Batta no revólver e o ricochete em Portugal

A que Luz se deve ler a novel classificação dos árbitros? Muitas questões em aberto… das nomeações imparciais ou neutras ao… prejuízo do FC Porto

Não vou falar, para já, dos sub-21 de Portugal em mais um Europeu fracassado. Mas a alusão ao francês Marc Batta, alegado conspirador contra os interesses portugueses, feita por Rui Caçador na Holanda, tem que se lhe diga, no contexto de vitimização em que tal teoria foi feita e no rescaldo, precisamente, da novel classificação dos árbitros cá da terra. E, assim, a que Luz se deve ler essa classificação?

1) pela declaração do próprio vencedor, autêntico Apito Dourado, Pedro Proença, que disse não haver problema em reconhecer “que todos sabem que sou benfiquista, tal como Pedro Henriques é sportinguista”?

2) por Proença assumir o seu benfiquismo mas garantir que o põe de lado quando apita, o que não se verificou no lance irregular do golo do Benfica frente ao FC Porto e numa gritante dualidade de critério disciplinar muito penalizador para os dragões e a impedi-los de selarem o destino do campeonato na Luz?

3) pela justificação de Vítor Pereira, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga, de que Pedro Henriques “é um árbitro de grande categoria, mas as avaliações são feitas segundo critérios técnicos. Muitas vezes há diferença entre o senso comum e aquilo que é intrinsecamente técnico»?

4) por Proença ter sido melhor avaliado tecnicamente, contra a noção parva do senso comum, e em conformidade foi dos árbitros que menos prejudicou o FC Porto, embora outros estivessem sem reparos [ver classificação]?

6) por Caçador lamentar que Marc Batta (e a UEFA) faça(m) nomeações imparciais para as fases finais dos Europeus com árbitros de nenhum dos países finalistas, sendo a Liga portuguesa de reputação imaculada na nomeação de árbitros e no seu perfil isento de polémicas?

7) por os portugueses terem Marc Batta atravessado desde aquela incrível expulsão de Rui Costa em Berlim, ao sair campo para ser substituído levando um amarelo (foi o segundo) e Portugal acabou a jogar com 10, mas esquecemo-nos que Oceano falhou um penálti e não vencemos na Arménia no primeiro jogo?

8) por termos tido, na última época, precisamente o momento Marc Batta com Carlos Xistra a dar amarelo a Jorginho quando saía do campo em Coimbra para ser substituído?

9) por, neste Europeu de sub-21, nenhum jogo ter sido desvirtuado pela arbitragem até ao momento, onde nenhuma equipa deixou de ganhar os pontos que mostrou merecer ganhar pelo seu futebol, ao contrário das meras 14 ocasiões que Vítor Pereira detectou de resultados influenciados pelos árbitros na Liga portuguesa?

10) por Duarte Gomes não ser despromovido pela sua condição de internacional, condição pacífica para não se levantarem questões polémicas como pela mesma razão houve com outros árbitros internacionais, tipo Paraty, e que são alvo, agora, de investigação na viciação alegada da classificação dos árbitros noutras épocas sendo que Carlos Esteves, da arbitragem da FPF e co-autor da novel classificação, ser precisamente arguido neste caso?

11) por, como justificou Vítor Pereira tanta “transparência”, estarem premiados “os mais consistentes e que erraram menos (remete-se para o ponto 4) que terminaram nas posições cimeiras”? Ou serem “prémios” de Pedro Proença e Pedro Henriques pelos erros em prejuízo do FC Porto terem contribuído para a virtual competitividade da 2ª volta, além de Lucílio Baptista, que atirou o Beira-Mar para a II Liga, e Elmano Santos pelo segundo ano consecutivo a fazer a arbitragem mais escandalosa da época (Boavista-Gil Vicente e Leiria-FC Porto)?

Juízos de valor só com quem sabe.

Mas já aqui advoguei que os jogos do FC Porto deviam ser dirigidos por árbitros neutros e, obviamente, estrangeiros. Por muito que doa a Rui Caçador, até por ter lembrado, também, que Couceiro já havia sido prejudicado na sua carreira… no FC Porto!

Adenda

A classificação dos medíocres

(cliquem na imagem para ler)