Para quê inventar?!

FCPorto 1-1 Belenenses

H. Postiga 20' e José Pedro 49'Equipa: Helton, Fucile, B. Alves, Stepanov, M. Cech, P. Assunção, R. Meireles, Lucho (L. Lima 11')(Tarik 60'), Lisandro, H. Postiga (Adriano 69')

38.426 espectadores

Na antevisão do jogo avisei para o facto de os jogadores não poderem descansar sobre as vitórias conseguidas, sobre o facto de nada ainda ter sido ganho e sobre o facto de tudo isso não poder moldar a mente dos jogadores sob a pena de as coisas correrem mal. Em comentário disse também que, tanto os jogadores, como os adeptos, deveriam estar preparados para uma eventual derrota que, quer se queira, quer não, poderia aparecer a qualquer momento. A realidade é que estas palavras, quase premonitórias, tinham razão de ser e, apesar de não ter sido uma derrota, o facto é que o empate, embora com alguns atenuantes para ter sucedido, surgiu e agora só temos de esperar que não afecte significativamente o rendimento da equipa que tem pela frente um dos jogos mais decisivos da época.

Jesualdo resolveu entrar quase com a equipa a 100%, fazendo como única alteração a entrada de Postiga para o centro do ataque, não se sabe bem com que objectivo. Poupar o Tarik?! A equipa entrou bem, tal como sucedera com o Leixões e os lances perto da área do Belenenses foram-se sucedendo, embora a equipa do Restêlo não se remetesse unicamente à defesa, colocando sempre em sentido a defesa portista. Por volta do minuto dez aconteceu o que é um grande soco no estômago de qualquer treinador, Lucho, jogador fulcral na manobra da equipa azul-e-branca saiu lesionado. A equipa ressentiu-se disso, todos sabiam que Leandro Lima não seria, nem de perto, nem de longe, a mesma coisa. Ainda assim e num lance em claro fora de jogo, em que o auxiliar deveria estar a olhar para outro local, já que se estivesse devidamente concentrado tinha-o visto claramente, Postiga adiantou a marcha no marcador fazendo talvez a única coisa de jeito em todo o jogo, já que conseguiu ser uma total nulidade.

Com a vantagem sabia-se que o FCPorto iria abrandar o ritmo, mas o que aconteceu foi que o controle do meio-campo foi totalmente perdido. Se Leandro Lima atacava de forma um pouco atabalhoada, fruto da sua ainda pouca adaptação à realidade europeia, perdendo numerosos lances, a nível defensivo fazia grande diferença para Lucho pela quase nulidade na ajuda prestada. Raul Meireles e Paulo Assunção iam tentando segurar dessa forma o sector intremediário da equipa de Belém que por essa altura tinha o controlo das operações nessa zona do terreno, conseguindo assim aparecer variadas vezes a incomodar a defesa do FCPorto, tendo este conseguido aguentar-se sem sobressaltos de maior até ao intervalo.

Sem qualquer alteração na equipa, a segunda parte voltou com mais do mesmo. O Belenenses entrou com maior domínio e num lance em que foi aberta uma avenida a um médio dos azuis do Restelo, e contando depois com uma falha de Marek Cech, José Pedro, isolado frente a Helton, fez de excelente forma o golo do empate. Era altura de o FCPorto acordar do marasmo do chamado descanso activo. Jesualdo resolveu retirar logo de seguida Leandro Lima metendo Tarik, mas… e Postiga que andava lá a fazer? Então em jogos anteriores não nos demos tão bem com Tarik e Quaresma nas alas e Lisandro no meio? Para quê o continuo erro de Postiga no meio e Lisandro amputado na sua melhor qualidade desta época, encostado a uma das alas? E Tarik a jogar atrás do ponta-de-lança? Para quê inventar? E Adriano porque não entrou antes? Poupanças? Está visto que não. Invenções, digo eu.

Era necessário dar mais velocidade ao jogo procurando novamente um golo, não duvido das boas intenções do professor, mas juntando a essas invenções um Quaresma em muito má forma, que só se preocupa em pedir aplausos ainda antes de fazer algo para os merecer, sem um Lucho que transforma qualquer meio campo num luxo e com um Postiga que apenas faz número, as coisas pareciam demasiado complicadas.

Juntamente com Paulo Assunção, que fez um jogo quase perfeito, aparecendo até muitas vezes no ataque, Tarik foi, no pouco tempo que esteve em campo, um dos mais inconformados e imprimiu a tal velocidade necessária, criou vários lances de perigo na área adversário e chegou mesmo a marcar um golo que foi invalidado por um fora de jogo cirúrgico, tal como um outro de Lisandro a que aconteceu exactamente o mesmo (terá sido a mania das compensações dos árbitros portugueses). Além destes lances, outros de relativo perigo foram aparecendo, mas o Belenenses fechou-se sempre muito bem e foi então com naturalidade que o jogo acabou empatado.

Não é grave, um jogo mau pode acontecer e o Belenenses é um adversário complicado para qualquer equipa portuguesa e teve mérito no resultado que obteve. O professor embora com um grande atenuante que é ficar sem o Lucho logo no início do jogo e apesar de o jogo poder ter sido ganho, tivemos oportunidades para isso, inventou, quando tudo parecia simples, mostrou que não saberá gerir bem o plantel, não tendo muitas vezes jogadores à altura para substituir outros. Agora o que é necessário é revitalizar a equipa, aproveitar o mau resultado de uma forma positiva para poder enfrentar o importante jogo de terça-feira. O recorde das 13 vitórias nunca foi uma obsessão, mas era algo bonito a ser conseguido por esta equipa, agora não há recorde para bater, mas há um tri para ganhar e os jogadores, que apesar do empate tiveram, na sua maior parte, uma atitude de grande vontade de vencer e determinação, nunca deverão ter desculpas para perder a motivação. Nunca. Não neste clube.