02 junho 2008

Um parecer catedrático, a versão favorável e o vilão descarado

Catedrático de Coimbra arrasa suspensão de Pinto da Costa
Corre a todo o vapor a defesa do FC Porto no recurso apresentado ao Conselho de Justiça da Federação

Em causa está o caso em que Pinto da Costa foi condenado a dois anos de suspensão pela Comissão Disciplinar da Liga (CD), no âmbito do processo Apito Final.

O JN teve acesso a um dos quatro pareceres pedidos pelos portistas a alguns dos mais conceituados especialistas jurídicos portugueses, assinado por Manuel da Costa Andrade, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, concluindo-se que a estratégia dos dragões para conseguir a absolvição do presidente da SAD assenta em três aspectos fundamentais: a impossibilidade de utilização de escutas telefónicas num processo disciplinar desportivo; a falta de credibilidade das declarações de Carolina Salgado, num contexto de comprometimento com a perseguição ao arguido;a fragilidade do acordão da CD da Liga que serviu para condenar Pinto da Costa.

Ricardo Costa, presidente da CD e professor assistente na mesma Faculdade em que Manuel da Costa Andrade é catedrático, é especialmente visado no parecer, acusado de ter condenado o presidente do FC Porto "sem provas susceptíveis de sustentar, no respeito pelos princípios constitucionais do princípio 'in dubio pro reu', a imputação ao arguido de qualquer facto ilícito, disciplinar ou outro".

As críticas a Ricardo Costa são particularmente duras, entendendo-se no parecer que o acordão da Liga valorou o princípio da presunção de culpa, e não o da presunção de inocência. "Na certeza de que julgar é um exigente exercício de renúncia e despojamento e não a gratificante e narcisista exibição de troféus de caça, sob os holofotes a aureolar um inebriante e 'inesquecível' momento de glória", escreve Manuel da Costa Andrade, referindo-se à conferencia de imprensa em que o presidente da CD da Liga anunciou a condenação de Pinto da Costa. "Já causa mais angústia e quase arrepio a serenidade autocomplacente com que se argumenta que os arguidos não podem negar a existência das conversas interceptadas. Para evitar lastros desproporcionados de hipérbole, limitar-nos-emos ao mínimo".

"E a lembrar que aí está uma afirmação que os Torquemadas da Inquisição não desdenhariam. Também eles fizeram história (triste) sobre a tranquilidade e a serenidade de que os acusados, afinal, não podem negar a existência das conversas", acrescenta o catedrático, num ataque cerrado a Ricardo Costa.

Este parecer, já enviado ao Conselho de Justiça da FPF, juntamente com outro assinado por Damião Cunha, professor de Direito do Processo Penal da Faculdade de Direito do Porto, a que se juntarão mais dois a enviar nos próximos dias, pretende desmontar o acordão, argumentando que, sem a possibilidade de utilização de escutas, restavam à CD as declarações de Carolina Salgado para chegar a uma condenação de Pinto da Costa.

Relativamente à impossibilidade de utilização das escutas telefónicas, Manuel da Costa Andrade escreve que o processo disciplinar da Liga "consegue pela porta de trás o que a Constituição lhe veda pela porta da frente, subvertendo o direito processual penal, degradando-o de um ordenamento preordenado à protecção de direitos fundamentais, num entreposto de contrabando de escutas para o processo disciplinar, e fugindo à vigilância da Constituição da República".

Sobre Carolina Salgado, lê-se no parecer que "não tendo esse depoimento sido controlado pela defesa nem corroborado por outras provas, a sua credibilidade é nula. A sua valoração seria ilegal e inconstitucional. Retiradas as escutas, todo o edifício probatório da CD fica suspenso e preso pelo fio das declarações de Carolina Salgado. Um fio, por sua vez, muito ténue, mesmo irrelevante, sobretudo se desguarnecido da indispensável corroboração que só as escutas poderiam assegurar", diz o catedrático.

UEFA usa versão favorável ao FC Porto
Redacção em inglês admite retroactividade, ao contrário do que acontece em francês a que recorre o organismo europeu

O Comité de Disciplina da UEFA irá avaliar a participação do FC Porto na Liga dos Campeões à luz da versão francesa dos regulamentos e não de acordo com a versão inglesa.

Um pequeno pormenor, mas que pode fazer a diferença - e a favor dos portistas - no que diz respeito à interpretação do artigo 1.04, alínea d) dos critérios de admissão à Liga dos Campeões.

Tudo porque a UEFA está sedeada em território suíço (Nyon), onde se fala a língua francesa.

É que a redacção em francês parece não prever a qualquer retroactividade dos estatutos (o clube "não deve estar envolvido", ou seja, "Il ne doit être impliqué" - "nem directa nem indirectamente numa actividade que influencie de maneira ilícita o resultado de um jogo ao nível nacional ou internacional"), ao contrário da versão em inglês, cuja leitura pode admitir uma interpretação retroactiva ("não pode estar, ou ter estado, envolvido", isto é, "it must not be or have been involved").
Um dos argumentos que o FC Porto vai utilizar para fazer valer o direito a participar na Liga dos Campeões é o facto de a lei não poder ter uma aplicação retroactiva.

Isto é, os factos que condenam o FC Porto reportam-se à época de 2003/04 e a referida alínea do regulamento entrou em vigor em Janeiro de 2007. Segundo alguns especialistas em direito desportivo contactados pelo JN, a tese da não retroactividade da lei pode ter um peso significativo na decisão e será um dos argumentos a esgrimir pelos portistas junto do Comité de Apelo da UEFA ou do Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), caso sejam impedidos de participar na Champions na próxima época.

Por outro lado, o acórdão da Comissão Disciplinar da Liga condenou os portistas por "tentativa de corrupção" e não por "corrupção" - que é diferente -, como adianta João Nogueira da Rocha, jurista português membro do TAS, sediado na Suíça.

Esse factor também pode ser importante se o caso chegar ao Comité de Apelo da UEFA ou ao TAS, embora outros especialistas não tenham essa opinião.

Federação Portuguesa trama FC Porto na UEFA
Documento enviado pela federação, no passado dia 15 de Maio, é considerado "tendencioso" pela SAD portista

A forma como a Federação Portuguesa de Futebol apresentou à UEFA as decisões do acordão da Comissão Disciplinar da Liga, que condenou o FC Porto e Pinto da Costa no âmbito do processo Apito Final, poderá servir para ajudar o organismo que tutela o futebol europeu a impedir o clube do Dragão de participar na Liga dos Campeões.

O JN teve acesso ao documento enviado no dia 15 de Maio aos serviços jurídicos da UEFA, assinado por João Leal, director do departamento jurídico da FPF, que o FC Porto classifica de tendencioso.

No documento, pode ler-se que a SAD portista foi considerada culpada de cometer "a infracção disciplinar muito grave de corrupção da equipa de arbitragem", surgindo só a seguir no texto que tal se verificou na "forma tentada", e o mesmo se escreve em relação ao presidente da SAD azul e branca.

O documento termina com a informação à UEFA de que o FC Porto não apresentou recurso da decisão e que apenas Pinto da Costa o fez, mas omite que, em caso de sucesso no recurso do presidente da SAD, o Conselho de Justiça da FPF reverterá a decisão da Liga.

O facto de a federação não ter contactado o FC Porto antes de informar a UEFA, optando por não defender um associado, como é normal acontecer neste tipo de situações, está a revoltar os responsáveis portistas, que vão pedir responsabilidades à FPF e colocam mesmo a hipótese de exigir uma indemnização à instituição presidida por Gilberto Madail, caso o Conselho de Justiça venha a dar razão a Pinto da Costa.

No período que antecedeu a comunicação à UEFA, os advogados do FC Porto entraram em contacto com João Leal, que também tem um cargo no Comité do Estatuto de Transferências de Jogadores da UEFA, para saberem como estaria a ser tratado o processo, tendo-lhes sido dito que não existiam razões para preocupação.

Perante o documento, o FC Porto entende que a informação transmitida ao organismo europeu é tendenciosa e que isso pode reflectir-se, em prejuízo do clube, na decisão da próxima quarta-feira,dia em que a UEFA se irá pronunciar sobre a possibilidade de os dragões participarem na "Champions".

Recorde-se que, no caso de suspensão pelo Comité de Controlo e Disciplina, os portistas podem recorrer para o Comité de Apelo (um recurso que terá efeitos suspensivos da decisão inicial), tendo ainda a possibilidade de, se a decisão lhes for novamente desfavorável, recorrer novamente para o Tribunal Arbitral do Desporto, cuja sentença será definitiva. Informamos que a Comissão Disciplinar da Liga decidiu o seguinte:

1. Ficou provado que a "Futebol Clube do Porto - Futebol SAD", sociedade desportiva, cometeu a infracção disciplinar muito grave de "corrupção da equipa de arbitragem", punida pelo artigo 52, parágrafos 2 e 3 do Regulamento Disciplinar de 2003/04, com referência ao parágrafo 1, na forma tentada, com a pena de subtracção de três pontos na classificação geral, derrota no jogo que tentou corromper, substituída por uma multa de cinco mil euros, de acordo com o artigo 37, parágrafo 3 do Regulamento Disciplinar de 2003/04, e por uma multa de 60 mil euros.

2.Ficou provado que Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa, presidente do conselho de administração da "Futebol Clube do Porto - Futebol SAD", cometeu a infracção disciplinar muito grave de "corrupção da equipa de arbitragem", punida pelo artigo 100, parágrafos 1 e 3 do Regulamento Disciplinar de 2003/04, na forma tentada, com a pena de 14 meses de suspensão de exercício de funções oficiais em actividades desportivas e uma multa de quatro mil euros. (...) (...) Também informamos que o FC Porto não apresentou recurso das decisões da Comissão Disciplinar da Liga, pelo que as decisões tomadas contra o FC Porto são finais e vinculativas, pois a data limite para a apresentação de recursos já expirou. Apenas Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do FC Porto, apresentou recurso da decisão da Comissão Disciplinar da Liga.

In Jornal de Notícias

32 comentários:

  1. "Na certeza de que julgar é um exigente exercício de renúncia e despojamento e não a gratificante e narcisista exibição de troféus de caça, sob os holofotes a aureolar um inebriante e 'inesquecível' momento de glória"
    e
    "E a lembrar que aí está uma afirmação que os Torquemadas da Inquisição não desdenhariam. Também eles fizeram história (triste) sobre a tranquilidade e a serenidade de que os acusados, afinal, não podem negar a existência das conversas"

    Este catedrático de Coimbra - que sempre defendeu, aliás, que as escutas telefónicas não deviam ser utilizadas no Apito Dourado e foi um recurso a que todos os arguidos deitaram mão, embora o tribunal de Gondomar os indeferisse - trata bem um assistente da mesma Faculdade.

    O passarinho ficou reduzido à sua significância.

    Agora, isto não é o suficiente para ajudar o FC Porto. É importante para a opinião pública, menos para a opinião que se publica.

    Temos o caso de Rui Santos que, como é costume, dar sempre um ligeiro virote nas suas deambulações quiméricas: acha que o FC Porto devia ter sido despromovido, considerados os "factos provados", mas aposto em como não leu um acórdão da CD da Liga ou teria vergonha de dizer o que diz.

    Passemos à estória da sempre triste FPF. Tal como a CD da Liga definiu, a FPF passou o texto integral, resumido, da condenação ao FC Porto.

    A FPF fê-lo deliberadamente? É difícil julgar a intenção. Mas falhou rotundamente na defesa de um seu filiado que será submetido a apreciação disciplinar numa instância europeia onde, por razão óbvia, nenhum português poderá ser presente por representar uma parte interessada.

    E que parte representou a FPF? Uma parte salazarista que explica muito do passado obscuro do futebol português, a de conviver lado a lado com os clubes do regime. Daí a rotatividade na presidência da FPF por Sporting-Benfica-Belenenses durante décadas.

    A FPF não teve o CUIDADO que merecia expor uma situação destas à UEFA. Um funcionário (João Leal aliás já esteve sob fogo no caso Mateus e na descida do Gil Vicente) despachou em Lisboa, outro funcionário recolheu o testemunho em Nyon.

    A FPF devia, simplesmente, contextualizar a situação de recurso pendente do presidente do FCP que pode influenciar e reverter a sentença dada ao clube.

    A FPF devia tomar as PRECAUÇÕES para não permitir que a fogueira arda mais e enquadrar as coisas nos seus devidos limites.

    Por exemplo, hoje mesmo a FPF cumpriu o dever de mandar à UEFA a lista de clubes portugueses para as competições europeias. Com o FC Porto reconhecido campeão homologado - e aqui nem cabe a actualização da tabela de pontuação da Liga Bwin.

    Apesar de tudo o que possa vir da CD da Liga - que sabemos como tratou do caso internamente, fazendo-se as "coisas por outro lado" -, a FPF devia aproveitar para, ao indicar o FC Porto como campeão com direito a jogar a Champions, e sem se intrometer nas questões de Direito, como diz Madaíl, referir no essencial a sentença da CD da Liga: "forma tentada" e tentativa de corrupção que não ficou provada na CD da Liga ter influenciado qualquer resultado - como não influenciou.

    O resto ficaria, então, para ser julgado por quem de Direito: quer no CJ da FPF quer na CD da UEFA.

    Agora, posto isto, deixo um reparo ao FC Porto (não, não é pela questão de não ter recorrido...):
    1) este é recorrente, mas o primeiro reparo deve ser por o FC Porto há muito ter-se afastado das diligências tendentes a defender-se de usurpações de poderes nos órgãos do futebol; ao contrário do que se propala, o FC Porto não tem um sistema montado a não ser o que demonstra em campo para vencer e ser melhor que os outros - mas está a ser vítima do DESCUIDO seu de não se intrometer nas "grelhas" que fazem as coisas por outro lado.

    2) João Leal vem dizer, agora, que esteve sempre em contacto com o Departamento Jurídico do FC Porto e que este e-mail enviado à UEFA era conhecido de Adelino Caldeira e Cª. Ou o FC Porto não ACAUTELOU esta situação ou então, se tal for mentira, deve denunciar o Departamento Jurídico da FPF.

    Já chega de silêncios da SAD.

    Pode haver legitimidade para pedir ressarcimento de danos do FC Porto à FPF por esta INCÚRIA, mas se o FC Porto sabia desta forma de a FPF tratar as coisas por esse lado que tratou, então o FC Porto teria de ACAUTELAR a situação e a comunicação à UEFA seria mais amenizada e porventura com reflexos mais positivos - ou menos pessimistas - que hoje há em relação à decisão de 1ª instância a conhecer amanhã.

    É por isto que todas estas informações são úteis para se perceber o que anda ou andou mal. A tramitação dos processos é de curial importância e não pode ser deixado ao deus dará. Se o FC Porto não denunciar o que diz João Leal, incorreu no risco de isto dar no que deu.

    Não é abonatório para ninguém, muito menos para a FPF, mas se esta tem só olhinhos para a selecção - com desprezo evidente que se tem ago no desaparecimento de coisas bonitas nos escalões jovens de que Portugal se afastou neste século salvo raríssimas excepções - há que os clubes saberem com o que lidam e não parece ter sido o caso do FC Porto.

    Estes assuntos têm não só várias implicações, como suscitam muito debate e discussão de pontos de vista, sem necessidade de ruído adicional ou contra-informação interesseira.

    E este ataque sem precedentes a que o FC Porto tem sido sujeito - sem quaisquer teorias de conspiração ou mera vitimização ridícula - tem origem, mais uma vez, na justiça comum que está envenenada sem se saber bem que lucro tirará.

    Atente-se na notícia do JN de hoje, em que aquele procurador do Porto que a PJ pretendia colocar na hierarquia da Judiciária no Porto, Almeida Pereira salvo erro, foi travado pelo sonso, bacoco, serôdio e cinzento tarefeiro PGR, Pinto Monteiro, quando o homem do Porto pretendia fazer uma conferência de Imprensa para dar a sua versão da guerra interna que o afastou do lugar.

    É um processo salazarento de que o beirão da PGR é cúmplice e só pode ter as motivações políticas que a tarefeira MJ Morgado cumpre... "por outro lado".

    Ingénuo é alguém pensar que nada disto tem ligação.

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  2. A Ricardo Quaresma so temos que agradecer pelos golos decisivos, assistencias, titulos, por TUDO.E inda para mais, vai nos dar muito dinheiro ( o que pode nao ser muito bom, pois será mais de metade para encher os bolsos dos "chulos" da SAD). A verdade é esta, meus amigos, por mais que vos custe, Quaresma tem obra feita e ficara para sempre, e sem qualquer duvida que merece sair. Nao podemos ser egoistas e perceber que esta liga ta esgotada para tanto talento. A tantos jogadores aconteceu o mesmo, o que é perfeitamente logico e racional.

    Jamais esquecerei o que aconteceu no final da epoca passada, e sei de boa fonte que poderia ter saido para onde queria, mas fez questao de ficar e assim o cumpriu

    Gosto muito deste blog, e respeito todas as opiniões mas nao percebo a azia constante e os "insultos" constantes a Quaresma. Mas tambem esses devem ser aqueles que sonham com o tridente da proxima epoca na frente: tarik, mariano e adriano

    Como um dia disse Miguel Sousa Tavares, um dia vamos dizer "eu vi jogar o Quaresma"

    Quanto ao Postiga, pode ser que na Supertaça comece ja a marcar...onde é que ja se viu abastecer o grande rival da proxima epoca?? vamos la deixar de ser tapados e chamar os burros pelos nomes sem vergonha...A SAD ANDA COMPLETAMENTE DESNORTEADA, SEM ESTRATEGIA E SEM LIDERANÇA...UMA VERGONHA

    p.s- Quaresma é a fonte de mais de 50% das receitas de merchandising...lindo

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  3. conhecendo pessoalmente o Prof Manuel Costa Andrade, como amigo da familia, so vos tenho a dizer isto:

    O FCPORTO ESTÁ EM BOAS MÃOS

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  4. pedro, o comentário sobre Quaresma está deslocado, devia ser no outro post.
    Quanto à defesa do FC Porto, o parecer do ilustre catedrático tem alcance muito limitado à justiça desportiva no recurso de PdC para o CJ da FPF. Mas sem dúvida que, mesmo para um leigo em Direito, os seus reparos à argumentação jurídica da CD da Liga são inatacáveis.

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  5. Apito Final
    'Apito Final' na UEFA
    FC Porto defende-se com recurso de Pinto da Costa
    Os juristas portistas vão tentar provar, até amanhã, junto do Comité de Controlo e Disciplina da UEFA, que o castigo da Liga à SAD 'azul-e-branca' ainda não transitou em julgado, dado estar ainda pendente o recurso de Pinto da Costa no Conselho de Justiça da FP Futebol.
    Isabel Paulo
    19:02 | Segunda-feira, 2 de Jun de 2008



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    João Abreu Miranda/EPA
    O FC Porto assenta a sua estratégia de defesa no recurso de Pinto da Costa
    A não retroactividade da lei, um dos princípios basilares do Direito, e a ausência de decisão final em relação ao recurso dos dois anos de suspensão apresentado pelo presidente da SAD do FC Porto, são dois dos argumentos mais relevantes que a SAD portista vai esgrimir junto da UEFA para impedir o seu afastamento da Liga dos Campeões na época 2008/09.

    A decisão da 1ª instância disciplinar da UEFA será tomada quarta-feira, temendo o Conselho de Administração portista uma deliberação desfavorável aos interesses do clube, após "a pouco correcta" informação prestada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

    Segundo fonte próxima do Gabinete Jurídico portista, a FPF "foi infeliz" na redacção do comunicado que enviou à UEFA, no passado dia 15 de Maio, ao dar como provado que a SAD portista cometeu infracção disciplinar muito grave de corrupção da equipa de arbitragem, punida com a subtracção de seis pontos, sem referir à cabeça do fax que foi na forma tentada e não activa.

    O documento, subscrito pelo director do departamento jurídico da FPF, João Leal, causou o maior desagrado junto da administração do FC Porto, que o terá considerado parcial e tendencioso.

    Tanto João Leal como Gilberto Madail já refutaram qualquer tipo de interpretação subjectiva ou jurídica das decisões do processo 'Apito Final', sustentando que a FPF se limitou a duas perguntas feitas pela UEFA: qual a decisão da Comissão Disciplinar e em que fase se encontram os recursos.

    De acordo com Nuno Albuquerque, especialista em Direito Desportivo e ex-director da Liga, a resposta da FPF à UEFA é passível de leitura dúbia.

    "Apesar de juridicamente correcta, a passagem enviada à UEFA, ao ter sido retirada do contexto geral do acórdão, corre o risco de ser mal interpretada", frisa Nuno Albuquerque, sustentando ainda que a FPF deveria ter sublinhado que o acórdão ainda não transitou em julgado face ao recurso em aberto de Pinto da Costa.


    in Expresso online, hoje

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  6. “A Comissão de Controlo e Disciplina não comunicou nada sobre Itália. Já recebemos a lista [da Federação Portuguesa] e o FC Porto está incluído. Agora é ver se os clubes preenchem todos os critérios para poderem participar”, assegurou a mesma fonte, referindo-se às equipas apuradas para as competições europeias e cujos nomes têm que ser comunicados pelas respectivas federações à UEFA até à meia-noite de hoje

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  7. nem sei que credibilidade deveremos dar a isto. do blog da bola.

    FC PORTO NÃO VAI À LIGA DOS CAMPEÕES
    Acabei de ter a informação de fonte segura e credível que a UEFA já determinou, muito embora ainda não seja ainda oficialmente conhecida, que o FC Porto fica de fora da Liga dos Campeões devido à condenação dos portistas no processo Apito Final.

    Segundo me garantiram também, toda a informação que despoletou este castigo e que mereceu um apurado estudo jurídico teve como chefe de operação, Silvio Cervam sempre muito bem apoiado por Cunha Leal.

    Também sei que uma figura de grande peso na FPF, à revelia de Gilberto Madaíl foi quem elaborou todo o processo que enviou para a UEFA, fornecendo miticulosas informações que deram origem ao castigo. Estas três personagens andam borradas de medo e o caso não é para menos. Aproveitem, vão passar férias .... longas.

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  8. Sinceramente, não estou com fé nenhuma que na 4ª feira iremos ser ilibados. Mas a questão é esta: será que na 2ª instância, ou na 3ª, podemos mesmo ser ilibados ? O que a SAD deverá fazer para que isso aconteça ?

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  9. O marinho(blogdabola) normalmente tem fontes credíveis, infelizmente.
    Preparem-se para semanas infernais.
    Unam-se e não lhes dêem o que esses abutres procuram...

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  10. "FC PORTO NÃO VAI À LIGA DOS CAMPEÕES


    Acabei de ter a informação de fonte segura e credível que a UEFA já determinou, muito embora ainda não seja ainda oficialmente conhecida, que o FC Porto fica de fora da Liga dos Campeões devido à condenação dos portistas no processo Apito Final.

    Segundo me garantiram também, toda a informação que despoletou este castigo e que mereceu um apurado estudo jurídico teve como chefe de operação, Silvio Cervan sempre muito bem apoiado por Cunha Leal.

    Também sei que uma figura de grande peso na FPF, à revelia de Gilberto Madaíl foi quem elaborou todo o processo que enviou para a UEFA, fornecendo miticulosas informações que deram origem ao castigo. Estas três personagens andam borradas de medo e o caso não é para menos. Aproveitem, vão passar férias .... longas."

    in blogdabola

    Bem, começo a ficar preocupado, por outro lado é uma oportunidade de desmascarar estes filhos da puta.

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  11. Ó gente, perder uma batalha não é perder a guerra.
    Perdem-se em notícias requentadas que nada acrscentam.
    Concentrem-se no que se faz ou deixa de fazer.
    Eu continuo incomodado, mais uma vez, pelo silêncio da SAD em não responder ao João Leal: a SAD sabia que a FPF ia expor assim o caso à UEFA?
    A 2ª instância não deve reverter a situação se for desfavorável.

    Mas, para já, a UEFA tem lá a lista da FPF para as entradas nas eurotaças, com o FC Porto à cabeça.

    Para a UEFA tirar o FC Porto da lista, vai ter de atentar, demoradamente, nos argumentos a apresentar pelo FC Porto.

    E se não for na UEFA há-de ser no TAS, que é totalmente independente da UEFA, da FIFA e já deu provas de equilíbrio, bom senso e até já mandou correr nos Jogos Olímpicos um sul-africano que tem duas próteses em vez de duas pernas.

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  12. É um caso à parte, mas para mim relevante em toda a trampa em que está mergulhado Portugal.

    O dr. António Balbino Caldeira, do Portugal Profundo, vai responder dia 9 por 49 crimes de difamação na pessoa de Paulo Pedroso. Terá como testemunhas de acusação a nata do poder político do PS que desviou tudo e mais alguma coisa da tramitação normal do Processo Casa Pia: de Mário Soares a José Sócrates, de Manuel Alegre e Ferro Rodrigues, tudo vai depor contra ABC.

    As minhas longas, por vezes extenuantes, também em diversas facetas, opiniões sobre o Apito Dourado nunca esqueceram o lado político da questão e a manobra de diversão - qual teoria da conspiração - em relação á Casa Pia.

    A farsa pode estar a acabar. Na Casa Pia e no Apito Dourado. Apesar do saloio beirão da PGR e da maoista convertida a outros interesses vermelhos MJM.

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  13. Não sei se somos ou não corruptos. Mas, e se formos? Qual o problema?

    Prefiro ser corrupto e ganhar 13 campeonatos em 20 anos, do que ser honesto e passar 19 anos sem ganhar nada e ser roubado.

    Em mundo é que vivemos?

    Prefiro ser corrupto e milionário do que ser honesto e não ter onde cair morto. Só temos uma vida e só se vive uma vez.

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  14. No momento em que o Porto é condenado pela Liga, so um anjinho é que nao via que qualquer recurso apresentado na Federaçao nao teria o resultado desejado pelo Porto. Os dois orgaos estao em sintonia na perseguiçao.

    Os dois orgaos estao feitos um com o outro. Reparem so nos tres personagens envolvidos na preparaçao dos documentos e na passividade e incompetencia habitual do presidente da FPF.

    A SAD como diz e bem o Zé Luis nunca se acautelou. Nunca acompanhou "in loco" os jogos de bastidores na Liga. O Benfica controla a Liga desde 2003. O Porto afastou-se definitivamente dela a partir desse momento. A SAD dormiu e os abutres aproveitaram.

    Agora, ao nao recorrer do castigo, para salvaguardar os resultados desportivos internos do proximo ano e uma possivel nao qualificaçao para a Champions que dai podia resultar, descurou o pormenor UEFA a contar ja esta época.

    A campanha de desinformaçao continua. Com as fontes deste e daquele. Falsas fontes que nao invalidam o que pode vir ai na quarta feira. A exclusao do Porto da Champions.

    Um recurso poder-nos-a ser favoravel na FIFA até pela relaçao muito ma entre Blatter e Platini.
    Mas ai ja imagem do Porto esta manchada.

    Este pais mete nojo.
    A perseguiçao nao da tréguas. Os abutres nao param. Os jantares no Sapo, os perdoes de dividas, as alteraçoes ao PDM, as botas oferecidas, os cristais oferecidos, os penaltis oferecidos, os jogos no Algarve, a detençao maioritaria de acçoes noutro clube da 1a divisao pelo director do futebol, os centros de estagio da CGD, a inscriçao ilegal do Ricardo Rocha, os tumultos no tunel do Bessa, isto e muito mais, continua tudo por investigar.

    Os casos das rameiras, esses sim, teem credibilidade.

    As pontes mais longas e mais altas sobre agua da Europa e o dinheiro enterrado entre o Cais do Sodré e Santa Apolonia, e as Expos que servem Lisboa, isso nem tem discussao. O novo Aeroporto e uma nova ponte, isso é que vai relançar o pais. Qual pais homogeno, em que as regioes sejam competeivas entre si e potenciem a competitividade com o exterior?
    O que é bom é o centralismo! Porque o pais, segundo os Megas Ferreiras, precisa é de uma capital à qual preste vassalagem.

    Mas com tantos tiros nos pés, como reeleiçoes de Ruis Rios e votos contra a Regionalizaçao e silencios absurdos de uma SAD que tem todas as razoes para defender o seu Presidente e nao o faz, o Porto nao vai la.

    A palhaçada de uma selecçao composta por putos (nao por homens), onde o que é idolatrado sao os palhaços que passam modelos, os bonés do rap, os oculos de sol à mosca e os cachuchos nas orelhas, com essa grande inovaçao da engenharia, o primeiro autocarro "movido a vontade de vencer", isso é que é bom!
    Agora a equipa de 2004 que foi campea da Europa e do Mundo, cujo guarda-redes nao era seleccionado, isso nao tem qualquer valor!

    Isto deixa-me profundamente triste. O meu pais mete-me nojo.
    E esta SAD, se nao conseguir apos os recursos a que tem direito, colocar o FCPorto no lugar que lhe é devido, porque nao recorreu da "decisao dos 6 pontos", so tem uma saida, a porta da rua!

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  15. Escolham a redacção em francês ou em inglês:

    f) Vous êtes fodidés
    i) You are fucked

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  16. soren, o FC Porto deixou a Liga muito antes de 2003. Olha, foi já no século passado.

    Atenção, a FIFA não tem nada a ver com o assunto nem alguma conflitualidade entre Blatter e Platini - que nem existe sequer.

    Apesar de tudo, ainda há que ver o recurso feito, pelo presidente, para o CJ da FPF.

    Cometeram-se erros no processo e a conclusão a tirar disto, antes de se saber o fecho de toda esta encenação, é que o FC Porto convenceu-se de que só pretendia mostrar em campo que é o melhor.

    Não chega, como se vê. Os grandes negócios do mundo, desde aqueles com boas intenções e que servem a Humanidade aos que promovem e lucram com a guerra (veja-se o Iraque e o afundamento dos EUA agora que não tem uma potência de sinal contrário desde o fim da URSS), precisam sempre um um empurrão favorável, um lóbi, uma influência nos centros de poder que não se pode descurar.

    O FC Porto, e os seus adeptos que acham que o FC Porto só tem de mostrar em campo que é o melhor, ficou a perder nos centros de decisão, sempre desfavoráveis.

    Não é preciso chegar ao extremo de um neófito comentador nesta caixa que advoga ser bom ser corrupto e preferir ganhar assim do que ser bom e não ganhar nada.

    Isso era no tempo salazarista em que a corrupção era institucionalizada e o caso Calabote, contado nos amigos do Pobo do Norte, exemplifica como o tráfico de influências era feito à descarada, com treinadores do Benfica no banco de outras equipas para tentar derrotar o Porto, dirigentes do Sporting de pistola no balneário do árbitro e uma liberdade de expressão anafada e abafada com consequência nas consciências anestesiadas pelo discurso do poder em voga.

    Mas que está à vista o que o FC Porto perdeu - sem nunca o ter tido na FPF sequer - nas instâncias do poder, não restam dúvidas.

    Nas instâncias do poder e na Comunicação Social, com uma inabilidade a informar e até a ostracizar jornalistas de conhecido portismo.

    É sempre tudo mais complicado, intrincado e afastado do mainstream noticioso do que aparece ao público em geral. Porque o futebol hoje move muitos milhões de euros e há que ter capacidade interventiva no cenário de mídia, não correndo os taipais para não se ver de fora (os adeptos já se habituam a cortinas cerradas e declarações fugazes nas fases finais do Euro ou do Mundial que não têm a alegria de outrora).

    O FC Porto, até para lembrar o famigerado caso ainda inexplicado da fuga da LPM no início da época, ficou isolado. Contra tudo e contra todos, fora do campo, por um silêncio ensurdecedor que não fez bem à imagem.

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  17. Do JN, hoje:

    F. C. Porto: Argumentação de Ricardo Costa contestada
    01h00m

    A batalha jurídica entre o F. C. Porto e a Comissão Disciplinar da Liga está ao rubro. Agora, foi a vez do director da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra empunhar armas pelas teses do F. C. Porto.

    A dar mais relevo e impacto a este posicionamento, José de Faria Costa, professor catedrático e personalidade insigne no mundo do Direito Penal e do Processo Penal, recentemente homenageado pelos magistrados de S. Paulo, é superior hierárquico do assistente da FD, Ricardo Costa, o presidente da CD que suspendeu Pinto da Costa, o presidente dos dragões, por dois anos, o que lhe confere uma autoridade, nesta matéria, inquestionável.

    Assim, o director contraria, publicamente, o assistente, numa situação curiosa e singular. No parecer elaborado, e que acompanha o recurso do presidente portista para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Faria Costa contesta, veementemente, as teses do assistente da UC, com especial ênfase na inadmissibilidade da validação das escutas efectuadas em inquérito-crime e em sede de processo disciplinar.
    O especialista em Direito Penal, chega a corrigir, mesmo, o sentido dado a citações de uma das suas obras e que constam em vários acórdãos assinados pelos membros daquele órgão da Liga. Neste ponto, Faria Costa esclarece que, antes da audiência de julgamento, a transcrição de escutas é um mero meio de prova de indícios e não algo que se traduza em factos dados como provados.

    É este o caso de Pinto da Costa e de outros visados em processos disciplinares na justiça desportiva que, antes dos julgamentos, estão a ver usadas contra si intercepções efectuadas no âmbito processo Apito Dourado.

    No parecer daquele professor doutorado, argumenta-se que o uso de escutas, num processo disciplinar, viola o direito de defesa. Isto pela simples e cristalina razão de que o órgão disciplinar da Liga não dispõe dos suportes magnéticos das intercepções. É que pode dar-se o caso das conversas estarem mal transcritas e nenhum visado poder corrigi-las, no processo disciplinar, sem ouvir as conversas gravadas.

    O catedrático salienta, por outro lado, que a informação dos processos-crime pode ser, efectivamente, usada no processo disciplinar.

    Todavia, para assentar factos como provados, a CD teria de recorrer a outros meios de prova, legalmente admissíveis, que não as próprias escutas, como, por exemplo, depoimentos. A este propósito, sobre as declarações de testemunhas - como no caso de Carolina Salgado, ex-companheira de Pinto da Costa e um dos suportes mais determinantes das decisões tomadas -, Faria Costa mostra-se contra a atribuição de uma credibilidade total antes da decisão final do julgamento.

    Um argumento que serve para concluir que, se um facto for dado como provado num processo-crime, poderá, também, ser classificado como verídico num processo disciplinar.

    Refira-se, ainda, que a CD da Liga deu, ontem, por concluídas as suas respostas aos diversos recursos que se encontram no Conselho de Justiça e que, fundamentalmente, assentam nos acórdãos que fundamentaram as suas sentenças.

    Entre estas, destacam-se, pela sua relevância, os dois anos de suspensão do presidente do F. C. Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, por tentativa de corrupção e a despromoção do Boavista à Liga de Honra, por coacção a agentes da arbitragem, além de multas significativas.

    Para além destes processos mais mediáticos em causa, no CJ estarão recursos - cuja documentação totaliza cerca de cem mil folhas -, do árbitro Augusto Duarte e da União de Leiria, entretanto despromovido, desportivamente ao segundo escalão do futebol profissional, e do seu presidente, João Bartolomeu.

    O parecer de Faria Costa junta-se aos de Germano Marques da Silva, membro do Conselho Superior do Ministério Público e professor de Direito Penal, na Universidade Católica, de Manuel Costa Andrade, penalista na UC e que tem defendido uma "redução drástica" do número de escutas telefónicas, na investigação policial e de Damião da Cunha.

    São, pois, "pesos pesados" do Direito Penal que defendem as posições de Pinto da Costa contra as interpretações da lei por parte do órgão que tutela a disciplina da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.

    Agora, o conflito vai terminar no CJ, órgão de última instância da justiça futebolística, sem direito a recurso, muito brevemente, numa reunião ainda, sem agenda marcada.

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  18. De O Jogo, hoje:
    Notificação do CJ ajuda FCP na UEFA

    O Conselho de Justiça da FPF informou o FC Porto do recurso interposto por Pinto da Costa, no processo "Apito Final", assumindo o esperado: "Cite a CD da LPFP e Futebol Clube do Porto, Futebol SAD para contestarem, querendo". Uma frase e um procedimento jurídico que os advogados dos dragões vêem como assentimento inequívoco de que a sentença final tem consequências também nas acusações feitas à SAD, porque os actos de que o presidente é acusado são os mesmos que a Comissão Disciplinar da Liga entendeu justificarem uma penalização de seis pontos à SAD. A irritação do FC Porto relativamente à comunicação do caso feita pela FPF à UEFA assenta justamente no facto de ela ter concluído que a condenação pela CD transitou em julgado.

    A resposta ao fax do CJ foi enviada ontem para Lisboa, respeitando os prazos estipulados, e seguirá hoje para Nion, onde amanhã o Comité Disciplinar da UEFA se reunirá para decidir se deixa ou não o FC Porto fora da próxima edição da Champions, por não preencher os requisitos obrigatórios, que excluem quaisquer clubes que "estejam ao tenham estado" envolvidos em movimentações destinadas à deturpação de resultados. Aceitando que ainda não há uma sentença transitada em julgado, a UEFA terá, no mínimo, de ficar à espera do Conselho de Justiça. Está prometida a resolução de todos os recursos resultantes do "Apito Final" até ao próximo dia 11, data limite para a homologação dos campeonatos.

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  19. O doutor Ricardo Costa gosta tanto de aparecer na televisão...
    Porque nao aparece agora a comentar o que duas das maiores sumidades do direito penal e processual penal português disseram sobre alguem que só por acaso é professor assistente e seu subordinado na faculdade de coimbra...
    Foi muito forte,ter um autor que referenciamos num acordão a dizer que nao sabemos inteprestar a sua obra e que a apresentamos de forma disvirtuada...?
    Isso se fosse uma tese de doutoramento já devia para ser reprovado e ainda ouvir comentários pouco abonatórios e até de troça do júri presente...
    Como ele ainda tem coragem de por os pés na faculdade aonde dá aulas...?
    Já que gostava tanto de aparecer na tv e achava que a liga devia comentar tudo e mais alguma coisa...Que tal um comentariozinho sobre este assunto doutor ricardo costa...?
    Se tivesse vergonha na cara,depois desta descasca pública de professores como Germano Marques da Silva e Faria Costa não lhe restaría mais nada a não ser pedir demissão do seu cargo na Liga e até mesmo de professor na faculdade de Coimbra.
    .

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  20. todos estes pareceres so provam a vergonha que e o nosso departamento juridico. se nao mais razaoes haviam para recorrer e elas haviam e bem mais fortes, a vergonha dos acordaos e agora as provas de que eles estao inquinados eram razoes bem suficientes para se ter recorrido. agora andamos a ler pareceres para absolutamente nada, apenas para nos afagar o ego.

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  21. Eu devo confessar uma coisa: a minha cadela Joplin ladrou ao gato da vizinha. Ora bem, isto parece-me claramente mais um acto que reflecte a promiscuidade centralista do poder de Lisboa. Acho que o porto deveria apresentar, na UEFA, um relatório sobre a forma como a Joplin ladrou, a que foras ladrou e por que razão ladrou. O relatório deverá ser redigido em inglês, persa, esperanto e basco, porque há diferentes interpretações da mesma palavra, que neste caso é "ladrar". Pode ser confundido com "ladroar" e isso, todos sabemos, é coisa nunca visto no reino do Dragão.

    Mas uma vez o poder de Lisboa a fazer das suas. Uma autêntica vergonha!

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  22. eu sei que os benfiquistas nao tem muita inteligencia, mas nao entender que uma lei foi escrita em duas linguas de forma diferente achava que era basico, ate para eles. ricardo tens a certeza que foi a cadela que ladrou?

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  23. É evidente que um caso está ligado ao outro, melhor dizendo o FCPorto só pode ser "efectivamente" castigado se o sr. JNPCosta o fôr...O Clube não tem modo próprio, vida própria para por si só intervir seja no que for...Se PCosta vier a ser ilibado, o FCPorto também o será por arrastamento -repondo nessa altura por antítese, o movimento que o levou agora a ser castigado-, não há fuga a isto...Agora o que se põe, é a questão de como as coisas serão tratadas na UEFA e aí, o raciocínio subjectivo sobre estas questões, é que pode nem sequer ser equacionado. Tem de ser o FCPorto a força-lo, com todos os argumentos que possua e que possam ser colocados na mesa!
    Acho que ontem o JGAguiar esteve muito bem, não surpreende é a sua área...O "mãosinhas" está em pulgas...saltitantes. O Dias Ferreira continua igual a si próprio, um grande convencido e um grande bruto, mas vai lentamente colocando-se ao nosso lado. Já percebeu a estratégia...

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  24. Em linguagem elementar:"se o cão ladrou ao gato, este percebeu uma coisa, andava por ali um cão"...

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  25. É que nós percebemos bem o que certos cães querem elementarmente dizer quando ladram...Não há que interpretar, só temos que nos acautelar...

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  26. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  27. O amigo Ricardo tem piada ... muita!
    Aindfa ninguém lhe quis explicar onde fica O SAPO e o que lá costumava fazer o Veiga?

    De qualquer modo, quer-me parecer que vamos mesmo ver a Champions na têvê.
    É que para a UEFA uma coisa era castigar o todo poderoso Milan, outra bem diferente o FC Porto. Por muito que nos custe!

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  28. Para o Ricardo, outros provocadores, infiltrados, Benfiquistas, Sportinguistas e Desportistas em geral -o que vem transcrito de seguida ficou provado a olho nú, sem recurso às novas tecnologias nomeadamente à gravação de chamadas...Leiam, pensem um bocadinho -se o conseguirem claro, estou mesmo parece-me, já a ouvir um ruído do caraças...- e digam qualquer coisinha, "assim a modos de que tal e coisa", como já vos li algures, "Corruptos uma vez, corruptos sempre!...", só mais um pequeno pormenor, neste tempo eu já era nascido e crescidinho, não me venham com a cantiga "ai e tal isso já foi há muito tempo..." Pois foi, também é verdade, vocês ficaram muito "santificados" entretanto, não foi? Nota-se! O que se passa com o vosso ex-Presidente, então o que já tem no Currículo o actual e que dizer do "Corruptos uma vez Corruptos sempre"?...:

    "CSI: Calabote Scene Investigation,
    [Actualização: o Estilhaço, do Bibó Porto, Carago, tomou a iniciativa e converteu o post num documento .pdf para todos guardarmos e divulgarmos. Um obrigadão do tamanho do TRI ao Estilhaço. O documento está aqui: CSI_Calabote]

    -Todos nós já ouvimos falar do caso Calabote. Conhecem-se alguns factos, emitem-se algumas opiniões e fazem-se juízos de valor, muitas vezes baseados em pressupostos falsos. Poucas pessoas sabem, com precisão, o que envolveu este caso que resistiu à passagem do tempo e ainda hoje é referido em várias discussões de futebol. É preciso não esquecer que tudo isto aconteceu há 49 anos, daí ser natural que muita informação se tenha perdido no tempo, muitos dados tenham sido alterados e outros mesmo omitidos, de acordo com algumas conveniências.
    Este foi apenas um exemplo do que os benfiquistas querem a todo o custo negar. As evidências estão aqui, é só ter a coragem de as assumir. E no meio de tudo o que vão ter a oportunidade de ler, o árbitro era a questão menor. Não inocente, mas efectivamente menor. O Benfica tinha um ascendente sobre os clubes mais pequenos, controlando-os, fazendo o que bem entendesse, tanto a nível de treinadores como de jogadores. Este ascendente estendia-se aos jornalistas, sempre prontos a defender o seu clube de coração e a criar mitos (como ainda hoje se verifica). Há muitos blogues benfiquistas que se têm dedicado a, segundo eles, repôr a verdade (deles), atribuindo a Calabote o estatuto de história quase ficcionada. O que esses textos que abundam na net (e um célebre *.pdf que o Benfica colocou no seu site) não contam é a história “para além” de Calabote. A história que aqui poderão ler, na íntegra.
    O título desta rubrica é CSI – Calabote Scene Investigation, aludindo ao nome de Inocêncio Calabote, um árbitro de futebol. Mas o âmbito deste trabalho vai muito para além deste homem. De facto, como já disse antes, a questão do árbitro que esteve no Benfica-CUF de 1959 é apenas um pormenor, como terão oportunidade de constatar. O conjunto de textos que a partir de hoje se publicam no Pobo do Norte resultam de uma leitura atenta de jornais da época. Quem não acreditar no que aqui se escreve, tem onde comprovar.

    CSI – Calabote Scene Investigation (I) - Contextualização
    Estamos na época de 1958/1959. Na 25ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, o Sporting vence o Benfica por 2-1, deixando o FC Porto à frente da classificação a uma jornada do fim. No entanto, Benfica e Belenenses ainda têm um jogo para disputar entre si. Eis a classificação:
    1º FCP – 25 jogos – 39 pts. (78-22)
    2º SLB – 24 jogos – 38 pts. (70-18)
    3º Belensenses – 24 jogos – 35 pts. (62-25)
    4º SCP – 25 jogos – 31 pts. (49-26)

    A 19 de Março de 1959, Belenenses e Benfica repetem o jogo que tinha sido anulado por ordem da Federação devido a erros técnicos do árbitro em prejuízo do Belenenses. Na altura do jogo anulado (1 de Fevereiro de 1959), o SLB comandava o campeonato com mais 3 pontos que o Belenenses e mais 4 que o FCP. O Belenenses protestou o jogo. Sendo contrariado pelo Conselho Técnico da Federação, recorreu para o Conselho Juridiscional, que considerou procedente o protesto e anulou o jogo. Recorde-se que a grande rivalidade da época era entre o Benfica e o Belenenses.
    Ironia do destino: O Belenenses, que, na altura do primeiro jogo, poderia aspirar seriamente ao título se tivesse ganho (o que não aconteceu, pois ficou 0-0), agora, na repetição, já sabe que nem com a vitória poderá lá chegar, nem sequer melhorar o 3º lugar que ocupa. Quanto ao Benfica, se ganhar este jogo em Belém, pode passar para primeiro lugar, com um ponto de vantagem sobre o FCP, a uma jornada do fim. No entanto, o resultado verificado é... 1-1! E FCP e SLB entram para a última jornada empatados em pontos, mas com o FCP a superiorizar-se no desempate por goal-average geral, com 4 golos de vantagem: mais 7 marcados que o SLB, mas mais 3 sofridos do que a equipa da Luz. Isto porque no confronto directo entre as duas equipas, a questão está igualada, pois nas Antas registou-se um 0-0 e na Luz 1-1... Conclusão: na última jornada o SLB tem de ganhar sempre por mais de 4 golos de diferença em relação aos números da possível vitória do FCP sobre o Torriense.
    1º FCP – 25 jogos – 39 pts. (78-22)
    2º SLB – 25 jogos – 39 pts. (71-19)

    Note-se que o FC Porto foi considerado arredado do título, tendo estado a 5 pontos do Benfica (numa altura em que a vitória vale 2 pontos...). Mudou de treinador durante a competição, e com Bella Gutman chega à última jornada com uma série de 15 jogos consecutivos sem conhecer a derrota.
    De Bela Guttman conhece-se a frase "Se a bola não é nossa, marca. Se é nossa, desmarca”, mas não será esta que ficará para a história. É ele que vai levar o FC Porto à vitória no campeonato, depois de ter chegado a meio da época (1958/1959). É húngaro e antes de vir para o FC Porto, treinou em Itália (AC Milan, entre outros) e no Brasil (São Paulo FC). Foi neste país que implementou o seu sistema revolucionário de 4-2-4 que foi adoptado pelo Brasil na primeira vitória num campeonato do mundo (1958, Suécia). Depois do FCP, seguir-se-á a selecção nacional e o Benfica, ao serviço do qual treinará Eusébio e companhia. Será dele, quando sai do Benfica, a tal frase que o imortalizará: "Sem mim, o Benfica nunca mais ganhará uma Taça dos Campeões Europeus". E nunca mais ganhou.
    Voltemos à 26ª e última jornada do campeonato naciona de 58/59. O Benfica recebe a CUF (8º lugar e em risco de ir jogar o torneio de mudança de divisão) e o FC Porto vai ao terreno do Torriense (14º lugar e último, em riscos de descer). Portanto, ambos os adversários dos dois grandes têm muito a perder, jogando uma cartada decisiva para a manutenção na 1ª Divisão.

    CSI – Calabote Scene Investigation (II) – A arbitragem
    1. Penaltis

    No jogo Benfica-CUF, Inocêncio Calabote assinala três penaltis a favor do Benfica. Todos os jornais são unânimes em considerar os penaltis como tendo realmente existido, à excepção do primeiro, que origina o 2-0.

    O Mundo Desportivo (23/03/59) diz que "...foi à custa de uma grande penalidade inexistente que os lisboetas conseguiram marcar o segundo tento. Cavem foi de facto obstruído (...) e a falta só exigia livre indirecto." E acrescenta: "Talvez por isso o sr. Inocêncio Calabote tenha tido tanto cuidado na apreciação das faltas dos cufistas evidenciando o propósito de, a ter que se enganar, o fizesse em relação à equipa que nada sofresse com a derrota. Assim podem anotar-se-lhe frequentes erros de julgamento, benefícios do infractor e, para culminar, aquele exorbitante "penalty" que deu o segundo golo dos encarnados."

    2. Minutos de compensação
    Numa altura do nosso futebol em que apenas se pode fazer uma substituição, Calabote dá alguns minutos de compensação. Há jornais que falam em 3 outros em 4. O Presidente da Comissão Central de Árbitros falará, mais tarde, em 5 ou 6 minutos. Note-se que o jogo já começou oito minutos depois da hora marcada, o que leva a que os jogadores do FC Porto fiquem em campo cerca de um quarto de hora depois do seu jogo terminar ouvindo o relato pelos rádios dos adeptos que acompanharam a equipa a Torres Vedras. O entrar em campo propositadamente atrasado é, portanto, um hábito que vem de longe.

    O Mundo Desportivo (23/03/59) considera “exagerado (...) o período de três minutos regulamentar para contrabalançar os momentos gastos em propositada demora pelos cufistas". Este jornal fala de três minutos e na crónica do jogo não há referência a qualquer tipo de anti-jogo ou jogo violento da CUF. No Jornal de Notícias, fala-se em 4 minutos de descontos numa “partida que foi jogada a grande velocidade e sem perdas de tempo”. Só A Bola, na voz de Alfredo Farinha, diz que a CUF “queimou muito tempo”. Alfredo Farinha, sim, esse mesmo...

    Estes minutos de compensação estarão na base da irradiação do árbitro. No Jornal de Notícias (26/03/59) pode ler-se uma notícia com o título "BENFICA-CUF e o relatório do sr. Inocêncio". O texto é o seguinte: "A Comissão Central de Árbitros decidiu pedir esclarecimentos ao árbitro sr. Inocêncio Calabote sobre certos passos do relatório do jogo Benfica-CUF (...). Naquele seu documento, o sr. Inocêncio teria declarado que o jogo principiou às 15h, terminado a primeira parte às 15:45h. No que respeita à segunda parte, concedeu dois minutos como compensação de tempo perdido, registando o fim do encontro às 16:42.
    Atendendo a que o jogo foi minuciosamente relatado pela rádio e seguido com extrema atenção por milhares e milhares de pessoas, estas declarações oficiais do sr. Inocêncio não deixam de reflectir com despudor (para se não ir mais longe...) a todos os títulos lamentável – já pela sujeição voluntária à desconfiança pública, já pelo desprestígio daí decorrente para a função.
    E estamos certos de que a CCA, já com obra notabilizada em todos os aspectos da arbitragem (...) não deixará de corrigir esta ofensa à... evidência pública."

    O Norte Desportivo (26/03/59) escreve o seguinte título: “Inocêncio Calabote em “maus lençóis”! E acrescenta que “No boletim do jogo SLB-CUF, o árbitro eborense faltou à verdade.” O texto acusa o árbitro de “falsear a verdade num boletim” e revela que “Antes de ser irradiado, esse indivíduo apressou-se em pedir a demissão...”. Mais adiante acrescenta: “Na verdade, o senhor Calabote deu-se ao luxo de redigir o mais falso de todos os boletins de todos os jogos de futebol”, pois, segundo o relatório do árbitro “O jogo principiou às 15h e a 1ª parte terminou às 15:45. A 2ª parte começou às 15:55 e terminou às 16:42 (dei 2 minutos de compensação)”. O Norte Desportivo qualifica este relatório como “...a mais sensacional mentira do ano, com a gravante de ter sido num documento oficial...”. Segundo os dados do jornal, “O jogo SLB-CUF começou às 15:07, isto, 7 minutos depois do das Covas” (nr: Covas era o nome do campo do Torriense, onde jogava o FCP). “O encontro Torriense-FCP terminou às 16:48”. “Se fosse assim, não se teria passado nas Covas o que milhares de pessoas viram, isto é, toda a gente aguardando o termo do embate entre o Benfica e a CUF.”

    Nesta mesma edição de o Norte Desportivo, publica-se este curioso texto: “UM RELÓGIO PARA O SR. INOCÊNCIO CALABOTE
    Um leitor escreveu-nos a fazer a sugestão que não podemos perfilhar. Pretendia que nas nossas colunas abríssemos uma subscrição para se adquirir um relógio que seria oferecido ao sr. Inocêncio Calabote, de Évora. Dizia o nosso correspondente: “Se o seu relógio se atrasa 5 em 45 minutos, o sr. Calabote corre o risco de chegar ao campo numa 2ª feira para arbitrar um desafio marcado para o domingo anterior” A sugestão tem graça – e não ofende!”

    O Norte Desportivo de 9/04 publica o seguinte texto, com muita ironia à mistura:
    “O árbitro Calabote respondeu e foi imediatamente suspenso!
    Vai ser levantado um inquérito às declarações do juiz eborense que deve ser considerado como o inventor do "relógio-elástico".
    Finalmente o sr. Inocêncio Calabote respondeu ao questionário que a Comissão Central de Árbitros lhe enviou, solicitando esclarecimentos sobre a cronometragem do jogo Benfica-CUF, no qual o referido indivíduo interveio como juiz da partida.
    O sr. Calabote limitou-se a dar uma resposta ultra-sintéctica, afirmando que no seu relógio eram precisamente 15 horas quando deu o início ao jogo. Isto é, confirmou as declarações que redigiu no boletim. Em face da firme atitude do enérgico árbitro, a Comissão Central que – honra lhe seja feita – pugna pela manutenção do prestígio da causa que orienta, resolveu suspender preventivamente o sr. Inocêncio Calabote até à conclusão de um inquérito a que mandou proceder. A suspensão é admissível, porquanto o regulamento a tal permite.
    Assim, para já, o sr. Calabote corre o risco de deixar de apitar, visto que será fácil ao inquiridor colher os elementos indispensáveis para comprometer irremediàvelmente o árbitro.
    Não será exagero aifrmar-se que cerca de 500 mil pessoas, pelo menos, tomaram conhecimento da irregularidade da cronometragem no referido jogo. A Imprensa e a Rádio (as excepções confirmam a regra), em coro, apontaram a deficiência. Por conseguinte, não é de crer que um homem só, malèvolamente, fique a coberto de qualquer sanção disciplinar severa.
    O sr. Inocêncio Calabote ao reafirmar o que escreveu no boletim fez admitir que inventou um relógio elástico, visto que só concedeu, segundo disse, dois minutos por tempo perdido quando, na verdade, esse prazo atingiu os 5 minutos.”

    Sete meses mais tarde, o Mundo Desportivo (12/10/59), numa pequena caixa, num cantinho da página, refere que "O árbitro Inocêncio Calabote, da Comissão Distrital de Évora, foi irradiado após conclusão do respectivo processo disciplinar".

    A Bola, do mesmo dia, dá a mesma notícia num cantinho da primeira página e, em 7 de Novembro, publica uma entrevista ao do Dr. Coelho da Fonseca, Presidente da Comissão Central, que justifica a irradiação do árbitro: "O sr. Inocêncio Calabote foi demitido de árbitro por motivos ligados ao prolongamento do jogo Benfica-CUF (...) Como é do conhecimento público, esse jogo principiou cerca de dez minutos depois da hora marcada e teve um prolongamento de cinco ou seis minutos. Tanto o atraso como o prolongamento não constituem, em si mesmos, ínfima matéria de culpa. O erro do sr. Calabote consistiu em pretender convencer-nos, contra as evidêncidas dos factos, de que principiara o encontro às 15h precisas e de que o prolongara por dois minutos apenas. É aqui, nesta atitude escudada e incompreensível, que o antigo árbitro eborense deixa de merecer a confiança do público e da CCA".

    Ao Norte Desportivo (15/10/59), o Dr. Coelho da Fonseca diz que Calabote “é (...) um caso de ordem moral. Inocêncio Calabote fez uma coisa em campo, aliás controlada por toda a gente, e escreveu, precisamente, o contrário no boletim de jogo. Isto somado a uns tantos casos já passados com o referido árbitro levou-nos à decisão tomada.”

    Agora eu pergunto, por que razão se manteve Calabote fiel à sua versão, se lhe era tão fácil admitir que tinha começado o jogo mais tarde e prolongado o mesmo para além dos limites do razoável? A quem serviria esta teimosia do sr. Calabote? Por quem se sacrificou o sr. Calabote? A resposta está boa de ver...

    CSI – Calabote Scene Investigation (III) – Os jogadores

    1. Gama e António Manuel

    No Estádio da Luz, o guarda-redes da CUF, de nome Gama, foi substituído quando a equipa perdia por 5-1. Os jornais dão conta de que terão sido os próprios jogadores da CUF a pedirem ao treinador que substituísse Gama. De facto, havia algo de errado com aquele guarda-redes.

    No Mundo Desportivo (23/03/59) pode ler-se: “Gama, o guardião da turma que a determinada altura foi substituído aparentemente cansado do trabalho aturado que teve de suportar, respondeu-nos quando o interpelámos: "Faz pena, depois de tamanho esforço e tenacidade desenvolvidas verificar que o Benfica não conseguiu o número de golos suficiente para chegar a campeão! E a verdade é que ocasiões não lhe faltaram." Ora, um homem que tinha encaixado 5 golos e via o seu clube ter de disputar um torneio para conseguir a permanência, lamentava o facto de o Benfica não conseguido “o número de golos suficiente para chegar a campeão”. Que pensarão os adeptos benfiquistas donos da moral e da verdade sobre estas declarações?

    Uns dias mais tarde, Gama, por se saber alvo de "malévolas insinuações" pediria para ser ouvido pela direcção do clube... O que é certo é que as suas declarações não ajudaram em nada e contribuíram, digo eu, para concluir sobre o ascendente psicológico (para não lhe chamar outra coisa...) que o Benfica tinha sobre os adversários.

    José Maria, o guarda-redes substituto, diria: "Os benfiquistas obrigaram-me a trabalho intenso, e confesso que tive de realizar várias defesas em condições difíceis. Quanto ao resultado, considero-o expressivo em demasia, visto que nele interferiu o desacerto da arbitragem." Repare-se na diferença entre as declarações de um e de outro.

    Ao Norte Desportivo, o treinador da CUF, Cândido Tavares, declara: “Não posso acreditar no que se diz a respeito de Gama e, embora não seja seu costume falhar tantas jogadas, creio na sua honestidade!” “Simplesmente ele esteve, no domingo, demasiado infeliz.” “Vendo isso, e ainda porque dois dos seus próprios companheiros me solicitaram que alterasse o desempenho posto, mandei-o sair do terreno. Estava muito nervoso, e manifestava sintomas de total desorientação. Todavia daí a aventarem-se torpes insinuações terá de percorrer-se larga distância.” Bem, algo vai mal quando são os próprios colegas a solicitarem a substituição do seu guarda-redes...

    2. Torres Vedras

    A equipa do FCP no jogo contra o Torreense era composta por Acúrsio; Virgílio, Miguel Arcanjo e Barbosa; Luis Roberto e Monteiro da Costa (cap.); Carlos Duarte, Hernâni, Noé, Teixeira e Perdigão. O presidente do clube era o Dr. Paulo Pombo.

    Dias antes do jogo, Monteiro da Costa, capitão do FC Porto, declarava: "Calcule que nesta semana não pudemos realizar um treino de conjunto com todos os nossos jogadores. Faltaram-nos o Hernâni, o Arcanjo e o Barbosa, os três em Lisboa por causa da selecção militar. Eu compreendo os interesses da selecção, mas numa altura destas de campeonato, com um jogo decisivo para a tribuição do título, é, evidentemente, uma dificuldade que nos foi criada". O regime funcionava a favor do clube da capital.

    A força psicológica dos jogadores do FC Porto via-se nestas declarações de Pinho: "Para nós o jogo de Torres Vedras inicia-se com 4 golos do Torriense. Ou, começando com 0-4, o FCP tem de ganhar o jogo. Ao ataque – será a palavra de ordem. E se conseguirmos superar aquela margem, seremos campeões."

    O Mundo Desportivo refere, na análise ao jogo, a "Dupla tristeza (dos jogadores do Torriense) porque, na maioria, os jogadores além da fuga ao último lugar também desejariam que o campeão se chamasse Benfica..."

    A crónica fala de um penalty sobre Carlos Duarte, aos 18 minutos da 2ª parte, cuja "nitidez da falta tornou bizarra a decisão do árbitro, mandando prosseguir o jogo e ignorando a grande penalidade que se impunha assinalar". O Jornal de Notícias também se refere a esse penalti.

    Na apreciação ao árbitro Francisco Guiomar, o Mundo Desportivo diz que "...foi muito "caseiro" (aquele penalty negado aos portuenses é inaceitável), contemporizou com a rudeza em excesso por demasiado tempo e regra geral acompanhou o jogo de muito longe..."

    Na crónica do jogo fala-se em duas grandes penalidades por marcar a favor do FC Porto e da justa expulsão de Manuel Carlos, do Torreeense, por jogo violento.

    Noticia o Jornal de Notícias que, dizia-se em Torres Vedras, "e os jogadores locais sorriam quando em tal lhes falava, que havia um prémio de cinco mil escudos para cada um no caso de conseguirem empatar ou pelo menos sofrer poucos golos." Esse prémio existiu mesmo, como vamos ver mais adiante.

    Faltavam 2 minutos para acabar o Torriense-FC Porto, com o resultado em 0-1. Na Luz, verificava-se 6-1.

    Nesta altura, as equipas estavam empatadíssimas na atribuição do título. Se assim tudo permanecesse até ao final jorgar-se-ia uma finalíssima entre os dois clubes. O FC Porto marcou o 0-2 e logo a seguir o SLB fazia o 7-1. Tudo na mesma. Um jogador do Torriense de nome Saldanha queimava tempo, chutando a bola para longe antes do recomeço. Por que razão queimava ele tempo, a perder por 0-2 a um minuto do fim? O árbitro, que já o tinha advertido várias vezes durante o jogo pelo mesmo tipo de conduta (atenção que o Torriense também precisava deste jogo para uma eventual, mas difícil, permanência na 1ª Divisão), considerou anti-jogo grosseiro e expulsou-o. No último minuto do jogo, Teixeira faz o 0-3, decidindo o campeonato para o FC Porto. Na Luz, o jogo acabava com 7-1. O FC Porto era campeão nacional por 1 golo:

    Ambas as equipas com 17 vitórias, 7 empates e 2 derrotas.
    1º FCP – 41 pts. – 81 golos marcados, 22 sofridos
    2º SLB – 41 pts. – 78 golos marcados, 20 sofridos

    Em declarações ao jornal A Bola, António Manuel, jogador do Torriense, dizia no final: "No meu último jogo ia dando uma vitória ao Benfica e não o consegui, o que lamento como benfiquista. O Porto talvez seja a equipa que pratica melhor futebol mas nós podíamos ter dado o campeonato ao Benfica. Paciência. Como homem do Benfica, sinto muito que assim não fosse." Note-se que o Torriense acabava de descer de divisão e a preocupação deste jogador foi a derrota do SLB no campeonato. Para o Mundo Desportivo, o jogador dizia "O Porto venceu mal. A arbitragem foi nitidamente favorável aos nortenhos." Claro que foi. E tu cheio de pena de descer de divisão.

    Como final do campeonato, as competições oficiais iriam para durante 1 mês e meio, antes de se iniciar a Taça de Portugal (naqueles tempos a Taça jogava-se depois de o campeonato ter acabdo). Durante esse período, os clubes fizeram vários jogos particulares para não perderem a forma, tendo o Torriense feito dois jogos "de amizade" com o Benfica, um em
    cada campo...

    Virgílio, o Leão de Génova, jogador do FC Porto, com “os olhos humedecidos”, dizia ao Jornal de Notícias: "Pensava em ganhar, mas nunca julguei que custasse tanto. E já agora, um segredo: quando soube que o Benfica entrara em campo mais tarde 10 minutos para saber do nosso resultado, confesso que desanimei e julguei tudo perdido! Sabe o que nos valeu? Termos marcado muito tarde o segundo e terceiro golos! Lamento a maneira como os torreenses se portaram connosco. Mas tiveram o pago! Os jogadores e o público acenando-nos com lenços a 10 minutos do fim!... Lamentável!"

    CSI – Calabote Scene Investigation (IV) – O treinador-adjunto do Benfica

    Quem é Valdivielso?, perguntam vocês. Ora bem, este senhor era o treinador-adjunto do Benfica e surgiu, para surpresa e espanto de todos, no jogo Torriense-FC Porto, sentado no banco de suplentes do Torriense. Sim, leram bem. Não sei o que os adeptos benfiquistas que pugnam pela verdade desportiva pensam deste facto, nem sei se conseguem ter o discernimento para pensar nas implicações desta situação. Será que conseguem? Não vou fazer mais comentários, apenas deixar uma pergunta no ar: que tipo de ascendente tinha o Benfica, naquele tempo, sobre os clubes de menor dimensão, que lhe permitia ter atitudes destas? Passo a transcrever o que os vários jornais disseram sobre o caso. Note-se o tratamento dado à questão pelos jornais lisboetas.

    O jornal A Bola, dá conta desta situação numa caixinha pequena na última página. O texto diz o seguinte: "Surpreendeu toda a gente a presença de Valdivielso, treinador-adjunto do Benfica, nos bancos dos técnicos do Torriense. Na verdade, o técnico benfiquista "viveu", longe da Luz, os "assaltos" finais deste emocionante campeonato.
    Findo o jogo fomos encontrar Valdivielso, chorando na cabina do Torriense. Quisemos saber a razão da sua presença e acabámos por ser esclarecidos por Fernando Santos, orientador técnico da equipa de Torres Vedras, que nos afirmou: - Vldivielso não teve qualquer interferência na orientação da equipa, nem nós a aceitaríamos sequer. Veio a Torres como espectador e só por deferência esteve sentado junto a mim."

    O Mundo Desportivo (23/03/59) apresenta um desmentido, através do qual Valdivielso diz que chegou à porta do campo e o fiscal negou-lhe a entrada porque o cartão não tinha validade. Os bilhetes estavam esgotados e dificilmente conseguiria lugar na geral. Foi saudar os treinadores do Torreense e contou-lhes o sucedido. Estes, "como cavalheiros", convidaram-no a sentar-se no banco, o que aceitou. Disse ainda que foi ver o jogo para observar um jogador do Torreense num jogo de responsabilidade com vista a futura contratação.

    O Jornal de Notícias diz que Valdivielso orientou o Torriense no jogo com o FCP, tendo feito "uma longa prelecção antes de iniciado o encotro e deu novamente as suas instruções no intervalo do encontro".

    O Norte Desportivo(26/03/59) publica uma imagem de Valdivielso no banco do Torriense. Com o título: “O treinador Valdivielso sujeitou-se a uma comédia imprópria dos desportistas”, o jornal denuncia “outras armas utilizadas e que transcendem a rotina para merecerem a classificação (lisonjeiro, acentue-se) de comédias...”. E adianta que “Antes do encontro, o treinador-adjunto dos encarnados esteve nos vestiários da equipa local e ali ministrou uma prelecção de ordem técnico-táctica. Depois acompanhou a equipa aé ao terreno e, com o mais espantoso à-vontade, sentou-se no chamado banco dos técnicos...”. E acrescenta: “Durante o jogo (...) deu instruções para o campo, fez gestos teatrais, refilou com o juiz-de-linha e até interferiu num ligeiro episódio com Hernâni”. E conclui: “Fernando Santos (nr: treinador do Torriense) é um indefectível benfiquista que reside há uma dezena de anos em Torres Vedras. Ambos prestaram um péssimo serviço à ética desportiva.”

    O mesmo jornal, em 29/03, escreve: “Muitos leitores escreveram-nos e telefonaram-nos para aplaudir a censura que mereceu a atitude de Valdivielso (...) Alguns salientam a coragem que nos caracterizou. Coragem? Há exagero no emprego da palavra. Coragem teve-a o senhor Valdivielso ao desafiar, ostensivamente, o senso crítico de quem viu adoptar o comportamento que mihares de pessoas verificaram. Como estrangeiro, que presta serviço num clube português, o sr. Vladivielso devia ter estudado atentamente as consequências da sua atitude”.

    E em 02/04, publica uma entrevista António Costa, defesa do Torriense, na qual ele diz: "Bem, ele não nos treinou. Esteve na cabina a conversar connosco e, depois, foi sentar-se no banco dos nossos técnicos. Mas não nos deu indicações algumas." "A verdade é esta: receberíamos, por intermédio dele, um prémio se vencêssemos ou perdêssemos com o Porto por margem escassa." "Cinco contos a cada jogador". "... quero esclarecer um ponto: Valdivielso não chorou na cabina, por termos perdido. Limitou-se a regressar a Lisboa com o dinheiro..."

    O jornal Record resolve ignorar o assunto, mas vai mais longe. Pouco tempo depois, publica uma foto de Valdivielso sentado no banco do Casa Pia, num jogo particular desta equipa. Em tom de gozo, o jornal “alerta” para mais esta situação, como se fosse assunto para brincadeiras. A intenção é atingir aqueles que criticaram o comportamento do argentino. O Norte Desportivo foi um dele e não deixa o assunto cair no esquecimento. A 16/04, o jornal publica o seguinte artigo:

    “VALDIVIELSO disfarça e um jornal aplaude
    Causou a mais viva impressão a atitude de o Norte Desportivo ao censurar, sem evasivas, o prodecimento de José Valdivleilso, treinador-adjunto do Benfica, que por ocasião do jogo das Covas, disputado entre o Torriense e o FC Porto, se sentou no "banco dos técnicos" do clube de Torres Vedras e, com o mais espantoso descaramento, desatou a dar instruções aos jogadores do Torriense, manifestando o propósito declarado de ser hóstil ao FC Porto, numa partida cujo resultado interessava sobremaneira aos encarnados.
    Um dos jornais que nada disse sobre a estranha como condenável atitude do treinador estrangeiro, que presta serviços num clube português, entendeu "colaborar" na sinistra manobra do sr. Valdivielso, publicando fotografias, decerto prèviamente estudadas, com o evidente intuito de diluir a gravidade da situação.
    Trata-se do Record que não se sabe bem porquê decidiu, capciosamente, destruir a argumentação e as provas apresentadas pelo nosso jornal, conferindo a Valdivielso uma auréola de ingenuidade, admitindo como natural e defensável (!) o rosário de tristezas de que ele foi o principal intérprete.
    Tendenciosamente, o Record procura estabelecer a confusão, comungando ostensivamente com o estilo do sr. Valdivielso. Este disfarça (desta vez surgiu sem óculos) enquanto um jornal aplaude.
    Foi pena, realmente, que Record não tivesse iniciado a sua excelente campanha com a publicação da célebre fotografia do campo das Covas (nr. Campo do Torriense).
    A provocação do sr. Valdivielso, ao sentar-se agora no banco do Casa Pia, representa um desafio à autoridade da Federação Portuguesa de Futebol. Indevidamente, embora os intuitos sejam claros, o treinador-adjunto do Benfica tomou lugar num banco de uma equipa estranha, com a agravante de se tratar de um jogo oficial.
    Esperamos que a FPF se decida a zelar pela defesa da moral desportiva – punindo severamente um treinador que tão deploráveis exemplos dá aos jogadores que orienta.
    A "mistificação-Valdivielso", lamentàvelmente estimulada por quem devia censurá-la, só representa um péssimo serviço prestado ao Desporto Nacional.”

    José Valdivielso não seria punido e tornar-se-ia mesmo o treinador-principal do Benfica.

    CSI – Calabote Scene Investigation (V) – Os jornalistas

    1. Aurélio Márcio

    O jornalismo afecto ao Benfica lamentava, com alguma subtileza, a perda do campeonato. Veja-se, a título de exemplo, o artigo de Aurélio Márcio, em A Bola:

    "O Benfica seria campeão em França e Inglaterra

    O FCP conquistou o título por um golo, que tanto pode ser o de Teixeira como o da CUF. Em França e Inglaterra, porém, o SLB seria campeão, pois o seu quociente (3,9) é superior em relação ao do FCP (3,6) (Nota: o quociente calculava-se dividindo o total de golos marcados pelo total de golos sofridos).
    Fazemos votos para que numa próxima reforma do regulamento geral da FPF se recorra todos os meios de desempate, menos aos jogos extra, que não condizem com o espírito da competição."

    O Norte Desportivo faz uma notícia bem corrosiva como resposta ao texto de Aurélio Márcio:

    “O Benfica ficaria campeão em Inglaterra e em França, mas...

    ... em Portugal o campeão é o FCP.
    Alguns colegas nossos do sul têm descoberto muitas coisas. São, realmente, uns verdadeiros sábios e, os seus devaneios, caprichosos, saem da vulgaridade. Agora descobriram que o SLB, se fosse na França e na Inglaterra, teria ficado campeão, pois seria utilizado o coeficiente de golos de golos. E foram tão”perfeitos” que até fizeram contas a demonstrarem que são excelentes aritméticos...
    Mas a despeito dessas obrigações, ao simpático e popularíssimo Benfica o que interessava era ficar campeão de Portugal. Ora esse intuito é que não se corporizou, pois o campeão é o FCP.
    Foi pena que os nossos ilustres colegas não informassem a multidão de quem ficaria campeão da Indochina, nas Filipinas ou na Patagónia.”

    Excelente!

    2. Alfredo Farinha

    Talvez o mais nítido exemplo de jornalismo vermelho esteja na edição do jornal A Bola que fez a cobertura do jogo Benfica-CUF. Leia-se com atenção:

    Título de primeira página: “JOGO EMPOLGANTE E DRAMÁTICO DE UM CAMPEÃO MALOGRADO”
    Título no interior: "A EQUIPA CUFISTA QUEIMOU MUITO TEMPO!"
    Excertos do texto, assinado por Alfredo Farinha:

    "Estava escrito! Estava escrito que o Benfica perderia o campeonato! Eram estas, no final do empolgante e dramático jogo da Luz, as duas frases que britavam dos lábios de uma grande parte dos adeptos benfiquistas. Nem um grito de revolta, nem uma recriminação, nem um queixume. Apenas esta frase, dorida, magoada, empregnada de resignação e conformismo: "Estava escrito!".
    Ela bastava, porém, para dizer tudo: para fazer justiça á grande e desafortunada exibição dos jogadores "encarnados"; para evocar as muitas oportunidades de golo perdidas por alguns dos seus avançados; para lastimar as atitudes de exacerbada hostilidade dos jogadores cufistas; para gritar o seu protesto contra a fatalidade de um campeonato perdido nos derradeiros instantes.
    Mereceria o Benfica ter perdido este campeonato?
    A pergunta talvez não tenha cabimento nas linhas desta crónica, que tem de cingir-se, apenas, aos acontecimentos do encontro da Luz. Calma e imparcialmente, porém, hemos de convir que na medida em que a questão do título estava dependente do número de golos que o Benfica marcasse na Luz, os seus jogadores e adeptos têm razão para se sentirem injustamente despojados do triunfo final. É que, independentemente das circunstâncias em que decorreram os últimos minutos deste histórico domingo de futebol; indepentemente mesmo do grande nível da exibição produzida pela equipa "encarnada", o Benfica poderia, deveria e merecia ter vencido a CUF por diferença superior a 6 golos"
    (...)
    "...a CUF não jogou, exclusivamente para si, mas também para uma outra equipa (a do FC Porto) que estava á margem da luta travada na Luz. Se assim foi – e por legítima temos a presunção – cremos existir aqui um problema de ética, digno de, em melhor oportunidade, ser devidamente apreciado e analizado"
    (...)
    Até que ponto é lícito a uma equipa defender, contra outra, de maneira ostensiva e contrária ás leis e espírito de jogo, os interesses de uma terceira? Não será esse procedimento tão incorrecto e antidesportivo como o inverso, isto é, o de facilitar, propositadamente, com o fim de prejudicar os interesses doutrem, a vitória do adversário? As perguntas aqui ficam, por ora sem resposta. Mas talvez valha a pena, em próxima oportunidade, tomá-las para tema de um artigo.”

    Esta prosa quase nem merece descodificação. Está lá tudo, para quem tinha dúvidas. Lamentavelmente, o senhor Alfredo Farinha não se pronunciou em termos críticos, nos tempos seguintes, sobre a demora propositada em começar o jogo na Luz, ou sobre as declarações dos jogadores do Torriense, do próprio guarda-redes da CUF, ou sobre o caso do treinador-adjunto do Benfica, sentado no banco de suplentes do Torriense. Confirma-se, afinal, que, tal como hoje, a verdade desportiva só tinha uma cor: o vermelho.

    Mais excertos, desta vez do texto sobre "O ambiente... fora do jogo"

    "O Benfica entrou em campo com mais de 5 minutos de atraso. Alguém, perto de nós, alvitrou tratar-se de um estratagema, com o fim de manter o público e os jogadores ao corrente do que se passava em Torres Vedras.
    Por essa ou outra razão, o certo é que, ainda o jogo não tinha começado e já um longo sussurro de sofrimento percorria as bancadas.
    - O Porto já está a ganhar por 1-0!...
    Mas não era verdade. Os portadores de aparelhos de rádio apressaram-se a desfazer o descoroaçante boato. E, desfeito o acabrunhamento do terrível pesadelo, as turbas tornaram a erguer-se, frenéticas, clamando:
    - Benfica! Benfica! Benfica!
    E foi como se a equipa encarnada tivesse marcado o seu primeiro golo antes de se dar o primeiro pontapé na bola...
    (...)
    E quem poderá contar os dramas íntimos de cada um? As lágrimas que não puderam chorar-se? Os gritos de dor que ficaram represados nos peitos?
    Quem poderá apreciar, medir, descrever, a tristeza daquele lento, arrastado, quase lúgubre, debandar do Estádio da Luz?..."

    Texto bastante riquíssimo do ponto de vista literário, sem dúvida. Mas estamos a falar de um jornalista. Imparcialidade? Não, isso era coisa estranha para os lados do jornalismo de Lisboa. Com este tipo de prosa, estou certo que se fabricou muito mito benfiquista. E, claro, omitiu-se muita matéria passível de censura.

    Como curiosidade, o título de primeira página de A Bola sobre a vitória do FC Porto em Torres Vedras é um seco “OS PORTUENSES VENCERAM A SUA PRÓRIA ANSIEDADE” (da autoria de Aurélio Márcio).

    CSI – Calabote Scene Investigation (VI) – Conclusões

    TORRIENSE-FC PORTO:
    - O treinador-adjunto do Benfica sentado no banco do Torriense, numa demonstração de domínio sobre os clubes mais fracos e subservientes ao Benfica.
    - Os jogadores do Torriense a queimarem tempo, mesmo estando a perder e precisando do jogo para não descer de divisão.
    - No final, um jogador do Torriense lamenta-se por... não ter conseguido dar o campeonato ao Benfica. Sintomático.

    BENFICA-CUF:
    - O jogo começa com muitos minutos de atraso.
    - O árbitro, que era de Évora, marca 3 penaltis a favor do Benfica. O primeiro, curiosamente, falso como Judas.
    - O guarda-redes da CUF é substituído depois do 5º golo do Benfica, a pedido dos seus colegas de campo. No final, lamenta que o Benfica não tenha conseguido os seus objectivos.
    - O árbitro dá mais 4 minutos de descontos, mente no relatório e permanece fiel à sua versão. A soldo de quem?"

    Dos Super Dragões, claro!....

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  29. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  30. Não me custa nada a acreditar que O BETO FOZEIRO do Silvio Cervan esteja metido numa conspiração para prejudicar o FC Porto.
    O BETO NOJENTO é anti portista doente.

    BETO FOZEIRO, BENFIQUISTA E DO PP - só lhe falta o 666 tatuado na testa!

    Mas cá se fazem cá se pagam!

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