23 março 2014

Remeter para Mourinho 2002

A SAD tinha espatifado três épocas (2000, 2001 e 2002) ao tempo, perdendo o hexa numa época de sobrecarga anormal de jogos e apenas com Caju e Clayton de reforço em Janeiro para tanto que havia para jogar e teimando num Fernando Santos que, a despeito de ganhar ainda duas vezes a Taça de Portugal, falhou um campeonato em que Jardel marcou mais golos (38) do que nunca mas a equipa fez menos 19 golos do que no Penta; perdendo o campeonato seguinte para o Boavista; e outro ainda para o Sporting.
 
Tudo porque, em 2000, a SAD apostou em jogadores fracos, de Pavlin e, sucessivamente, Pizzi e até o manco Esnaider, chamando ainda Octávio para render Fernando Santos.
 
É importante contextualizar as coisas e ter memória, porque os pataratas julgam que os "azares" surgem por acaso e os pategos acham que a responsabilidade de gerir pode tanto ser aleatória, e sujeita a imponderáveis (que existem no futebol), como inimputável, o que é criminoso na tentativa de desculpabilizar tantas asneiras.
 
Ao ver a 1ª parte do jogo com o Belenenses, e por ter boa memória e perceber o contexto em que as coisas surgem, sendo preciso avaliar e saber comentar o que venha de bom como o que há de mau, lembrei-me de tudo isso e de como, chegando Mourinho em Janeiro para render Octávio, as coisas tiveram de mudar. Com o dedo de um treinador sabedor numa SAD inepta e imbecil e com o êxito que se sabe. Os pategos podem achar que a SAD fez uma coisa espantosa ao chamar Mourinho (mas não o fez no início da época, deixando-o começar em Leiria já depois de ter feito apenas 9 jogos no Benfica ao qual até o parvo Vale Tudo convocou Mourinho de adjunto no Barcelona!. Mas as coisas correram bem, repito, com o êxito que se conhece.
 
Mas, no percurso, Mourinho perdeu 3-0 no Belenenses e não se coibiu de dizer, com todas as letras:
"Há jogadores que me dão pena" (ver jogar)"
 
Era nisso que eu pensava ao ver, até quando?, Carlos Eduardo de novo inoperante numa posição fulcral; ao ver o trio do meio-campo já com esse handicap e ainda com Josué, sobrando Defour a trinco em vez do castigado Fernando. Dirão que face às ausências e até uma necessária rotatividade - mas ainda bem que Reyes manteve o posto em vez do desastrado bah... - as coisas tinham de ser assim. Mas, como sempre esta época, com certos jogadores e uma súmula de jogadores errados ao mesmo tempo, os resultados são o que são e foram o que foram nas mãos de uma SAD incompetente e um treinador incompetente que a incompetente SAD nem a meio do percurso percebeu ser inapto para o cargo.
 
De incompetência em incompetência, porque isto não são "azares", as coisas deram no que deram e o 0-0 ao intervalo espelhava o que era costume durante vários meses. Ghilas, bem chamado à titularidade, pode jogar como ponta-de-lança de apoio a Jackson, mas nunca a extremo: para isso há Kelvin, por exemplo, se conta para alguma coisa, como Quintero, se conta para alguma coisa. Ghilas pode apoiar Jackson uma posição diferente daquela em que jogou. Na forma que jogou seria difícil não acabar mal uma jogada que, à imagem do sucedido com Licá nas mesmas funções e com a mesma inépcia técnica para certos desempenhos, fazia perder a bola na linha de fundo. Um bom cruzamento, largo e forte, permitiu a Varela cabecear a um poste, mas Ghilas pode ser o segundo ponta-de-lança, num modelo nunca testado seriamente, mas rendendo mais do que rendeu como extremo puro.
 
Isso pressupõe uma arrumação da equipa que passaria por outros jogadores e outras posições, sem ser um 4x3x3 puro e duro. Não quero, com isto, criticar Luís Castro, apenas realçar a razão de muitos jogos, em especial na 1ª parte, correrem mal e não darem vantagem no resultado. Este foi apenas mais um graças aos erros de princípio, programáticos e conceptuais, que se acumularam esta época. Direi, porém, que Luís Castro, a quem tenho em boa conta e acho ter dado a volta ao estigma improdutivo da equipa, devia saber destes males todos e evitar repetir o que era comum no fraco antecessor.
 
Prontos, a 1ª parte acabou como acabou, o Belenenses respondeu com um belo lance e uma bola num poste, o resultado pareceu certo e a 2ª parte tinha tudo para melhorar, com os visitantes reduzidos a 10 por expulsão acertada, de último defesa, numa falta inequívoca sobre Jackson - que Josué,s em categoria para aquilo, desperdiçou sem nexo com um disparate para fora.
 
Tudo o que a época trouxe de mal esteve presente, é certo que o campeonato já importa pouco ou nada e não é isso que está em causa, apenas não se perdendo a noção do fio à meada que Luís Castro, com bom senso e juízo, ajudou a restaurar.
 
Tendo em visto tudo isto, não me restava outra coisa senão mudar para o clássico de Espanha. O FC Porto, este FC Porto que é o da presente época, desastrada, no campeonato, posso passar sem ele, até por não gostar de repisar as mesmas coisas, meses a fio.
 
O resto das competições terão, creio eu, um tratamento mais competente a começar já no próximo clássico. Mas não me obrigam a ver o que não quero e a gramar jogadores - até quando?... - que não podem jogar.
 
O que possa dar a 2ª parte, no contexto actual,já importa pouco e pouco mudará se o paradigma se mantiver ou trará a vitória se algo se alterar de fundo, de substancial, de essencial e que está a ser desperdiçado.

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