Com os dois primeiros jogos no dia inaugural do Mundial confirma-se, pelo menos, que a prova começou hoje e a sério, para usar a terminologia barata de um Tónio qualquer a lançar o mote para a competição, algo que La Palisse não desdenharia tal como, no mesmo O Jogo,
opta-se por dar o calendário de toda a competição, numa página inteira, com a indicação de todos os jogos serem transmitidos pela SportTV (sem alternativas), o que não sendo novidade ajuda a reforçar a plataforma do próprio patrão do jornal que é bom accionista da tv de pagamento... Já o Record insiste em diferenciar as transmissões com bolinhas para a RTP e a SIC numa página a preto e branco, o que dá igual para todos, depois de pelo menos sete erros nos horários dos jogos na tabela de toda a competição da sua revista...
Começou a sério e com as dúvidas habituais pelo "nervosismo" dos jogos a doer que são a estreia típica em grandes competições. África do Sul com poder de choque e muito físico mas sem manha e México com toque mas sem profundidade e entregue à invenção dos seus homens da frente, os celebrados jovens Vela e Giovanni dos Santos, até entrar a calma e tarimba de Cuhautemoc Blanco a pôr ordem no ataque, animaram o jogo de abertura mas não entusiasmaram pelo seu futebol. A França tem um poder ofensivo que não perde para nenhum concorrente e só a tenacidade (e atabalhoamento sem percussão ofensiva) uruguaia travou uma linha avançada que ainda deixou no banco Cissé depois de meter toda a carne no assador, imagine-se, com Govou, Anelka e Ribéry de início, mais Henry, Malouda e Gignac depois!!! - sem evitar o 0-0 mas os gauleses sem desmerecerem a categoria de favoritos pelo menos até aos quartos-de-final.
A tónica, para mim, foi o apuro físico das equipas que mereceram ganhar, anfitriões e os europeus, o que pode ser importante numa prova disputada em Inverno, o que ajudará a refrescar homens muito esfarrapados por extenuantes provas europeias e que costumam dar-se mal em ambientes tórridos nas finais que se disputam no Verão do nosso hemisfério.
Pode ser, neste ponto, uma discussão de batatas e sua lógica, mas talvez o clima favoreça os mais fortes e impeça qualquer surpresa. E impedir surpresas é evitar que os cabeças-de-série no sorteio acabem em 1º lugar nos grupos, tornando-se indiferente quem
acaba em 2º lugar e jogue com o vencedor do "grupo do lado", o que continua a dar vantagens aos mais fortes que, assim, poderiam chegar com lógica e sem batatas aos quartos-de-final: França, Argentina, Inglaterra, Alemanha, Holanda, Itália, Brasil, Espanha pela ordem dos grupos de A a H. Como só depois há um novo módulo de vencedores de grupo salteados (A-C e B-D, em vez de A-B e C-D), nessa previsão simplista ditaria assim os quartos-de-final: França-Inglaterra, Argentina-Alemanha, Holanda-Brasil, Itália-Espanha, la crème de la crème e o verdadeiro torneio de campeões com o Uruguai como único excluído de todos os que venceram a Taça do Mundo da FIFA e com a presença da Holanda sempre perfumada e a Espanha campeã europeia.
A partir daí não é só palpites, mas o gosto por uma equipa a desempatar os vaticínios. Muita gente aposta em Brasil e Espanha e concedo que os campeões europeus em versão Barça de jogo de toque em progressão e letal na área são os meus favoritos, mas tenho dúvidas do potencial canarinho, tal como a capacidade de Maradona fazer uma equipa de excelentes individualidades que ainda nada provaram colectivamente, justificando-se as interrogações sobre a Argentina. Valores mais certos parecem-me, como sempre a Alemanha, digam o que disserem se quiserem esquecer que a História faz-lhes sempre generoso reconhecimento a esses determinados jogadores, além de depositar muitas esperanças, ao contrário de Maradona e porque este já muito provou e ergueu a equipa dos Três Leões, em Fabio Capello se a Inglaterra apresentar uma frescura física que sustente a valentia dos seus jogadores.
Pelo que, fugindo ao vaticínio mais corrente, Inglaterra ou Holanda poderiam ser finalistas com a Espanha.
Ora, tanta "confiança", justificada e não cega, na Espanha inviabiliza a progressão de Portugal que tem na terça-feira a sua final logo a abrir com a Costa do Marfim. Sem Nani e perdendo muito potencial ofensivo, com C. Ronaldo mais intermitente como no último ano e meio na Selecção sem ser carne nem peixe e nem se adequar a um jogo onde só pode jogar no último terço do campo - e não vindo atrás, como quer mas não resulta, sem que C. Queiroz corrija esse pormenor posicional e de estratégia, em minha opinião o busílis da questão do seu sub-rendimento -, Portugal terá mais dificuldades em passar o grupo mais dificil de todos e das duas uma, se passar: como 1º, o que é inverosímil, acabaria por defrontar a Holanda nos 1/4 e como 2º terá logo a Espanha pela frente nos 1/8, para mim as selecções, com a Inglaterra, com mais variedade de soluções e alegria ofensiva e, por isso, potenciais finalistas.
Decerto depois de todos virmos cada equipa pelo menos uma vez ficaremos com uma ideia mais assertiva do seu valor, mas não se vislumbram, nem em pormenor, factos que alterem a hierarquia estabelecida no sorteio. Quem quiser, faites vos jeux...
adenda (13/6): depois de ver a Inglaterra a tremelicar e com um guarda-redes que "enterra" na linha dos antecessores, retiro o que disse; e, sim senhor, gostei da Alemanha que, mais uma vez, não poupa nos jovens: Neuer, Ozil, Khedira dos sub-21, ataque poderoso para a companhia atrás que não inventa, Mario Gomez é um cepo como qualquer "keeper" inglês que nos brindam com frangos já intragáveis.
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