16 maio 2012

O culpado das derrotas e os obreiros das vitórias

Voltando à análise da campanha portista 2011-2012 com a satisfação da prioridade conseguida com mais um título de campeão nacional, não sei se repararam, na miríade de opiniões e no ruído das festas sucessivas, numa peculiar forma de avaliar o trabalho de Vítor Pereira, dos jogadores e do colectivo. A questão do mérito merecerá também um tratamento em separado.

Como a tónica das avaliações incidiu sobretudo no treinador, conseguido o título no sofá, confirmado na vitória no jogo da consagração e ainda no remate final da Liga, foi sempre a dar na tecla do Vítor Pereira por um lado e os jogadores por outro.

Palradores já costumeiros nas pantalhas foram capazes de discernir o demérito do treinador do mérito dos jogadores. Isto é, quando as coisas andaram mal no Outono, depois de um começo de época auspicioso, a culpa era só do treinador e não dos jogadores. Foi claramente visto que os jogadores não queriam... E aqui enfatizei que pareciam querer fazer a cama ao treinador. Duas formas de ver a coisa: um treinador fraco, acusado de não ter mão, não ter discurso, não ter carisma, sendo verdade que era um estreante a este nível e não teria o currículo como não tem alguém nas mesmas circunstâncias; jogadores a passarem pelos pingos da chuva, mesmo à vista dos adeptos portistas, como se a culpa fosse do treinador. Declarações várias depois, resultados a demonstrarem à saciedade o que correu bem e correu mal, quem correu e quem andou a passo, temos Álvaro Pereira a terminar a época na forma que a começou, então ele e mais uns quantos.

O curioso é, nos últimos tempos, enfatizar-se que, sim senhor, Moutinho, Hulk, Fernando, etc., estavam a jogar muito bem mas parece que o mérito é, de novo, só deles e não do treinador também. Quando as coisas corriam mal, não eram eles que não corriam e passavam mal a bola, além de finalizarem ou nem sequer chegando perto disso. Como em Coimbra, para a Taça, onde não fizeram um só remate na 1ª parte e acabaram justamente goleados.

O treinador é o culpado das derrotas e os jogadores os obreiros das vitórias. Uma verdade conveniente que gente mais versada nestas matérias devia ter o cuidado de não propalar levianamente e com a maior desfaçatez mas que serviu, uma vez mais, para denegrir Vítor Pereira e, ao mesmo tempo, poupar o fracassado Jesus que retirou muito menos rendimento de uma plantel mais vasto e recheado de experiência e valor como era o do Benfica - conquanto, globalmente, sempre tenha defendido que o FC Porto, tudo somado, era melhor e comprovou ser melhor até nos confrontos directos.

Os confrontos directos com o Benfica na Liga, de resto, acumularam a essa dose de desconfiança com que foi sempre olhado Vítor Pereira mesmo pelos seus adeptos. Lembro bem os argumentos idiotas e apenas baseados no (feliz) 2-2 final do Dragão, enquanto o treinador portista teve coragem de campeão para ganhar na Luz sem margem para dúvidas no jogo jogado, de resto replicado na taça da treta com alguns reservistas no onze e só não confirmado o triunfo graças a uma arbitragem cega e um lapso defensivo de Mangala.

1 comentário:

  1. Boas Zé Luís;

    Não adianta mostrar o caminho. Muitos seguem a Bolha, dizendo que é a bíblia do futebol. E o que lá vem, é sagrado, mesmo que qualquer um, consiga visualizar se o jogador se esforça ou não... Se eles dizem que o treinador é fraco, é porque é verdade.

    No jogo do 2-2 no Dragão, imagina se o V.Pereira tivesse a atitude do chicletes, que com sinais bem claros, mandou cascar pessegueiros, nos jogadores adversários. O que não se diria do técnico do FC Porto?

    Mas não se preocupe, que é só começar a festa e mal haja um sobressalto com um empate ou mesmo na derrota, lá voltarão os egos inchados a dizer; "Estão a ver? É O VP que não vale nada".
    É mais fácil, e não se tem que puxar pela cabeça para analisar os factos.

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