09 setembro 2011

True blue ou papa don't preach?

Escrevo ainda com o Porto-Setúbal a terminar e a "Madonna" de volta ao palco, já com 3-0 inapelável, depois de ter cantado "True blue" quando Joao Moutinho abria o marcador ante os defensivos sadinos. O Moutinho que, bem a tempo, Pinto da Costa definia como "jogador à Porto" e prova-o a cada jogo. Desbloqueou o jogo e o resultado, entrado ao intervalo por troca com Souza. Acho que ficou 3-0 mas acabo isto sem ter confirmado o resultado, porém avaliando o que lhe subjaz.

Vítor Pereira geriu o plantel, como tem de fazer e tem-no feito bem. Moutinho na 2a parte, depois Hulk nos 25' finais para dar a assistência do 2-0 com James, de novo em foco. Ainda Hulk, na posiçao de ponta de lança até porque rendeu o apenas esforçado Kléber, a dar a Belluschi para o 3-0 contundente. Pode-se provar muitas coisas com tudo isto, de tudo o que a situaçao portista tem sugerido diversas reflexoes que só alguns parvalhoes nao entendem, porque sao burros como portas, mas de novo nao é a questao do campeonato que está em causa, muito menos em aberto, porque nao se vê equipa que possa derrotar o FC Porto. Ponto.

Depois de "True blue", a marcar a reacçao do imponente campeao nacional, a "Madonna" convidada cantou "Papa don't preach" e, uma vez mais, podia discorrer sobre tudo e mais alguma coisa, a começar pelo que se deve exigir, de facto, no campeonato onde as atençoes se dispersam com pequenos jogos de poder agora com uma inusitada corrida concorrida à presidência da FPF, com tudo e mais um par de botas mas só com cromos destas tropas que infestam o futebol português e o avaliam tao mal.

O discurso deve, mais uma vez, na minha opiniao, no sentido de penalizar as equipas que nao querem jogar e o V. Setúbal deu pena de ver jogar quando pode e já mostrou ser capaz de fazer muito mais. Depois, o árbitro, absolutamente lamentável, embora o jogo nao suscite críticas de maior mas sem que o bacoco Marco Ferreira tenha deixado de mostrar ser mais um sem estaleca para estas coisas. Depois de amarelos patéticos a portistas, dar um a Álvaro sem falta e a proporcionar um livre que Zé Pedro quase convertia em 1-1 é só mais uma acha para esta fogueira em que arde apenas a paciência de quem espera nao só bons árbitros mas acima de tudo melhor futebol.

Pena é que os pregadores (mais de pregos no caixao do que de outra coisa), de inflamados discursos sobre as coisas da bola e cada vez mais trôpegos e patéticos a falarem delas fora do campo, nao castiguem as equipas que fazem mal ao jogo; ao invés, pregam contra a falta de competitividade, que nao ajudam a melhorar com mais exigência de jogo e atitude ofensiva em vez de louvarem o futebol defensivo de vez em quando premiado com um pontito, o que ajuda a tornar mal sano o ambiente no futebol. E já nao basta o campeonato, temos de novo a selecçao entregue aos mais variados desvarios em que me sinto acompanhado por Rui Moreira nas suas excelentes crónicas em A Bola que de alguma maneira corroboram o que tenho escrito sobre vários assuntos, agora sobre a vergonha de Paulo Bento, a FPF e o inexorável Amândio de Carvalho que foi tao lesto a enterrar Queiroz e tao trôpego a tratar de um assunto que lhe diz directamente respeito.

Aproveitem isto apenas em talhe de foice, por nao ter tempo, em férias, nem atençao suficiente, para comentar o que por aí vai, pondo um mínimo de escrita em dia, com o pouco que posso fazer com o que tenho disponível para dar mas alguns pensam poder e saber cobrar.

Na 3a feira conto estar mais operacional e em campo para o regresso à Champions, aquela onde penso que muito se jogará desta época, especialmente com a questao pendente de Kléber, de novo em aberto neste jogo e com as consequências em aberto, igualmente, pelas opçoes da SAD que devem ser saudavelmente discutidas e nao aberrantemente obedecidas como alguns pategos infelizmente fazem mas para os quais, em férias ou de "serviço" (gratuito, é bom lembrar), nada contribuem a nao ser zurrar contra quem tem opiniao formada e sustentada e nao argumentam em seu favor.

Talvez seja a altura de os "papas" que apregoam coisas boas voltarem a pegar pelo lado errado da competitividade e interesse do campeonato, quando o FC Porto segue vitorioso e se destaca no comando. Mas os caes ladrarao e a caravana passará, triunfante como tem sido, sujeita a alguns solavancos e , esses, o treinador do FC Porto tem superado com distinçao. Apesar de a Supertaça no Mónaco suscitar de novo interrogaçoes que o ultrapassam e este novo jogo ressaltou: tivesse Álvaro jogado no Mónaco, com Fucile à direita, e talvez o equilíbrio defensivo e as acçoes ofensivas tivessem outra profundidade e quiçá outra efectividade. Nao há dúvida que os dois em campo dao outra força e dimensao.

Da mesma forma, no melhor plantel, com os melhores jogadores, as diversas opçoes do meio-campo dao para muita coisa e a junçao de Defour a Belluschi e, depois, Moutinho na 2a parte fazem um sector inatacável. Fica, entao, e mais uma vez, a dúvida do ataque e centrada no ponta-de-lança, porque Rodriguez esteve percutante na esquerda e com Hulk e Djalma depois as variaçoes atacantes sao de tal forma válidas que só temos pena, mais uma vez, de termos perdido Falcao, ainda e sempre um pomo de discórdia e um ponto de interrogaçao que deixa, mais no capítulo internacional.

E sem rever isto, com pressa e em tempo de voltar a casa, espero que avaliem com atençao o que está escrito e nao o que nao está, como muito estúpido faz amiúde fazendo-me perder tempo e paciência, para discutirmos coisas que valem a pena. Como portistas a sério e sem apregoarmos demagogia barata.

4 comentários:

  1. Boa noite,

    Hoje fizemos um excelente jogo, sufocamos o Setúbal, e houve magia no sobre o relvado do Dragão.

    O nosso meio campo esteve muito bem, sobretudo após a entrada de Moutinho, a criar muitas situações de golo.

    O tridente Moutinho/Defour/Belluschi vai dar muito que falar. Grande dinâmica deste trio. Defour faz carrinhos!!!! e tem uma excelente capacidade de passe! Este jovem belga em pouco tempo poderá agarrar um lugar mais habitual na equipa.

    O Setúbal só não saiu goleado do Dragão devido à exibição de Diego e à nossa falta de sorte.

    Efectuamos perto de 30 remates em cerca de 60 ataques. Foi um caudal ofensivo tremendo.

    Destaques individuais para Defour, Belluschi e Moutinho. Um dos três pode ser o melhor em campo.
    Hulk em 20 minutos fez duas assistências para golo ... fantástico. James ... bem este menino se tiver cabecinha vai ser a revelação da época.

    O Setúbal só por uma ocasião incomodou Helton.
    Este Setúbal tem equipa para mais e melhor. O seu treinador estacionou o autocarro, traçando uma estratégia ultra defensiva. Na minha opinião vai ser a próxima chicotada psicológica da época.

    Nota negativa para o árbitro. Uma galinha com capacidade de assoprar fazia melhor trabalho.

    Realce para o fantástico apoio do público.

    Abraço e bom fim de semana

    Paulo

    pronunciadodragao.blogspot.com

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  2. Foi um jogo em que o Vítor Pereira mostrou que tem unhas para esta guitarra. Sim, já sabia que o PdC não costuma falhar. Sim, também vi o jogo que fizemos no Mónaco, apesar de tudo e não usando todo o arsenal disponível. Sim, já sabia tudo e mais alguma coisa, mas faltava-me uma demonstração de "banco".

    A única crítica que lhe faço é o 11 inicial. Iniciamos o jogo com dois "extremos" que procuram muito os espaços interiores. Isso limita muito a nossa capacidade de pressão sobre o adversário e a nossa criatividade ofensiva. Ficamos muito dependentes da profundidade dada pelo Alvaro no flanco esquerdo. Bem sei que o mesmo acontece quando jogamos com Hulk e James, mas não é a mesma coisa. Primeiro, porque Hulk tem capacidade de ganhar a linha e, em segundo lugar, a nível de talento, imprevisibilidade e criatividade é uma dupla MUITO superior. São dois jogadores que podem ganhar um jogo a qualquer momento.
    A nível de meio campo sentimos algumas dificuldades na primeira parte. O quarteto de "veteranos" do Vitória de Setúbal estava fresco e dinâmico e o nosso meio campo algo recuado e com pouca capacidade de verticalizar o jogo e dar-lhe velocidade (sobretudo na primeira fase de construção), não só por falta de capacidade de meter os passes, mas também porque os extremos vinham muito para dentro.

    As substituições são muito boas. O único aspecto discutível é se o Djalma poderia (e deveria) ter entrado mais cedo. Mas ganhamos o jogo logo na primeira substituição. O nosso meio campo galgou metros, encostou ao meio campo defensivo do Vitória de Setúbal, ganhamos MUITA capacidade de passe vertical e aumentou-se MUITO a velocidade e dinâmica na primeira fase de construção. O meio campo do Vitória de Setúbal foi perdendo gás e a nossa marcação à saída de bola do Vitória de Setúbal foi-se intensificando.
    A segunda substituição é a melhor de todas. Nada contra o Kléber, entenda-se. Naquele momento trocar o Hulk pelo Rodríguez era melhor para o Vitória de Setúbal que a troca que o VP fez. A razão é simples, os centrais do Vitória de Setúbal são centrais de marcação. Gostam de ter um referência, de preferência alguém que se dê à luta (como o Kléber) e jogando em bloco baixo. O Ricardo Silva, não tivesse passado ele por cá, é especialista neste tipo de jogo. O que o VP fez foi criar um ataque mais dinâmico, mais fluido, menos dado à marcação, com trocas posicionais e com desmarcações diagonais rápidas. Isto para quem está habituado a ter que marcar um 9 é terrível. E assim passamos de 1-0 para 3-0 como poderiam ter sido mais.

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  3. Helton - Perfeito. Um "vais tu, vou eu", resolvido com classe e tudo o resto perfeito. Segurou o 1-0 quando teve que o fazer, fazendo uma excelente mancha perante o J. Silva e aguentando espectacularmente até à última para desespero do avançado.

    Fucile - Muito bom jogo, fechando bem o seu flanco e subindo com muita acutilância.

    Alvaro - Que se mantenha assim, pelo menos. Foi ele quem manteve vivo o flanco esquerdo ofensivo quando o James não andava por lá e ainda não deu qualquer hipótese ao J. Gonçalves.

    Maicon - Um central nunca deixa um avançado rodar para dentro. Se o avançado consegue, tem que ser falta. Há certas coisas que o Maicon ainda não entendeu que não podem acontecer. Fiquei muito satisfeito de ver o VP a colocar-lo no 11 e espero que esta prova de confiança tenha frutos contra o Shaktar. O Maicon precisa de jogar, errar e aprender. No FC Porto não há muito tempo e espaço para isso.

    Rolando - A tal situação com o Helton e de resto à capitão. Tudo dele. Nem o J. Silva o incomodou.

    Souza - Eis que chega um jogo para um "6 à Souza" e falha redondamente. Muito macio na marcação e sem qualquer ponta de dinâmica e velocidade na saída de bola. Pior, quase zero de passes verticais na primeira fase de construção. À custa disso não tivemos um meio campo em cima do quarteto do Vitória de Setúbal. Na segunda parte, com a situação corrigida...ganhamos o jogo. Esse vai ser sempre o problema do Souza a 6. Tecnicamente é um jogador de elevada capacidade, mas falta-lhe fibra e capacidade para acelerar o jogo.

    Defour - Estreia e exibição de craque. Excelente nas compensações, excelente nas tabelas, excelente na procura do companheiro desmarcado, excelente na procura do espaço vazio para se desmarcar e excelente no passe vertical. Tudo isto jogando nas pontas dos pés, ou seja, rápido, incisivo, dinâmico.

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  4. Belluschi - Grande jogo de um jogador que prova que tem que ser titular e que merece jogar numa posição mais avançada. O jogo que o Belluschi fez na primeira parte, em que tinha que recuar em demasia e o jogo que faz na segunda parte onde se encaixou entre a linha de meio campo do Vitória de Setúbal e a sua linha defensiva...é na EXACTA proporção entre a nossa primeira e segunda parte.

    James - Grande jogo, grande capacidade de inventar jogadas e perigo. Grandes passes, grandes remates, grandes cruzamentos...e está a crescer na disponibilidade táctica, sobretudo para defender. Um talento dos pés à cabeça.

    Rodríguez - Não gostei do seu jogo. Correu quilómetros, entregou-se ao jogo, lutou, participou, suou e bateu palmas à claque. Para uns foi um espectáculo, para mim, não chega. Matou muitas jogadas de perigo, cruzamentos transviados foram demais, maus passes também. Tem dois momentos, num tenta cruzar, mas engana-se e quase faz um chapéu ao Diego e noutro, sozinho na pequena área e com a baliza à mercê remata contra o chão. Por ele, ainda estávamos 0-0 com o Vitória de Setúbal. Sinto muito, briga e alma são muito importantes, mas por si só não fazem um jogador de futebol. Saiu tarde, como o Djalma provou em 12 minutos. O Peter Suswam teve um jogo tranquilo, só com bolas metidas nas suas costas para a velocidade é que o Rodríguez lhe dava mais luta. No 1x1 foi presa fácil. Até o Alvaro apoquentava mais o nigeriano que o Rodríguez.

    Kléber - Eis o 9 do FC Porto. Talento?, basta ver a bola que mete no barrote. E é esse tipo de desmarcação, essa predação do espaço livre, da linha de desmarcação e da incapacidade do adversário em o acompanhar que se tem que concentrar. Esse é agora o seu trabalho. O Marítimo já lá vai. Ganhar linhas de passe, ganhar espaços de desmarcação, ganhar a frente ao central, meter o corpo para fazer barreira para o nosso meio campista passar ou rematar...tudo isso é a sua função. O resto fica para quem lá está e sabe mais que ele, porque naquelas posições são MUITO melhores que ele, ao contrário do que sucedia no Marítimo. Bom jogo. Não saiu por estar a jogar mal, mas por esperteza táctica do VP.

    Moutinho - Uma injecção de rotatividade e dinâmica no meio campo. Duas mudanças acima, logo. Sempre em trocas posicionais e smepre colocando a bola à frente. GRANDE trabalho defensivo em conjunto com o Defour. Uma loucura esta dupla! Mónaco, que pena!!!!!

    Hulk - Era óbvio que a sua classe e talento iam fazer estragos. Pena que matasse um lance por tique de vedetismo. O que falta ao Hulk para valer a sua clausula é isso mesmo. Tem que ganhar proporção entre o seu talento e sua eficácia na resolução do lance. Causou problemas em toda a linha defensiva do Vitória de Setúbal, numa substituição muito bem conseguida pelo VP.

    Djalma - Entrada muito tardia. 12 minutos para o Peter Suswam não pensar que veio dar um passeio.



    No Setúbal, o Suswam (DD) é um jogador interessante. Tive pena de não ter visto mais do João Silva, acho que fez falta ao Vitória de Setúbal um referência na frente. E apesar de o Diego ser um bom Gr, acho o Gottardi bem superior. Menos espalhafato, mais rigor, mais "gelo" e mais COMANDO.

    DRAGO

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