30 julho 2010

Agora ficam os bois, com canga e sem carro...



Vários dias de alarmismo noticioso e tremendismo regulamentar, ensopados num caldo de ignorância perene, litigância bacoca, "opinariedade" desfocada e até imbecil e trabalho jornalístico por fazer foram hoje desmontados, por enumeração de factos com garantias de objectividade e veracidade, por Carlos Janela na RTPN a resumir o essencial do chamado (mais um) "caso Queiroz".
Ex-dirigente, ex-empresário de jogadores e hoje formado na área do Desporto em que sempre teve um comportamento inatacável, Carlos Janela arrasou o diz que disse, fugiu à polémica estéril e infundada e apontou factos até hoje não conhecidos e reafirmados como verídicos sobre a intromissão, quase uma investida policial num estado tomado pelo terrorismo processual contra os próprios cidadãos, no caso jogadores da Selecção Nacional, da "brigada do vampiro" no estágio da Covilhã e que, muito tempo depois, parece que causou um terramoto nacional.

Mais do que ufanar-se do que terá dito Queiroz aos médios do controlo antidoping, como já consta noutros fóruns que hoje consultei com as "novidades" dos últimos dias, Janela questionou se, não se tratando de um final de etapa de ciclismo para levar a urina dos corredores regulamentarmente apurados, não seria excesso de zelo entrar intempestivamente no hotel da Selecção pelas 7 da manhã em dia que era de meia folga dos jogadores e impôs a recolha dos líquidos da praxe, algo que poderia ser feito, sem prejuízos nem adulteração de resultados, em hora mais conveniente. Janela adiantou mesmo, e subscrevo integralmente, que não imagina um treinador a permitir tal invasão na sua equipa, o que não significa obstrução ao trabalho legítimo e regular da brigada antidoping.

Invariavelmente, aparecem os bobos da corte a puxarem outros argumentos já inutilizados por avaliação federativa, como os resultados desportivos no Mundial que foram minimamente cumpridos. Inevitavelmente, um gordo de nome Gobern continua lamentavelmente a confundir factos com opinião pessoal que carece, sempre, de ser bem fundamentada, o que a sua balofa cabeça nunca consegue fazer ao ritmo do corpo volumoso que ostenta. Desgraçadamente, juntou-se à peça um Boronha sempre a pensar por si mas a mostrar porque foi, não deveria ter sido e provou que não merecia ter estado como vice-presidente com o cargo das selecções e contra os seleccionadores do seu tempo Humberto Coelho e António Oliveira. Quando soube do programa não resisti a vê-lo. Opiniões, de Gobern e de Boronha, que revelam má-fé além de total desinformação que caucionam a sua pobre visão dos acontecimentos, distorcendo factos e carreando a sua mera opinião pessoal que, obviamente, vale o que vale, como é zero para muitos que possam e saibam ouvir e ler o que vale a pena de retirar-se de jeito de comentadores de pacotilha.
Lembrei-me a descrição de Carlos Carvalhal, em Alvalade, contra o Shreck, o Gordo e o Barbas, que enquadra fisionomicamente em certos responsáveis do Rascord. Pois na RTP-N lá tivemos outro Gordo e outro Shreck. Quanto ao Barbas, é a própria estória e o essencial que dela querem extrair os que dizem rejeitar mas alimentam do vómito destes esquemas sabujos já com barbas. Estes mesmos pategos não comentariam, como não o fizeram, de forma diferente, por exemplo, o famoso caso da reunião do CJ da FPF para abater o FC Porto na Champions e o Boavista na Liga na celebérrima reunião do motim contra Gonçalves Pereira, fez há pouco dois anos e mais uma intentona derrotada em tribunal verdadeiro e não nos pasquins de lodo informativo.

Não bastava, entretanto, ter-se posto o carro à frente dos bois. Era, há dias, um processo do IND que, afinal, foi apenas um relatório do que ali foi apurado e com conclusões enviadas à FPF. Um organismo sem interferência na FPF e esta ainda à margem do Regime Jurídico das Federações Desportivas, por isso susceptível de provocar a ira da tutela como se comprovou pela inopinada opinião do secretário de Estado Laurentino Dias que não arranja forma de pôr a FPF no ritmo legal e restituir-lhe a Utilidade Pública Desportiva - a cuja falta, de resto, não proibiu a selecção de ir ao Mundial.

Pôs-se o carro à frente dos bois, pela segunda vez em 15 dias, com uma reunião da Direcção da FPF, esta tarde, aparentemente para despedir Carlos Queiroz. Sem razão atendível sequer o facto de não ter sido escutada a sua versão dos factos, factos que nunca foram investigados pelos jornais e que, agora, facilmente, dolorosamente, Carlos Janela expôs dando a certeza de serem verídicos porque em tempos ouviu uns zunzuns e foi confirmar o que se passou. Elementar.

Mais uma vez, a FPF não podia tomar outra decisão que não esperar para ouvir Queiroz. Fala-se apenas de inquérito para averiguações, não de um processo disciplinar que, desde já, enfermaria de duas maleitas graves e insanáveis para a prossecução de qualquer argumento legal para despedimento. Primeiro, passaram mais de 60 dias sobre os factos para se proceder a um processo disciplinar; segundo, uma alegada tomada como certa decisão federativa de despedir CQ esbarraria na denúncia do seleccionador de nem sequer ter sido ouvido e sê-lo-á, agora, não num processo disciplinar impraticável neste tempo, por forma a expor a sua versão dos factos que devia ter sido em conta no tremendismo em que, capciosamente, muitos jornaleiros e opinadores de merda, incluindo directores de jornais susceptíveis de fazerem internamente processos de índole idêntica, enredaram o seleccionador para o tal "linchamento mediático".
Como poderia, no limite, a FPF empurrar CQ se o caso teve de ser do conhecimento de vários directores envolvidos no estágio, um deles, Amândio de Carvalho, com assento no executivo que vota estas coisas?, foi a questão que deixei no post "Queiroz ou não queiras" depois de, muito de longe, ter sabido do que se passava, a meio da semana. Se encobriram o "chefe" das selecções, o director-técnico Godinho, o director de comunicação Onofre também não mereceriam confiança nas suas funções, entre outros directores de logística e de operações porventura presentes na Covilhã. E que nada transmitiram ao executivo que reuniu a 14 de Julho para fazer o baçanço do Mundial que se sabe...

E como os factos estragam uma boa estória e a verdade que querem vender, jornais e blogs, sendo que Boronha deve saber tanto como nós do que se passa no executivo da FPF, por muita cagança que queira ostentar, eis que não há meio legal de despedir Queiroz. Há, mas vão buscar coisas que não contaram para o efeito, validando uma opinião catastrofista da presença de Portugal no Mundial que nem todos partilham.
Depois do carro à frente dos bois, agora sobra a canga e não há carro. O bronco do Gobern, de falácia argumentativa digna de filme infantil de uma tv para bonzos e bimbos, lá puxou que sentenciava CQ mesmo assim, não por isto, mas pelo que se fez no Mundial, algo que não é para aqui chamado. E, ufano, partilha da opinião do insidioso Boronha, de que CQ não será queimado em lume brando, mas em chama viva, um argumentário já preparado nos bastidores pois ainda hoje li num periódico qualquer algo do género: estão e vão fazer a cama ao seleccionador. Alegadamente, porque ninguém gosta do seleccionador, como poderiam não gostar da cara do guarda-redes ou da marca das sapatilhas de um central. Desgraçadamente, é esta gente que pensa representar não só a Opinião Pública: hoje ouvia-a de manhã na SIC-N e a maioria das intervenções foi em defesa de CQ face a este miserável estratagema que traz outros interesses na cauda... E quanto a opinião publicada, vai muito do que se entender como válida, sendo que ela é tão pateta como a do Magalhães do Rascord como a do Boronha no seu blog frequentado por algarvios e alentejanos, a competirem pela bacoquice e a mais miserável falta de bom senso que o autor deixa praticar por dele prescindir com regularidade assustadora. Estes estarolas todos a pugnarem, como almas civilizadas e isentas de problemas éticos, para que CQ saia. Se não é despedido, ao menos que saia. Se tal suceder, depois vão apontar-lhe a choruda indemnização, mesmo que inflaccionada como o Rascord fez e teve o desmentido federativo sobre os prémios, os ganhos e as perdas com o Mundial.

Talvez CQ ceda. Talvez devesse ter fugido e não chegado de férias, acossado como criminoso e despedido, de novo, no tribunal mediático. A porcaria está cá toda, ainda e sempre. Boronha passou por ela no Europeu-2000 que futebolisticamente foi um sucesso mas que, institucionalmente, disciplinarmente, foi uma vergonha com as cenas da semifinal com a França, o penálti que o loiro Xavier nega ter cometido ante todas as evidências, a retaliação bacoca de que se fosse contra eles não era penálti e, claro, os castigos de vários meses a figuras que, no fim, do berço lisbonense e dos clubes do regime, não deixaram de ter boa Imprensa como foi com Paulo Bento, Rui Jorge e Nuno Gomes, mas do que Boronha, então, não extraiu consequências pessoais para se pôr a andar como agora pede a CQ e a Madaíl que façam pelo seu pé.

Sobra a canga, no fim, para carregar quem deve. Quem não teme, segue em frente.

3 comentários:

  1. Como de costume excelente artigo, já que falou em bois chamou-os pelos nomes.
    VIVA O PORTO

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  2. O dedo nas feridas que já não saram apenas com tintura de iodo. Já não há, neste país, espaço para a gente séria.

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