07 junho 2011

Só podia acontecer na Luz...























Não tomei muita atenção, mas creio ter passado, pelo menos, bem dissimulado o arremedo de invasão do campo daquele puto no final do Portugal-Noruega. Nem interessa o nome, embora o José Maria seja indiferente e apenas remeta para um qualquer "Morangos com Açucar" ou de algum reality-show saloio, apesar de publicado na Imprensa, mas tem 14 anos e dá-se um óbvio desconto, percebeu-se que o miúdo quis reconhecimento súbito em vez de provocar violência e até estava ali para demonstrar que é tuga mesmo, a sério e com bandeirinha, e não para protestar contra a porcaria do jogo da Selecção endeusada de Paulo Bento.



Mesmo miúdo, desculpável, não-violento nem sequer desordeiro, em busca apenas de mínima notoriedade e acima de tudo um inesperado e algo sensacional exibicionismo talvez nem conhecido de colegas da escola e amigos da rua, a verdade é que aconteceu. Na Luz. Ninguém acredita que foi acidental ter ocorrido naquele local onde se incentiva à violência e há montes de desacatos e confrontos com a Polícia, pondo em causa quase sempre a própria segurança dos jogos de futebol, seja com petardos e fumos, seja com apagar as luzes e ligar os aspersores como se fossem balas tracejantes em busca de um alvo no escuro. Ninguém acredita, digo eu, à excepção do imbecil Tadeia que achava insuspeitos os dirigentes do Benfica na noite do apagão e da "chuva que vem debaixo"...



Como se fosse o Diabo, de Gaia ou outrém, a tecê-las, a Imprensa abafou o caso, à parte a divulgação da cara e do nome do puto, li no CM, de que não vou fazer eco por ser menos importante, apenas mencionando que a notícia indicava ter sido um choque para a mãe do miúdo que terá chorado ao saber da ocorrência. Mas o rasto de sectarismo e perturbação, psicológica ou mesmo física, dos jogos do Benfica e dos desmandos que os acompanham são de todos conhecidos e isso nunca será apagado, apesar de nenhum jornal fazer referência a esse local de todas as confusões. Nada de similitudes, nenhum escrito a brincar com a coisa, muito menos com seriedade a perceber como, porquê e onde isto acontece.






Aliás, ficamos posteriormente a saber, no rescaldo da Década de conquistas do Hóquei em Patins portista, que o último jogo do Benfica exibiu uma faixa na bancada onde se dizia que o Benfica seria campeão numa prova sem corrupção, isto na época em que perderam os dois jogos com o FC Porto por 7-5.



É que, quanto ao miserável futebol da Selecção que já se atribuem todos os epítetos por ganhar em casa a Dinamarca e Noruega e ganhar na poderosa Islândia, coincidentemente com CR7 em campo ao contrário dos primeiros jogos onde primou pela ausência, tecendo loas como quem distribui presunção pelo treinador Paulo Bento, nem sequer o puto deu conta para mostrar ou satisfação ou regozijo.



Na catarse colectiva que é aquela coisa do Benfica, com alucinações várias e mistificações muiltitudinárias, não duvido que poderá ter pesado mais, na cabecinha tonta do puto da "zona do Campo Grande", o exorcizar dos fantasmas da catastrófica época do Benfica subitamente redimidas pelo medíocre, até inexistente, jogo colectivo já incensado na Selecção onde CR7 continua a jogar para ele mesmo como se os 41 golos - sim, eu dou-lhe o que ele merece, o golo em San Sebastian que foi fortuito mas o remate é dele - pelo Real Madrid e a lança portuguesa na Liga espanhola não bastassem.



Como Cristiano Ronaldo sabe não ter convencido nunca os fiéis devotos portugueses da sua santidade, sente-se inquieto por nunca lhes dar os milagres que esse "cristianismo" julga merecer, recusando ser aquele português da História que serviu os reis de Castela e Leão.



O puto, que de futebol não saberá um corno por não ser decerto da estirpe do Freitas Lobo que com metade da sua idade já se deleitava com o Pelé e conheceu o Brasil de 70, de História também saberá tanto como dos melões das transferências de que fala Luís Filipe Vieira.



E assim temos uma história alegre, de feliz arrebatamento e pueril entusiasmo, ao menos contrastante com os contínuos flashes noticiosos de agressões de teen-agers que vagueiam entre a estupidificação nos shots nocturnos e a alienação por ídolos musicais ou futeboleiros que comunicam na mesma forma rasca e às pancadas. Para não falar da onda de crimes assolando a noite e o dia lisbonenses sem causar clamor na sociedade de Bragança a Castelo Branco como só é passível alguma noite branca no Porto.

5 comentários:

  1. O ZL é sem dúvida alguma um dos melhores escrivas da blogosfera, este artigo é um espanto de qualidade, apesar de um outro ou outro "fait divers", continue mesmo que não tenha comentários.

    VIVA O FUTEBOL CLUBE DO PORTO

    ResponderEliminar
  2. Pois, mas gostem ou não gostem, nada melhor do que comentarem mesmo.

    Porque nem sempre me ocorrem as ideias, boas ou nem por isso.

    E às vezes há contributos de fora valisos para a discussão - e mesmo para me sugerir outras histórias.

    Dáme gozo, umas vezes mais, outras nem tanto, e sinto-me obrigado a contribuir, falta a reciprocidade. Só em conjunto se vence. Se quiser ser mesmo bom escrevo para mim apenas e ninguém sabe.

    ResponderEliminar
  3. Prezado Zé Luis,

    Desculpe por, com este comentário, nada contribuir, mas faço-o, simplesmente para o APLAUDLIR!!!!!

    Obrigado, a sério.

    Somos GRANDES! Somos FC PORTO!!!!

    ResponderEliminar
  4. Uns fazem do Paulo Bento um deus...Outros endeusam o anormal do Queiroz...Santa paciência !!! Venha novamente o professor para a selecção que já tenho saudades de empatar com a Albânia...

    ResponderEliminar
  5. Pelo menos poderás desfrutar de 20 jogos sem derrotas e uma fase de qualificação que não desmereceu da antecessora...

    ResponderEliminar