18 abril 2016

Cem por cento e sem hipóteses

Com eficiência a cem por cento, dois golos em dois remates em escassos minutos logo a abrir o jogo, o FC Porto começou a derrotar cedo o Nacional que acabou goleado (4-0). Uma sorte circunstancial que, providencial também, soltando a equipa para actuação agradável,  inibiu até que a arbitragem pudesse influenciar o jogo. Assim tivesse sido nos últimos jogos, nem os árbitros teriam hipóteses de prejudicar como dolosamente fizeram - e o último golo até surgiu em fora de jogo. Uma ironia, apenas.

Entretanto, com 79% dos votos expressos em urnas abrangentes de peculiar processo e eleição, Pinto da Costa foi reeleito. Na Síria,  Bashar al-Assad também, em modelo similar. No Brasil, sucedia o inverso, a destituição de uma presidente que, sucialista, vendeu cargos, comprou votos e emprestou porcaria, e o toque a finados de um regime plutocratico.
Se na véspera, dispensado de campanha que a imprensa obviamente não cobriu por omissão, Pinto da Costa asseverou como um voto seu para se reeleger não precisa de cem por cento, mas pigarreando a pilheria com satisfação belicosa, a validação de 79% de votos como a mais baixa vitória de sempre e sem concorrência à vista a não ser uma difusa conivência me®diatica que dá para os dois lados. não inibiu o decrépito presidente de mostrar o desrespeito para com os sócios. 
Afinal, os 21% que há 25 anos um concorrente de carne e osso teve nas urnas mas agora foram nulos para candidato ausente por protesto surdo mas audível, não obliteraram a visão passadista que sempre norteia quem promove o culto de personalidade. 
Voltando a chamar estúpidos aos sócios - indiferente a que menos de 2500 num total de 100 mil associados tenham votado em local fixo e condições de privacidade únicas a sugerir o velho braço no ar -, o líder reeleito com oposição de 1/5 dos votantes, gozou o prazer de um cento deles ter preferido apoiar anulando o seu voto com inscrição a favor da continuidade e votos, bem oportunos, de força, em vez de legitimarem uma mais alta percentagem no triunfo que iludisse o protesto ruidoso, apesar de surdo.
Mas também Pinto da Costa não deu hipóteses e aplicou os 100% devidos aos caudilhos para gáudio de basbaques e parolos de matilhas diversas abrigadas por chicotes castigadores e instrumentos toscos de controlos frágeis de pensamento. 
Se dúvidas houvessem de que nada vai mudar no regime norte-coreano do Dragão, elas foram dissipadas ao mesmo tempo da aberta confrontação com uma imprensa alargada da Cofina a O Jogo: um incómodo que se percebe mas é ridículo e fruto de quem nunca apreciou a imprensa e faz em casa a prática de silenciamento informativo que é um calcanhar de Aquiles do clube e forte razão de insatisfação de adeptos modernos e com níveis de conhecimento e literacia que certas monarquias e plutocracias não toleram.


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