30 junho 2009

Lucho, a relação com o jogo


Perde-se o melhor jogador da Liga dos últimos 4 anos. Bem ou mal, para melhor ou para pior no Marselha, uma estrela a menos no FC Porto, um potencial "fortalecimento" dos adversários mas não há insubstituíveis

Uma das anunciadas transferências do FC Porto concretiza-se, por fim. Pelo preço de Quaresma, com os potenciais ganhos também consoante a performance desportiva de Lucho e do Marselha que o compra, a Liga portuguesa perde o seu melhor jogador dos últimos 4 anos.

Assim o defini em cada época: pode haver jogadores decisivos, fulcrais num momento ou numa época, como Liedson ou Lisandro, mas não houve jogador de mais classe em Portugal do que o Comandante Luís Gonzalez. Aos que lhe reprovavam correr pouco ele vinha a correr mais que todos e os que não o notavam em campo por ter menos bola é porque não repararam que Lucho tinha mais uma relação com o jogo do que com o esférico. Daí ele iluminar o jogo e o campo, até sem bola, pelo que sempre defendi que Lucho foi o melhor neste tetra do FC Porto.

A notícia era esperada, mas temida. As vicissitudes de mercado já me faziam encolher os ombros perante tantas notícias de transferências. Lucho vai-se, o FC Porto perde a sua maior referência actual e o futuro capitão, mas não fica diminuído. Os adversários estão extemporaneamente satisfeitos, vendo o tetracampeão perder tão grande jogador, mas o FC Porto soube sempre encontrar as melhores soluções para as saídas, fossem por substituições directas (muitos chamam-lhe troca por troca, de forma absurda) ou por arranjos colectivos.

Se se fala tanto em Lucho e em 20 minutos a notícia da sua venda ao Marselha captou 57 comentários no Maisfutebol, é porque o homem é algo que o valha. Valerá, seguramente, os 18 milhões de euros pagos à cabeça, com possíveis proveitos de 24 ao fim de quatro anos nos franceses.

Eu falo já com saudade da sua imensa classe, indiferente à componente financeira que poderá, no mínimo, servir para o FC Porto encontrar, quiçá, um 10 que não tem e Lucho nunca foi: era um 8 soberbo e não um 10 que o (agora chamado politólogo) Rui Oliveira e Costa achava que era e o novo leão Matías Fernandez se lhe assemelharia mas só este é mesmo um 10 ainda que em ponto pequenino.

O FC Porto será, por isso, diferente no ataque ao penta. Nem melhor, nem pior, mas diferente. Como diferente foi sem Bosingwa, Quaresma e Assunção. Porque Lucho era a luz do jogo portista e a despeito de ter o FC Porto acabado bem a época sem ele em campo desde Abril, a verdade é que o meio-campo afadigava-se para fazer jogo sem Lucho, fazendo-o de forma diferente, obviamente, mas muito em esforço.

É essa a perda que registo, mais do que registei a de Quaresma há um ano, por muito desequilibrador que fosse a nível individual. E registo, também, a mágoa por ver Lucho partir para um OM que não tem a estaleca do FC Porto nem ganhará tantos títulos. Pensei que ele não cedesse, que considerasse as diferenças de estatuto para preferir o Porto que o acolheu de braços abertos e enorme admiração. Lucho era um dos nossos e a entrevista a O Jogo, que aqui trouxe propositadamente pelo qe dizia e o que representava, há uma semana, não fazia perceber que poderia estar de saída. O mercado, porém, dita as suas leis e os jogadores são capazes de tudo para ganharem mais 500 mil euros anuais de vencimento líquido, o que não é de desprezar nem de censurar.

Eu queria muito que ficasse, mas só ajudará a que seja mais indefectível do Marselha, o meu clube preferido em França apesar de não lhe reconhecer nível para ombrear com o FC Porto na Europa nem ser sequer um clube com a estabilidade directiva e futebolística do FC Porto.

O comunicado da SAD sobre a venda é o mais lacónico e formal possível que fica apenas para conferir o ponto de vista oficial de uma transferência que mais me custa como portista pela enorme afeição que senti por este tipo esguio, muito índio de feições mas de inatacável lisura de comportamentos. Um senhor.

Mas se for o suficiente para não se vender mais alguém será muito bom. Apesar de o mercado ditar as suas leis, a perda de Lucho nunca seria irreparável. Se der para manter as outras jóias da coroa, para as quais poucos clubes têm dentes mesmo lhes fenecer o apetite, Lucho será para o FC Porto manter a estrutura rumo ao penta.

Dimensão ecléctica ou galáctica?


As melhorias nas modalidades: sem o destaque devido, o FC Porto ganha e não pára de crescer

A Taça de andebol ficou por ganhar, mas de há dias que as notícias positivas não param de engrandecer as modalidades ("amadoras ou profissionais?") do FC Porto.

Foram os títulos no hóquei (OCTO e dobradinha), no andebol e noutras modalidades de menor expressão e interesse popular. O básquete foi uma desilusão, mas também parece encetado o ponto de viragem com anúncios de reforços de peso para, com Moncho Lopez, meter no cesto também esta modalidade de grande beleza plástica e agonística.

Pedro Gil regressa sobre rodas ao FC Porto, agora para o objectivo fixado de ser campeão europeu. Um espanhol querer acabar a carreira no Dragão é algo de extraordinário, não bastava Edo Bosch...

O andebol acabou a época em glória, com um título disputadíssimo, apesar de gatinhar pelo cansaço na final da Taça com a equipa exaurida fisicamente. Mas a estrutura mantém-se e os êxitos são para continuar.

O básquete parece viver o seu Verão indiano. Mal em todos os aspectos na última época, apesar de chegar a disputar o título depois de um ano horrível, eis que se contrata uma nova equipa, com Rui Mota e Jorge Coelho de regresso, mais Stempin e Terrell. Paulo Cunha e Marçal renovaram e com o técnico galego tudo indica que a próxima época será de "garrafão" na mão a celebrar vários títulos. A aposta é grande.

Tem sido marcante a presença de Pinto da Costa na apresentação das novidades. Agora que o pavilhão está erguido, sem parangonas nem anúncios de ciclos de vitórias ou efabulação de conquistas infra-estruturais premonitoras de um sem-número de êxitos, a dimensão eclética do FC Porto atinge patamares insuspeitos.

Eu peço desculpa por não "ligar" muito às modalidades, em favor do futebol que adoro, mas também não sou insensível e distraído ao que o FC Porto tem mostrado. Uma galáxia em movimento, impulsionada pelo entusiasmo da nova caixa de orgulho portista que é o Dragãozinho. E se no hóquei o sol portista brilha sem sombra à vista, a reconquista do andebol só poderia ser seguida pelo renascimento do básquete. Também porque há patrocínios a rendibilizar e a marca FC Porto a expandir, confirmando-se como o grande clube desportivo português e, mais uma vez, superando os rivais de Lisboa juntos.

Há 10 anos, com as velhas instalações das Antas, o FC Porto conseguiu o feito raríssimo de vencer em todas as grandes competições: títulos nacionais máximos em futebol, andebol, básquetebol e hóquei em patins, até na natação.

Com uma hegemonia no futebol consolidada, uma projecção europeia e mundial sem par, o FC Porto traçou o rumo da grandiosidade nas modalidades para abrilhantarem o seu novo orgulho e constituírem, no século XXI, uma era galáctica no âmbito dos maiores desportos colectivos em Portugal.

O destaque merecido... enquanto se anunciam as vendas das estrelas do futebol, com notícias durante dois dias que não se confirmam por Lisandro e, sucessivamente, mudam para Lucho para acabarem em Bruno Alves.

Qualquer dia, como disse há 10 anos Pinto da Costa, teremos tão poucos jogadores que, forçosamente, enveredaremos pelo futsal. Para vencer, claro. Como desde 1893.

29 junho 2009

«Notáveis Azuis» - Rui Barros

Qual será o portista que poderá esquecer o génio de Rui Barros? As arrancadas, os dribles, os lances puros de classe, ingredientes que formaram o dia-a-dia de um atleta que em campo - e fora dele - respirou humildade e profissionalismo.

Nortenho de gema, Rui Barros nasceu em Lordelo, e foi aí mesmo que pela primeira vez competiu, no clube da sua zona. Como jovem, passou ainda pelo Rebordosa e Paços de Ferreira, até ser contratado pelo FC Porto e rapidamente conquistar o seu primeiro título: o de campeão de juniores. A qualidade técnica e a genialidade do então jovem começaram a transbordar do seu futebol, e a sua baixa estatura começava a tornar-se um enorme trunfo perante os seus oponentes. Depois de passar alguns anos emprestado a outros clubes nacionais, Rui Barros consolidou definitivamente o seu lugar no plantel sénior do FC Porto, na temporada de 1987/88 - diz-se até que no início dessa temporada esteve perto de ser dispensado. O timing acabou por ser fundamental, já que Rui se juntava a um lote de eternos vencedores - na ressaca da conquista da Taça dos Campeões Europeus de Viena. O espírito ganhador e a experiência dos seus colegas permitiu tirar o melhor do seu futebol, e foi de forma activa que participou em outras duas conquistas, a Taça Intercontinental e a Supertaça Europeia, frente ao Ajax. Na Holanda, o golo foi da sua autoria. Foi também campeão nacional, e assumiu-se definitivamente como titular no onze portista.

Titular no Porto e opção frequente na Selecção Nacional, a cobiça de grandes equipas europeias foi vista de forma natural. A magia do futebol, aliada à sua baixa estatura despertou a curiosidade da vecchia signora, que desta forma assinou o internacional português. O contrato era de dois anos, e Rui Barros cumpriu-o de forma brilhante, sendo ainda hoje recordado pelos italianos como um jogador genial e um enorme profissional. Em 95 jogos, fez 19 golos e conquistou uma Taça de Itália e uma Taça UEFA. No defeso da temporada 90/91 mudou-se para o Mónaco de Arsène Wenger, fazendo com George Weah uma das mais ferozes duplas ofensivas da Europa. Venceu a Taça de França e foi finalista da Taça dos Vencedores das Taças em 1992, que acabaria por perder frente ao Werder Bremen. Três anos volvidos, transferiu-se para o Marselha, jogando ao lado de Paulo Futre.

Na temporada de 94/95 terminou o seu ciclo no exterior, e voltou ao seu clube do coração para 5 temporadas de grande qualidade, ajudando o clube a sagrar-se penta-campeão, vencendo também 2 Taças de Portugal e 3 Supertaças. Rápido, imprevisível, Rui era um avançado que dava enorme profundidade à equipa, pelas várias funções que simultaneamente cumpria em campo. Além de um criativo, era também um bom rematador, finalizando com a mesma qualidade com que se desmarcava ou servia para outro marcar. Era esse mesmo o trunfo de Rui Barros: a disponibilidade, o trabalho de equipa, e um coração em tudo oposto à sua altura.

Como profissional dedicado, o pequeno atleta terminou a sua carreira e com naturalidade se manteve no clube do coração, tendo ainda a possibilidade para conquistar uma Supertaça como treinador interino. Actualmente, desempenha funções de treinador-adjunto, ajudando o clube a manter a mística que ele próprio transportou.

Assim é Rui Barros. Um pequeno grande campeão.

26 junho 2009

Outro campeonato, 30 anos depois

Bis portista em 1979 sempre com Gomes “matador” e agora com Costa (em vez de Seninho) a quebrar os 55 jogos do Benfica sem derrotas. Toni bem avisava então que a maior ameaça à hegemonia do Benfica vinha do FC Porto e não do Sporting

Depois da evocação aqui do campeonato de 1977-78 que pôs fim ao jejum de 19 anos sem vencer o título nacional maior, o FC Porto bisou ainda que tenha feito, globalmente, uma época inferior à precedente. Foi há 30 anos que o FC Porto obteve o primeiro “bis” na I Divisão, veja-se a raridade agora que em 15 anos festejamos outro tetra e pensámos já num novo penta…

À parte o título nacional, sempre com Pedroto no banco e Pinto da Costa como chefe do departamento de futebol, na verdade só houve mais um motivo para festejar: impor ao Benfica a 1ª derrota na prova ao cabo de 55 jogos de imbatibilidade. Esse recorde, por incrível que pareça mas no futebol não há histórias lineares, foi obra de um treinador inglês reputado de defensivo. John Mortimore cometeu a proeza de terminar o campeonato de 1977-78 sem derrotas e com os mesmos pontos do FC Porto, perdendo o título por diferença de golos gritante a favor dos portistas. Na época precedente, Mortimore levou o Benfica ao título depois de duas derrotas e dois empates nas primeiras seis jornadas. Desde então, não mais perdeu em 24 jogos nesse campeonato e nos 30 da época seguinte. Em 1978-79, a visita do Benfica às Antas marcaria o fim dessa série: um golo de Costa, o esquerdino que o FC Porto comprou na Académica, bastou para lançar o FC Porto com duas vitórias por 1-0 no arranque da defesa do título.

Se ganhar um campeonato só pode ser por mérito, se não tiver benefícios arbitrais entre outros subterfúgios de quem faz as coisas por outro lado, ganhá-lo sem derrotas é já uma questão de sorte. Jesualdo traçou essa meta para o novo ataque ao penta, na próxima época. Mas nem Mourinho o conseguiu em duas temporadas, perdendo onde menos era previsível, primeiro no Marítimo, depois em Guimarães com o Gil Vicente.

O FC Porto sofrera uma derrota no Estoril, à 2ª jornada de 1977-78, e perderia em Braga, à 3ª jornada de 78-79. Um Braga que já ia à Europa e terminaria de novo em 4º lugar nessa época, além de eliminar o Benfica da Taça, com o Varzim em 5º e atrás deles os costumeiros Setúbal, Guimarães, Boavista, Belenenses. Com os poveiros, o FC Porto empatou nas Antas o primeiro de cinco jogos sem vencer. A meio da 1ª volta, o FC Porto passou de ter quase o dobro dos pontos do Benfica (10-6), à entrada para a 7ª jornada, para menos um cinco rondas depois. E foi andar sempre atrás dos encarnados, que engataram 11 vitórias consecutivas só interrompidas pelo FC Porto ao empatar na Luz e garantir, desde logo, vantagem no confronto directo por ter ganho nas Antas ao grande rival lisboeta.

Os pupilos de Pedroto, basicamente os mesmos artífices do título anterior, ainda lograram cinco êxitos seguidos na viragem da 1ª volta. Porém, um empate com o Belenenses em casa deixou o Benfica com dois pontos de avanço. Mas os encarnados perderiam pontos na P. Varzim e (derrota) no Marítimo e, por fim, em Aveiro. As seis vitórias finais do FC Porto garantiram-lhe a vantagem derradeira de um ponto na classificação final, com uma enxurrada de golos e ainda Gomes consagrado o melhor marcador, com 27 golos, mais dois do que na época precedente.

Nesta nova gesta portista, os artífices do triunfo foram: Frasco e Duda (30 jogos), Adelino Teixeira e Gomes (29), Oliveira (28), Rodolfo (26), Simões e Costa (24), Murça e Gabriel (22), Francisco Vital (21), Fonseca (18), Freitas e Marco Aurélio (14), Óscar (13), Joaquim Torres (12), Carlos Vieira (11), Lima Pereira (9), Quinito (3; Metralha, Carvalho, Paco Gonzalez, Jairo e Serginho (1 cada).

Em relação ao onze da época anterior, basicamente a presença do extremo Costa compensou a perda de Seninho para o fabuloso clube galáctico da época, o Cosmos de Nova Iorque. Adelino Teixeira alternou com Murça a lateral-esquerdo e novos jogadores pouco “calçaram”: Óscar (ex-Estoril) e Gonzalez (ex-Belenenses) os mais conhecidos então, mas também o furor Toninho Metralha que não justificou a contratação apesar do seu temido poder de remate.

Com menos 11 golos marcados do que na época anterior (81), o FC Porto obteve 70 tentos assim distribuídos: Gomes (27), Oliveira (16), Duda e Vital (5), Costa e M. Aurélio (3), Frasco, Gabriel e Rodolfo (2), Lima Pereira e Óscar (1), mais autogolos de Tibi (Famalicão), Quaresma (Beira-Mar) e Frederico (Barreirense).

Gomes teve Nené a dois golos na liderança dos marcadores, depois de ter tido o bracarense Chico Gordo na época anterior. Oliveira fez menos três golos e cedeu o 3º lugar na classificação dos artilheiros a Reinaldo (Benfica) que fez 17.

Se Octávio partiu uma perna ainda antes de começar o campeonato, Marco Aurélio partiu também uma perna por uma entrada duríssima de Toni no jogo da Luz. Toni, ascendendo a capitão do Benfica, revelaria que era o FC Porto, e não o rival vizinho de Alvalade, a maior ameaça à hegemonia encarnada no futebol nacional. Foi, por isso, um ano traumático e não só em termos de lesões.

Na Europa, o FC Porto entrou da forma mais desastrada possível. Dificuldades técnicas nem sequer permitiram acompanhar os relatos radiofónicos e quando se sintonzou alguém em Atenas já o campeão nacional perdia por 3-0 com 20’ de jogo. Oliveira ainda reduziu e seria seduzido pelo AEK que acabou a golear por 6-1. O 4-1 da 2ª mão de pouco valeu, a não ser pela garbosa reacção nas Antas apesar de Dusan Bajevic – futuro treinador do Olympiacos que viria a atormentar as Antas – ter dado vantagem aos gregos na 1ª parte.

Também a Taça de Portugal, ganha em 1977 e perdida de forma polémica em 78, começou mal, com copiosa derrota na Amoreira. O Estoril (3-0) confirmava-se a besta negra do campeão nacional que ali perdera o único jogo do campeonato anterior. No campeonato, um empate a uma bola foi bem bom, atendendo ao historial…

O campeonato acabava quase no final de Junho, era o tempo de ser campeão pelo S. João. O Porto festejaria também a conquista da Taça pelo Boavista, frente ao Sporting, com final e “negra” em dias consecutivos e Júlio a marcar nos dois jogos pelos axadrezados (1-1 e 1-0), contra um de Jordão que não bastou aos leões batidos na finalíssima como antes tinham ganho ao FC Porto na final do árbitro “chinês” Mário Luís de Santarém.

25 junho 2009

O falso agitar do mercado mais morto que nunca


Ao contrário do habitual, é o FC Porto que tem agitado o mercado de Verão. Mais pelo que se fala do que pelo que é feito. Pinto da Costa acaba de confirmar que não há nada além de nada. Não se vende Bruno Alves por não haver propostas – admitindo-se que hajam interessados – não se
desata o nó de Lisandro porque o Lyon, como o Milan com Cissokho, não tem “dentes”.

O mercado está, por isso, morno, quase morto. Quem costumava agitar o “defeso” era o Benfica, mas tem tanto dinheiro de reserva e potenciais vendas de 60 milhões que está só a fervilhar no conspurcado processo eleitoral com manobras de bastidores à mistura e os habituais jornalistas do regime a vigilarem para que tudo fique como está.

O Sporting, sem dinheiro e acostumado a comprar a conta-gotas, está há dias para sacar ao Villarreal uma promessa chilena, bom de bola mas um puto apenas, chamado Matíaz Fernandez. Isto enquanto se põe a dúvida de vender ou acumular prejuízos… Mas este leão, para já, é um gatinho sem graça.

Entretanto, já amanhã os leões voltam ao trabalho e Pereirinha já diz que quer ser campeão. Depois começa o Benfica onde o novo treinador que nunca ficou acima do 5º lugar na sua carreira diz que com ele só trabalha quem quiser ser campeão, sendo que ainda sobra um ou outro jogador que, independentemente do valor e mérito de então, já foram campeões e pouco terão a aprender com o novo Messias que começa a dar tiros nos pés logo que abre a boca.

Em vez de jogadores e treinadores na berra, anunciados por tudo quanto é sítio informativo seja em que suporte for, são os meios de comunicação que fazem falar de si, a golpada anunciada na TVI com dedo político (e censor), a SIC moribunda, a RTP nem aquece nem arrefece, o Record à frente na novela Jesus e A Bola a sacar-lhe a primeira entrevista.

Curiosamente, a proclamada candidatura de José Eduardo Moniz ao Benfica espoletou uma série de processos de intenções e alimentou teorias de conspiração não por acaso protagonizados pelos mesmos do Verão passado, os que fazem as coisas por outro lado com delgados e delfins nas posições-chave da informação situacionista. Especialistas em guerrilhas verbais e intentonas não faltam, há é pouca matéria para incendiar o cenário. Mas a verdade é que a posição de JEM quanto ao Benfica é o acontecimento do “defeso” pelo que representa de aviso para a gestão corrente e de ameaça se as coisas na nova época correrem mal. Pelo meio, o candidato Bruno Carvalho dá tiros nos pés e torna-se um papagaio tão ao estilo da casa…

Clube perdedor no Verão passado, a par do Benfica, o V. Guimarães protagonizou mais uma cena caricata, com o despedimento de Cajuda e o presidente vitoriano a sair mal na fotografia. O treinador do 3º lugar e de quase ter entrado na Champions e na UEFA acabou por fazer o resumo do Verão anterior aludindo às questões nos tribunais com que os minhotos quiseram derrubar o FC Porto. Isto do revisionismo histórico não é para desbocados como o técnico de Olhão, com o coração perto da boca, mas desta vez não pode queixar-se de sair por estar apurado para as eurotaças…

O FC Porto será o último a voltar ao trabalho, tendo sido dos últimos a entrar de férias (com os pacenses, por causa da Taça), porque também será o último a entrar na Europa (Setembro na Champions) que vai forçar vários clubes a jogos em Julho e Agosto de qualificação para os quais já se realizaram os primeiros sorteios. Com o P. Ferreira, o FC Porto disputará a Supertaça a 8 de Agosto, provavelmente em Guimarães pelo interesse dos pacenses em ambientarem-se à que será a sua casa na Liga Europa. Ou, então, o FC Porto será desmancha-prazeres nem que seja por algo relacionado com a insistência dos amarelos em quererem o Jamor para a final da Taça, sei lá…

O futebol palpitante não tarda aí, mas a dúvida é se será mais estimulante do que este ramerrão sem notícias de vulto no Verão mais fraco, nesta matéria, de que há memória.

23 junho 2009

Campeão rima com S. João

e inveja com... decepção!

Já não é como há uns anos, o campeonato acaba mais cedo e o hábito portuense de festejar o S. João associava-se à festa rija de ver o FC Porto campeão. Foi assim por muitos anos, enquanto o campeonato durava até Junho, depois foi recuando pelos compromissos (e fases finais) da Selecção Nacional, passou a acabar em fins de Maioe na época passada até a 5 de Abril (6-0 ao E. Amadora), a 5 jornadas do fim, os dragões festejaram mais um título, o tri.


Este tetracampeonato ficou decidido em meados de Maio, já lá vai um mês. Entretanto, fez-se uma dobradinha, tal como em 1997-98 com António Oliveira, que obteve o primeiro tetra.


Tempo, pois, de evocar títulos, festas e alegria das gentes do Porto que, por via do futebol, granjearam o privilégio de muitos outros adeptos partilharem o imenso júbilo de ser portista, de Norte a Sul, nas Ilhas e no Mundo.


O Porto festeja o S. João com mais um título de campeão.

Há um ano evoquei aqui o campeonato de 1977-78, o 5º apenas em 40 anos de I Divisão, e hoje 30 anos volvidos vão mais 19.

(cliquem na imagem para lerem todo o texto)

Ao mesmo tempo, o Zirtaev deixava aqui, para animar as hostes que nem a UEFA vergou, um trailer de quem faz as coisas por outro lado e hoje volta a ficar fora da Champions, a decepção ligada à inveja e despeito.




Um bom São João para todos !!!

22 junho 2009

Palavra(s) de Comandante!


"Nunca ficamos preocupados com as contratações do Benfica". "Nem com a composição da equipa técnica do Sporting". Penta e meias da Champions, um aviso a Lisandro e o penálti de Reyes

Excelente entrevista de Lucho Gonzalez a O Jogo. Todo um craque fora do campo, como é líder dentro do relvado.

Os pontos fortes:

BENFICA? BAH!...
[sobre os nomes sonantes contratados, treinadores, dirigentes e o folclore do costume] Ter contratado grandes nomes. Mas isso traduz o que é o futebol actualmente: contratar esse tipo de jogadores não garante nada. De qualquer forma, nunca ficámos preocupados com as aquisições que o Benfica fez. Pensámos sempre em nós.
Mas todos os anos, quando começa a temporada, não estamos preocupados com os reforços do Benfica ou com a composição da equipa técnica do Sporting. Procuramos, sim, melhorar o que esteve mal na nossa equipa, e essa é que é a verdadeira vantagem do FC Porto.

PENTA, CLARO!
Somos os campeões e, seguramente, esse é um dos objectivos para a próxima temporada. [ser tetracampeão] É um orgulho. Na verdade, actualmente ainda não temos real consciência do que isso significa. Mas, quando a carreira terminar e olharmos para a história do FC Porto e virmos lá os nossos nomes, aí sim, vamos perceber o alcance do nosso feito. É sempre importante fazer parte da história de um clube, e este tem muita.[festa na rua] Foi mais bonito. Vivemos mais de perto a euforia dos adeptos. Particularmente, marcou-me bastante e gostei imenso de ver toda a gente a festejar as nossas conquistas. Não quer dizer que nas outras três vezes não tenha sido também emocionante, mas também é bom ir variando um pouco. [Meias na Champions] Neste clube, os objectivos passam sempre por superar o que já foi alcançado. Por isso queremos chegar às meias-finais. Agora vamos descansar e, quando voltarmos aos treinos, começaremos a traçar com rigor as nossas metas.

FICA POR GOSTO

[gosto em ficar no Dragão] O FC Porto é um clube que tem sempre grandes objectivos, e a carreira de um jogador deve ser construída com títulos. Este clube aspira todos os anos a grandes conquistas, por isso não estou nada arrependido. [parece um aviso ao amigo Lisandro]
[críticas ao Lucho ausente] Alterei a minha forma de jogar em prol da equipa. Em determinados jogos, o técnico pediu-me outro funcionamento, que jogasse noutra posição, e acabei por ser criticado. Não tenho de jogar para a crítica, mas para a equipa. Estava tranquilo, porque sabia o que o treinador me tinha pedido. Tive muito menos contacto com a bola e às vezes fui pouco participativo. Não estava habituado, mas sabia que tinha de cumprir com o que me pediam. Por vezes, os adeptos pensam mais com o coração do que com a cabeça, mas isso é perfeitamente normal. A equipa depois encontrou o sistema que o técnico queria e pude voltar a jogar onde mais gosto. Nessa altura, as coisas voltaram à normalidade.

FAIR-PLAY A USAR COM MODERAÇÃO
[clássico penálti e tretas] Depois de ver que suspenderam o Lisandro por um penálti que o árbitro assinalou e que depois disseram que não foi, se fosse hoje deixava-me cair no relvado [lance com Reyes]. É evidente que esse lance foi penálti, mas na altura não me deixei cair porque vi o Fucile a correr em boa posição e pensei que lhe podia passar a bola em condições de ele finalizar. Não o fiz por uma questão de fair play, foi uma reacção instintiva por ver o Fucile bem posicionado. No futuro pensarei duas vezes, sobretudo pelo que se passou com a suspensão ridícula do Lisandro.
p.s. - o calor derreteu a imaginação mais ousada em manchetes, tiradas políticas e feitos desportivos de 1ª página; refreou (sem refrescar) a ambição do Lyon que sabe não ter dentes para Lisandro; Bruno Alves é um desespero para Benfica e Sporting também por ainda não deixar o FC Porto que, para já, está muito mais forte para atacar o penta. Deve ser por isso que não ouvi ecos ribombantes de notícias no fim-de-semana, os pasquins do regime passam já despercebidos nas loas do costume aos treinadores perdedores e a velhas vedetas de que mal se fala em campo; e as tv's engrossam os noticiários, além das quedas de árvores na Malásia e bois de duas cabeças na Colômbia, com as modalidades ditas amadoras que esquecem durante todo o ano. Portanto, está tudo bem, já li (com atraso) que Beto não teme Jesus e considera não haver "melhor clube que o FC Porto".

19 junho 2009

Coisas traiçoeiras no futebol do “verão”

As contratações dos jornais e algumas comparações mal feitas, antes de mais um fim-de-semana de suspense para o FC Porto onde se somam as entradas mas se temem saídas por muito que estejam “anunciadas”

Avizinha-se um fim-de-semana quente e com o risco de, tantas as ameaças, o FC Porto perder mais algum jogador. Pode ser bem vendido, certamente, mas começar a perder jogadores nucleares quanto mais se aproxima a data de voltar ao trabalho não é um bom começo para atacar o penta. A força gravitacional do mercado é assim e o circo mediático sempre inflacionado reforça essa componente como vento em velas desfraldadas. A especulação e algumas certezas dão o sal e a pimenta para o futebol do “verão” neste Verão que promete entrar em cheio.


O futebol do “verão” já começou a fazer das suas, com a “confrontação” das contratações de Jesus e de Beto, desavindos em Maio por causa da altura do g.r. a propósito do Braga-Leixões. Veremos quem terá razão, o novo treinador do Benfica ou a mais recente contratação do FC Porto, sendo certo que este já ganhou enorme credibilidade com o desempenho por Portugal na Estónia em que num jogo mostrou todas as suas qualidades patenteadas ao longo da época no Mar.

A altura da discussão sobre a relevância das capacidades de Beto poderá não ser para este Verão. Com 2+1 (opção) anos de contrato na Luz para Jesus, e 4 anos para Beto no Dragão, até poderá suceder que nunca voltem a cruzar-se. Se Beto ficar na sombra de Helton, o que para já se afigura provável, a continuidade de Jesus pode possivelmente ser posta em causa daqui a um ano. É à média que se consomem treinadores na Luz, o inverso do que sucede na baliza portista.

Beto de selecção!

Nesse sentido, a pergunta pode ser quem fará mais jogos: Jesus no Benfica ou Beto no FC Porto?

Gosto de Beto, tem reflexos notáveis e é excelente debaixo dos postes e felino na sua área de jurisdição. Tem elasticidade para melhorar as saídas da baliza, mas em Portugal esse aspecto nunca é tão necessário como na Europa. Das bolas altas, porém, já o mais alto (1,87m contra 1,80m) Eduardo, que Jesus teve em Braga, se comprometeu seriamente, quer pela selecção (quase um golo da Suécia no Dragão) quer pelos minhotos (frango fatal contra o PSG) na Pedreira. No jogo de pés nem se fala, Beto é tão desembaraçado quanto Helton e Eduardo uma nódoa como se viu frente ao Benfica.


Essa questão da altura tem algum… peso. Mas é relativo. Bento era baixo e saía bem dos postes com alguns equívocos, mas fazia-se valer nas saídas ao solo e nos “voos” a remates de longe. Beto pode ser Bento, até pelas similitudes físicas e de características técnicas.

Curiosamente, tem havido mais certezas nas contratações do FC Porto (anuncia-se Djalma e não é mal pensado) que nas iminentes saídas. Mas estas “pesam” para o futuro que pode ser de reconstrução de nova equipa quando a que ganhou o tetra mal acabou de fazer o primeiro tirocínio.

Bazófias e tretas…
Para ameaçar o penta, depois de quatro anos sem chegar sequer ao 2º lugar, Jesus chegou ao Benfica, quer títulos (quem não os quer?; qual a novidade?), deseja ser campeão (etc. e tal), seria impensável dizer o contrário, mas não prometeu nenhum título para data certa como fez Mourinho. Terá, em princípio, dois anos para o fazer; se falhar, duvidoso será que cumpra o ano de opção.


Mourinho chegou ao Dragão em Janeiro de 2002 e prometeu ser campeão no ano seguinte, embora tentasse sê-lo na época que ia a meio. Jesus almeja ser campeão enquanto durar o seu contrato, mas à falta de centelha maior no inferninho da Luz já quiseram compará-lo ao Mourinho portista que muita gente ainda não encara de frente…

Mas Beto e Jesus já sabem o que os espera nos seus novos clubes: estabilidade, programação, recato, serenidade para trabalhar sem pressão de ser nº 1, no Dragão; agitação, recreio, mediatismo e fortíssima pressão para ser campeão, na Luz.

Curiosamente, Beto e Jesus foram “anunciados” como futuros reforços dos novos clubes na altura em que os defrontaram. Beto foi massacrado por alegados erros no Leixões-FC Porto sem ter consentido algum golo nem fraquejado em qualquer lance. Jesus já era alvo da cobiça do Benfica antes desta equipa jogar em Braga onde o treinador dos cabelos brancos foi traído pelo seu g.r. Eduardo mas os arsenalistas deixaram provas de aplicação e denodo, com profissionalismo à imagem do seu então treinador.

Nenhum merece, por isso, ser alvo de chacota nem de comparações grosseiras quanto a qualidades profissionais.

Mas o desafio à distância está lançado. Pode é nem chegar a acontecer.


p.s. – depois de ameaças e empurrões pela escada abaixo a putativos candidatos à presidência do Sporting, ainda que Dias Ferreira tenha aceitado desportivamente um pontapé para cima, parece que houve também ameaças que José Eduardo Moniz denunciou enquanto se afastava, no meio do habitual circo mediático, da presidência do Benfica para que quiseram empurrá-lo... Aquilo na capital é assim, mas os cronistas do reino só se preocupam com as coisas no Porto. Deve ser por isso que tanto se fala do Lixo de Lisboa.

18 junho 2009

Três casos bem distintos

Uma saída em grande de um campeoníssimo

Um reforço com potencial na hora certa

Um retorno imprevisto sem encaixe financeiro

p.s. 1 - O FC Porto mal informou da venda do Cissokho no fim-de-semana passado, limitou-se no site a dar conta do comunicado (formal) à CMVM. Agora o site continua sem notícia da devolução do Cissokho, apesar do envio da informação (formal) à CMVM. Para que serve o site apesar de melhorado (só) graficamente?

p.s. 2 - O Milan sai mal da história. Claramente, outro gigante com pés de barro, mas o declínio é assim, até há vários jogadores em debandada (Pirlo é o último), depois do técnico (Ancelotti no Chelsea) e de vender a jóia da coroa (Kaká ao RM). Um problema dentário abortar uma transferência confirma que a odontologia tem consequências no rendimento físico do jogador, mas a deontologia negocial não se pode perder a não ser por quem não tem dentes...

17 junho 2009

Mercado real e dinheiro virtual

Custo de Hulk, vendas potenciais nem sequer subentendidas no clube bazófias de sempre e ainda o retorno de Cristiano Ronaldo em Madrid

A edição de O Jogo de hoje trouxe dois temas interessantes sobre como ver o mercado (de jogadores) que é do que mais se fala por estas alturas do ano, quando não há gente a fazer “coisas por outro lado” como há um ano.

Por um lado, tenta explicar mas não se entende muito bem como é que Hulk custa 20 milhões de euros ao FC Porto para ficar com toda a “propriedade” dos direitos desportivos e económicos do jogador brasileiro que tem uma cláusula de rescisão de 40 milhões. Faltam muitos pormenores na estória. Porque algo não bate certo e custa-me a crer que o José Manuel Ribeiro não se coloque dúvidas sobre o que deixou escrito.

Hulk custou ao FC Porto cerca de 10ME por metade do “passe”. À parte o que se disse e escreveu sobre o tema que escandalizou tudo e todos pelo valor e a procedência do jogador, e depois de ele ter virado de pantanas a quietude do campeonato em velocidade explosiva como se fosse um marciano na Terra, pareceu evidente que se o FC Porto comprasse metade restante pagaria outros 10ME. Ora, pela notícia de hoje não se entende que o custo dos 20 milhões supostos pela totalidade de Hulk seja o que está implícito em O Jogo. Entende-se que para comprar a metade em falta, os dragões têm de pagar o dobro do que pagaram por igual parte.

Na viragem do ano, eu já perguntava por aqui quando é que o FC Porto compraria o restante do “passe” de Hulk. É com incredulidade que vejo O Jogo de hoje a dizer que o FC Porto tem de pagar 20 ME para ter Hulk só seu. No total custaria 10+20=30ME. Até lá, a cláusula de 40 ME para o FC Porto ter de vender o jogador parece funcionar contra o clube que o projectou: os 20ME necessários para o comprar por inteiro parecem em função da cláusula em 50% mais do que a primeira metade adquirida em Agosto.

Posso não estar a ver bem a coisa, mas não faz sentido e creio não haver negócio algum deste género em que as partes a negociar tenham valores tão diferenciados. Até pode haver alguma diferença (viu-se com a aquisição das fatias restantes de Lucho e Lisandro), mas para o dobro deve ser recorde mundial. Prefiro pensar que, nestes meandros, os jornais nunca sabem tudo e os clubes guardam ciosamente os seus segredos negociais. E, tentando perceber o que se “move” por detrás disto, é curial nem fazer conjecturas, mas também não nos deixarmos levar por parvos.

Benfica, o cão de Pavlov
Ainda em O Jogo, a bazófia do clube do costume. Um ano depois de o Benfica dizer que não faria diferença alguma ficar fora da Champions, os resultados económicos dos primeiros 9 meses da época pariram um défice de quase 19 ME. A bazófia, note-se, é extensível aos seus fanfarrões seguidores, entre eles muitos pretensos letrados nas coisas da bola e das finanças dos clubes. Camilo Lourenço, expert em informações financeiras e com cartel tv para alguns basbaques que não filtram as notícias relevantes por incapacidade de ler e perceber, há tempos alvitrou mesmo que o Benfica jogar na Taça UEFA dava as mesmas receitas da Champions. E quando estava na Champions o Benfica recebia direitos TV dos seus jogos (que são exclusivo da UEFA). Uma calamidade informativa, o Camilo…

O administrador da área financeira do Benfica, Domingos Soares Oliveira, afiança em O Jogo que o clube encaixaria 60 milhões de euros em transferências se aceitasse vender três jogadores. Não os citou, nem poderia, não só porque nenhum jogador faz ou tem feito algo que o valorize assim no plantel encarnado, como o mercado não se mexeu uma palha, apesar da emergência de Jesus, para cobiçar alguma jóia escondida do pretenso tesouro na Luz onde pode existir poços de petróleo para jorrar dinheiro, mas não há valor potencial para vender e muito menos pela média de 20 ME por jogador. Nem Marias, nem Manéis se vêem por ali a valer tanto, nem metade, digo eu.

O Benfica, entre muitos outros defeitos, funciona como o cão de Pavlov: por reflexo condicionado. Toca uma campainha e o bicho, com fome e saciado a cada “trim”, ladra. Há um défice de 19 ME em 9 meses? Vende-se um jogador por 20 ME e tá feito. Perdemos 10 ME por faltar à Champions? Vamos ganhá-los na Taça UEFA… E assim sucessivamente. De ilusão em ilusão…

Mas DSO, confrontado com o “entorno” (mais do que o contorno) da transferência de CR7 para o Real Madrid, já não tem ilusões e mostra-se ciente da realidade do negócio que muitos ufanam como o mais “galáctico dos extra-terráqueos”.

Vale a pena ler bem (negritos meus) no que é aduzido por este entendido na matéria, com pormenores que eu lembrei na discussão deste tema:
"Não entendo o lado racional da contratação de Ronaldo"

O Benfica poderia contratar um jogador como Cristiano Ronaldo?
Não. Aliás, eu não entendo o lado racional que está por trás desta aquisição. Na primeira época do Florentino Pérez, eu até vivia em Madrid nessa altura, acompanhei de perto o processo dos quatro galácticos, foi um processo financiado com a venda da cidade desportiva, que rendeu 250 milhões de euros. Foi com essa venda que se fizeram as transacções do Beckham, Figo, Ronaldo e Zidane. Não sei como vai ser feito o retorno, e não são as variáveis que têm saído nos jornais. A percentagem de uma venda de t-shirt que reverte para o clube é a menor. Toda a gente fala muito do impacto nos mercados asiáticos, mas são valores baixos. O último contrato de direitos televisivos que o Real Madrid assinou é de 1100 milhões de euros por sete anos - 150 milhões de euros por ano. Vai ser difícil conseguir puxar por esses valores. Não é como o Benfica, cujos valores actuais podem ser multiplicados por três ou por quatro. O negócio surpreende-me.

É um negócio arriscado?

Creio que sim. O Real Madrid, do ponto de vista de endividamento actual, tem uma situação mais estável do que uma série de clubes ingleses. Tem um volume de receitas próximas dos 400 milhões de euros e, segundo li na Imprensa, aquilo que vai ser o endividamento final depois desta operação é cerca de 500 milhões. Ainda é uma situação equilibrada, mas é o tipo de operação que não se pode fazer todos os anos senão o endividamento dispara para níveis assustadores. O Florentino Pérez, quando fez a operação dos primeiros galácticos, pôs o endividamento a zero. Ou seja, o endividamento esteve a zero há um par de anos e neste momento está em 500 milhões.


Ponha-se na pele do presidente do Real Madrid. Como faria para pagar um investimento destes?
Estas operações podem fazer-se de vez em quando. Nós construímos esta brincadeira [estádio] e custou 160 milhões de euros. Do ponto visto de um investimento, o Benfica consegue fazê-lo e já o fez. Mas o plano de pagamento tem de ser ao longo do tempo e não se pode repetir a operação no ano seguinte. Não estou à espera que o Real Madrid consiga repetir este tipo de operações todos os anos.
De pai para filho…
Tudo isto faz-me lembrar uma anedota, que alguns conhecerão mas outros não, para encerrar:
Um rapaz, intrigado, vai ter com o pai com uma questão de economia e realidade virtuais para entender as diferenças: Pergunta-lhe se ele, pai, achava que a mãe podia dormir por 100 euros com o vizinho do lado, porque já colocara a questão à própria mãe e ela admitira que poderia fazê-lo.

O pai conclui na sua sabedoria: virtualmente são 100 euros em caixa, mas na realidade há uma galdéria em casa.

16 junho 2009

TASse, que nunca mais acabava o regabofe há um ano!

(clicar na imagem para ler o post original)

A UEFA tinha-se pronunciado, revogando a decisão de 1ª instância da CCD (Comissão de Controlo e Disciplina) de excluir o FC Porto da Champions. Os dragões voltavam a estar, por direito próprio e contra os que fazem "as coisas por outro lado", na prova-rainha do futebol de clubes. Não tardaria e o TAS (Tribunal Arbitral do Desporto), entidade neutra para dirimir conflitos desportivos, foi lapidar nas considerações finais, sem prejuízo de os revoltosos a ele recorrerem mais tarde numa última, inútil e desesperada tentativa de entrarem nos eixos.

O TAS, há um ano, determinou que a própria UEFA deveria rever a polémica alínea d) do art.ª 1.04 do seu regulamento de competições que trata da forma como os clubes podem inscrever-se. A UEFA já o fez, este ano, alterando substancialmente o articulado para parâmetros mais aceitáveis e aplicáveis.

O resto é história, felizmente escrita com palavras verdadeiras e não acções mafiosas que, essas sim, ficaram para a posteridade e envergonham quem tudo tentou para que a verdade desportiva, do campo, não fosse aceite.

A história, entretanto, mostrou um FC Porto pujante na Champions e o Benfica afundado na UEFA, a par com o invejoso delfim V. Guimarães que, merecidamente, só teve cheirinho de Champions e até da própria segunda competição a que também não acedeu à fase de grupos.


O FC Porto engrandeceu o seu currículo e de passagem também a conta bancária. O Benfica vai continuar a ver a Champions pela TV e, vá lá, ao menos terá a sorte de jogar à 5ª feira na nova Liga Europa que o delfim minhoto também terá de seguir pela televisão.

O mundo pode não ter mudado muito num ano, mas o cenário desportivo português, já indiferente aos resquícios do original Apito Dourado, pode ter a sua Comissão Disciplinar da Liga entretida a julgar o assédio imoral a um treinador que pode custar pontos, a posteriori, ao clube que faz "as coisas por outro lado". O Benfica é isto, resta saber como a CD do Ricardo Bosta se comportará, mas o FC Porto passa, assobiando, com a caravana rumo a nova Champions e com um penta para conquistar.

15 junho 2009

Mercado, fair-play e tretas…

Cissokho vendido por 50 vezes o preço da compra em meia dúzia de meses é galacticamente melhor do que Doriva vendido por 100% de lucro num ano – verdades do mercado contra o mercado das vaidades.

É mesmo verdade, apesar das manchetes de vendas impraticáveis, rezas e mezinhas de transferências improváveis e simples notícias para entreter o pagode, mas Cissokho foi vendido ao Milan por 50 vezes o preço de compra em escassos meses de dragão ao peito.

O mercado, o verdadeiro e não o propagandeado para os negócios fictícios da impagável Imprensa lusitana dita desportiva, é assim e não vai em acenos de sereia por um Sepsi dito cópia de Maldini para substituir o “divo” que pendurou as botas ao fim de 20 anos inolvidáveis no Milan.

Essa Imprensa de faz de conta que teima em trilhar caminhos de inverdade e inclinar o plano da credibilidade em seu desfavor dispersa-se em pormenores sobre quanto recebe o FC Porto, ainda que a comunicação formal da SAD à CMVM fale em 15 milhões de venda. Independentemente de que o FC Porto não tinha a totalidade dos direitos económicos do defesa-esquerdo chamado de Lino quando em Janeiro chegou ao Dragão, vender por 15 milhões de euros um jogador que custara 300 mil (ainda que então só por 50% do “passe”, porventura mais algum por mais uma parte substancial desse mesmo “passe”) significa valorizar um jogador 50 vezes o seu preço de mercado que é, como o do peixe ou da hortaliça, a marca de um preço – aliás, comezinho nos meandros actuais do futebol e não do “só pode pagar um” como o Real Madrid por Cristiano Ronaldo.

Melhor do que Cissokho não deve haver, em termos de encaixe puro, o que nem deve ser coincidência entre a fanfarronice própria dos franceses (Lyon) e a forma resoluta como as coisas devem ser tratadas nestas andanças (Milan). É curioso que o director milanês Galliani aludiu à “amizade” com o FC Porto, forjada no já extinto G-14, para triunfar nas negociações, ainda que os dragões não tenham cedido nada. Ironicamente, o Lyon foi um dos que somou ao G-14, quando foi alargado para 19 emblemas e onde o Benfica nunca logrou entrar, apesar de arranhar a porta, e que, helàs, não se distingue muito da hombridade negocial revelada pelo clube francês.

E Cissokho acaba bem melhor do que a anterior venda rentável de Doriva que, num ano, foi comprado por 4 milhões de euros, chegou em Janeiro e partiu em Dezembro para a Sampdória, em 1998, por 8 milhões, contribuindo para dois títulos, o tri e o tetra.

Incredulidade!
O pagode da bola, aquele que engole elefantes durante a época e acaba a dita a arrotar baleias, nem percebe como o FC Porto reúne em campo as características para ser multicampeão e muito menos entende os recordes de vendas que costumam ser anunciados nas páginas (amarelas) de faz-de-conta mas são efectivas para os lados do Dragão.

Há, notoriamente, um sentimento de incredulidade pelos 15 ME de Cissokho, como se Paulo Ferreira não tivesse sido vendido por 20, há cinco anos, sem ter as qualidades possantes do francês. Curiosamente, apesar dos valores normais para transferências de médio valor no futebol internacional, esta incredulidade esteve nos antípodas da de Cristiano Ronaldo e, disparatadamente, começaram a fazer-se comparações sobre os mais bem aplicados 93ME num e 15ME noutro…

Havia já quem gozasse com os 25 milhões que o Lyon pagaria por Cissokho e Lisandro juntos, acreditando que o FC Porto cederia por menos, como se fosse o clube mais com a corda na garganta enquanto outros passam mais uma época penosa sem ganhar, sem vender e sem sorrir mas são sempre motivo colorido para páginas de luxúria informativa.

Ainda ninguém se deu conta de que Lucho ou Lisandro não trocarão o FC Porto por Lyon algum de França que não tem o apelo dos tetracampeões. Esta chapada na cara do Lyon faz bem para opor a seriedade à cretinice negociais.

O negócio Pereira em contas à moda do Porto
Vendido Cissokho, resta Álvaro Pereira. Também não foi coincidência a sua compra, com a decisão negocial digna que outros pretendentes não tiveram. Os 4,5 milhões de euros gastos pelo FC Porto motivaram, como de costume, a algaraviada com que os menos sérios se entretêm. Antes de saber-se se Pereira vale ou não, e no tempo em que não se sabia (mas admitia-se) que seria mesmo o substituto real de Cissokho, Pereira entrou numa hasta pública própria de quem faz mal as contas.

Aparentemente, o Benfica estaria disposto a dar ao Cluj 3 milhões por metade do “passe” de Pereira. Tanto parecia bem comprado que até entrevistas e fotos com a camisola foram feitas… Ora, se o FC Porto paga mais 50% do que esse valor (3+1,5=4,5ME) e fica com mais 50% (75%) do que o Benfica ficaria se o tivesse comprado, o jogador não fica mais caro de azul-e-branco como ficaria de vermelho vestido. É ela por ela, mais coisa menos coisa.

Jesus, o Braga é que dificulta!… E o “ai Jesus” com Jesualdo!
Mas está visto que a rivalidade assumida pela Imprensa Destrutiva em relação ao FC Porto leva a isto. Vai para três semanas que se anuncia a contratação de Jesus para o Benfica, antes ainda da rescisão com Quique Flores, mas não há Salvador que valha a quem quer “fazer as coisas por outro lado”.

Nestes negócios da treta em que o Benfica mostra a sua baixeza em não querer pagar os 700 mil euros reclamados da cláusula de Jesus pelo Braga (já que aparentemente o treinador estaria disposto a abdicar da sua parte de 200 mil euros) , o treinador “mestre das tácticas” e cujo nível de português falado foi comentar ser o “fair-play uma treta” já parece ir além da seriedade negocial normal e ameaça rescindir com o Braga sem comentários e editoriais edificantes a brindar ao tema.

Para um técnico que tem contrato e está sujeito a deveres que implicam sanções desportivas além de pecuniárias, a forma como acabo de ver o assunto tratado no Record online é esta: “Braga disposto a dificultar a vida ao Benfica”. O Braga é o problema, não o técnico da treta. A inversão de valores é digna de quem mercadeja papel para embrulhar peixe.

O Jogo, entretanto, recordou que o Braga não só está nervoso pelo assédio imoral ao seu treinador, mas também pode reclamar prejuízos e fazer accionar uma pena regulamentar que o CD da Liga terá de enfrentar: Cita a notícia:
“Para o Braga, um eventual contacto do Benfica com Jorge Jesus, numa fase em que o vínculo deste aos arsenalistas ainda está a um ano de cessar, viola o Regulamento Disciplinar da Liga e vai de encontro ao ponto 1 do Artigo 65.º - A, que resumidamente diz que "qualquer clube que induza um treinador de outro clube a celebrar qualquer acordo que vise a celebração de um contrato fica impedido de, na época seguinte, registar qualquer contrato com esse treinador". A interpretação deste artigo não oferece dúvidas aos responsáveis arsenalistas, que pedirão então a pena que daí advém, além da proibição da contratação de Jorge Jesus por parte do Benfica: subtracção de três pontos aos encarnados, na época desportiva em curso aquando da decisão definitiva.” (negrito meu).
Se se lembrarem, três anos volvidos, como foi encarada e comentada a “transferência” de Jesualdo do Boavista para o FC Porto, com indemnização de um milhão de euros liquidada logo ali, estão a ver a diferença de tratamento informativo e intelectual entre o caso presente (envenado) de Jesus e o Benfica.

Sporting como o Benfica, porreiro, pá!
Paralelamente, o Sporting da afamada Academia de talentos vende tanto como o Benfica em intenções divulgadas pelos jornais e preços estabelecidos nas redacções. Em Janeiro, o Bolton pagaria 15 milhões por Miguel Veloso e o Sporting achou pouco. Confrontados com isto, parece que o FC Porto vendeu mal Cissokho, que não abrilhantou nenhuma tourada de 7-1… Para se ver livre do modelo que Paulo Bento não quer sem ter a hombridade de o assumir depois de ajudar a desvalorizar esse “activo” da sua SAD, parece que por 10 milhões poderão vender Miguel Veloso, resta saber se algum Bolton volta à carga para poupar 50% do preço de Janeiro.

Mas o Sporting pode vangloriar-se dos seus extremos vendidos por outros a peso de ouro, de Nani e Quaresma a CR7. A lenga-lenga da formação já começou, pelo que se lia ontem em O Jogo online sobre a manutenção de João Moutinho…

O Benfica também pode pôr na vitrina algumas Marias e exigir uma data de milhões atirados ao vento. Aliás, a competição é dura entre as anunciadas contratações de arromba, que nunca chegam, e as vendas milionárias, que também nunca se fazem.

E chegarão ambos ao campeonato com o castelo de areia afundado na praia…

13 junho 2009

Do Santo António ao Santiago (Bernabéu)

Depois do Dia de Portugal, o dia do português e um ano depois o futebol em convulsão

Passou o Dia da Raça português e o Cristiano Ronaldo logo fez desatar as mais desencontradas formas de apreciar a mais cara transferência de sempre. Há um ano era o FC Porto que agitava a esfera do futebol internacional, sujeito aos dichotes de Patini (com uma história pouco recomendada como aqui lembrei a 12 /6/2008) mas ratificado na Champions pela UEFA (aqui, a 13/6/2008). O Santo António passou a ser padroeiro dos frustrados de Lisboa, que não conseguiram “fazer as coisas por outro lado”. E, um ano depois, é o Santiago (Bernabéu) que está nas bocas do mundo com a entrada de Cristiano Ronaldo no Real Madrid.

Faz um ano que a fogueira da inveja ficou a arder em Lisboa, disfarçado com aroma de sardinha, mas o Porto é que festejou. Um ano depois de Platini, então entronizado presidente da UEFA, reclamar contra batoteiros, tendo depois de engolir as “boutades” com a inclusão não só do FC Porto mas também do Steaua que ameaçava igualmente risco de exclusão das eurotaças, eis que o francês que não sabe estar calado fala de subversão do mercado de transferências que acha uma ameaça para o futebol.

Para já, na silly season, deitam-se contas ao que Ronaldo ganha e vai ganhar, ao que custa (mas ainda não ao que vai custar, dependendo do retorno… desportivo), por serem coisas palpáveis. Quanto ao retorno (financeiro) anunciado (vendas de camisolas?), ainda está longe de ser realidade e talvez ao fim dos seis anos de contrato o agitador profissional Florentino não esteja lá para arcar com as culpas maiores da deformação do mercado de transferências em que gasta a brincar algo como 250 milhões de euros em três jogadores e não parece ficar por aqui.

Em Portugal também já se enumeraram umas quantas dicas económicas sobre o significado de 93 milhões de euros. Já se disse do pior e do melhor, já se considerou “uma estupidez” e já se valorou que “todos ganham”. No meio estará a virtude, quanto a tais apreciações, sendo que a popularucha abordagem aos Ferraris que se poderiam comprar, aos hospitais a construir e às bocas esfomeadas no mundo a saciar é a que ganha foros de primazia sensacionalista. Os basbaques não fazem por menos e considerar que “todos ganham” é fazer contas que não são do seu bolso, ajudando a mistificar um caso que só tem derrotados à vista: a ganância e a inveja, designadamente, a vestirem de branco como o diabo travestido de anjinho.

É aviltante a soma paga por um jogador. Aceitemos, porém, que é o mercado, independentemente de quem fica a ganhar ou a perder. E cedendo que para mercado assim não há nem compradores nem clientes, logo… Pior ainda se considerarmos que os 93M pagariam 12 Maradonas, quando Cristiano Ronaldo nem metade do D10go vale como jogador. Os números cegam e os comentários iludem a realidade que só a partir de Setembro desfilará aos nossos olhos.

Até lá, convém separar parâmetros distintos:

VONTADES. Seis meses depois de Alex Ferguson considerar que ao Real Madrid “não venderia nem um vírus” e três meses depois de achar “patética” a insistência em comentar uma saída de CR7 de Old Trafford, com o jogador igualmente trocista, eis que as vontades se manifestam em direcções opostas. Se há um ano nem o Real Madrid tinha a vontade louca de Florentino na presidência, nem o recém-consagrado campeão europeu tinha motivos para deixar sair o seu mais badalado e valioso jogador que se sagrou melhor marcador europeu e por fim melhor jogador mundial, este Verão reuniram-se as condições ideias para a transferência: sir Alex foi tricampeão graças a Ronaldo, em Inglaterra, mas já não revalidou a coroa europeia e um certo desencanto entremeou a relação entre ambos ao longo da época em que o treinador teve de mandar “umas indirectas” ao pupilo. O desgaste passou factura, quer nas lesões de Ronaldo, na menor frequência de golos e em títulos presos por arames (há quem o esqueça, mas a Supertaça/Charity Shield e a Taça da Liga foram ganhas só por penáltis…) o que não fazia mais o Man. United uma equipa fora-de-série e acima da concorrência.

RENDIMENTO. Se o Man. United tirou o máximo do rendimento de C. Ronaldo, vencendo todos os títulos (excepto a Supertaça europeia, no Mónaco) até ao Mundial de clubes em Dezembro, e igualando o recorde de 18 campeonatos do Liverpool, a hora era de mudança e o pragmatismo de Alex Ferguson falou mais alto do que a avidez de alguém cioso de ter um património para toda a vida. O clube inglês ficou a ganhar e basta ver o realismo com que os seus adeptos foram comentando a perda, reparável, de C. Ronaldo. A este desenlace mais de cariz financeiro do que futebolístico pesou, decerto, o proprietário norte-americano do clube inglês que já este mês tinha negociado por 80 milhões de libras a publicidade nas suas camisolas. O grande negócio parece que foi o M. United a fazê-lo!

É claro que o jogador engorda a sua conta bancária para os números estratosféricos tão ao gosto da pequenina visão portuguesa do negócio, pois Portugal não ganha absolutamente nada em termos económicos. Mas as referências marginais sucedem-se, como se fosse digno de 1ª página o madeirense ter passado uma noite de borga com uma alegada figura do jet-set americano.

COBRANÇA. Sendo certo que os 11 melhores jogadores do Mundo não fazem a melhor equipa, está por ver o que dará o novo Real Madrid na próxima época. Nem vale a pena pensar nas seguintes ou nalgum pentacampeonato europeu como nos anos de di Stéfano e Puskás. A cobrança será violenta numa equipa que só poderá alinhar com 11 jogadores de cada vez, mesmo que se chamem C. Ronaldo, Kaká, David Villa e provavelmente Ribéry, sobrando ainda os actuais Raul e Robben, por exemplo, no ataque. O novo treinador Manuel Pellegrini passa de um submarino amarelo no Villarreal, sem pretensões de monta, a ter nas mãos uma bomba atómica sem se saber que tipo de miséria poderá fazer e com risco de explodir na própria “casa branca”. Ronaldo, pelo seu lado, enfrentará uma componente competitiva diferente da inglesa em que tinha tudo para se dar bem. Mas se não correr tão bem como potenciam, à partida, os 93 milhões, ele não deixará de bendizer a vida, largar a selecção como em Tirana e, indiferente ao jet-leg, acordar no outro lado da América todo glamour e sensacionalismo.

PERDEM PLATINI E A UEFA
Para já perde, de novo, Platini. A sua apregoada seriedade para o futebol já caiu por terra há algum tempo, na incapacidade de a UEFA levar por diante o licenciamento dos clubes nas eurotaças nos moldes que queria. Alicerçado num saneamento financeiro para competir na Europa, o projecto de Platini morreu antes de se ver os contornos, rejeitado por um corpo de clubes ricos e endividados sem os quais o próprio Platini não sobrevive, restando-lhe a imagem da Rainha Santa a distribuir umas migalhas a mais pequenos clubes que acedem à Liga dos Campeões com o novo formato da prova.

Perde, ainda, a UEFA na eleição antecipada dos palcos das finais europeias, estando o Bernabéu indicado para a final da Champions da nova época, o que poderá significar que um finalista jogue em casa se o Real Madrid fizer todo o percurso até 22 de Maio, um sábado que trará em si mais uma novidade das finais europeias.

E do arrojado Florentino Perez, agora na versão 3 em 1 depois das contratações ano a ano (Figo, Zidane, Beckham, Ronaldo Nazário) da anterior gestão suicidária, será porventura lembrado, quando a bola começar a rolar, que a aventura galáctica então empreendida, também com Valdano como director-desportivo, só lhe trouxe 2 campeonatos e uma Taça dos Campeões em 5 anos.

Uma era, recorde-se ainda, terminada com Carlos Queiroz e em que a nave espacial que logo começou a explorar os mercados da Ásia (com pré-época em movimento na China e arredores) espatifou-se contra vulgares rochedos inter-estelares como o Saragoça na final da Taça do Rei e o Mónaco na Liga dos Campeões, até perder os últimos 5 jogos do campeonato como nunca sucedera (nesta última época até se repetiu) e acabar a 7 pontos do “modesto” Valência de Benitez que ganhou duas Ligas em três anos…

Sintomático acaba por ser o desabafo de Puyol, capitão do Barça, ante a nova realidade madridista: “Era bonito ganhar a Champions no Bernabéu”.

10 junho 2009

Que escreveria Camões, hoje,se fosse vivo?

Os Portíadas

canto primeiro
A fama dos Dragões assinalados
Que desta Mui Nobre, Invicta e Leal,
em estádios nunca antes disputados
Jogaram para ganhar cada final,
E em torneios e jogos esforçados
Mais do que era sonhado em Portugal,
Entre gente remota conquistaram
Nova glória remota ,que tanto sublimaram;

canto segundo
E também as memórias gloriosas
De oitenta e sete,aí principiando Nova Era,e as terras viciosas
Que de espanha ao japão foram domando,
e aqueles que por obras valorosa
Se vão da lei da imprensa libertando,
Cantando espalharei por toda a parte,
se a tanto me ajudar o engenho e arte;

canto terçeiro
Cessem da pantera e mais felinos
As deambulações grandes que fizeram;
Cale-se dos tais cinco violinos
a fama das vitórias que tiveram
Que eu canto o peito ilustre dos meninos
a quem Manchester e Real obedeceram!
Cesse tudo o que o Record e Bola cantam,
Que outros valores mais alto se Alevantam!

09 junho 2009

As eleições, os partidos, o futebol e os clubes

As empresas de sondagens são os jornais do regime com as tv’s venerandas ao serviço. O PS como o Benfica, derrotado mas num mundo distante da vida real. E mais uma escorregadela de Pinto da Costa com um candidato autárquico…

Este resultado eleitoral em Portugal, pode parecer esquisito, só confirma que o único vencedor por cá é o FC Porto. Curiosamente, um adepto confesso do FC Porto é a nova figura emergente mas consolidada da cena política: Paulo Rangel. Paralelamente, o presidente Pinto da Costa incorreu no erro político de apoiar, como fizera em 2005 com Francisco Assis, o candidato autárquico socialista na Invicta. Elisa Ferreira pode ser portista, mas para já é mais uma portuense com os pés num sítio e a cabeça noutro, o que na história político-desportiva do clube foi contraproducente ainda que permitindo a substituição de Américo de Sá, submisso ao poder instituído em Lisboa e servo do CDS pelo qual era deputado na AR, pelo próprio Pinto da Costa.


COLAGEM CONTRAPRODUCENTE. Esta colagem do FC Porto a um opositor a Rui Rio tem dois efeitos contrários ao que presumivelmente se desejaria: primeiro, dá-se importância ao presidente da Câmara que mais ostracizou o clube emblema da cidade mas nunca fazendo nada de relevante por ela apesar de se renovar no cargo; depois está comprovado que, além do fraco cabeça-de-lista socialista proposto agora, o povo não vai em cantigas nem o FC Porto é o partido concorrente que os seus adeptos subscrevem no boletim de voto autárquico.

PRESIDENTES GANHAM EM LISBOA. Tem-se feito separação da política com o futebol no Porto, ao contrário do sucedido em Lisboa. Curiosamente, o maior derrotado tem sido e será sempre o edil portuense, pois nem Rui Rio ganha pelo seu carisma nem consegue atapetar a sua ida para Lisboa… Na capital, continuam a ganhar os presidentes de câmara e os presidentes do Benfica e do Sporting, com mais terrenos, negócios imobiliários, urbanizações e sem vislumbre de a Maria Morgado intervir, tão preocupada anda com a corrupção, mais o seu SS, na província.


Rui Rio tem ganho por falta de comparência de um opositor credível, neste caso a mostrar o desprezo que o PS tem pelo Porto e que, provavelmente, dará com a sequência desta derrota eleitoral no 1º round, uma derrota autárquica e nas legislativas com todo um País farto da tribo socialista e do ambiente fétido de corrupção quando era suposto as instituições de supervisão e de investigação a combaterem; uma onda de suspeição a crescer como tsunami imparável que ironicamente não atinge as suspeitas off-shores…

FC PORTO NACIONAL, NÃO LOCAL. O FC Porto, portanto, comprovadamente não influencia (ainda bem) o poder político municipal, conquanto se torna na força política/desportiva mais estável a nível nacional, como se não fosse a indústria mais rentável e “exportável” de Portugal. Ganhando de Norte a Sul mais adeptos e cada vez mais jovens para um salto de reconhecimento notável a realçar dentro de mais uma geração nascida sob tantos e tantos títulos, o FC Porto ganha porque tem lutado e mostrado no campo que o valor do trabalho e da seriedade dão crédito e melhores auspícios para o futuro.


MUDA-SE DE PARTIDO, NÃO DE CLUBE. É claro e intuído que pode mudar-se de mulher, de máquina de lavar e de partido, mas não de clube, ainda que comecem a verificar-se interessantes transferências de preferências vermelhuscas para as cores portistas. O País, esse, voltou a votar em protesto, longe de fidelizar-se a partidos e em contra-ciclo com a verdade oficial da Imprensa do regime.


DE DERROTA EM DERROTA, COMO O BENFICA. Tal como cada derrota, dentro e fora do campo, do Benfica, partindo para nova era auspiciosa e promessas de conquistas e sonhos de grandiloquência, acabámos de assistir a uma estrondosa derrota do PS amenizada com vaticínio de triunfo em Outubro. Campanhas de Imprensa pró Benfica (e/ou Sporting), agências de intoxicação e detergentes que lavam mais branco em Lisboa transformam as mais sonantes catástrofes em promissores amanhãs que cantam. Estes últimos tempos sobejaram em exemplos da mistificação contínua de que em Lisboa é que se manda e sabe fazer as coisas.

PORREIRO, PÁ. A reconstrução de uma equipa derrotada como a do Sporting passa até pela mais abjecta colagem da Imprensa “porreiro, pá” a um candidato da continuidade ou situacionismo ao qual se cola também um promitente opositor: a este, como é da praxe, um cachaço pode chamá-lo à razão e lá está ele a saltar vitorioso como se um encontrão pela escada abaixo impedisse o salto para cima. Temos, portanto, o plebiscito a Bettencourt (89%), como antes o Vieira (91%) no outro lado a circular…


LAGARTIXAS. Este caso de cobardia corajosa, própria de políticos e por inerência de advogados do diabo que a enxameiam, é personificado por Dias Ferreira, que dá as suas bacoradas num decrépito programa da bola na SIC. Outro lagarto, invertebrado e rastejante, também debita sobre bola, mas na RTP-N, ainda que em política compareça na outra tv do regime, lá por Carnaxide.

“CONTRATAÇÃO” À BENFICA. Só aquele bronco socialista da Eurosondagem, o Rui Oliveira e Costa agora à pega, poderia avançar com uma “contratação” para o PS – vitória eleitoral nas legislativas – mais sonante do que qualquer prodígio de que mal se ouviu falar para o Benfica. Golpes de publicidade não faltam, na política como na bola, mesmo quando a sua há muito desacreditada empresa de sondagens dá tiros nos pés e, tal como os clubes da capital, sonha poder andar, como Cristo, sobre as águas… para não dizer nas nuvens. Não só inverteu, de forma caricata, a tendência de empate técnico PS-PSD das últimas semanas com uma última sondagem de 36% para o PS, afundando a sua já duvidosa credibilidade, como tem insistido que os adeptos do Sporting ainda superam os do FC Porto no País, quando todas as indicações de marketing indiciam o oposto. Ironicamente, ser a primeira empresa do ramo a anunciar com clareza a vitória do PSD não a inibiu de prenunciar o êxito socialista em Outubro. Só podia ser na SIC que, com a RTP, tem servido o regime e caído em desgraça (mas o Balsemão já safou o seu dinheirinho do BPP…).

TVI E MST EM CONTRA-CICLO. É pela falta de oposição que a TVI vence nas audiências, mais do que Rui Rio no Porto. E volta a vencer nas margens eleitorais, indubitavelmente, decerto sabendo com quem lida. O jornalismo interventivo e não de sarjeta e frete também reforçou o seu crédito, apesar de opiniões díspares mas não fundamentadas. As análises nas tv’s, domingo à noite, eram muito como o ângulo de visão das derrotas do Benfica, ainda que no futebol este seja perdedor e na política estávamos a falar de um Governo com maioria absoluta patético até na derrota.

Num País de futebol, até tolo pela bola, nunca dissociei a política do resto e esta usa o jargão futeboleiro para chegar às massas.

O País está a mudar no futebol, e no Desporto em geral, e felizmente também na política, ainda que seja mais difícil quebrar a bipolarização histórica do que impedir os títulos multidisciplinares do FC Porto. Pode haver sondagens, votos televisivos a 0,60 euros+IVA, paineleiros, intoxicadores, pareceres encomendados ao Fretes do Amaral e diatribes do filho aos Domingos. Mas o veredicto do campo é como o dos votos.


Infelizmente, as leituras da situação, na política e no futebol, não vão no mesmo sentido. Li, por exemplo, de um adepto portista num blog de política (AAA no Insurgente), que os 21% da Esquerda pura e dura são resquícios do Estado Novo, o que é uma falsidade histórica em contraponto ao benfiquismo em declínio que se associa ao tempo do antigo regime. E, como ninguém é perfeito e os paineleiros têm hormonais e naturais predilecções, até Miguel Sousa Tavares aposta em que o PS ganha as legislativas…

PS/CRISE; BENFICA/ÁRBITROS. Entretanto, em directo, vimos o PM a pedir aos jornalistas “organizem-se”. Estes, a imitarem os abencerragens da Imprensa prazenteira e desportiva, submissos e tolerantes, não opuseram ao optimismo socretino para Outubro a ideia de que a preconizada maioria nas próximas legislativas nem por sombras… E enquanto o lema de discutir a Europa na campanha das eleições para Estrasburgo foi mais ou menos declamado pelo PS, Sócrates tem o avô cantigas a quem serve de muleta para entronizar e a cáfila de ministros na primeira linha mas nenhum outro deputado ao Parlamento Europeu, outra coisa despercebida aos entendidos.

Este Portugal Pindérico que chega também às revistas de sociedade é-nos servido continuamente, com mais patranhas atribuídas à crise e a desculpa, benfiquista, de que os árbitros prejudicaram e todos os Governos perderam (mas não em Itália, França, Alemanha, Áustria, Holanda). Na Suécia ganha o Partido dos Piratas (um deputado eleito) e na Finlândia os “True Finns” passam de 0,5% para 10% em 4 anos, aqueles países vergonhosos onde teimam em não falar de ingovernabilidade nem em necessárias maiorias absolutas, de resto com horrorosos níveis de cidadania, educação, civismo, literacia: nível de vida.

FC PORTO COM PS NO PORTO. E enquanto o PS, o Governo e o Benfica (aquela piada dos 16 pontos à custa das arbitragens pérfidas não serve nem para salvar o lugar do Quique…) se desligam do mundo real, temos o presidente do FC Porto de novo colado a um candidato socialista à Câmara para facilitar a vitória de Rui Rio – com sorriso mais amarelo que a descolorida líder do partido – que já perdeu a noção de tão cedo mudar-se para Lisboa… Se o lema de não envolver o clube em questões partidárias já tinha sido desrespeitado há 4 anos, esta insustentável leveza de Elisa Ferreira devia desaconselhar tamanha reincidência que só deita o nome do FC Porto a perder.

APITO DOURADO COM PS. O FC Porto tem provado bastar-se a si próprio. E em relação ao PS – que mais afrontou as instituições do regime democrático ao controlar a Comunicação Social, inventar a ERC censora, intimidar cidadãos e jornalistas com processos, apascentar a fraca vigilância supervisora da Banca e da Bolsa (aqui com o regabofe dos papéis maltrapilhos do Benfica!), atacar a Justiça e querer instrumentalizar forças e ordens sociais e profissionais – o Apito Dourado sob a alçada suspeita do Ministério Público e da PGR que perseguiram o clube e o seu presidente deviam merecer outro tipo de comportamento e distanciamento em relação a tão maquiavélica força partidária e instrumentalizadora.

Têm sido anos de deriva totalitária do País para um Chavismo e ideologia de sentido único com o correlativo poder perseguidor com campanhas negras sobre cidadãos e classes profissionais. Anos aos quais associei o esvaziamento da Casa Pia com o enchimento do Apito Dourado, para distrair do afundanço social e económico sob o signo do powerpoint no embuste do Choque Tecnológico, do pérfido sistema das agências de comunicação (ainda por explicar a fuga da LPM do FC Porto com receio de perder clientes em Lisboa…) que controlam as agendas dos média e do exibicionismo alarve de uma superioridade e arrogância no show-off mediático e controleiros de opinião que se partilha até à Câncio, perdão, cama!


À beira disto, a penhora da retrete dos árbitros nas Antas decretada pelo Catroga ou o favorecimento da Manuela Ferreira Leite nos assuntos fiscais do Benfica foram fait-divers pontuais que, no último caso, valeram mais para a eleição de Vilarinho na Luz do que foram úteis ao PSD sujeito a essa chantagem emocional do clube do regime.


O FC Porto, em todo o contexto nacional nestas tricas político-desportivas, não devia permitir pontes dúbias para passar o seu (rio) Rubicão.

p.s. - Eleições houve no Sporting com aquela marca democrática de uns terem 5, 10, 15 ou 20 votos... Vai suceder o mesmo no Benfica, com os mesmos privilégios da monarquia leonina para este antro da democracia futeboleira da Luz. Mas no Benfica do povo e, dizem, da democracia, fazem-se golpes palacianos em que o presidente derruba-se a si próprio. É claro que a Imprensa do regime não vai dizer o que disse da mesma estratégia de Alberto João Jardim há menos de um ano na Madeira...

Bettencourt recebeu 89% dos votos, Vieira acaba de pedir, pela voz do inevitável Vilavinho, "clareza" e estabilidade para justificar eleições por quem, no último prebliscito, recebeu 91%! Neste circo, o palhaço do treinador tem ainda uns actos para cumprir, mas também aqui a Imprensa do regime já anda a dizer que, afinal, os jornalistas sabiam tudo e tinham razão. O problema é que nem o Benfica é grande ao regatear o milhão de indemnização ao Braga, nem escapa à mediocre planificação da próxima época com presidente e treinador no fio da navalha - isto para não lembrar como o circo andará para trás se outro presidente for eleito com um treinador eventualmente já escolhido.

O glorigozo permanente com data eleitoral escolhida a preceito, um ano depois do golpe dos cinco advogados do CJ da FPF... Em Lisboa anda tudo aos círculos, aos circos, à nora. Quem puxa tudo isto?...