Drucker conta histórias deliciosas de personagens da América. Especialmente Abraham Lincoln, o presidente que arrostou e venceu a guerra civil. Por um lado, confiou no general Grant. Lincoln, como Pinto da Costa, não bebia álcool. Grant era bêbedo. "Se eu soubesse que marca prefere [Grant] mandaria um barril ou mais para outros generais", terá dito Lincoln, e depois de uma batalha horrível com erros de avaliação de Grant, a vitória final, mesmo à custa de milhares de vidas, fez o presidente proclamar: "Este homem luta!".
Lincoln, para governar, debateu-se com falta de estadistas experientes. Nomeou quatro seus adversários políticos para assessora-lo. Um deles, Salman Chase, dirigiu as finanças e protestou várias vezes ameaçando demitir-se. À quarta, Lincoln aceitou a demissão, Chase tinha cumprido objectivos. Pouco depois, para surpresa geral, Lincoln nomeou Chase para o Supremo Tribunal. Em nome do abolicionismo, triunfante na guerra, Lincoln preferiu quem lhe disputou a presidência e se propunha desafia-lo nas eleições seguintes. Chase era, afinal, contra a escravatura e seria importante no Supremo Tribunal para se fazerem as primeiras leis de direitos civis na América.
Pinto da Costa premeia a fidelidade, à custa do mérito, Sobra a mediocridade. Vítor Baía sabe por que corria com a "estrutura"; alguns aproveitam-se, outros podem ser válidos noutras tarefas, mas a maioria não presta e os grandes responsáveis sairão com o fim do presidente; e não faltam exemplos ou não andasse o futebol à deriva - agora só com Lopetegui como culpado, até de ter sido contratado e, nada ganhando, reconduzido...
E, contudo, há gente que também acha que a SAD só responde, já li disso, pelas finanças, como se estivessem saudáveis, mas os resultados do futebol são da responsabilidade do treinador porquê? Quem vende e compra?, quem contesta arbitragens más e denúncia jogos viciados?, para que serve o CEO do futebol e quem é responsável ou quem, além do presidente, percebe da poda?
A confusão é grande, como se vê. Análise curta, deficiente e mal informada, quer na SAD quer na apreciação do exterior.
Tudo porque conceitos e valores não são bem percepcionados. O futebol, sim, é um negócio que precisa muitas valências e competências para ser gerido. Gestão e Comunicação são exemplos de mau desempenho de uma "estrutura" que não é avaliada, cujo desempenho não é medido. Sócios dão carta branca. Foram 27 mil ao jogo, mas nem 10% exerceram o voto antes. E no Dragão contentar-se sem verem o distanciamvdos adeptos. Como será nos lugares anuais em 2016-17?...
Tratamos de competências, avaliações, conceitos de valor para sócios e clientes. Os sócios poderão ser os mesmos no verão, veremos se os clientes do futebol mostrarão satisfação pelo que tiveram e pelo que antecipação na próxima época...
Mas alguém raciocina, avalia, define prioridades, em função dos clientes? É a Gestão que está em causa, o FC Porto é uma empresa na SAD pelo futebol e o escrutínio devia ser rigoroso, para além dos troféus.
Nem vale a pena falar da Comunicação, tal a unanimidade face ao descalabro deste sector, já se aflora a sucessão quando toma posse o presidente que não durará sempre e está até decrépito e desacreditado, a ver pela irrelevancia que a maioria do eleitorado lhe demonstrou.
Pinto da Costa não faz nenhum favor à consciência dos sócios a propósito da sucessão. E ficam dos excertos da recente entrevista os tópicos de Drucker sobre o tema. Para bom entendedor...
Infelizmente, o mau desempenho do FC Porto deve manter-se, num contexto económico difícil e ambiente muito deleterio e adverso, com clubes de Lisboa por cima e a imprensa no contra como nunca esteve de forma tão virulenta. Mas a responsabilidade é do FC Porto, que geriu mal toda a envolvente do jogo, por omissão de acção, e o essencial do plantel, dizimado por vendas apressadas e ânsia de lucros, que agora se promete inverter, sem reconhecer falhas inadmissiveis.
O novo mandato começa da pior maneira. Hoje é o início do principio do fim. Como disse o presidente, tirando os filhos da equação da sucessão, quem vier por fim poderá ter problemas como ele teve há 34 anos. Eu já escrevi isso como o risco maior para quem vier abrir a porta e acender a luz.
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