13 novembro 2011

Já suspeitava que aqui havia coisa...


Vem um gajo do retiro paisagístico sem jornais e quase sem televisão e tem de ver isto. Mas é o costume. Se quiserem apresentar os números ou outros resultados de outra maneira escondam o óbvio e dividam por três mas sem fazer contas, porque não vai dar partes iguais. Espalhem os factos e alcançam a curiosidade de mais gente. Obrigado e as melhoras. Mas não falem de passivos, que assustam mais o pessoal.

ACTUALIZADO
Isto é um bocado como falar da AUSTERIDADE.

Por exemplo, LF Vieira diz que "vem aí", vai "ter de cortar" e as tv's dão-lhe a folga do costume, como se dissesse algo de importante. Compare-se com os resultados citados na notícia e percebe-se onde o tipo quer chegar, mas não diz e o contexto, para a Imprensa bacoca do costume, fica para oportunidades como esta em que junto 1+1 e dá 2, não é verdade?

Agora, há austeridade no País, tem de ser ou pensavam que o dinheiro ainda se fabrica no Banco de Portugal? A dúvida é se o Governo corta mesmo a direito, indiferente às greves dos funcionários públicos - os privados não fazem greve, já têm o risco de desemprego bem em frente para se armarem em valentes - e ao barulho das manifs de Lisboa e dos roncos do PR que tem rabos de palha capazes de arder à chuva... A mim só me espanta que muita gente, à parte a FP que sobeja no resto do País, sinta as dores que é da maioria da FP precisamente sediada na capital, por causa do centralismo que não indigna as gentes do Norte para lá das futebolices e quase todos os institutos públicos com que, desde Cavaco, helàs, se engordou o Estado, precisamente aquele que se quer magro, formoso e não sanguessuga!

Era bom rever algumas notícias do passado recente, aí de há um anito, como esta:
Austeridade

Abono de família desaparece para quem ganha mais de 628 euros

30/09/10 12:00
Quem tiver rendimentos brutos mensais superiores a 628 euros vai perder direito ao abono de família já este ano.
O Governo decidiu eliminar os 4º e 5º escalões do abono de família, que correspondem a rendimentos brutos anuais superiores a 8.803,63 euros. Esta foi uma das medidas ontem anunciadas por José Sócrates e Teixeira dos Santos.
O Executivo decidiu também cortar com "o aumento extraordinário de 25% do abono de família nos 1º e 2º escalões", que vão afectar as famílias com rendiumentos anuais brutos entre os 2.934,54 euros e os 5.869,08 euros.
Este corte isere-se no objectivo de reduzir a despesa em 3,42 mil milhões de euros no próximo ano com reduções várias nas despesas de funcionamento do Estado, da Segurança Social, nas transferências para os diversos subsectores, nos medicamentos e também no investimento.

O plano inclinado foi propagandeado como se fosse uma rampa para a Lua e, como naquele tempo de anúncios mirabolantes, hoje essa prática ditaria que o Euromilhões sairia a cada um de nós. Até parece que não, mas a descida ao inferno existiu mesmo, por muito travão que lhe pusessem os culpados do estado a que isto chegou. Os clubes são só um exemplo marginal, mas fruto da época.

3 comentários:

  1. Então, mas ainda acredita que não vai haver despedimentos na função pública, mesmo depois do anuncio de despedimentos nos transportes?
    Além de que cortes (até certa medida bem) no poder de compra da função pública todos os anos da última década vão implicar no próximo ano uma contração na economia de 3% e maior desemprego e fecho de empresas que as patéticas 2h30 nada vão fazer. Isto indicia que devia haver mais cautela, não obstante os outros pontos que faz, válidos em abstrato, sobre a FP.
    Já quanto ao abono... precisava de fazer contas, obviamente, mas entre isso e aumentos de IVA e redução de deduções vai dar tudo mais ou menos ao mesmo. E mais uma vez assume que a culpa é só do último governo, quando a realidade é bem mais complexa e é impossível de discutir sem discutir a nossa posição na Europa e quem nos levou a aceitá-la sem pensar nas consequências.
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    Quanto aos clubes, já só tenho tempo e paciência para o nosso FCP, e cada vez mais me parece que a contenção dos últimos anos devam ser continuadas e não sei até que ponto vamos ter problemas.
    Aliás, nem sei até que ponto o futebol português sobrevive sem fazer aquilo que vi no RP, negociar os direitos de forma conjunta e dividir os lucros conforme os resultados, como na liga espanhola. O problema aí será sempre o slb...

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  2. Nos tempos que correm nada há em abstracto. Nada. São só factos. E dura há muito tempo. Agora não há que esconder. Abonos, salários, mordomias tem de ser tudo equacionado e o problema é que as pessoas não se dão conta de não termos dinheiro para isto da forma que está ou simplesmente não querem saber até que lhes toque. Infelizmente é assim, haja coragem para mudar porque os sacrifícios vão custar a todos, mesmo àqueles que mais ganham e mais vão pagar ainda que possa ser algo irrelevante para alguns que sentirão menos esse impacto. Estes problemas são estruturais porque ninguém se importou de mexer com o que está instalado. E se isto não tem sustentabilidade pois há que adequar ao dinheiro que se tem, não há outra forma e sem ela as pessoas não ganham noção do que se deve viver dentro das nossas possibilidades.

    Os clubes é igual, viveram com o ambiente do mercado e o financiamento possível em certas condições. Também isso mudou. Há que arranjar outras formas de viver. Não acredito em repartição muito superior de dinheiros da tv, porque o mercado é exíguo o que não quer dizer que não se possa puxar por mais, mas aí tem de haver concorrência que não há. O slb fica como os outros havendo mercado. Se não houver não vai inventar e o dinheiro, há muito anunciado, não cairá do céu.

    As transferências de jogadores ainda alimentarão quem comprar melhor, barato e vender caro e com método para não comprometer a vertente desportiva. O FC Porto está bem e recomenda-se, comprou por atacado este Verão para rendibilizar daqui a uns tempos.

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  3. Então mostre-me aí o que vai pagar o Ricardo Salgado, o Belmiro, o Berardo, o Catroga, o Medina Carreira, o Ferreira do Amaral, o Vara, o Sr Coelho e etcs e tal que é para eu comparar comigo e ver a repartição igualitária. Ou acha normal vir um ministro dizer que tem direito a um subsídio de deslocação quando tem casa a 8 km e já acha que o que os outros tem não são direitos? Antes fosse o único deste governo...
    O problema não é só Sócrates como não é só os mercados como não é só os bancos... é toda a deturpação e as poucas vergonhas que se fazem com a capa mentirosa de democracia e de capitalismo.
    Nos clubes parece que vem aí algo que obriga a mais seriedade, o que é bom e já vem tarde, mas o Xistra e o Proença continuam a apitar por isso vale o que vale.

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