20 abril 2014

Coisas de que não se dão conta (IX)

Já aqui evoquei as épocas, pós-faustos vários por títulos em barda, em que a SAD malbaratou, saindo muito caro passe o paradoxo, o trabalho feito. O círculo vicioso de comprar-vender-comprar pagou-se sempre assim mas nunca se aprendeu com os erros cometidos. Os pacóvios, dos simples adeptos a ouros mais afoitos que escrevem sem laivos de autocritica à espera que suas excelências tomem a iniciativa de dar palha a burros, até a jornaleiros e alguns jornalistas, acreditam que após a turbulência vem a bonança. Exemplo, sempre brindado: depois de más épocas foi-se desencantar Mourinho e até AVB. Pois, mas como lembro, Mourinho nem veio directo, andou pelo Benfica e até começou uma época em Leiria... AVB foi um acidente tão feliz quão inesperado e, pelos títulos finais, extremamente feliz. Há quem acredite que a sorte repete-se três vezes, esquecendo as vezes em que se delapidou património competitivo inigualável - mas burro não aprende nunca e jamais chegará a cavalo apesar de trabalhar muito...
 
O ponto é que, quando as coisas correm mal, tudo resulta de montes de jogadores sem categoria. Tornar-se-ia fastidioso enumerá-los. Mas há coisas mais concretas: nas más épocas utilizam-se muitos jogadores ao longo do campeonato, provando a forma errática, até absurda, como cada época é preparada. Após um Penta podia-se comprar Pavlins e Pizzis, Quintanas e Esnaiders, Kaviedes e Ntsundas ou Tsunamis, com comissões em barda a distribuir pela clientela interna, agora de novo na ribalta dos corredores do poder difuso, como em cada época conturbada, do Dragão. Em 2002 foram quase 30 jogadores utilizados e esta época vai pelo mesmo caminho.
 
Para quem considera que os mesmos responsáveis têm crédito pelos títulos somados e experiência pela bitola atingida não se percebe como os mesmos erros se repetem, como se outro círculo vicioso tenha de ser engendrado na roda do êxito-inêxito. A verdade é que certos actos de gestão do futebol deviam dar prisão mas merecem a condescendência dos pacóvios dos aplausos que cegam à luz de um título ou outro. A vergonha está de novo à vista e algum dia o ciclo de sucessos será interrompido com repetidos anos de vacas magras.
 
Como nunca me revi nestes actos de gestão e sempre critiquei apesar dos títulos é tempo de pôr as coisas na perspectiva verdadeira. E não, não acredito que esta gente que delapida património como um Sócrates lunático tenha capacidade para reerguer o futebol portista. A vantagem é que ainda ganharam e lucraram muito, na SAD, ao contrário do Pinócrates que afundou o País sem deixar de perder a vergonha pelo feito e ter o topete de acusar os outros de erros primários e propaganda intoxicante que só tolhe as cavalgaduras do costume.

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