26 janeiro 2015

Falta de estofos mas Quaresma e Quintero excedentários

Além da falta de estofo tal como era caracterizada por Pedroto relativamente a uma equipa ter ou não ter condições para sonhar ombrear com alguma coisa a começar, antes de almejar a títulos, por rivalizar com quem está no patamar acima, como ainda parece ser o Benfica porque Pinto da Costa assim deixou cair de podre a pobre gestão desportiva, a despeito da riqueza nas transferências pouco transformada em investimento reprodutivo, está claro que faltam estofos no onze de Lopetegui.
 
Via o Marítimo-Porto de ontem e lembrava-me do da época passada, que foi bem pior se se lembram (nem uma ocasião de golo, um penálti estúpido de Danilo, uma equipa de braços caídos, sem nunca reagir quanto mais impor-se: isto para quem quiser evocar o triste passado do Preocupações Fonseca). Eu lembro-me.
 
O que critiquei, então, em Carlos Eduardo, um pretenso 10 que uns diziam lembrar o 20 de Deco, mas que não sabia que terrenos devia pisar e nem tinha credenciais para liderar o que fosse naquela triste equipa, posso fazer agora com Quintero, um 10 que não vale metade do que dizem, frouxo psicologicamente, sem explodir fisicamente e sem ser tecnicamente o sobredotado que uns pintam, ou pintaram. Quintero é habilidoso, tem fundo técnico mas não passará de um pequeno bidão que pode rebolar aqui e ali com graça mas não deixa de cair na cotação, como o barril de petróleo.
 
A mim, sem lhe regatear alguma qualidade técnica mas que de pouco serve no jogo e isso é fatal para um jogador que pode saber tocar a bola mas não ser futebolista de corpo inteiro, sempre me fez lembrar, como o Tomás Costa, um daqueles cães de peluche cujo pescoço baloiçava na parte de trás dos carros.
 
O FC Porto não tem um 10, não sabe alternar jogar em 4x3x3 e 4x4x2, os flanqueadores ou fintam em demasia (Brahimi) ou cruzam sem consequência (Quaresma) ou são fracos na finalização (Tello). Para não falar do tristonho Adrian Lopez, que não acredito seja capaz de de desamarrar de um pensamento tímido que o tolhe irremediavelmente. O FC Porto tem poucos jogadores de combate e não tem atiradores. Muitas lacunas que se foram descobrindo, é o problema da experimentação.
 
E se faltam vários estofos na mobília, sendo alguns mais adequados a sofás ou canapés, há outros que podia despachar, de tão irrelevantes se mostram e que devem pesar na folha salarial. Quaresma não se perdia nada em ir embelezar-se para outro lado, depois do alheamento visto na Madeira. Cruzamentos houve, de Tello e/ou Alex Sandro, que da esquerda cruzavam a área - cruzamentos maus, ou baixos ou demasiado longos - e era de esperar que alguém na direita recolhesse os despojos, mas Quaresma, mais do que Danilo, nem se aproximava da área.
 
Era de propósito? Estava cansado de Braga? Dá-se mal com os ares da Madeira, depois das figuras tristes da época passada?
 
Certo é que pareceu-me ali haver um trambolho propositado: não havia largura porque Quaresma não a dava e profundidade também foi pouco ou só na 1ª parte.
 
Fiquei muito desiludido com a falta de ambição: Quaresma tornou-se um peso morto que nunca desperta a equipa, deixa-se afundar no sofá onde, à custa da ausência forçada de Brahimi, se instalou. Pensei que pudesse ser o catalisador, que aquela coisa da mudança da braçadeira do início de época estaria ultrapassada, mas não há ali nem espírito guerreiro que era dele nem alma de Dragão.

E enquanto a Roma procura agora mesmo um avançado de renome que se destacou na Champions, talvez seja a hora de Jackson sair e o encaixe financeiro salvar a época e permitir refundar a equipa.
 
Mesmo ir na mala do carro é um transtorno. Se o FC Porto quiser preocupar-se com o futuro vai ter de abdicar de vacas sagradas, sem estatuto recente a não ser de memórias passadas. E quiçá lustrar mais a prata da casa. A verdadeira. Esta equipa vai-se afundar, à semelhança do clube, e quiçá perder confiança com vista à Champions, onde ainda brilhou e pode aspirar a passar aos 8 melhores da Europa mas não tem futuro e, como na patética época passada na UEFA, quedar-se-á pelos quartos.
 
Não vale nem metade das esperanças que suscitava. Os roubos de arbitragem, calados cobardemente pela SAD amorfa e acrítica, condicionaram a equipa e hipotecaram a época.
 
Um rasgo de gestor desportivo fazia jeito. O mal está feito. O futuro só pode ser risonho com outra gente. Não é preciso um Syriza. Nem um chico-esperto que Pinto da Costa queixa desencarcerar, grotescamente, em Évora. Prometer vacuidades e engrandecer demagogias, que os paspalhos e basbaques vários que não viram nem pressentiram, avisados por terceiros, o que vinha aí, vão continuar a engolir, não serve.
 
Tal como a equipa, o FC Porto precisa de refundação. Não a de 1893. Nem os 30 anos de vitórias que aí viriam. Basta perceber os novos tempos e reabilitar um clube que começou a ter vergonha de si próprio. E, criminosamente, foi delapidando património de treinadores campeões sempre desprotegidos e invariavelmente escorraçados: os que deram os títulos na última década, à parte o caso sui generis de AVB.

1 comentário:

  1. Caro Zé Luís, concordo consigo, quando vai apontando as fragilidades nos últimos anos, de PC e seus pares. Dito isto, creio que é fácil perceber que com este plantel havia expectativa e obrigação de fazer muito mais. O treinador teve tudo o que anteriores não tiveram e esbanjou. O caso de Quintero é o exemplo berrante disso. Nunca com PF o o actual jogou onde devia jogar. Mas é um detalhe no mar de asneiras de um treinador que não tem unhas para esta guitarra. E mais uma vez, não foi por falta de aviso...
    Saudações Portistas!

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