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Ora, para quem se lembra, isto era a RTP de antigamente, a informação de sempre com ventos favoráveis à divulgação dos clubes da capital e que, por décadas, mereceram ampla cobertura por forma a que todo o cidadão soubesse das suas façanhas.
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Entretanto, fugindo a ideias feitas e sem ser minimizada pela deserção de três dos 10 membros da equipa constituída há dois meses e picos, algo foi feito para fazer pensar no assunto.
Ao contrário do que dizem, acho o relatório do Grupo de Trabalho constituído para aclarar a noção de serviço público de televisão muito meritório. E certeiro. Li-o e poderia subscrevê-lo. Está correcto, aborda a realidade, porém foi torpedeado. Por causa de 'soundbites' e com os inevitáveis clichés, a começar pelo serôdio Sindicato dos Jornalistas que nem em bicos de pés chega a um nível aceitável e a acabar na opinião publicada de avençados e encartados vários.
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ACT.- E, afinal, parece que há um Polvo 2, dada a tentativa de estrangular a Cofina, já que a Controlinveste estava controlada facilmente, como estão todos os que precisam de avales do Estado para sobreviver. Percebe-se, então, não só a vontade de o patrão Paulo Fernandes em vender e desistir do grupo de 'mídia', como a forma de o CM se encaniçar contra Sócrates. Entretanto, manso como um corno, o Rascord ficou no seu cantinho lisbonense onde antevê, no futuro próximo, o regresso ao passado do tempo do recôndito buraco onde existiu no Bairro Alto.
Quem conhece minimamente o que são serviços públicos de televisão em Espanha, França, Inglaterra (cuja BBC é sempre apontada como modelo), não falo da Alemanha porque não percebo o que dizem, não estranhará as conclusões do GT liderado por João Duque. E são só 32 páginas que se lêem bem, sem esforço de compreensão pois a linguagem é simples, não técnica, e incorpora o conhecimento que, pela via do escrutínio dos 'mídia' em geral e das páginas de tv nos jornais em particular, numa especialização recente mas bem difundida pelos maiores títulos da Imprensa escrita, se tem do fenómeno.
Enquanto vamos vendo (eu fico-me pelas caras e fujo logo!) na RTP programas onde assentam, a 600 euros a cabeça, gente capacitada como o ex-ministro Mendonça que queria trazer espanhóis de Madrid à Caparica em TGV e o sindicalista eterno Carvalho da Silva, percebendo-se o equilíbrio ideológico da coisa e com o desplante de elegerem esta gente sem se rirem da isenção demonstrada em tal conclave, a Informação da RTP, designadamente desportiva (o hóquei que fazia vibrar o povo ficou soterrado com o desinteresse pelo Decacampeonato portista), é a chaga social que o País ainda tem de enfrentar por muito tempo. É que já não acredito que se concretize o esplendor de Relvas de privatizar a RTP e aliviar um pesado fardo dos contribuintes. E é pena. Para mal da Nação. E nada, quanto a RTPI que, sim, deve cingir-se ao básico na informação mas que chegue de todo o País, para todo o País sem excepções.
O ruído parvo que se sente sobre o relatório do GT, infelizmente, nem toca no inconcebível de, com a mudança para a TDT, obrigar-se toda a gente a... pagar para ter a "nova televisão". Os quatro canais são grátis, mas para vê-los é preciso pagar o descodificador. Sobre isto ninguém, ligado nas cidades ao cabo (parece que há 1,5 milhões de assinantes da Zon e 1 milhão no Meo, mais uns quantos espalhados) e dispensados de sintonizador para TDT, se indigna nem pede equidade. A tia Maria em Monchique e o ti Manel na Guarda que se amanhem, mesmo com subsídio de 22 euros para ajudar na compra, forçada, do equipamento.
Entretanto, a RTP (pública) e a Lusa, agência parcialmente pública mas asfixiada pelo gabinete de propaganda de Sócrates, fazem greve na 5ª feira. Com o público. Mas não servem.
Dois pontos rápidos.
ResponderEliminar1) Não me parece que um documento técnico sem um único número escrito para suportar uma conclusão que já existe à partida sirva para coisa alguma. Ou só são soundbytes aqueles que discordam da sua opinião?
2)Igualmente não me parece, de todo, que passe a haver maior isenção noticial, nomeadamente no que diz respeito ao desporto, destruindo um canal de televisão sobre o qual se tem todo o poder: eu conheço a a Sic e a Tvi e a minha televisão não, porque nunca estão ligadas.
E é para isto que dá este governo, para fazer aquilo que soa bem, cortar nos "privilégios", fornecer só o mínimo para sobreviver e não mexer uma palha nos BPNs deste país.
Quer-me parecer que ao menos daqui a 4 anos estaremos livres do liberalismo em Portugal por umas décadas...
há aqui a confusão do costume.
ResponderEliminarOs soundbites são de quem comenta apenas por uma expressão usada, como foi o caso de "a bem da Nação". Isso é como tocar a sineta para o reflexo pavloviano.
Depois, não é a questão da isenção que é colocada no relatório nem é isso que está em causa. A questão da isenção sou eu que a coloco, pegando no exemplo mais próximo mas sabemos de milhares de exemplos. Não estou à espera de nada, nem obrigo a nada, da parte dos privados: fazem o que querem, pagam como e a quem querem e por aí fora. Agora, da RTP pago com os impostos de todos impõe-se outras coisas que não há, a não ser um sorvedouro de dinheiro público.
O caso BPN, como outros, estão a cargo da Justiça. Como todos neste âmbito, espero que Justiça seja feita e não crio soundbites por isso.
O nightwish faz a confusão costumeira nas cabecinhas que actuam por soundbites, como se comprova. O resto, como ver este ou aquele canal e tirar dele o melhor proveito, escolhendo o bom e rejeitando o mau, é próprio do mercado. Como em tudo, aliás. Se fosse só pela RTP não saberíamos metade da missa, nem saberíamos se havia missa. E quem não vê isso não sabe nada e está pouco habilitado a discutir o que seja. Há muitas coisas que não gosto na SIC e na TVI, mas o que não gosto não vejo. E podem pôr lá os Ruis Prantos que quiserem, porque não levam o meu dinheiro nem o de outro contribuinte. Mas isso, no fundo, mais uma vez, tem a ver com a capacidade reivindicativa e a exigência que cada um quer para si e crê ser o correcto.
De igual forma, do liberalismo ainda não se viu nada. Do falso e pacóvio socialismo viu-se onde nos deixou e não creio que com toda a experiência passada, que este Governo também tem medo em tocar por causa das "sensibilidades sociais" e a estruturação improdutiva estabelecida no rame-rame que deixou Portugal encalhado em mar encapelado e sem terra ou salvação à vista, se saia muito do modus vivendi em que se pensa ter futuro neste País bloqueado por atavismos de sempre.