09 novembro 2011

«Não percebem nada disso»




Prosseguem os inquéritos, na rua e em fóruns online: se Vítor Pereira será afastado do FC Porto. Não sabe dar forma aos jogadores e muito menos confiança, normalmente aquilo que se atribui aos suplentes para justificar essa condição de alternativas. E é acossado mesmo pelo portismo exaltado tanto quanto os indiferentes se mostram indignados com o momento da equipa que espicaça tanta exigência a comentadeiros de ocasião e programas parolos que mal sabem distinguir uma alforreca de um gnu e não dissecam as incidências de um jogo como deve ser mas nunca fizeram - não obstante as lições na matéria que qualquer estação televisiva em países a sério e com gente competente a analisar expõe para ensinar o mais bacoco dos principiantes do estudo das coisas da bola.


E enquanto as capas dos pasquins apontam erros de arbitragem em prejuízo das equipas do regime, condicionando os árbitros, e escondem os que possam prejudicar o FC Porto por forma a que publicamente se consagre a ideia de que os de Lisboa são sempre desfavorecidos - como no anunciado aumento superior dos preços de transportes na capital onde sempre os pagaram menos do que no Porto em meios de transporte similares -, também os momentos de crise são tratados de forma capciosa: aí está a dupla lisbonense a ameaçar a primazia portista.


Ao Sporting deixou-se de somar vitórias em todos os jogos para juntar apenas as do campeonato. Mas já se vão perdendo às contas de penáltis a favor e de expulsões de adversários, uma moeda comum em Alvalade, depois dos empurrões decisivos em P. Ferreira, V. Conde e Aveiro - em comum a expulsão injusta de um defesa local a deixar o Sporting em superioridade numérica numa daquelas coincidências que milagrosamente escapam à lupa da experiente Imprensa de expedientes estatísticos dos mais variados. E nada como um árbitro tenrinho para proteger os leõezinhos da fadiga europeia. Cajuda, esse, bem pode continuar a falar prò boneco, por muito que fale tão bem, educada e objectivamente que deixou a sala de Imprensa em silêncio num longo monólogo a explicar como os árbitros lusos viciam os resultados. Mas a isto o gordo Ribeiro diz nada e a lição de Cajuda nada serve ao Rascord.





O Benfica lá vai amparado pela benevolência disciplinar dos árbitros, ou não fossem dois clubes empenhados na manutenção do statu quo a transferir da Liga para a FPF com o mesmo pau mandado e os erros sistemáticos de sempre que o vozeirão popular dizem beneficiar o FC Porto talvez por o Vítor Pereira da arbitragem poder confundir-se com o maltratado técnico portista. E a bonomia para com as suas exibições tão magrinhas quanto os resultados tangenciais.



Ainda o FC Porto vai à frente do campeonato, com o melhor ataque e quase a melhor defesa que poderá ser confirmada com uma vitória na recepção ao Sp. Braga na jornada que vem, e o mal-estar interno dos dragões transformou-se num caso nacional para o qual, felizmente, não é preciso chamar troika alguma. Contudo, parece ser o Braga, no final deste mês, a servir de exorcismo dos males que ou enterram ou aliviam de vez o Dragão - um Braga qual S. Jorge vermelhusco e com um arsenal de respeito, pois a vista de um dragão esverdeado a LF Vieira em Monção tanto lhe suscitou o sorriso amarelo como, apesar do sempre largo sorriso de Aimar como única exaltação da sua presença em campo mas que ao menos lhe evita cartões até em faltas repetidas, não instigou o Benfica ao tal assalto proclamado pelas trombetas do reino à liderança portista.


Revisitando o Porto-Benfica que ainda agora é sentido como uma derrota pelos portistas por não terem ganho um jogo dirigido para vencê-lo mesmo, Jorge Jesus voltou a insistir na táctica de ameaçar atacar, conseguir marcar um golo e evitar a derrota mas sem deixar a sensação de a outra equipa merecer vencer, apesar de ele mesmo apregoar o contrário. Mas Jesus, a quem não alvitram o despedimento num calendário difícil até ao fim do mês, é como Aimar, cai em graça e até é engraçado. "Não percebem nada disto", asseverou quando alguém se atreveu a suspeitar da má forma dos benfiquistas em défice de pulmão nas segundas partes. E retorquiu aos analistas que onde poderiam ver falta de pernas e pulmão deviam ver estudo táctico e estratégia preconcebida, logo infalível.



É destes santos que o povo gosta, como do Paulo Bento também. Porém, o povo, em tese digamos assim, desta vez achou mesmo que, não obstante as alterações meramente trocas directas, o Benfica não fez por merecer muito mais. No Dragão, onde o empate foi festejado como uma vitória, houve outra luz para apreciar o 2-2. Em Braga, tão chocho como no Porto, o 1-1 ficou a saber a pouco. E, contudo, nada se moveu, nada se alterou. Melhor, tal como no Dragão, após o empate do Benfica senti no café apinhado a voz alta, antes imperceptível, do Lobo das tácticas esfusiante por ver as substituições directas do Jesus resultarem e ao menos a águia não piar baixinho.



Parece que contabilizaram apenas cinco remates à baliza de Quim, contra três frente a Helton. Mas agora o empate não satisfez e não é pelo falhado assalto à liderança, porque no Dragão também poderia ser 1º se vencesse.



Desta vez, com uma equipa arrojada como se viu pela composição do meio-campo com Javi racista, perdão Garcia, Ruben Amorim e Alex (Witsel) como lhe chama Jesus, não é que as substituições só poderiam melhorar a equipa vincada, como no Dragão, para não perder? Pois, mas mesmo assim, e não obstante a entrada do excelente Rodrigo que foi a luz capaz de alumiar as dúbias capas dos pasquins prò regime, as substituições deram para pouco, deu para o empate com sorte no desvio de Douglão quando Quim ia defender o fraco remate de Rodrigo. Bruno César, Nolito e Rodrigo sempre foram no total melhor do que Saviola e Br. César no Dragão para depois meter Matic com a inconfundível gestão para ir ainda mais à procura da vitória.


Contudo, ainda com 1-0, mesmo com as substituições que não criaram ocasiões de golo, anteviu-se mais o 2-0 do que o empate. E mesmo com 1-1 pareceu sempre o Braga mais afoito em busca da vitória, apesar de Rodrigo, quem haveria de ser, ameaçar marcar nos descontos, só que desta vez o pontapé para a frente - com Saviola foi um pontapé de costas, podemos dizer para trás das costas e seja o que Deus quiser, originando com rara felicidade o 2-2 imerecido -, do meio-campo para a área minhota, não deu para mais, a posição era mais esquinada do que a que Gaitan aproveitou.


Ou seja, além da gratidão do presidente "que não esquece" mais um campeonato putrefacto de indignidades em 2010, o mestre das tácticas vive dos rendimentos, tal como da abundância de soluções ofensivas inigualáveis na nossa Liga, ainda que sem o conforto da liderança que só pasquins parolos simpaticamente lhe atribuem. E beneficia da sua vivida actividade no métier, em confronto com o inexperiente Vítor Pereira, neófito rapidamente colocado no fio da navalha embora de momento não tenha feito menos que o experiente técnico do Benfica que pode dizer que os outros não percebem nada sem receber remoques em troca e deixando a Vítor Pereira a despesa da falta de respeito que denuncia em voz alta e não aos gritos como insultuosamente foi descrito na Imprensa dita especializada.


É claro que a dualidade de critérios, da qual hoje em dia já não se queixam os calimeros de Alvalade nem o gordo do Rascord sempre aptos a cairem no fosso do entusiasmo pueril como os vizinhos a apregoarem campeonatos em Novembro, só apoquenta o Benfica quando os penáltis lhes são desfavoráveis ou quando o seu técnico em online permanente não tem ensejo de olhar as arbitragens dos jogos do Porto onde interesses de Capela se escondem no jogo eleitoral que se chega ao tabuleiro federativo. Mas é disto que se faz a economia do campeonato, ainda que só dê jeito falar de economia de luz ou de aquecimento de água longe do local do crime com tantos telhados de vidro.


E a verdade é que o Benfica na defensiva lá vai levando a água ao seu moinho. O FC Porto virado para a ofensiva que faz o Olhanense entrincheirar-se em casa a contar os 11 golos marcados pelos portistas nos jogos da crise proclamada é que tem a liderança em risco e o treinador o desemprego como destino. Faz sentido no Portugal que protege os prevaricadores. Ou não fosse tudo isto uma imensa Face Oculta a partir de hoje com um pequeno olhar da Justiça sobre o fenómeno da corrupção tanto de poder e dinheiro como de mentalidades e proteccionismo aos mais fortes. Há três grandes? Há, mais uns mais favorecidos do que outros.

3 comentários:

  1. Reli.a guardar tal a excelência do conteúdo,actual e assertivo.
    Ps
    O lobo foi despromovido a cão

    PORTO PORTO PORTO

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  2. Assim até eu gostava de escrever.Viva a verdade que alguns(muitos) não gostam.
    PORTOOOOOOOOOOOO.
    manuel moutinho

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  3. ..."o mestre das tácticas vive dos rendimentos"...


    Acho que tens toda a razão !

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