Desfeitas as ilusões europeias, ainda que de pouca monta, o FC Porto mostrou a pequena versão utilitária para consumo doméstico que marcará a temporada.
Mas a trabalhosa vitória em Vila do Conde, com 1a parte de susto e 2a de sonho só manchada por um idiota golo sofrido digno de amadores, comprovou a falta de qualidade agudizar por ausência de reforços que trouxessem coisas diferentes. E quando continua a ser Marega a puxar pela locomotiva ainda que Brahimi seja um dinamizador, parece tudo dito, e pior será se for assim tudo espremido.
Na versão Marega+10, com defesa sólida mas infantil no 1° golo sofrido nas lides domésticas, não abona em favor da valia do plantel, ainda à procura do novo modelo de bola mais rápida a circular em busca do espaço que poucos procuram.
Ao sentar Oliver e Corona, inexistentes e substituídos cedo nos últimos dois jogos, Sérgio Conceição mostra empatia pelos que dão tudo e não está para cobtemporizar para quem dá pouco. Mas sendo dois potenciais titulares de caras a sofrerem esta lição de gestão competente sem olhar a nomes, resta a preocupação: ou o sinal e lido e sentido por todos, onde nomes não contam, ou um plantel sem novidades ficará ainda mais curto para as encomendas, mesmo de trazer por cada.
Herrera entrou para o meio e Otávio para a direita. O mexicano com a pecha do costume mas um coração enorme que compensa falhas nas expectativas de boa e rápida entrega da bola, que já não melhorará. O brasileiro é que nem entrega da bola (só um bom passe) nem genica. Não justifica a titularidade.
Onde o aporte colectivo vai dando resultados, a inconstância individual de quem mais se espera não augura nada de muito bom. E essas pecas são fatais na Europa, vamos ver se servem por cá. Até porque, apesar do golo em canto ao 1° poste, Danilo teima na lentidão e multiplica maus passes. Com Otávio complicativo e lento, incapaz de se chegar aos avançados mesmo sem actuar a 10 como gostaria, percebe-se como o patinho feio Herrera ajudou ascensão do miolo e um salto de qualidade na frente após o intervalo. E com Aboubakar lento e sem graça ou ritmo como no Instagram, foi mesmo Marega decisivo no 2-0 e nos desequilíbrios da 2a parte onde o triunfo foi mais que justificado.
Num jogo com menos posse de bola (55-45%), mas quase todos os 12 ou 14 remates dentro da área e metade enquadrados na baliza, o carro utilitário portista tem de melhorar a eficácia que também foi perdida numa desatenção defensiva de palmatória.
Vai-se salvando o salvavel enquanto uns ainda se admiram de Oliver ser preterido a Herrera e terem de levar com o tosco Marega em vez do criativo Corona.
Sérgio vai conduzindo, em busca da vertigem do espaço e com menos manobras artísticas inúteis. É bom que se habituem, mesmo que há muito tenha desaparecido do painel portista a rubrica de arte de outros tempos.
Isto é o campeonato e a bitola muito alta, inalcançavel para quem julga ver e ter ainda jogadores de primeira qualidade.
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