26 junho 2008

FC Porto campeão há 30 anos e o S. João antecipado caído em desuso

Evocar o campeonato de 1977-78, apesar de se lhe ter seguido o episódio do árbitro da finalíssima da Taça que foi de viagem com o Sporting à China…

aqui tinha evocado a conquista da Taça de Portugal pelo FC Porto em 1977. Seguiu-se-lhe dois títulos de campeão nacional, apesar de não ter conseguido revalidar o triunfo no Jamor pelo celebérrimo Mário Luís que de escalabitano passou a “chinês”: em dia de final do Mundial em Buenos Aires, com a garra argentina a superar a qualidade laranja em movimento, houve a finalíssima de 25 de Junho de 1978 (1-2, depois de 1-1 uma semana antes com o sadino, irradiado pela UEFA em 1973, Francisco Lobo a apitar), ter seguido viagem com o fato oficial do Sporting numa digressão à China. Eram tempos em que a democracia fervilhante em Portugal cheirava a pólvora, entre a ameaça pavorosa da guerra civil abortada a 25 de Novembro de 1975 e os atentados das FP-25 até ao início dos anos 80.

Tempos de grandes memórias, quando tudo se sentia à flor da pele e os resquícios do regime perpassavam no futebol. Um tempo em que, ganhos dois títulos para o Porto a juntar à Taça de 1977 após as conquistas do Boavista de 75 e 76 com Pedroto ao leme antes de voltar às Antas, a democracia demorou a aceitar uma nova ordem no futebol – uma reviravolta porventura mais espectacular da que o próprio país viveu, este com subsídios de Bruxelas para betão e ironicamente mais centralismo asfixiante que hoje é mais abominável e intolerável; e o futebol com resistência interna feroz que na actualidade passa por golpes baixos de ética para inverter o curso da História.

A hegemonia portista actual é esmagadora como também aqui se evocou e suplantava, há 30 anos, os mais bisonhos sonhos do mais indefectível adepto.

Mano-a-mano
O FC Porto ganhou o título de 1977-78, o primeiro desde 1958-59, sim aquele em que Calabote, antes como hoje, bem tentou tudo para manter as águias no poleiro. E que título, 19 anos depois, com que luta, frente a uma rotina bafienta instalada desde os anos 60, quando a regra eram 3 campeonatos do Benfica e 1 do Sporting, durante uns 15 anos, maquinalmente, ciclicamente, quando não se duvidava do cavalheirismo dos dirigentes de então e a falta de competitividade do campeonato não era motivo de discussão alguma. Discussão passou a existir quando a agulha mudou para Norte e se alvitraram mil e uma maneiras de questionar o sucesso de emblemas fora da capital.

O quadro ao lado resume o mano-a-mano do FC Porto com o Benfica que era tricampeão pela 4ª vez consecutiva, com o Sporting a intervalar mas sem deixar de se enjoar com o mesmo cenário de sempre. Talvez por isso, o êxito do FC Porto, cavalgado pelo dinamismo e liberalismo nortenhos a impulsionar a economia, foi aceite de bom grado, uma lufada de ar fresco na competitividade nacional. Mas o futebol era a imagem do que estava para mudar no país, antes ainda de haver auto-estradas (só nos anos 80 a A1 fez Porto-Lisboa) que, no futebol do mais alto escalão, só em 2006 chegou (A42) a Paços de Ferreira para, ironicamente, agora lhe meterem portagens…

Os episódios marcantes tenho-os de memória, dessa época inolvidável, mas a ajuda documental, de tanta ânsia de preservá-la, escapou-se-me no formato de uma revista “Golo” então dedicada ao título portista com todas as fichas de jogos e em vão a procurei nos últimos meses.

O FC Porto foi líder isolado apenas em 7 jornadas, contra as 12 em que o Benfica, com uma defesa de ferro que garantiria a imbatibilidade na prova, comandou sozinho. Mas a diferença pontual entre ambos nunca superou os dois pontos, então equivalentes a uma vitória. Ficou famosa a época do Benfica por nunca perder nas 30 jornadas, mas o FC Porto também só sofreu o que passou a ser uma costumeira derrota em anos de título, à 2ª jornada e no sempre problemático campo do Estoril onde no ano seguinte foi despachado da Taça com 3-0…

A regularidade do Benfica parecia impor-se, graças a 6 golos sofridos nas 20 primeiras jornadas, apesar de não se exprimir em grandes resultados nem sequer em séries de vitórias que costumam desmoralizar a concorrência: só numa ocasião fez 4 triunfos seguidos. Esteve 5 jogos sem marcar e a sua pior série foi de 2 empates em 3 jogos.

Defesa melhorada, ataque arrasador
O FC Porto marcou quase 3 golos por jogo no campeonato e, por uma vez, o ataque resolveu aquilo que em épocas anteriores não bastara: desde 1973-74, o ataque produzia, mas a defesa costumava ceder até ao dobro dos golos consentidos pelo Benfica… Pois foi a sul que se pescaram grandes jogadores, de Freitas do Belenenses para compor a dupla de centrais com Simões da Académica, de Murça na lateral-esquerda também procedente do Restelo a Octávio e Duda no meio-campo oriundos do Bonfim. O capitão Rodolfo era e foi sempre um homem da casa, Oliveira idem, Seninho também apesar da incorporação militar que o levou a Angola, Gomes estreou-se na I Divisão em 1974 com dois golos à CUF na 1ª jornada e acabaria em 1978 como melhor marcador com 25 tentos (e 27 no título seguinte).

Os 81 golos do campeão só tiveram freio em 6 jogos sem marcar. Mais de metade (48) da produção atacante garantiu 13 vitórias consecutivas que se seguiram ao moralizador empate na Luz. O FC Porto passou de dois pontos atrasado para dois pontos adiantado nessas 13 jornadas, com vitórias importantíssimas em Braga e no Bonfim na viragem do campeonato e a espectacular derrota do Sporting sempre atrás no marcador (0-1, 1-1, 1-2, 2-2, 2-3) até Duda marcar de tiraço rasteiro, a 30 metros, junto a um poste tornando infrutífera a estirada de Botelho.

Antes, porém, o FC Porto teve de fazer dois jogos no Estádio do Mar, por interdição das Antas, no dérbi com o Boavista a ver fugir o Benfica e numa série de três empates em quatro jornadas que podiam comprometer a caminhada para o título.

Memorável capacidade atacante teria de se coroar com a liderança na recepção ao Belenenses. À 22ª jornada, os azuis tinham Jorge Martins na baliza e chegaram às Antas com apenas 9 golos sofridos: 8 nas primeiras 10 jornadas e um em Espinho nas 11 partidas seguintes. Aos 15’, Pedroto tirou Gabriel da lateral-direita e meteu Seninho. O Belenenses, soterrado com 8-0 na época anterior nas Antas e que nos quatro anos seguintes levou sempre de três para cima, foi arrasado com 6-0 e acabaria com os mesmos 21 tentos sofridos pelos portistas e só com 25 golos marcados, o bastante para o 5º lugar. Perdera apenas uma vez por mais de um golo (1-3 em Alvalade, 10ª jornada).

Empatado na Póvoa onde o Benfica tinha o que ao Porto correspondia a visita ao malfadado Estoril, o tricampeão empatou em casa com o Portimonense e depois cedeu também outro 0-0 com o Sp. Braga. Para aproveitar este deslize benfiquista, o FC Porto tinha de vencer no Bessa, onde era costume jogar ao sábado, a condizer com o estádio que, apesar de muita chapa na cobertura e rede de galinheiro à volta do relvado, granjeava a fama de britanizado.

Cada Boavista-Porto valia a pena. O ambiente era fantástico, ao contrário dos dérbis nas Antas, sem público contrário nem adversário de luta. Tudo amontoado nas bancadas, estas pouco altas e sem grandes condições de visibilidade. O túnel para os balneários era atrás da baliza sul. Os adeptos boavisteiros ocupavam apenas a bancada central. Existia o peão, sem degraus, cujo muro permitia a melhor visão, para quem nele se empoleirasse.

O Boavista-Porto com a Taça de Inglaterra
O problema é que naquele sábado, como era hábito de Maio, havia a final da Taça de Inglaterra na televisão. À parte as finais europeias, era dos raros jogos estrangeiros disponíveis na RTP e nenhum passível de se perder. O Ipswich, de Bobby Robson, foi o ‘underdog’ desse ano face ao Arsenal que cumpria a primeira das suas três finais consecutivas. Perdeu esta, o Arsenal, por 0-1, como perderia a terceira (com o West Ham), mas muito renitente lá estive eu no Bessa sem saber como os azuis do futuro técnico do FC Porto bateram os londrinos com o golo de Osborne. Um Ipswich de futebol ofensivo, 3º em 1975, 77 e 79, 2º em 1980 e 81 ano em que venceu a Taça UEFA e cuja carreira levou Bobby Robson em 1984 à selecção inglesa e 10 anos depois ao FC Porto via Alvalade.

Gomes fez no Bessa, pelo quarto-de-hora, o golo costumeiro, desvio subtil de cabeça num cruzamento da direita (talvez um canto). Oliveira faria o 2-0 na 2ª parte, dominando a bola com a coxa direita, sobre a meia esquerda, no bico da área, para rematar um canhoto cruzado rasteiro, indefensável para Matos, um golo à inglesa, de uma beleza plástica invulgar mas própria da sua genialidade. Timóteo, no JN, teve o instante fotográfico da bola a bater no poste mais distante para tabelar e entrar, uma foto de 1ª página que guardei até a má impressão da altura, quando os jornais saíam a quente dos caracteres de chumbo, fazer amarelecer o que na memória jamais se apagou.

Com dois pontos de vantagem a cinco jornadas do fim, ainda para receber o Benfica, ir às Antas era igual fosse o Espinho ou o Sporting: sempre enchente. A 28 de Maio, com jogo às 5 da tarde, sob um sol abrasador, a visita do Benfica não podia começar da pior maneira. Na época anterior, um Benfica superdefensivo ganhou 1-0 com golo de estreia de Chalana, do seu formidável canhoto do bico da área direita, bola em arco sobre Joaquim Torres aos 11’. O FC Porto massacrou o resto do tempo mas perdeu. Taí, o lateral-esquerdo, prometia ao intervalo deixar de jogar se com tal avalancha ofensiva o FC Porto não vencesse. Faltava sempre um bocadinho… assim…

Simões acabara de marcar na própria baliza, uma bola morta, mal dominada com a coxa esquerda a um cruzamento da direita para ninguém: 3’. O melhor ataque do campeonato superaria a melhor defesa? Fosse pelo sol tórrido de fim de tarde, pela defesa de ferro comandada por Humberto a secar Gomes, por um dia não do FC Porto que nem obrigou Fidalgo a muito trabalho, era preciso um milagre e aconteceram dois.

De repente, vindo do nada, espraiando-se no campo como a espreguiçar-se, o Benfica meteu uma bola na área portista onde só apareceu Humberto. Estou atrás da baliza sul, o silêncio impera, o mundo irá acabar? Humberto chuta, centrado, da marca de penálti, Fonseca atira-se à toa, a bola bate-lhe num pé e ressalta para a barra. Rodolfo deu-lhe a extrema unção, talvez se tenha até trocado de bola que terá saído do estádio, tal o alívio de a ver longe, não houve recarga e os 12 minutos para o fim do jogo foram como recomeçar o campeonato. Um livre de Ademir devolvido pela barreira mereceu uma recarga para golo, aos 83’, que ficou como um dos mais marcantes golos da história do FC Porto. Tivesse entrado a bola de Humberto, não tivesse marcado Ademir na recarga a que teve direito, a história dos 30 anos seguintes do FC Porto poderia ter sido bem diferente.

Ainda dava para perder um ponto em Coimbra, onde a Académica passou a designar-se no masculino com a criação do Académico, Organismo Autónomo do Futebol (OAF). Freitas estourou uma bola na barra, do meio do campo, Costa destacava-se nos estudantes e explodiria no ano seguinte com a camisola do FC Porto no bicampeonato. O FC Porto chegou à última jornada, a 11 de Junho de 1978, com os mesmos pontos do Benfica e uma diferença de golos muito favorável.

Mais um jogo às 17 horas, ida para o estádio às 13, comida na bancada que às 15 já ninguém cabia nas duas filas de gente, tanta gente, em cada degrau. O Braga que um ano antes viu consagrar o FC Porto vencedor da Taça, viria assistir ao coroar de um novo campeonato e o relançar de uma nova história dos campeões nacionais. Nelinho, tricampeão pelo Benfica, teve uma queda na área pelos 10’ que nunca se soube se foi provocada ou simulada. Mas o FC Porto actuou com a força de um campeão e somou 4 golos anos 81 da época, contra 56 do Benfica que só sofreu 11.

O regime caduco
O Sporting ficou a 9 pontos, perdera à 4ª (Setúbal) e 6ª (Antas) jornadas para não mais dar luta. O Guimarães resistiu com os primeiros até à 10ª jornada, cedendo em Setúbal também.

Foi a época de estreia do Marítimo na I Divisão, o futebol chegava às ilhas da mesma forma que virou a norte.

O Braga acabou em 4º e qualificou-se pela 1ª vez para a Taça UEFA. Havia subido em 75-76, quando o Boavista acabou em 2º na I Divisão e tinha duas Taças no bolso, frequentava a Europa da bola.

Até Riopele e Feirense, em 77-78, marcaram presença, mas desceram e para os primeiros, dos arredores de Guimarães e da fábrica têxtil do mesmo nome, foi a única vez na alta-roda.

A democracia e o impulso económico a norte mudaram a face da I Divisão. Do equilíbrio no número de clubes, passou-se à hegemonia nortenha. A fisionomia do país alterou-se e via-se no futebol: Atlético e Montijo desceram na época anterior (76-77) e nunca mais se viram. Antes (75-76) acontecera à CUF, tal como a U. Tomar. Olhanense e Oriental despediram-se em 74-75. A cintura lisboeta perderia ainda o Estoril, apesar de ganhar o E. Amadora.

Portugal mudou muito e não se imaginaria em que extensão. O futebol marcou golos na via da democratização. O FC Porto fez valer o seu peso em ouro para ir mais longe onde o Boavista já chegara via Taça de Portugal.

Santos populares
Para a história ficaram os heróis portistas que passaram a santos populares – e como eu vi Gomes e Oliveira, dependurados em camionetas cheias de adeptos anónimos, festejarem na Baixa, no meio do povo portista com o mesmo sentimento de alma arreigado.

Os jogadores campeões foram: Murça, Oliveira, Fonseca, Duda (30 jogos); Seninho, Simões, Rodolfo (28); Gabriel (26), Gomes (25), Ademir (24), Octávio (22), Celso (16), Adelino Teixeira, Vital (12), Paço Gonzalez (5), Taí (2), Jairo, Manuel Teixeira “Teixeirinha” e Rui guarda-redes (1).

Percebe-se que a equipa não mudava muito: Fonseca; Gabriel, Freitas, Simões, Murça; Rodolfo; Octávio (Ademir), Duda; Seninho, Oliveira e Gomes.

E os 81 golos: Gomes (25), Oliveira (19), Duda (12), Ademir (11), Seninho (5), Octávio (4), Murça e Vital (2 cada) e Gabriel (1).

Europa, Europa
Enquanto o FC Porto se afirmava em Portugal, a Europa começou a ouvir falar do clube azul-e-branco. O triunfo da Taça da época anterior levou a equipa de Pedroto aos quartos-de-final da Taça das Taças ao longo de 1977-78. Eliminado o Colónia que seria bicampeão alemão, com 2-2 (golos improváveis de Gabriel e Octávio) e 1-0 em Coimbra (golo também improvável de Murça), o FC Porto afastou o Manchester United com 4-0 (3 golos de Oliveira e 1 de Duda) e 2-5 numa 2ª mão do maior sofrimento admissível num jogo de futebol; depois o Anderlecht verdugo, que recuperaria (4-0 ao Áustria de Viena) o troféu ganho em 1976 (West Ham) e perdido em 1977 (para o Hamburgo): 1-0 nas Antas (Gomes), num jogo repetido 24 horas depois devido à chuva que só deixou jogar meia parte na quarta-feira uefeira, e 0-3 em Bruxelas.

A Taça dos Campeões de 1978-79 começaria com 1-6 em Atenas com o AEK e 4-1 na missão impossível das Antas. Na época seguinte, já caiu o Milan com o famoso (mais um tiraço) golo de Duda a 45 metros de Albertosi em S. Siro. E o Real Madrid não tombou (2-1 e 0-1) porque após o bis de Gomes o golo traiçoeiro de Cunningham, sem Vautrot deixar completar a barreira portista no livre, deixou que um golo solitário em Chamartin, após falhanço clamoroso de Gomes isolado, decidisse a eliminatória pelo golo marcado fora pelo negro inglês que foi das contratações mais famosas à época.

p.s. – estive vários dias longe destas lides, para as quais deixei alguns textos, de escrita apressada, que o Zirtaev “editou” e que mereceram apelos de amigos da bancada de que só agora dei conta, mas a que não posso responder tão tardiamente. As atribulações uefeiras fizeram-me, de resto, adiar esta evocação do título de há 30 anos que então vivi com a mesma emoção com que agora encarei, mais serenamente e confiante desta vez, esta luta ganha ao Benfica que teve de ser dirimida na secretaria e confirma o statu quo da instituição falida em credibilidade moral quando já lhe feneceram as forças para uma competitividade que há três décadas não supunha sofrer, muito menos com humilhações constantes que só recrudescem o seu desespero.
E como o S. João era costume falar-se ser antecipado pelos títulos do FC Porto, como foi em 1978, e agora já estão tão desfasados no tempo como a certeza matemática do título de 2008 ter sido em 5 de Abril (a 2 meses e meio de distância, meu Deus!), o post/filme, delicioso, do Zirtaev sobre o S. João só reconforta o meu esforço em trazer agora o que muitos não conheceram mas bastantes serão capazes de lembrar nos comentários que lhes aprouver.

23 comentários:

  1. Uma linda viagem ao passado nas asas mágicas do Zé Luís. Divinal.

    Podes crer, a nossa história gloriosa começou nesse golo de ademir.

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  2. Nasci no ano do Calabote e só vi o FCP ser campeão, já eu tinha 19 anos de idade.

    Ainda hoje me pergunto porque razão, vivendo no sul no meio de benfiquistas - e chegando a levar porrada na escola primária por não ser do benfica -, sempre fui o único portista pelas turmas das escolas por onde passei. Só na Faculdade encontrei esse outro Portista destacado que é o Chico Gil, grande advogado em Lisboa.

    As suas visitas á história, Zé Luis, são sempre gratificantes, por vezes comoventes. Obrigado.

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  3. off-topic mas não deixa de ser delicioso

    comentário de adepto lampião
    "pergunto a quem direito o que é que foi feito pelos responsáveis do Benfica para reaver as duas Taças dos Campeões Europeu, a primeira Taça de Portugal que o nosso Clube conquistou, a última Taça de Portugal que conquistámos, a Taça Latina e uma das botas de ouro do Eusébio que estão há quase um mês retidas na alfândega do aeroporto de Luanda, em Angola?
    Cá fico à espera que alguém com um pingo de vergonha me responda a mais um atentado à história gloriosa do nosso Clube que alguns cristãos-novos recém-convertidos ao benfiquismo, e que têm responsabilidades no nosso Clube, estão a cometer.
    [adenda ao post-
    além dos troféus referidos, estão retidos na alfândega os troféus do 1º e 31º campeonatos nacionais; uma camisola e umas botas antigas que, salvo erro, pertenciam a Cosme Damião]"
    "

    ai se o ridiculo retirasse pontos na liga ... :)

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  4. " Mais um jogo às 17 horas, ida para o estádio às 13, comida na bancada que às 15 já ninguém cabia nas duas filas de gente, tanta gente, em cada degrau."

    Embora seja novo, ainda assisti a alguns momentos desses, que saudades das Antas e desses tempos que nunca hei-de esquecer. Já agora, sábado tive a oportunidade de conviver com o Fonseca, amigo de família, a idade não perdoa.

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  5. é um fartote de rir

    http://www.youtube.com/watch?v=V4rFBHeQPTA

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  6. Eu também estava lá! Eu também vivi aqueles momentos!Eu gostava de possuir a capacidade de exprimir tudo o que senti quando vi aquela bola rematada pelo Admir, devagar, na baliza do Benfica!

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  7. Zé Luís,

    Como sempre. Em grande.

    Parabéns pelo post.

    Tomara a muitos desses escribas medíocres de jornais terem 1/10 da tua capacidade.

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  8. e continua o circo, mas que grande lol:

    Benfica perde 6 pontos

    O Benfica vai perder seis dos 52 pontos conquistados na edição de 2007/08 da Liga portuguesa. O castigo aplicado pela FIFA ao clube da Luz, pela falta de pagamento de uma verba relativa ao jogador Alcides, é irreversível.

    A FIFA já notificou a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) de que terá de tirar imediatamente os seis pontos ao Benfica, como castigo pelo facto de o clube da Luz não ter pago 113.500 euros ao América de São Paulo pela chamada "contribuição de solidariedade" relativa à formação desportiva do defesa brasileiro Alcides, que jogou de águia ao peito entre 2004 e 2006, por empréstimo do Chelsea.

    Ao que o JN apurou, o Comité de Disciplina da FIFA tomou a decisão no passado dia 28 de Abril, depois de o clube brasileiro ter ganho a acção interposta contra o Benfica na Câmara de Resolução de Disputas do organismo que tutela o futebol mundial, a 22 de Junho do ano passado.

    O clube lisboeta foi notificado no dia 9 de Maio e teve um mês para pagar a dívida, o que acabou por não acontecer até 9 de Junho. Segundo a FIFA, o Benfica desrespeitou a decisão, mesmo depois de ter sido contactado pelos responsáveis do América. A dedução dos seis pontos é irreversível, uma vez que do Estádio da Luz não veio qualquer recurso, tanto da decisão da Câmara de Resolução de Disputas, como da do Comité de Disciplina.

    Clube da Luz nunca recorreu

    Os dirigentes encarnados souberam da decisão inicial a 2 de Novembro de 2007 e desperdiçaram várias oportunidades para apresentarem a sua defesa, nomeadamente a hipótese de recorrerem para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), ignorando a FIFA ao longo dos últimos sete meses.

    O castigo ao Benfica é determinado pelo ponto 3.4 da decisão apresentada pelo Comité de Disciplina, que diz que "se o pagamento não for feito no prazo determinado, o credor pode pedir por escrito à FIFA que sejam deduzidos seis pontos ao devedor no respectivo campeonato nacional". Uma vez feito esse pedido pelo credor, os pontos têm de ser retirados, em qualquer caso, de forma imediata, como agora foi informado à FPF.

    O JN também apurou que, se o Benfica não pagar a dívida no prazo de 30 dias a partir do momento em que foi notificado (o fax da FIFA chegou à Luz na passada sexta-feira, dia 20 Junho), o América poderá pedir à FIFA para avançar com a descida de divisão do clube presidido por Luís Filipe Vieira antes do início da época 2008/09, conforme está estabelecido no ponto 3.5 da decisão do Comité de Disciplina.

    No caso de a FPF não cumprir esta determinação, ou seja, se não retirar de imediato os seis pontos ao Benfica, correrá o risco de sofrer sanções pesadas, que podem até chegar à exclusão das diversas selecções portuguesas de todas as competições internacionais organizadas pela FIFA.

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  9. Só uma pergunta que espero não ofenda ninguém:

    Por que motivo o Miguel Teixeira, Ricardo Costa e RZamith não colocam posts no blog?

    Já há muito tempo que não vejo nada registado.

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  10. Até me comovo...uma das minhas mais antigas memórias de infância...essa última jornada com o Braga em que o meu pai levou orgulhosamente o seu filho para ver o Porto a ser campeão 19 anos depois! Foi o primeiro jogo de futebol da minha vida! :)

    O Braga tinha dois Chicos: o Chico Gordo e o Chico Faria!

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  11. Notícia de última hora no Calcioercato...Inter amanhã em Portugal pra fechar o Quaresma!

    E se fossemos buscar o Manel Fernandes! É um grande jogador!

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  12. As minhas memorias sao passadas na regiao de Lisboa, onde vivi quando era criança e adoslescente.
    O unico portista na turma e o unico portista no bairro.
    O que vale é que jogava bem e tinham que me respeitar senao saia soco e biqueirada.
    Lembro-me de nao aguentar ouvir os relatos na época. Enervava-me perante a dualidade dos comentadores e dos relatadores. Ia para rua jogar à bola com os amigos e mal via o meu pai à janela corria a perguntar o resultado. Especialmente quando jogavamos na Luz.
    Lembro-me daquela fantastica vitoria por 2-3 na Luz, com o 3o golo a ser apontado pelo Timofte.
    Lembro-me de festejar o titulo Europeu de Viena, sozinho na preparatoria, porque era o unico portista em toda a escola! Em mais de 400 alunos!

    Lembro-me da explosao de alegria incontida no golo do Sousa contra a Juventus do ladrao Platini.

    A minha memoria nao vai tao atras como a de alguns, mais velhos e mais experientes. Nao me lembro de Pedroto, era ainda muito pequeno.

    Mas ainda fui bem a tempo de sentir aquele ambiente das Antas antes dos grandes classicos. Que saudades.
    Ou daqueles embates que ia ver à Luz, nessa altura com o meu pai. Corajosos e orgulhosos no meio de tanto vermelho.

    Os tempos mudaram. Os golpes baixos da instituiçao benfica repetem-se a um ritmo ridiculo. O benfica perdeu o "elan". Foi utilizado por gente que se quis promover à custa do clube. E os benfiquistas deixaram.
    As pessoas sao agora mais väs e mais ignorantes. A comunicaçao social tolda ainda mais as mentes fracas e isso tem ajudado ao declinio do benfica. Por incrivel que pareça, isso nao ajuda o Porto. Retira competitividade interna que é essencial para se ter um bom desempenho na Europa.

    Mandaram-me 4 videos do tal argentino que compramos para o meio campo. Tem um potencial enorme.

    Espero que os meus desejos se concretizem para a nossa pré-época:
    Meio campo reforçado com o Ibson.
    Permanencia do Lucho. (Imaginem o nosso meio campo com estes dois mais o Tommy e o Cebola).
    A venda do Quaresma e a compra de um ponta de lança e um lateral de qualidade. Parece-me que para estas posiçoes nao podemos andar a comprar gato por lebre.
    Tivemos uma grande falta de criatividade na zona central o ano passado. Espero que este ano essa pecha seja colmatada.

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  13. Quanto à situaçao do clube galinaceo e os 6 pontos que a FIFA lhe retirou, é muito simples.
    Pagaram tarde e a mas horas. Quando perceberam que iam ser punidos, pagaram.
    Esta é uma situaçao normal com o presidente que eles teem, vende jogadores a ele proprio.

    O que me choca (ou talvez nao) foi o total abafar da situaçao por parte da nossa descomunicaçao social.

    Quanto à entrevista do frances parolo, ja dei volta a todo o site do jornal espanhol onde diziam ter visto a noticia e nao esta la nada!
    Mais uma das encomendadas pelo Nuno "estao a atirar-me sacos de mijo" Luz?

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  14. Magnífica resenha do que foi esse ano de 77, mas permite que te contrarie um pouco Zé Luis, Novembro de 1975 não travou só a guerra civil, travou sim aquilo que poderia levar Portugal a uma sociedade completamente diferente...Diferente na mentalidade, uma mentalidade mais fraterna, menos egoísta...Se dúvidas houvessem, o que observamos hoje -todas estas injustiças, todo este sofrimento- confirma muito do que eu pensava na altura...Mas voltando ao Porto Clube, realmente aqueles jogos em Matosinhos já eram um nítido indício da tentativa de nos colocarem a jogar fora das Antas para poderem ganhar vantagem...Matosinhos era um alfobre -viveiro de plantas para transplantar- de Benfiquistas e Sportinguistas.-Aliás mais tarde, não muito, noutro Campeonato igualmente conquistado por nós, tivemos que fazer uma série deles -5 jogos se não erro- no Estádio do Varzim, também por razões semelhantes...Eram ainda as maquinações do Poder que mesmo assim conseguímos ultrapassar.

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  15. Segundo informação veinculada na "A bolha" vermelhona, o sl abutres recorreu para o TASco. Sorteio das rifas em risco.

    O sl abutres entrou com um recurso no TASco procurando contrariar a decisão de 13 de Junho da Comissão de Festas da Freguesia que permitiu o sorteio das rifas, ainda que condicionado àquilo que Conselho de Bêbados da Freguesia vier a decidir sobre o prémio a sortear. Ainda está em questão, se o prémio será um garrafão de maduro tinto proveniente de uvas pisadas pelos próprios pés mal cheirosos de Eusébio e Mantorras ou uma garrafa de aguardente.

    Isto no mesmo dia em que o presidente da Freguesia, Michel Platinado, proferiu fortes críticas aos orgãos festeiros da entidade que regula as rifas na freguesia, a propósito da inclusão da personalidade com mais sucesso da freguesia na Comissão de Festas. Platinado disse, em entrevista ao "Notícias da Freguesia": «Como presidente da freguesia, não estou nada contente com a inclusão de tal elemento na Comissão de Festas. Digo-o claramente. Durante o meu mandato, a freguesia vai lutar até à morte contra o sucesso de quem trabalha.»

    O sl abutres entregou ontem no TASco o requerimento de recurso. No ponto mais importante do documento é dito que em virtude da urgência do assunto e uma vez que o sorteio das rifas se realiza a 1 de Agosto, pede-se a maior brevidade para os procedimentos, tendo em vista que o sl abutres pretende participar na Comissão de Festas. O que pode levar o TASco a suspender o sorteio, medida cautelar que visará proteger direitos que podem ser irreversivelmente prejudicados.

    O sl abutres apresentará, dentro dos próximos dez dias, argumentos que sustentem as suas pretensões: que a decisão da Comissão de Festas da Freguesia seja revogada; que a tal personalidade de sucesso não entre na Comissão de Festas.


    NOTA: Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.

    Fonte: http://www.abola.pt/nnh/ver.aspx?id=143578

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  16. Nasceu um novo blog dedicado ao FCPorto!
    http://dragao-de-lisboa.blogspot.com/

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  17. Porto na UEFA: Benfica e V. Guimarães recorreram à última instância

    O Tribunal Arbitral de Desporto anunciou esta sexta-feira que recebeu dois recursos, um do Benfica e outro do V. Guimarães, a contestar a decisão do Comité de Apelo da UEFA que anulou a sentença de exclusão do F.C. Porto da Liga dos Campeões.

    O TAS informa ainda que os dois clubes pediram que seja tomada uma decisão final antes do fim do mês de Julho e remete para «os próximos dias» o anúncio dos prazos e das «modalidades relativas aos procedimentos arbitrais».

    O sorteio da terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões está marcado para 1 de Agosto, daí o recurso interposto pelos dois clubes solicitar uma decisão antes dessa data.

    http://www.maisfutebol.iol.pt/noticia.php?id=966787&div_id=1304


    Zé Luís, achas que há alguma hipótese desta escumalhada poder ter sucesso nestes recursos?

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  18. Lembram-se destas palavras, em 04/06/2008?

    «O presidente do V. Guimarães, Emílio Macedo, lamentou esta quarta-feira que o F.C. Porto tenha sido excluído pela UEFA da próxima Liga dos Campeões, no âmbito da condenação pelo processo Apito Final.

    Apesar disso, Emílio Macedo considera que é um dia triste. «É pena em termos desportivos, Portugal vai ficar a perder com a não participação do F.C. Porto na Liga dos Campeões», referiu.»

    Estes palhaços do Vit. Guimarães são uns hipócritas do crlh.

    Até quero ver quantos jogadores vão ser emprestados para lá?

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  19. «O V. Guimarães propõe-se aprovar em Assembleia Geral na sexta-feira um orçamento de 6,5 milhões de euros para a época 2008/09, quase o dobro da época anterior, que teve orçamento de 3,6 milhões de euros.»

    http://www.maisfutebol.iol.pt/noticia.php?id=965916&div_id=1458

    Percebe-se, agora, com que dinheiro eles querem duplicar orçamentos. E à custa de quem.

    Palhaços!!!

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  20. Atentos às manobras dos abutres:

    «Recurso do Benfica para TAS pode criar "sarilho"

    Nogueira da Rocha, "juiz" português do Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) explica processo, relacionado com a inclusão portista na Champions...

    A UEFA reage com naturalidade ao recurso apresentado pelo Benfica no Tribunal Arbitral do Desporto, sobre o caso do FC Porto na Champions. Respeitando a jurisprudência do tribunal de Lausane, William Gaillard, director de comunicação da UEFA, limita-se a afirmar que o clube está a exercer um direito que lhe assiste.

    Sobre o lamento manifestado por Michel Platini que se posicionou contra a presença do Porto na liga dos campeões, William Gaillard refere que quando o presidente da UEFA fala, está a manifestar o ponto de vista do organismo que gere futebol europeu.

    O Benfica não desiste de participar na Liga dos Campeões Europeus e, esgota todas as possibilidades, que a justiça desportiva lhe faculta.

    Já deu entrada no Tribunal Arbitral do Desporto de Lausanne, na Suiça, um recurso à decisão do passado dia 13 de Junho, do Comité de Apelo da UEFA, que permitiu o acesso do FC Porto a esta competição, apesar das dúvidas que inicialmente se instalaram, por causa do processo Apito Final, que recorde-se aguarda uma decisão do Conselho de Justiça, em relação ao recurso de Pinto da Costa.

    Este recurso do Benfica para o TAS pode criar um "sarilho" à UEFA.

    O sorteio da competição, neste caso a 3.ª pré-eliminatória, onde deve participar o 3.º classificado do campeonato português, está marcado para o dia 1 de Agosto, mas perante este recurso, não é certo que venha a ter lugar.

    Nogueira da Rocha, único juiz português do Tribunal Arbitral do Desporto, admite em entrevista a BB, que pode ser suspensa a decisão que admite o FC Porto na Liga dos Campeões. Esse é o pedido do Benfica, que em nenhum momento solicita a suspensão do sorteio…
    Este tipo de casos podem demorar quatro meses, mas o Tribunal pode encurtar prazos, sempre e quando as partes acordem num árbitro único, entre outras possibilidades…»

    http://www.rr.pt/BolaBrancaDetalhe.aspx?AreaId=12&ContentId=252065

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  21. Viva !

    Escrevo, unicamente, para dizer que gostei bem do artigo.

    Muitos Parabéns !

    Antes não tive tempo de escrever.

    Platini deu na edição de ontem/hoje uma entrevista ao Le Monde. Está na edição on line de hoje que, por uma vez, é igual à edição papel.

    Isto para informação.

    E Viva o Porto !

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  22. Para mais tarde recordarem e saberem o quanto covarde é esse senhor, fica aqui um comentário que por lá deixei que foi eliminado. Queria ver esse palhaço à minha frente para falarmos sobre certos assuntos. Até cheguei lá a deixar o meu nome. Fica desde já exposto que esse senhor no que toca a transparência é uma nulidade. Um individuo sem o mínimo de escrúpulos. Uma autêntica fraude.

    Transcrição na íntegra:


    Eugénio muito gosta de falar em "Gargantas Fundas". Muita "Garganta Funda" tem ele. Ora vejam lá se ele comenta este assunto... Anjinhos!!!


    Ferreira Fernandes:

    Assim não quero

    Este ano é para esquecer. Cá estarei para o ano, para sair à rua, gritando pelo meu Benfica que ganhou um campeonato, o primeiro limpamente ao fim de uma dúzia de anos.

    Sou benfiquista e estou incomodado. Envergonho-me pelos favorecimentos ilegítimos que, esta época, o Benfica tem tido. Sendo benfiquista, não posso dizê-lo? Não importa, digo-o na mesma. Era o que faltava, prescindir do meu direito de falar sobre o futebol, quando a minha vida foi toda determinada por não deixar de ter opinião.

    Sou benfiquista como podia não sê-lo. Digo-o porque, ouvindo alguns, parece que ser de um clube aconteceu-lhes como a escolha de S. Paulo, na estrada de Damasco. Comigo, não. Deus não me apareceu, apontando a águia. Eu poderia ter sido do Porto, porque meu pai o era – a herança é um motivo nobre para se ser de um clube. Poderia ter sido do Sporting, porque a maioria dos da minha terra, da geração que me formou, o era – adesão devida, julgo, ao nosso conterrâneo Peyroteo, o primeiro futebolista angolano a singrar. A melhor das explicações que conheço para se começar a ser de um clube é dada por Miguel Sousa Tavares.
    Ele dá mais razões mas gosto desta: por o FC Porto ter a camisola mais bonita do Mundo. Eu tornei-me do Benfica pela mesmíssima razão: por um acaso qualquer.

    Depois de me ter acontecido, por razões inexplicáveis, ser benfiquista, sucederam coisas com mais fundamento: sou do Benfica porque não sou ingrato. Adolescente nos anos 60, eu era do Benfica pela mesma razão que um garoto da cidadezinha de Hoboken, nos anos 40, era fã de Frank Sinatra ou um finlandês de hoje usa Nokia. Como não termos orgulho no nosso único produto de exportação?
    Relatos chegados ao Hemisfério Sul, directamente de Berna e Amesterdão confirmaram que eu tinha escolhido o que devia.

    Mais tarde a adesão ficou definitivamente firme. Não era só aquele quinteto – José Augusto, Coluna, Torres, Eusébio e Simões – que me empolgava. O Benfica não era só bom: era único e precursor. Eu explico. Sou um filho dos anos 60 e vi o meu clube ensinar à Europa o que ela só conheceria décadas depois. Nos anos 60, quase não havia negros nos clubes europeus e o Benfica sempre os teve e bons: Santana, Eusébio, Coluna, Yaúca... Mas, sobretudo, o Benfica tinha um patrão negro, Coluna. Um patrão-patrão: aquele que mandava e era respeitado pelos seus, à vista de todo o
    estádio. Hoje, dir-me-ão, que banalidade. Sim, como o voto das mulheres ou não enforcar prisioneiros. Mas alguém teve de apontar o caminho: o papel coube ao meu Benfica.

    Isto para dizer que o meu clube é de outro campeonato, que não dessas historietas como a do jogo do Estoril no Algarve ou aquele penálti contra o Belenenses. Com outros também há falcatruas assim? Claro que há, mas as falcatruas dos outros só me irritam, não me ofendem. Como me irritam tantos anos sem ganhar um campeonato, mas não me ofendem. Ofende-me é que alguém se tenha esquecido do que me habituou: grandeza.

    Esta época, o Benfica ou ganha o campeonato ou não ganha. Se não ganha, será mais um, em onze anos, a não ganhar.
    Se ganha, é para esquecer: assim não quero. Cá estarei para o ano, para sair à rua, gritando pelo meu Benfica que ganhou um campeonato, o primeiro limpamente ao fim de uma dúzia de anos.

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    PS - Sabes o que lhe aconteceu por ter escrito esta crónica?

    Ferreira Fernandes deixa o "Record"

    O pedido de desculpas do director do jornal "Record", Alexandre Pais, a Luís Filipe Vieira, por uma alegada ofensa cometida pelo jornalista Ferreira Fernandes, levou este último a suspender a sua colaboração com aquele diário desportivo, uma vez que não aceitou a posição editorial assumida pelo jornal. Um episódio causado por um pequeno texto na última página da edição de segunda-feira, que suscitou uma resposta de quase uma página do presidente do Benfica na edição de ontem, acompanhada da resposta de Ferreira Fernandes e do pedido de desculpas do director do jornal.

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  23. Deste titulo há muitas fotos de jogos, relatos do Amaro em www.memoriaazul.blogspot.com

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