19 outubro 2014

Rescaldo friamente depois do calor das acusações gratuitas e resultadistas

Não tenho de acrescentar muito ao que julguei necessário resumir do jogo, ontem. Caso contrário, a muitos dos críticos atuais, gostaria de saber, e recuperar, o que achavam da equipa, dos processos, das transições e da posse serena mas determinada, do tempo do Vítor Pereira. Eu sei o que se foi passando e tenho noção do que sucedeu e o próprio treinador bicampeão, segundo o insuspeito PInto da Costa mas a quem eu não dou crédito em demasia, quis sair por não aguentar as críticas dos adeptos (seriam?) e/ou comentadores.
Isto tudo se enquadra na pasmaceira do que é o FC Porto desde 2011, uma pasmaceira que só o temperamento e conhecimento de VP superou. Mas não quero voltar a falar disso, depois de tudo o que escrevi, mais e melhor do que ninguém, no passado recente. Entretanto...
Só agora comecei a ler alguns posts e comentários na bluegosfera. Mais do mesmo como o que disse acima e nas respostas aos comentários de ontem. Há críticas justas, mas a maioria funciona face ao resultado. Falar de desoreganização e buracos defensivos, citando até excertos de crónicas de jornal ou sites de bola, é ver pelo olho do cu, aquele que só tem uma visão e dá pelo nome do resultado que se cagou no momento. Foi o que sucedeu: saiu um resultado cagado do jogo de ontem.
Os buracos defensivos do FC Porto foram seguramente menos do que as ocasiões em que Adrián Lopez, Jackson (fez golo), Jackson (penálti falhado, mal marcado e claramente impróprio para ele que não os sabe marcar e mostra não ter convicção), Marcano (cabeceamento frontal para o 2-2, defesa de Patrício porque a bola foi para ali directa a ele).
Se me disserem que buracos defensivos portistas o Sporting criou por seu mérito eu rendo-me. Até lá fico só a digerir as desfeitas que um jogo de futebol pode deixar a remoer. Há problemas no meio-campo, sim senhor; Lopetegui não escolhe os melhores para as melhores posições, já é tão evidente que cansa; Maicon e Danilo, mais Casimiro, têm falhas inacreditáveis, torna-se já insuportável; nada tem a ver nem com a rotação nem com os que vão entrando: não foi pelo g.r., não foi pelo lateral-esquerdo, não foi pelo Marcano, infeliz no autogolo e infeliz por não ter feito o 2-2 que o FC Porto justificava plenamente.
O problema de fundo é mais da necessidade de estabilizar um sistema de jogo, algo ao acaso neste momento, do que os jogadores necessários para cada jogo: porque do primeiro pode nascer a complicação do segundo ponto, colocar os jogadores onde se deve e onde são melhores. Mas disso já falei há muito, por mim quero Oliver no meio e um 6 em condições fiáveis.
É flagrante que o FC Porto perdeu por culpa própria e não é preciso esmiuçar. Perdeu por si, não por o Sporting ser melhor. Talvez a estabilidade do Sporting - mesmo plantel, melhorado com Nani - ajude a perceber alguma coisa de positivo nesse lado e o facto de Marco Silva saber como se joga e o que se joga em Portugal. Mas ou temos um treinador estrangeiro - decisão de Pinto da Costa já explicada, mudar o paradigma - ou temos de aceitar um VP bicampeão contestado e um inesperado PF fracassado.
É claro que quando tudo corre mal, dificilmente pode andar para melhor. Não deu para emendar como em Lviv com o Shakhtar. E um jogo mal perdido, repito, não pode fazer perder uma época.
Tudo o resto é de quem anda ao sabor da corrente e emprenha pelos ouvidos mal enxergando o que os pobres olhos, às vezes traseiros, vislumbram.

6 comentários:

  1. Depois de ler a sua analise pergunto lhe se la no fundinho da sua consciência esta derrota não lhe parece um deja vu!
    Após todos já termos percebido que o treinador não muda e è de ideias fixas não lhe assusta o facto de que vamos continuar a jogar assim?
    De que a rotatividade é para manter e que as analises erradas na abordagem ao jogo, óbvias pelas duplas substituições e pelo timing das mesmas, não alteram a forma de abordar os jogos por parte do treinador?
    Tudo isto e muito mais não lhe preocupa? Não lhe faz querer "torcer o pescoço" ao treinador?
    Agora o FCPorto é alguma cobaia para treinadores experimentalistas??Com quantos mais "inventores" vamos ter que que levar ate se contratar alguém que faça aquilo que toda a gente vê e pensa e só um iluminado crê no contrario, e ainda pior é ser outro teimoso e teimosos costumam ser os burros!
    Não sei se o defeito começa a ser de quem põe o treinador no FCP ou se é mesmo do treinador só sei que esta época não há desculpas!
    Se isto não são razoes para um adepto ficar descontente e frustrado não sei então que tipo de adeptos por ai andam, não auguro nada de bom se este treinador não repensar o que anda a fazer!


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  2. Grande Zé Luís.

    Concordo 100% consigo, assino por baixo! Odeio os assobios e a permissividade com quem nos critica.

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  3. Minhoto amigo, não quero desiludi-lo e muito menos chateá-lo, mas sobre essas coisas também tenho escrito ou acha que escapa a alguém a frequência de duas mexidas simultâneas nos médios? Não viu que escrevi isso e, assim, é claramente uma crítica ao treinador e um reparo para algo que não está bem?
    Parece que embirram comigo em vez de com o treinador. Mas embirram comigo porque eu vejo muitas dessas justas críticas que lhe apontam, como vejo muitos aspectos positivos que vocês não querem ver.
    Dejà vu? Sim, vejo futebol há 40 e tal anos, já vi muita coisa e já vi até coisas muito semelhantes a esta.
    Dou-lhe um exemplo de um Porto-Sporting com resultado (0-1) que não espelhou o que se passou em campo. Foi precisamente a última derrota em casa com o Sporting. Golo de Tello de livre, de longe, mas num remate imparável. Resultou de quê? Postiga carregou um adversário a 35 metros da baliza, era escusado e não era expectável um golo dali. O Porto, de Jesualdo, perdeu, não porque jogou pior, mas porque fez uma falta desnecessária e da mesma resultou um golo improvável mas um grande golo. Paciência. O FCP perdeu e foi campeão, todos criticavam o Jesualdo, continuaram a criticar no ano seguinte em que foi campeão com mais de 20 pontos de avanço e perdendo em Alvalade quando podia ter goleado e sofrendo dois golos irregulares.
    Mas alguém é capaz de me abrir os olhos e me mostrar coisas que eu recuso ver e como se nunca tivesse visto?
    Lamento, mas não deve haver muitos desses.

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  4. Para já, não há alguém que conteste os dados e factos que descrevi do jogo. O acabar mal o jogo, os olés dos adeptos contrários, faz parte e a parte final do jogo ia redundar assim: mais uma asneira do Maicon (pede fora-de-jogo de braço no ar quando punha em jogo Slimani e depois compensa mal, é entortado no lance e só a intervenção infeliz de Marcano faz o ressalto que deixa o golo à mercê, mais um azar do Marcano).
    Estes são os factos do jogo por cima de considerações tácticas genéricas.
    Para resumir¨, eu registei essas preocupações, em cada jogo faço essa observação e percebo que essa pecha não está colmatada. Os elos de ligação essenciais estão por solidificar mas não acho que seja da rotação de jogadores, é mais da identificação do problema e da escolha dos mais adequados a certas funções. Vamos ver se JL consegue pôr a coisa nos eixos. Esta derrota não me preocupa por si mesma. Para alguns parece o fim do mundo, talvez por estarem escaldados com a época passada mas quiçá passando por cima das críticas, injustas e exacerbadas, que faziam a VP, como aduzo entre o post anterior e este.
    Não quero fazer juízos precipitados por causa de uma derrota que se pode considerar normal, ser em casa não é essencial, o FC Porto está longe de ter a melhor equipa do mundo e vem de uma época traumática e uma época em que, infelizmente, eu tive razão toda a justificada muito antes do tempo - e lembro que tracei o vaticínio a PF no 2-2 do Estoril quando podia pegar, e não deixei de o realçar, pelas asneiras do árbitro Rui Silva e um resultado mentiroso que não escondia, esse sim, um jogo paupérrimo do FC Porto como já então se vira mesmo com o Arouca.
    Sobre não haver desculpas, também acho que há menos atenuantes. Só espero que se houver decepções as peçam a quem decidiu assumir esta via e não a mim. Não escolhi ninguém, nem treinador nem jogadores, não ganho dinheiro com isso e limito-me a opinar sobre o que vejo.
    Mas não me parece que o treinador vá repensar, depois veremos os resultados. Oliver tem de jogar no meio, Quintero também, as alas para Quaresma (sempre disse, quando o criticaram por aquilo de Lille, que tem lugar) e Tello (que não é o craque maior apesar de vir do Barça, se fosse muito bom continuava lá já o escrevi mais de uma vez). Ou seja, jogadores nos lugares devidos. De preferência castigando os que reincidem nas asneiras.
    Repito ainda: além de terem de me demonstrar que o Sporting teve as claras ocasiões que o FCP teve e citei só as claríssimas (podia juntar remates de Quintero, Jackson e Brahimi), digam lá se foi pelo g.r. o lat. esq. e o central espanhóis que perdemos. Francamente!

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  5. Caro Zé Luís,

    O problema está aí claramente, não no sistema, que esta época até podem ser vários tendo em conta o plantel, mas nas escolhas para o sistema escolhido. E temo que JL não dê o braço a torcer, e o caso da titularidade dada ao Casemiro neste jogo, é exemplo disso.
    Quanto ao Marcano e Angel, especialmente o lateral, de momento preferi-o ao Alex Sandro. Mas isso devo ser eu, que sou um chato e gosto de ir contra a corrente…
    Cumprimentos Portistas!

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  6. Pedro, é isso que tenho constatado e é esse o ponto. Quando a sorte do jogo nos é adversa completamente, como neste jogo, a coisa parece mais flagrante, mas está lá há algum tempo e talvez JL seja casmurro, mas ainda não o conheço bem para garantir que não mudará. Daí a minha tolerância.
    Não temos um 6 que nos dê a constância do Fernando. E Jackson a capitão não creio ser o melhor para dar uns berros no campo e toda a gente tocar a reunir. Essa é uma questão que ninguém abordou, mas o Jackson é demasiado bem comportado para ser um Nani que importuna os árbitros constantemente porque sabe como se devem fazer as coisas por cá.
    É tudo isso, com certa ingenuidade derivada da juventude e de muitos virem de novo e todos serem estrangeiros, que marca uma certa aparência de anjinhos que marca o jogo portista.
    Nem quis estar a discutir as faltas permanentes dos médios do Sporting. Quando Nani levou amarelo, Jorge Sousa contou 3 ou 4 faltas seguidas do Sporting, mas já eram 9 ou 10. Isto vai marcando o jogo e marca mais quando se está em vantagem.
    Só que o resultado negativo - além de deixar frustrados adeptos por coisas laterais, como o grunho de carvalho - nem permite falar de certas coisas do jogo porque o foco, resultadista, é malhar no que está mal.
    Os adeptos em geral sáo assim e uns opinadores ocasionais são assim também.

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