26 setembro 2017

Sérgio&Sérgio: podem repetir, sff?

Da pobreza franciscana do Dragão à opulência arrebatadora no Principado: o FC Porto reeditou o 3-0 ao Mónaco em Gelsenkirchen, Didier Deschamps reviu tudo agora na bancada e como treinador só dá França, mas este 3-0 principesco dos dragões não vale a final de 2004 mas foi uma primeira pequena final ganha pelo novo técnico portista pouco preocupado por entrar na milionária Champions sem trunfos na manga e muito dado a fazer render as pratas de uma casa remediada.
A entrada de Sérgio Oliveira, que eu e muitos nem saberíamos que ainda estava, regressado como outros, no plantel remendado não foi ao género do Costa lançado uma noite por António Oliveira em Old Trafford para ser queimado vivo pelos diabos. O médio portista mais dado a destaques pela negativa nas redes sociais por "socializar" em demasia para um profissional de futebol foi um sócio importante para o ressurgimento portista na Champions, depois da histórica derrota caseira de entrada há 15 dias.
Reforçou o meio-campo numa estratégia agora bem delineada por Sérgio Conceição, sem as avenidas oferecidas aos turcos para passearem no Dragão e até, com Marega descaído na direita, a barrar os corredores laterais aos da casa. Sérgio Oliveira, de quem mal se deu conta na meia hora inicial, fechava na esquerda, enquanto protegia e apoiava Brahimi.
Num terreno escasso onde o preço por metro quadrado é quase proibitivo e os bólides locais têm de refrear os cavalos de potência em ruas estreitas e quase sem rectas, apesar do circuito citadino da F1, o FC Porto vendeu de forma exorbitante o seu espaço de forma que nem os abastados monegascos puderam comprar.
Senhor absoluto do jogo, dominador estratégico e conquistador onde nunca vencera alguma equipa portuguesa e onde mora o campeão francês, o FC Porto não só fez esquecer a derrota caseira como lançou as bases de um projecto sério que tem de ser olhado pela óptica de Sérgio, o Conceição.
Tá visto que não olha a nomes e, confirmados os fiascos de Oliver e Corona, lança mão de alternativas até aqui imprevistas, para não dizer pior. Já tinha sido Layun, o patinho feio Herrera volta a fazer o seu caminho, o desengonçado Marega lá destrói o que não é para ficar em pé e o FC Porto descobre-se em fortuna e bonança.
Danilo sente dificuldades em jogar mais adiantado e perde posicionamento e bola muito mais à frente do que estava habituado. Mas a equipa ganhou agressividade táctica, posicional e quer nas divididas quer nas bolas paradas deixou de parecer infantil.
Eis que, repetindo nomes de Sérgio protagonistas, com Herrera a subir e Marega impetuoso, vê-se que não dá para emendar aquele tremendo fiasco de entrada, mas o outro ar que a equipa respira, fugindo ao trivial adivinhamento do onze - tão difícil de calcular como era com António Oliveira que lançou Sérgio Conceição no onze portista há 20 anos -, o painel de jogo é por todos partilhado e a míngua de opções uma oportunidade para todos.
Pode não ter o fito de repetir táctica e trunfos, mas se Mónaco e Sporting eram dois testes cruciais para a definição desta fase da temporada, este foi passado com excelência e em Alvalade dá mesmo para reeditar: o Sporting de Jesus joga basicamente com mo o Mónaco de Jardim, a quem o FC Porto fechou as avenidas centrais e limitou corredores laterais. A chave táctica da vitória teve um desempenho competente como há um ano se viu em Roma - foi 3-0 inédito em Itália que poucos já recordam - precisamente antes de uma visita à Alvalade onde então faltou golpe de asa e o modelo de jogo com tracção atrás não convencia...
Sérgio Oliveira compôs bem a manta e Sérgio Conceição, que não deixa correr o marfim desde o banco, ralhando aos jogadores e corrigindo como nenhum dos 5 antecessores fazia, mostra saber que o carrinho utilitário pode ir longe, quiçá fazer um jackpot no Casino em Montecarlo.
Um cheque farto em Alvalade, para deixar rivais a 5 pontos em Setembro, seria um seguro contra todos os riscos. E ricos.
Há gente feliz com o suficiente para viver bem.
Ora, seja com Sérgio&Sérgio ou de outra forma, não se importem de repetir domingo.
Para já, barriga cheia com jogo em cheio a que o rotundo resultado fez justiça. E que bem sentir a fuga ao vaticinio de último do grupo. A dupla jornada com o estreante de Leipzig que tem também um Dragão como estádio será precioso.
Foi assim, em 2008, com duas vitórias sobre o Hamburgo, que o FC Porto arrancou para uma bela época embora Jesualdo tivesse um plantel rico e farto, além de campeão.
A corrida de Conceição é outra. Etapa a definir: Alvalade.

1 comentário:

  1. Boas caro Zé Luís, dá para entusiamar, como há muito não sentíamos.
    Vitória do mister, inteiramente dele. Nunca acreditei, mas o trabalho até agora é do camandro!
    Saudações Portistas!

    ResponderEliminar