Desde cedo, habituei a que me sussurrassem que o balneário do FCPorto era unido, trabalhador, vencedor, diferente de todos os outros e que possuía uma coisa que mexia logo em quem lá entrasse: a famosa mística. Mas, por certo, já aqui se falou, e muito, da mística do FCPorto, naqueles que a trouxeram, naqueles que a fizeram crescer e naqueles que a mantiveram sempre bem viva, originando fortes invejas aos nossos rivais, fazendo, com isso, que o nome do nosso clube fosse sempre erguido ao topo do Mundo.
No rescaldo do empate contra o Estrela da Amadora, na compreensão do que, de facto, tinha acontecido, muito se falou em discussões de balneário, faltas de atitude inaceitáveis por parte dos jogadores, erros de desconcentração fatais, ou até conformaram-se com o que se tinha passado. De facto, aquilo "é" mesmo futebol e nenhum clube está livre de não acontecer numa partida de futebol.
No meu ponto de vista, até penso que o FCPorto acabou por fazer um jogo dominador, muito bem jogado, sempre com sucessivas trocas de bola, impondo o ritmo ao seu bel-prazer, se o jogo tivesse 70/75 minutos, provavelmente, estaríamos a elogiar o melhor jogo da época, comparando-o, talvez, com a partida no Velódrome.
O "diálogo surdo", permitam-me que o chame assim, entre Jesualdo Ferreira e Bosingwa é, acima de tudo, um diálogo desencontrado, muito escusado, mas, acredito, que passará ao lado do balneário do Dragão, e que não irá fazer mossas no relacionamento entre o grupo de trabalho.
Relembrando as declarações de Jesualdo Ferreira vejo logo uma critica forte aos seus atletas, num claro recado para dentro do balneário de que "desconcentrações daquelas, ou perdas de controlo emocional e de saídas mentalmente do jogo" são fatais para uma equipa com aspirações maiores como o FCPorto é, e sempre será.
Na minha opinião, Jesualdo esteve bem ao não individualizar os erros, falando sempre numa falha colectiva, visando proteger os atletas que erraram, não deixando que o grupo de trabalho caísse na tentação de os responsabilizar do empate sofrido.
Jesualdo saberá como ninguém, aliás até pela sua larga experiência, quais são as reacções ideias para que a equipa sinta o que se passou e possa reflectir com calma para tentar que isso não volte a acontecer.
Relativamente ás afirmações de Bosingwa ele, simplesmente, deu a sua opinião, que tem todo o direito de a dar, mas caiu numa armadilha, na armadilha da comunicação social, daquelas perguntas que mais parecem saídas de um qualquer concurso televisivo, as chamadas "perguntas com rasteiras" que só têm um único objectivo: tentar minar o balneário desestabilizando o grupo de trabalho.
Lendo com atenção, só vejo ali uma frase que poderia não estar lá, o tal "aquilo que o treinador diz é problema dele. Se ele diz isso é a opinião dele". Existem várias maneiras de tornear a questão, apesar de, como o Zé Luís afirmou no seu comentário ontem, o Bosingwa não se expressar bem em português.
Acredito que um pouco de bom senso faria bem, se calhar apenas seis palavrinhas no sítio certo, um "mas eu tenho de a respeitar", faria que o "caso" morresse à nascença e que não fosse mais tema de conversas.
O balneário é o local ideal para que este "diálogo surdo" termine de uma forma positiva, e que uma conversa séria seja um reforçar de ambições de parte a parte, certamente, o grupo de trabalho saberá, se é que já não o fez, encontrar as razões correctas que levaram tamanho desiderato final, e torneará de forma vencedora, como sempre, este momento o mais rápido possível.
Momento esse que, convêm sublinhar e que muita gente esqueceu, todos os nossos adversários bem gostariam de o estar a viver.
pela primeira vez de há uns anos a esta parte ouvimos opiniões distintas do sucedido num jogo entre o grupo de trabalho da equipa da Invicta. Jesualdo Ferreira fala de falta de atitude dos jogadores e estes defendem-se, discordando do timoneiro, vincando que tudo não passou de dois lances infelizes. Este é o resultado de uma política de comunicação mais aberta à imprensa, coisa que não se passou nos últimos tempos. Todavia, para haver esta abertura, impõe-se que os protagonistas sejam preparados (media training) para lidar com os profissionais da comunicação social. Estou certo que o risco de haver desentendimentos públicos pode dar origem ao fatídico blackout...
ResponderEliminarse sair o blackout já estamos habituados, em primeiro sempre a politica do clube e não acredito q isto vá fazer mossa alguma no seio do grupo
ResponderEliminarBem resumido pelo Menphis e boa estocada do paulojorgesousa. A abertura mediática cobre estes pequenos incidentes, que não passam de uma tempestade num copo de água e bem menos gravosa do que os dois pontos perdidos na verdadeira catástrofe que foi o resultado.
ResponderEliminarHá clubes da transparência e da boa imagem que há anos não deixam os seus jogadores darem uma entrevista. O Benfica, por exemplo, já não deixaria os seus jogadores falarem em situações semelhantes. Basta lembrar o jogo com o Leixões no Bessa, cedendo empate nos descontos, e que fez todos os jogadores saírem calados, indicando não haver... autorização para falar. Pelo meio, Nuno Gomes foi ao flash-interview e desatou a falarde "tranquilidade", "estabilidade" e "paz". Foi bem mais contundente e elogiado pela franqueza no falar, mas questionando outras coisas.
O Bosingwa disse que não sabia o que Jesualdo tinha dito e contrapôs a sua opinião à do treinador. Nada de anormal, nem afrontamento nem desprezo, salvo se os verdadeiros inimigos criarem na sua cabecinha tonta um conflito inexistente.
É que nestas pequenas frustrações há desabafos que podem cair mal, embora compreensíveis.
Por exemplo, a agrura de um resultado de todo imerecido levou Jesualdo quase a dizer que o FC Porto mereceu o castigo do empate. Não mereceu, de todo. Jesualdo, a quente, generalizou e foi contundente na crítica, mas a equipa não teve culpa de erros de palmatória de dois jogadores.
Jesualdo desabafou porque custou-lhe, como a todos os portistas, ver "não ganho" um jogo que estava no papo. E nem alinho no coro de críticas, injustificadas, dos "resultadistas" que lançam o opróbrio às substituições quando nenhuma teve a ver com os lances de golos sofridos.
creio que esta situação das declarações cruzadas do bosingwa e do jesualdo vão ser bem sanadas no balneário e pena é que haja interrupção para selecções. é que eles só se vão voltar a encontrar passados vários dias...
ResponderEliminarA declaração de bosingwa era de esperar... todos já conhecemos a ingenuidade e sinceridade do bosingwa... para o bem e para o mal! relembro o sucedido na época passada com o jesualdo, no intervalo de um jogo no dragão... e outras situações sem eco dos média devem ter-se passado entretanto.
Quando se fala relativamente ao problema dos resultados e exibições do porto devemos primeiro, sob o meu ponto de vista, ir verificar as responsabilidades de cima a baixo na cadeia de comando.
O PRINCIPAL RESPONSÀVEL é sempre o Jesualdo e não pode atirar as culpas para os jogadores... isso também é grave! ele incute nos jogadores esta tendência e atitude de tentar defender o resultado logo após o primeiro golo, todos os que vêem jogos sabem que, desde a época passada, os jogos após o golo são uma seca! e a culpa é do Jesualdo.
sem tensão e concentração os jogadores erram mais, e mais vezes. É o que acontece a quem está à espera que o jogo acabe desde os 30min da primeira parte.
mais comentários e análises em http://remateabaliza.blogspot.com
só me resta acrescentar que o Bosingwa agora, e mais do que nunca, só terá que fazer uma coisa: trabalhar muito e bem, mudando a sua atitude, para que as suas auto-criticas não caiam em saco roto.
ResponderEliminarZirtaev, visual agradável, gosto do tipo das letras, fazem-me lembrar o FM :)
Gostei da forma como reagiu BOSINGWA !
ResponderEliminarE sabem porquê ?
Porque prova que JESUALDO esteve MUITO BEM ao dizer , o que disse .
Havia que mexer com as consciências dos jogadores (depois daquele estúpido empate).
O objectivo do treinador foi alcançado .
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarO Paulo Jorge pegou num assunto interessante, o facto de algumas coisas terem mudado na comunicação do clube depois de entrar Rui Cerqueira. O que é certo é que agora se assistem as flash interviews depois dos treinos, algo que era raro acontecer. A conferência de imprensa do treinador antes de cada jogo agora tb é certinha. E existem tb essas flashs em que os jogadores falam depois dos jogos, algo que com um resultado "negativo" como o de domingo não era habitual.Por isto é normal os jogadores falarem a quente.
ResponderEliminarA relação entre Bosingwa e Jesualdo não tem sido a melhor, é do conhecimento público que existem alguns atritos, mas creio que aqui o problema terá mesmo a ver, como disse num comentário anterior, com a forma de expressão do Bosingwa que, e temos de ser realistas, não tem o dom da palavra, mas tb não precisa, o que queremos é que faça grandes exibições e se torne no grande jogador que todos achamos que se está a tornar.
E o que disse o Bosingwa tem de ser bem interpretado pelo treinador. Se por um lado ele lhe deve dar o tal puxão de orelhas, por outro tem de ser compreensivo devido ao momento e devido ao facto do próprio treinador saber que ele terá alguma razão, já que acusar toda a equipa por 2 erros individuais foi injusto. Mas o treinador tinha de dizer o que disse, não podia queimar em praça publica dois jogadores.
Voltando ao post em si, como diz o Menphis, são assuntos a resolver dentro do balneário, sem levantar muita polémica porque ela é exagerada. É evidente que os jornais se tentam aproveitar disto e estão a dar realce porque sabem que isto pode afectar o grupo. Cabe aos responsáveis do FCPorto e ao próprio grupo saber ignorar esses mesmos jornais.
Não creio que a solução seja o blackout, embora alguns bem o merecessem, já que se pode perfeitamente chegar à conclusão que esta política de comunicação é muitas vezes dar pérolas a porcos.
Um abraço.
Tem que haver unidade no balneário é correcto dizê-lo mas, como em todas as relações de poder assiste-se aí a injustiças e a exageros na prática desse poder. Quem está à frente de um grupo de pessoas e os dirige tem que ter uma consciência profunda de como deve gerir os seus "colaboradores"...A melhor prática é o igualitarismo em termos de tratamento a todos os níveis e a evidência do mérito para induzir a melhoria de todo o grupo. Muitas vezes é aí que "a porca torce o rabo", muitos preferem os submissos aos de forte personalidade e assim afastam para terrenos de marginalidade, os que não têm temperamento de lambe-botas...Se o responsável aceitar as divergências e as discutir no grupo abertamente -olhos nos olhos- está a abrir caminho para dar um salto no sentido de criar um grupo mais forte e unido, porque unido numa corda de verdadeira solidariedade e não assente em interesses egoístas e mesquinhos!
ResponderEliminar