03 junho 2011

Suplente mas efectivo luxo ostracizado na selecção

Em campo deu sempre nas vistas. No balneário, praticamente recém-chegado, há duas épocas, ao Dragão, diz ele mesmo que tem importância: "Tenho peso e voz", admitiu Beto a O Jogo, recorde-se no título aí em baixo. Contudo, quase dois anos após estrear-se na selecção para impedir uma derrota em amigável na Estónia, lançado por Carlos Queiroz que também o levou ao Mundial, Beto nem lugar teve nos três guarda-redes chamados por Paulo Bento para o apuramento do Euro-2012, amanhã, com a Noruega.
Há algo que não vai bem com este guarda-redes. Pior, a sua ausência da selecção nem suscita comentário algum. Considero-o o melhor português no seu posto na nossa Liga, logo teria lugar com qualquer seleccionador nacional. Eduardo é justamente o titular por Portugal, mas Beto teria de ser a alternativa.

Hoje, no Rascord de pantomineiros sem fim, "disputa-se" se o titular amanhã deve ser Rui Patrício. Beto está longe. Estranhamente, pela sua categoria individual e por ter feito um excelente final de época. Já o fizera, em menor grau, na temporada passada, motivo pelo qual foi ao Mundial. Estranho até para quem privou, como colega no Sporting, com Paulo Bento em 2002, sendo Beto promovido dos juniores leoninos e aprendendo com Schmeichel.

A teoria de ser suplente, logo menos habilitado para a selecção, não pode colher. Ruben Micael não é mais titular do que Beto no FC Porto e está na selecção. Como é que, só para um jogo, Paulo Bento convoca três guarda-redes, sendo o jovem Ventura o nº 3? Que motivo leva Ventura a ser preferido a Beto?

Ser titular ou não para "merecer" a selecção tem que se lhe diga. Afinal, sendo titularíssimo em 2007-2008 e com uma época fabulosa no surpreendente Leixões, Beto nunca recebeu chamada de Scolari. Também ninguém se indignou com tal ausência, para mais sem um "chocolate" para adoçar a boca de um tipo ágil, valente e sempre protagonista em campo.

Defendeu um penálti em Setúbal para o FC Porto, a terminar a Liga, e defendeu outro na final do Jamor, para a Taça. Beto já se fizera notar com essa especialidade na época anterior, naquela maratona de penáltis no Restelo em que defendeu quatro ou cinco. Já ajudara o Leixões a eliminar o Benfica, defendeu um penálti de Reyes. Pronto a assumir a baliza portista, foi infeliz ao lesionar-se no aquecimento sob o frio e sobre a neve de Viena, com o Rapid, não se estreando na Europa. Não tem deslizes comprometedores, antes propicia sempre defesas vistosas porque tem reflexos e está tão concentrado quanto apto a um golpe de rins que a sua menor estatura, glosada antes num despique verbal com Jesus num Braga-Leixões em que voltou a ser figura de proa na baliza, não desmerece.

É um mistério, além de uma injustiça, agravados pela indiferença em geral face a uma ausência injustificada que nem sequer sugere uma perguntinha dos reverendos pés-de-microfone ao seleccionador.

Beto não é um suplente qualquer e a sua marca nos êxitos portistas, esta época, passa tão despercebida e ostracizada até quanto a  carreira fantástica da equipa nos pasquins ditos desportivos, onde até o 3º lugar do FC Porto no ranking anual da IFFHS não tem títulos de capa em Lisboa ou num infindo elencar de troféus, abarcando até as modalidades mais importantes a que alguns papalvos se dão ao trabalho vendo a coisa pela rama. Porque se uns discutem se o titular na selecção deve ser Rui Patrício ou Eduardo, com a Noruega, é mais do que distracção ignorar a ausência inacreditável de Beto, o mais fiável g.r. a actuar por cá e elegível e com provas dadas na Liga e na selecção.

Fica a homenagem à sua época, mais um destaque ao extraordinário 2010-2011 do FC Porto, e a chamada de atenção que em geral ficou por fazer. E mostrar porventura admiração por este alerta é só revelar ignorância de quem não sabe escolher e sair do óbvio. É estranho, até porque Beto cria emoções no jogo, mas há pouca gente que goste de agitar as massas.

3 comentários:

  1. Caro Zé Luís, a meu ver, o problema da CS lisbonense é tentar fazer de rui franguício um guarda-redes de eleição nas capas dos pasquins, e forçosamente, "teria" que ser titular da seleção devido a algumas boas exibições que salvaram o sporting de goleadas e derrotas esta época.

    Mas para mim, é um roberto que leva frangos de outras maneiras.E que continue lá no sporting.

    Beto certamente merecia ser um dos GR da seleção, mas ainda prefiro Eduardo como titular, sem clubite.

    Rui franguício não transmite confiança, Beto trasmite.

    Mas, quem manda é o "risco ao meio" e a ver vamos.

    Quanto ao post da melhor equipa de sempre, tenho a impressão que se deixasses aquele post por mais 10 dias, chegava fácil aos 100 comentários;-)

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  2. rbn, está escrito que Eduardo é justamente o titular e Brto devia ser alternativa, é o melhor em Portugal.

    Sobre a melhor equipa, quem quiser pode continuar a opinar, mas tudo isto muda de dia para dia e não se aproveitou a oportunidade de cada um escolher as suas melhores equipas.

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  3. Já aqui referi, aliás voltei a fazê-lo há muito pouco tempo num dos últimos jogos de Beto, que o considero um bom guarda-redes, mas que tem algumas dificuldades no jogo aéreo, especialmente nos cruzamentos em que raramente se consegue fazer valer, por ter em minha opinião, algumas limitações que lhe advêm naturalmente da sua altura um pouco abaixo do que é hoje exigido aos GRs...No resto, em tudo o mais é excelente, no jogo baixo, nas antecipações e dentro dos postes é muito valente e ágil...
    Não considero Eduardo ou Patrício excelentes guarda-redes, embora estejam em boa forma, melhor no momento o Sportinguista, mas mesmo assim sem inspirar grande tranquilidade...Mas são bons no lugar, Ventura ainda não me deu garantias, a sua convocatória pode fazer recordar a do Bruno Vale, é Portista e pretende ser considerado pelo seleccionador -ou pode ser lido assim- como um representante do nosso Clube...

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