03 julho 2010

3-0



No início do Mundial previ 4 equipas europeias nas semifinais. Não acreditava "tanto" quanto outros na Argentina e muito menos no Brasil. Tivesse a Inglaterra confirmado o que lhe supus sob o comando de Capello e cumprir-se-ia algo como me palpitava. Logo à primeira "risquei" a Inglaterra, mesmo que não tenha "melhorado" por ser incapaz de ganhar à Eslovénia por mais de um; tivesse feito mais do que o mínimo e como 1ª do grupo, em vez dos EUA, teria defrontado Gana e decerto Uruguai. Mas não justificou nem mereceu. Em vez da velha Inglaterra, logo apostei na Alemanha, cuja derrota com a Sérvia foi tão acidental, e imerecida, como a da Espanha frente à Suíça.


O 3-0 não é "para" a Alemanha, que despachou a Argentina de forma ainda mais "feia" do que a Inglaterra. São as vitórias directas dos europeus com sul-americanos que dão este cenário ao qual escapou o melhor Uruguai desde 1970, quando acabou em 4º lugar atrás da RFA. Para alguns que, deslumbrados com a Argentina e confiantes no Brasil, apontavam para o fracasso europeu, tal resultou de apenas os europeus coincidirem no mesmo grupo da 1ª fase, por serem em número superior ao dos 8 grupos, o que não sucede com selecções dos outros continentes, devidamente repartidas. Mesmo assim, ver o Japão dominar a Dinamarca como a Coreia do Sul a Grécia é digno de nota, ainda que se comprove, tão-só, que as melhores selecções de Ásia, África e CONCACAF podem bater os europeus de nível médio-baixo, como foi o caso. Portugal, até por estes resultados, só sucumbiu contra equipas claramente muito melhores, aguentando o Brasil e cedendo por um golo irregular com a Espanha.


Não há, por isso, surpresas, com o ressurgimento do disciplinado Uruguai fruto de boa dupla atacante Forlan-Suarez e eliminatórias sofridas com sul-coreanos e ganeses.


A fantástica selecção alemã, tão deslumbrante quanto "menos conhecida" e ainda mais rejuvenescida com tantos ex-sub-21 no activo, tem o problema de apanhar a Espanha, como era previsível caso vencessem os seus grupos e os jogos seguintes. A reedição da final de Viena, em 2008, põe agora as coisas mais perigosas para os campeões europeus, com a dnâmica germânica em grande.


Cedeu a Argentina por um daqueles casos que, à distância, aqui há tempos comentei com amigos: a razão do fracasso do Liverpool esta época foi Mascherano ter ficado órfão de Xabi Alonso entretanto vendido ao Real Madrid. E, sozinho a trinco, Mascherano é pouco mais do que um mediano e faltoso jogador, incapaz de cobrir toda a área do meio-campo. Apesar de Messi, dos extraordinários avançados argentinos, com di Maria e Maxi Rodriguez recuados, contudo, só por estultícia pode apontar-se a Maradona a tentação de jogar para deslumbrar, confiando nas próprias virtudes dos seus homens da frente.


Pior: entre os experts da moda, sempre a mudar o bico ao prego esquecendo o que antes apregoavam, andar a esmiuçar se é melhor um trinco ou dois trincos, um pivot ou dois pivots, um avançado ou dois avançados, tanto perde o duplo pivot como no Brasil como perde o Mascherano "solo" da Argentina. E tanto ganha o trinco a sós da Holanda, como van Bommel, como ganha o duplo trinco como Khedira-Schweinsteiger. As asneiras repetem-se nos comentários a jeito da ocasião, onde belos discursos e fluência oral permitem dizer algo e o seu contrário.


Já se aponta o dedo aos zero golos de Messi, que bem os tentou e os mereceu e não sai diminuído do Mundial onde, afinal, não é mesmo o "nº 10" que Maradona queria a imitá-lo. Esse, único e fantástico, é Wesley Sneijder, claramente o melhor jogador do Mundial até ao momento mas que passava bem sem a FIFA atribuir-lhe o golo do 1-1 frente ao Brasil.


Gostei, hoje, do Paraguai, finalmente. Porque assumiu ganhar, depois de ter passado imerecidamente com o Japão que lhe deu banho de bola. Porque pressionou e olhou a Espanha nos olhos. Arriscou mas não foi feliz. No resto, o futebol especulativo sem ver a baliza contrária, que alguns apontam erradamente a Portugal, onde faltou dinâmica dos médios para atacar melhor bastando, sem terem o suficiente, possuir a bola e geri-la com à-vontade, não é do meu agrado, por isso gostei da Coreia do Sul, do Japão, dos EUA, do México, do Gana, todos em franco desenvolvimento.


A Espanha, a minha favorita concedendo que a Alemanha está aparentemente imparável, tem uma final inédita com a Holanda, que cedo apontei para chegar assim longe, ou a Alemanha reeditará a final de Munique-74 em bases totalmente diferentes de então?


Certo é que, na Espanha, onde a projecção do seu futebol e o treinador bem sucedido que antecedeu o actual, suscitam maiores atenções e, por supuesto, críticas, até calou Luis Aragonés. Não só pelo duplo pivot Xabi Alonso-Sergio Busquets, mas por don Vicente del Bosque tirou o ponta-de-lança Torres para meter mais um artista da posse e do passe que é Cesc Fàbregas, colocando Villa na frente em vez da lógica troca com Llorente como frente a Portugal.


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