28 outubro 2011

Para um jogador "oxigenado" nada como o "oxigénio" do treinador

Vou evitar seguir o caminho que muitos tomarão de pegar o mau exemplo pelos cornos, nem que seja um ridículo cabelo pintado contra-natura disfarçado de moda ou estimulado por contrato publicitário. A importância e o estatuto de Hulk no FC Porto e como melhor jogador a actuar em Portugal salvam-no de um ataque cerrado, até feroz, face à triste fiigura e descabelado comportamento que teve ao ser substituído com uma hora de jogo e pela primeira vez por estar a jogar, como diz o povo, mal e porcamente.


Porque, além do mea culpa assumido sem rebuços, por vontade própria ou imposta verticalmente, no final do jogo, complementado com a água na fervura deitada pelo treinador, este caso, a marcar um jogo anódino que nada mais deixa paa a história do clube ou a economia do campeonato, daria tanto pano para mangas como de leituras diversas tem as opções de um treinador a quem poucos dão o benefício da dúvida. E se no Dragão nunca deram ao tricampeão Jesualdo, muito menos o têm dado a um neófito que era mero adjunto na época dourada do FC Porto ém 2010-2011.

E se o caso, ou casos, ajudarem a inverter a situação de pasmaceira em que o futebol portista se enreda por culpa própria, pois pode ser que, além de tomar firmeza em Chipre para seguir o rumo certo na Champions, o campeonato comece a ser ganho esta noite com a união que tem faltado ao grupo e que se vê em campo, dando razão aos mais críticos e impacientes. Não só os assobios a Hulk, ainda na 1ª parte, reforçam a posição de Vitor Pereira, como as alterações operadas do intervalo para a hora de jogo após mostrar confiança na equipa dos Cincazero de domingo passado, até perante os adeptos que, julgo eu, não deixarão de estar com o treinador, perdendo de vez a ideia de que as substituições não são bem feitas.

Hulk fez uma hora de jogo como nunca de tão mau mostrou no Porto. Nenhum passe, nenhum cruzamento, nenhum remate, nenhuma finta, zero absoluto a justificarem a sua saída. Infelizmente, ninguém se lembra de maus jogos dele no tempo de Jesualdo que nos custavam empates caseiros. Com uma 1ª parte ameaçada por um 0-0 sem velocidade nem pontaria (pena as três oportunidades claras nos 20' iniciais e um fora-de-jogo criminoso logo aos 30" a negar a Walter o frente-a-frente com Cássio, Defour foi o primeiro a ficar na cabina. Será que o belga não aguenta dois jogos seguidos? E, se assim for, alterando o bom de domingo com o péssimo de hoje, não é isto um problema para o treinador ter de gerir estes esforços e até humores dos jogadores?

Tal como com o Nacional, as substituições resultaram em golos dos que entraram como de golos construídos por eles próprios, lembre-se o lance Guarín-Moutinho-Kléber para o 4-0 de domingo. Hoje, foi Moutinho-James-Kléber a rematar a bola no poste do colombiano. Vítor Pereira está apostado em actuar determinado e Hulk foi a pedrada no charco, definitivamente. Resta saber se aprendeu a lição ou manterá a acomodação que não pode permitir que jogue desconcentrado como se o cabelo oxigenado contamine as células cinzentas mais abaixo.

Vítor Pereira e os adeptos viram, vimos todos, que não estando nenhum jogador bem e de forma indiscutível, talvez à excepção de Fernando do meio para a frente, é lógico que tudo tem de estar constantemente a mudar. Só vi Defour jogar arrastado e para trás, traindo o esforço de Belluschi na construção depois de ter sido o belga a muleta do argentino na partida anterior. Como é possível jogar assim e querer ganhar? Vítor Pereira mostrou a coragem que já se vira esta semana, vamos ver se os jogadores assumem a ambição de ganhar em Chipre na 3ª feira.

Moutinho, pelo menos, arrebitou, voltou a entrar e a ser decisivo, dando o exemplo do tal jogador à Porto que cabe agora a Hulk, como estandarte da equipa que precisa de reconquistar o respeito europeu, demonstrar. Ou amuará de vez e começará a deitar tudo a perder, colectivamente quanto a títulos e individualmente face a um eventual desejo de sair, como parece indiciar a perspectiva de 50ME de receitas de transferências no orçamento de 101ME e 109ME de receitas estimadas.

Talvez os adeptos se alinhem mais, agora, com o treinador, em vez de pensarem que o desempenho dos jogadores sai de algum caderno de apontamentos ou do estímulo do banco ou da voz no balneário. Balelas, são os jogadores que fazem em campo por merecer os títulos e o respeito que os adeptos lhes devotam.

Se essa lição foi aprendida por toda a gente, e as reacções dos adeptos são tão importantes na percepção dos fenómenos de tantos egos no futebol, pode ser o clique que faça avançar a equipa sem titubear para novo título. Mas com o APOEL, causador do desarranjo maior em termos de empatia das bancadas com a equipa, não pode haver melhor prova, por irónico que pareça e inverosímil face ao menor cartaz do adversário.

Não vale mais a pena falar do jogo em si, apesar do patético autogolo que sucede a qualquer um, de um Sapunaru que é um susto a defender e a criar problemas aos centrais (ligeireza com Melgarejo quase custava o 0-1), embora valha a pena referir o gradual crescimento de Álvaro, a confirmação e segurança de Fernando (apesar de um ou outro bloqueio), a confiança a subir de Mangala e o empenho de Varela.

Mas pensar que, face ao caricato autogolo, o Paços de Ferreira deve ter entrado na 2ª parte a pensar estar em vantagem, sem sair do buraco, faz discutir se as equipas merecem mais do que levam quando episodicamente obtêm um ponto e perguntar se é legítimo aceitar, ao ouvir na TSF o habitualmente certeiro Bruno Prata, no regresso a casa, que um tal Luisinho (de resto responsável no autogolo de Melgarejo, um bom jogador este) possa ser considerado hipótese de melhor em campo. O que diz bem do que foi o jogo, péssimo, e de não haver medida para distinguir o mérito da construção, como a Fernando ou Belluschi, da facilidade ou comodidade de apenas destruir jogo. Só com 2-0 a estrutura pacense foi alterada e mesmo assim com uma equipa ´já descrente, o que me faz regressar a uma pergunta que fiz então, ao tempo da saída de Rui Vitória para Guimarães, quem seria este tal Luís Miguel. Para treinador conservador já nos basta uns quantos mas sem rasgo algum não me lembro de ver na Mata Real. Fica apenas, então, como cunhado de Vítor Pereira, o vencedor da noite e de quem, face ao familiar indirecto, percebo agora os retratos que as reportagens nos trouxeram ao longo da semana das capacidades de um, ofensivo e ambicioso, e de outro, fechado e nada aventureiro.

3 comentários:

  1. Desculpem lá, mas esse tal Melgarejo só demonstra como é péssima ideia haver empréstimos a clubes da mesma liga, é uma pouca vergonha!

    Quanto ao jogo, não sei, os últimos 20 minutos da primeira parte deram-me a impressão que nem que fosse às três tabelas, que com tantos mecos para desviar a bola ela ia acabar por entrar face ao volume de jogo que se aproximava.
    Não pude ver a segunda parte, gostei de ouvir as substituições e a continuação do domínio do FCP.
    Agora, aquela defesa conseguiu ainda piorar este ano, se é que isso é possível.
    Mas há que estar de olho atento, o slb pode amanhã ganhar 9-0, passamos a segundo e temos que mandar o VP embora...

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  2. Mais um jogo com todos os defeitos e virtudes que têm caracterizado o FC Porto desta época. A equipa acusa alguma falta de confiança que a leva a cometer erros escusados e a fazer exibições intermitentes, alternando coisas boas com outras decepcionantes.

    O importante nesta fase tem sido conseguido. As equipas vivem de resultados e por aí não nos podemos lamentar. Somos lideres. Mas já começam a ser horas, para aos resultados somarem-se exibições convincentes.

    Se há jogadores em evidente baixa de forme, Hulk empunha o estandarte. Logo agora que o seleccionador brasileiro mais parece apostado em testá-lo. Pouca sorte do incrível, que como mortal que é também tem direito aos seus momentos menos bons. Gostei da coragem de Vítor Pereira na sua substituição e compreendo que a massa adepta portista não tenha ficado agradado com a exibição do brasileiro, mas daí a demonstrá-lo com uma vaia descomunal, parece-me no mínimo ingrato.

    Gostei mais uma vez do jovem Mangala, o mais rápido dos defesas-centrais do plantel, que para mim, conquistou o lugar.

    Um abraço

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  3. ..."Balelas, são os jogadores que fazem em campo por merecer os títulos e o respeito que os adeptos lhes devotam."...


    De acordo !


    Um abraço

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