22 abril 2008

Ensinem o pescador a pescar

O desgaste competitivo, as datas da Taça, o estofo necessário, os desequilíbrios inevitáveis e o essencial da supremacia do FC Porto que escapa às análises boçais. Isto já parece o 24 de Abril, mas com os protagonistas em posições trocadas…

O FC Porto passeia a sua superioridade técnica incontestável e até moral, por muito que desejem denegri-la. Esgotados os argumentos em campo, agora confundem o obra prima do mestre Jesualdo com a prima do mestre de obras que tem orelhas a arder. Ontem, um diário lisbonense de interesseira manha evocava os dias do Apito Dourado (20 de Abril) que envolveram o Gondomar há 4 anos e por lá arrastam Valentim Loureiro, Pinto de Sousa e quem lhe pediu favores, como João Rodrigues em nome do Benfica. Mas a alusão a Pinto da Costa, fora desse filme, não ficou por mostrar…

O FC Porto há muito superou o seu maior rival nos confrontos directos do campeonato (57-52 vitórias) e igualou os despiques oficiais entre todas as competições (76-76). O Benfica estrebucha perante a ameaça de perder o recorde de títulos nacionais (23-31 a seu favor), já suplantado em conquistas internacionais pelos filhos do Dragão.

O dérbi local da Segunda Circular baixou ainda mais de escalão, limitado já ao 3º lugar na Liga e o discurso dos seus intérpretes acompanha a descida de nível. Do bronco do presidente do Benfica ao analfabeto do Chalana, pior não podia ser. A morgue vai encher rapidamente, mas não em silêncio.

O Labaredas da Luz, Luís Filipe Vieira, a quem um pacóvio director de Record não associou a imagem de “pó branco nos pneus” (não riam, ele perguntou se “alguém percebeu?” a alusão de Pinto da Costa feita em Setúbal), pediu a intervenção da Polícia e teve como resposta um tri da Académica e um tri de derrotas, depois do tri do FC Porto – este mais esperado pelos adeptos “visitantes” desta festa contínua, assarapantados com a exaltação popular suplantar tudo o que os invejosos admitiam…

O palrador Paulo Bento, menos afoito a jogar na Europa onde a juventude leonina paga erros de falta de estatura com equipas adultas como já se vai vendo por cá, saiu-se entretanto com o problema de calendário e alegou erros de arbitragem.

Quando jogam entre eles, lá na Segunda Circular, à falta de noção de oposição e valia do adversário, enganam-se, iludem-se, rejubilam. Se o Setúbal lhes bate o pé, mas depois cede frente ao FC Porto, não percebem os analistas de pacotilha porque os sadinos não travam os dragões.

Vencido mais um “campeonato a 3”, a que A Bola perde tempo a conceder um troféu, o FC Porto - acabado de tourear o rival de vermelho - é sujeito (ouvi na rádio) a questões sobre uma supremacia que causa a perda (?) de competitividade da Liga

Neste dias de piedosa efeméride, quando se festeja o advento da democracia difusa que chegou ao País mas resta espartilhada por diversos poderes, reais ou fátuos, na capital adormecida, é bom lembrar que ao pescador não se deve dar peixe, mas ensiná-lo a pescar.

Erros contra – e a favor?
Isto já parece o 24 de Abril… O FC Porto é, d
esta feita, o dominador, mas não do edifício federativo ou da estrutura da Liga de que se desligou, muito menos do aparelho de Estado que levava um clube (ou dois) ao colo, dando-o(s) como exemplo(s) à Nação do Fado, Futebol e Fátima. O FC Porto de sucesso intontestável é só o exemplo à vista para quem quer ver.

Dos tristes rivais, uns pediram a Polícia, outros recusaram ser “tolos”.

Os indigentes dirigentes benfiquistas insistem em não pensarem como pescar, querem que lhes dêem peixe. Já se ouvem, aí nos correios de interesses, mais histórias de telefonemas a árbitros, como se não houvesse gente escaldada, até no seu seio, para se meterem noutra embrulhada, porque nem sempre se escapa à Justiça.

O pobre diabo que é o técnico leonino reclama de erros de arbitragem mas esquece os que lhe foram favoráveis e não vêm inscritos em qualquer Liga da Falsidade. O único troféu conquistado pelo Sporting, a Supertaça, teve a influência determinante de Bruno Paixão, em Agosto, mas Paulo Bento ficou a assobiar para o ar…

Obviamente, estamos na fase crítica da época, quando tudo se decide e, desta vez, ao contrário da época passada, os árbitros não contribuíram para, com erros clamorosos, aproximarem os rivais de Lisboa do líder FC Porto.

Calendário… quando dá jeito
Introduziram, ainda, a queixa do calendário. No início de cada época ninguém olha para o calendário, pelo menos para os últimos dois meses de competição. A excelsa Liga, onde só mudaram as moscas porque a porcaria continua inamovível, deixou para Abril as meias-finais da Taça de Portugal na única semana do mês em que não há competições europeias. Quem a elas acedesse nesta fase
de acesso à final teria de lutar ainda por um lugar no Jamor. Nada que o FC Porto, supercompetitivo há vários anos por forma a aguentar, na medida do possível, todas as exigências, desconheça. E já perdeu títulos por isso, como em 2000 para o Sporting e também com queixas de um certo Bruno Paixão em Campo Maior

No início do mês, Paulo Bento dizia que “não nos importaremos de jogar duas vezes por semana até Maio”. A UEFA tira muita gente do sério até perceberem que qualquer Getafe ou Rangers não são, como por cá se opina, “perfeitamente ao alcance”. Afastado pelo poderio físico e um cinismo de grau superior pelo Rangers, o Sporting queixou-se de ter menos dias de preparação para a meia-final da Taça, mas nem disso o lastimoso Benfica beneficiou, tal a sua incompetência mórbida!

Ou há estofo ou não. Isto a propósito de quem lucra o quê com a sobrecarga competitiva para a qual tem de haver preparação e não lamentos.

FC Porto preparou-se, perdeu e ganhou: eis a diferença
O FC Porto perdeu o campeonato de 2000, que daria o hexa, muito por culpa de fazer
mais 13 jogos (13!) oficiais (56-43) do que o Sporting que cedo foi eliminado da Europa pelo Viking. Ora, 13 jogos significavam, então, quase meio campeonato (17 jornadas). Graças a Paixão e outras amizades subitamente descobertas pelo caminho, o Sporting festejou o título insensível à sobrecarga alheia de que tirou partido. No final, não só o FC Porto aguentou o maior ímpeto leonino no Jamor como ergueu a Taça na finalíssima e ao 56º jogo que se tornou no recorde absoluto para uma equipa portuguesa numa época oficial.

Em 2001, o Boavista lucrou com o desgaste portista de novo em 56 jogos (48 dos axadrezados). Afastado à 2ª ronda da UEFA pela Roma, por fim eliminado da Taça pelo Marítimo no Bessa nas meias-finais, o Boavista, com a Liga dos Loureiros pai e filho, assinalou o seu primeiro título, mas Jaime Pacheco reconheceu que o FC Porto pagou toda a longa época competitiva que terminou com nova vitória na Taça (2-0 aos madeirenses).

Em 2002, o FC Porto, primeiro de Octávio e depois de Mourinho, chegou aos 55 jogos oficiais que só em 2004, com o Special One, voltaria a repetir. O Sporting foi campeão com menos 8 jogos realizados na época e 17 penáltis a favor, meio por jogo, na Liga.

Mais dois “campeonatos” para o FC Porto
Nas 15 Ligas realizadas com 34 jornadas (18 clubes), em 11 o FC Porto fez sempre mais jogos do que os rivais de Lisboa. De 1992 a 2006, o período em questão, o FC Porto não só logrou o penta, como ganhou taças, dobradinhas e até provas europeias. Nas 15 épocas em causa, o FC Porto acumulou jogos na proporção de fazer, no total, o equivalente a 2,2 campeonatos a mais do que o Benfica e mais 3 campeonatos do que o Sporting – tudo com menos penáltis a seu favor, apesar de ter mais vitórias, mais golos marcados e até menos golos sofridos, mas sempre sem a generosidade dos árbitros nas grandes penalidades que, só em 1997-98, lhe deram vantagem apenas numa Liga.

Aos adversários sobraram motivos de inveja e nenhum de reconhecimento. Adeptos rivais nunca viram além das cores clubistas. As conquistas portistas nem por isso foram mais valorizadas, se o foram por motivo algum. E, pelo caminho, o FC Porto cimentou uma hegemonia nacional, fundou raízes na Europa e em particular na Champions, ganhou dinheiro com isso para tornar ainda mais competitiva no contexto global a sua equipa e tirou daí dividendos financeiros com a ainda premente durabilidade da sua raça competitiva, já incólume face a vendas milionárias pela valorização de jogadores-chave, que hoje faz a diferença em Portugal – sem que alguém perceba o que está para trás, por detrás desse fenómeno que não teve sessões em tribunais da especialidade nem estudos demorados do deve-haver.

O FC Porto modernizou-se e ficou não um, como dantes, mas muitos passos à frente da concorrência interna.

É esta a natureza – a raison d’être – da liderança indomável e impiedosa do FC Porto que tanto aflige a concorrência e a desatenta e saloia Imprensa do regime não acompanha regularmente para perceber como a Liga portuguesa está desequilibrada e só tem o FC Porto no pedestal.

PS: Hoje temos Liga dos Campeões e consequentemente mais uma jornada do UEFA Champions League Fantasy Football, por isso não se esqueçam de actualizar as vossas equipas.

13 comentários:

  1. Dos melhores posts que já vi por aqi passar.
    Muitos parabéns.

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  2. Excelente post. Espero que haja grande difusão do mesmo. Seria, no entanto, necessários que os "cronistas da capital do reino" estivessem dispostos a ceder na sua arrogância.
    Teremos de ser nós, "OS PORTISTAS DE BANCADA" e tota a massa de simpatizantes do nosso querido FCP a fazer a força necessária. Tentarei divulgá-lo o melhor que puder e espero que todos os portistas que o lerem aue façam o mesmo.
    Cumprimentos

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  3. Crónicas como esta são, também, a raison d’être de visitar este blog diariamente.

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  4. " Aos adversários sobraram motivos de inveja e nenhum de reconhecimento "
    Mais um excelente post do Zé Luís...
    Destaquei esta frase pois nunca vi, em ano nenhum tanto despudor e tanto ataque ao Clube por ter vencido um campeonato em que ninguém teve andamento ainda por cima em clima do inventado apito dourado só para tramar o Porto e o seu Presidente.
    Isto, eles não perdoam nunca e o ressabiamento foi incontrolável desvalorizando esta brilhante conquista, maltratando a Instituição e o Presidente,deixando cair a mascara de pseudo fair-play, desinformando e atirando granadas de fumo para os seus adeptos e opinião publica contando com a ignóbil colaboração da imprensa escrita e falada, chamando a polícia.
    Ganhamos, esmagamos ... Bem feito ... e continuaremos.

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  5. A negociação da renovação do contrato que liga o FC Porto e Paulo Assunção começa a complicar-se e a direcção dos tricampeões nacionais começa a perder a paciência com o médio. As conversações entre as partes prolongam-se há algum tempo e começa a instalar-se entre os dirigentes portistas a sensação de que o jogador não pretende continuar no Dragão, uma desconfiança que a conversa entre o médio e Rui Costa no final do último clássico do Dragão acabou por acentuar. Paulo Assunção tem contrato com o FC Porto até 2009 e os portistas pretendem prolongá-lo até 2012, intenção que tem encravado nas exigências do jogador, consideradas pouco razoáveis pela administração da SAD. Paulo Assunção é um dos elementos nucleares da equipa de Jesualdo Ferreira, mas não é internacional e já tem 28 anos de idade.

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  6. Texto excelente, que toca em pontos sensíveis do futebol, dos dirigentes, dos treinadores, dos clubes, do jornalismo desportivo...

    Enfim, um golo à Lisandro Lopez!

    Espero por mais.

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  7. Tendo em conta a noticia da ultima página do jornal "O Jogo " de hoje e suspeitando daquele abraço do Rui Costa ao P.Assunção (algo intimo e a apontar para o emblema do tipo: " para o ano defendes esta "), pergunto:
    Não estará o P.Assução com uma proposta milionária para assinar pelos mouros, uma vez que não renovou pelo FCP?
    A mim parece-me que sim, mas espero estar enganado!
    Cump.

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  8. O Paulo Assuncao e muito bom e espero que nao saia.
    Mas ja nao e novo e se sair ao fim do proximo ano sai com 29 anos e da tempo ao Porto para o substituir. Por outro lado o Benfica compraria mais um jogador na fase descendente da sua carreira, pagando-lhe bem e sem retorno financeiro esperado.

    O Bolatti e uma grande promessa e espero que tenha mais oportunidades para o ano, por outro lado o Porto de certeza que tem outros medios defensivos debaixo de olho.

    O Benfica pode vir buscar o nosso "Makelele" para jogar com dois trincos e nos desencatamos um "Essien."

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  9. Muito bom post, mas num blog excelente nao surpreende... A imagem do Porto.

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  10. Viva !

    Excelente texto, quanto a mim, que se aproxima mais do plano de tese que do artigo, propriamente dito.

    Não creio que a dominação actual do Porto possa ser comparada, mesmo ironicamente, ao antes 25 de Abril,quando os clubes do regime ganhavam sempre. Os dados são diferentes. Mas talvez seja, neste caso, o problema do emprego da ironia ? Ou seja, a minha má compreensão ?

    Em contrapartida, resta saber se o Porto saberá acompanhar, racional e emocionalmente ( la raison d'être) , isto é, com os seus meios, a modernização e/ou evolução do futebol europeu . Até agora soube fazê-lo. A ver vamos.

    E Viva o Porto !

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  11. Parabéns pelo excelente post.

    Prefiro análises factuais, inteligentes e objectivas do que falar jucosamente sobre os adversários. Esses outros post's não trazem nada de novo a ninguém. Este sim.

    Reparem que o Pinto da Costa afirmou no início da época ter já 2 jogadores comprados para a próxima época... isto é planeamento! É classe. É algo que nem todas as equipas abastadas se podem dar ao "Lucho" (perdoem-me mas no arcordo ortográfico luxo deveria passar a escrever-se com maiúscula e "ch"). É uma gestão ao estilo Arsenal ou Barça, já que não somos milionários como outros colossos da Europa.

    É de facto extraordinário o que o Porto tem vindo a fazer no passado recente, em especial após as épocas sabáticas após o penta e os erros após a Champions. É com os erros que se fazem as melhores aprendizagens e quem não o faz afunda-se na ignorância de não perceber os próprios erros, como é o caso dos nosso parceiros de Liga Bwin.

    Falou-se à semanas da possibilidade de um campeonato Ibérico e eu questiono-me... o que faz o Porto num país futebolístico e num campeonato tão pobre!??? Será que não podemos inscrever-nos para a próxima época na "La Liga" de nuestros hermano? Era a única forma de equilibrar um pouco o nível do campeonato... equilibrar pela medíocridade, certamente.

    A mediocridade de quem quer fazer equipas com jogadores emprestados por longa duração vindos de países do leste ou de quem compra atletas por mais de 11 milhões para os colocar no banco... mas os bancos de suplentes não dão juros que eu saiba?! A mediocrídade de quem "vende" aos bancos o seu fututo desportivo ou de quem deixa usar o seu clube como instrumento pessoal de um presidente à procura de vingança pessoal contra alvos bem identificados.

    Numa liga Ibérica o Porto tería concerteza condições para se tornar num clube milionário (colosso já o é) e presumo que sería ainda mais um símbolo nacional e mesmo dos nossos amigos galegos.

    Sería fantástico divênciar clássicos a sério tipo: Porto-Barça/Real Madrid ou Valência...

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