têm que estar preparados para 2 batalhas desiguais (contra 14). Vai haver de certeza muitos fora-de-jogo mal tirados contra o Porto e por marcar aos adversários. Vai haver de certeza muita permissividade para com os adversários e muito rigor para com os jogadores do Porto. Vai ser preciso muito cuidado com os cartões amarelos e os vermelhos.

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  6. Boa crónica do Rui Moreira. Ao ler o último parágrafo, lembrei-me de uma notícia dada pelo Maisfutebol. Dizia assim:

    O presidente do Estugarda, Erwin Staudt, disse que o F.C. Porto deve ser um exemplo para os clubes alemães envolvidos na Liga dos Campeões.

    O dirigente do campeão alemão em títulos falou durante uma entrevista ao jornal Stuttgarter Zeitung, citada pelo Financial Times, a propósito da discussão sobre os maus resultados das formações germânicas na principal competição de clubes da UEFA.

    Numa semana em que Estugarda, Werder Bremen e Schalke 04 tiveram maus resultados na Liga dos Campeões, Erwin Staudt veio dizer que é preciso o futebol alemão abrir horizontes.

    «No mundo dos negócios, é muito normal olhar para o que os outros fazem bem e aprender com eles. No futebol, porém, fazer isso parece um sinal de fraqueza. Não é. É um sinal de força», referiu.

    Erwin Staudt acrescentou que o argumento de que o futebol alemão não tem o poder do futebol inglês ou italiano já atingiu o seu limite. «O F.C. Porto tem sucesso na Europa», disse. «Mas para o conseguir abriu os horizontes, formou talentos e vendeu-os bem. É uma boa forma de trabalhar».

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