Extraordinária a forma como, serena e conscientemente, com pedagogia, educação, sensibilidade até para mandar alguns "recados" e falar "olhos nos olhos" a certos detractores, alguns deles "aqui à minha frente", Carlos Queiroz fez o balanço possível, nesta altura, mas assertivo, coerente e justo, sobre a participação portuguesa, muito digna e sem lamechas, no Mundial em que tantos depositaram, como quase sempre, infundadas esperanças face ao quadro que se desenhava do sorteio e à potencialidade, sempre reduzida de forma progressiva e até drástica por várias lesões num campo de recrutamento e nível de aperfeiçoamento limitados, da equipa que deve sentir-se tão orgulhosa quanto unida, apesar de alguns marcharem com passo trocado, porventura com orgulho próprio mas sem sentido colectivo.
Estava a ouvir na rádio do carro, em gravação, tristes e bacocas declarações do "já sabem do que estou a falar" Octávio realmente caricaturado "Malvado", quando soube que CQ ia falar em directo e acorri à tv.
Com tanto já conquistado e muito ainda por aperfeiçoar, o seleccionador nacional fez um balanço sério e até exaustivo, para o momento, e esperançoso para o futuro. Mostrando uma forma extraordinária, Carlos Queiroz falou do futuro quando muitos se questionam, não só pelo passado e o abandono da produção da formação que agora cobra factura pelo depauperado cenário de aproveitamento de valores hoje promovidos no Chile, na Coreia do Sul, no Japão, no México, na Alemanha, na Suíça, no Gana e até com evidência flagrante na Espanha que acabou de nos ganhar de forma justa, com que jogadores vamos jogar a partir de Agosto (preparação) e Setembro.
Certos críticos, muitos cínicos e tantos ignorantes não pedem contas, agora, na hora - como aqui sempre defendi ao longo destes anos e desde a primeira hora - ao sargentão "o chefe sou eu" que votou ao abandono precisamente os escalões de formação e a promoção dos jovens jogadores nacionais que uns milhões de idiotas aos pulos com as vitórias dos seus clubes amiúde com 1% de portugueses no seu onze titular tanto desprezaram, enquanto a tal Geração de Ouro, também em queda inelutável (2º em 2004, 4º em 2006, 8º em 2008) iludia as questões e servia de promoção apenas para o chico-espertismo brasuca e o misticismo bacoco que durante anos vendeu banha de cobra com o melhor que havia no pé de bola nacional.
Cristiano Ronaldo será, em definitivo, posto em su sitio, outros deixarão naturalmente a Selecção, repatriados ou em decadência simples, Varela, Nani, Ruben Micael, Bosingwa estarão aí para relançar a selecção onde, salvo Nani, mal se constituíram como alavancas para um futuro melhor.
Talvez Portugal possa vir a jogar com 11 homens em campo em vez dos 9, nove e meio ou 10 jogadores que se (não) viram em cada jogo do Mundial. Portugal fez-me lembrar muito o FC Porto desta época onde em cada jogo parecia jogar sempre sem pelo menos um jogador, este ou aquele mas sempre em inferioridade numérica.
Depois do espectáculo triste do toca e foge de CR7 a quem nem o "mata-borrão" da desculpa oficial no site de gestor de carreiras; dos 1001 treinadores que preferiam Miguel a lateral - como se antes Miguel não fosse destacado face a Paulo Ferreira por atacar melhor do que defende - em vez de Ricardo Costa, Pedro Mendes em vez de Pepe ou Liedson em vez de Hugo Almeida amiúde desfavorecido nas comparações e menosprezado como avançado de valia útil para a Selecção tão carente que teve de se "naturalizar" um brasileiro (e precisamente porque HA, no início desta mesma época, esteve inválido por uma súbita apendicite, que poucos podem lembrar), mais Deco, Miguel Veloso ou os que ficaram para trás e evocados só pelas simpatias clubísticas que preferencialmente se pretenderiam banir da Selecção "a bem do grupo", Carlos Queiroz mostrou-se à altura das responsabilidades.
Para, entre a dignidade com que a Selecção se bateu nos seus limites tão curtos para a ambição propalada, emergir mais da mediocridade e até idiotice de comentários de gente anónima e outra muito burra mais reconhecida, a lembrança de como Mourinho com o Inter parou o Barça replantado na selecção da Espanha que Queiroz não travou, como ouvi esta manhã até a um venerando, mas igual a tantos outros, qualquer coisa Correia na TVI, diz bem da noção de non-sense e da ausência de tudo, até de espelho, na apreciação que se fez, demagogicamente, da eliminação, natural e prevista, da Selecção.
Foi o último exemplo, evocar o Inter truculento, retranqueiro e favorecido pelas arbitragens - três factores que não se aplicaram a Portugal neste jogo - que eliminou com sorte e favores o Barça e é o cúmulo do despautério mas o suficiente para se explicar como qualquer explicação e misticismo barato, depois do segredo do Caravaggio e demais ideologia que ganhou raízes em mentes menos esclarecidas, pode ser argumento para uma serena troca de ideias baralhadas pela valoração atribuída a declarações sem sentido de jogadores despeitados e pouco dados ao respeito por si mesmos e sem merecerem o dos adeptos. Como se o Inter não defendesse com tudo e com todos, Deus nos acuda, salvando-se apenas porque um árbitro anulou um golo, de forma contestável por alegada mão na bola, a Bojan e ao Barça no último minuto, uma decisão tão notória, aleatória e no fio da navalha como a permissão de a Espanha ter marcado um golo em posição irregular de difícil percepção como foi o golo de Villa.
De facto, esta derrota poderia permitir uma reflexão mais cuidada e profunda, atenta, consciente e serena, sobre o futebol português. Mas sem interlocutores à altura - hoje até uma jornalista da Agência Financeira na TVI24 opinou alarvemente... com o sentido das coisas básicas e focando aspectos marginais à essência do jogo que não entende - realmente não se pode discutir e avaliar nada com gente deste nível baixo. Resta seguir em frente, como preconiza Queiroz apontando o rumo e reafirmando a sua liderança.
Parabéns, finalmente, a O Jogo que resumiu o CR0 a zero rotundo, quebrando também esse respeito venerando para com certos ídolos de pés de barro e até hoje imunes a críticas severas - de resto proibidas na Imprensa do regime que castigou jornalistas mais ousados e recalcitrantes a seguir o politicamente correcto - que bem poderiam estender-se à produção nula de outros jogadores, como Danny em todos os jogos e Simão no jogo todo e Tiago na 2ª parte na partida de ontem, deixando claro que na frente esteve o calcanhar de Aquiles de Portugal e não por causa desta ou daquela troca e posicionamento mais ou menos impositivo como se algum destes precisasse que, no jogo, o ensinassem a jogar.
ACTUALIZADO (23.21): no resto do dia, mais do mesmo, ouvi por acaso o Luís Freitas Lobo (outra vez...) e o João Rosado, na TSF, a criticarem o facto de CQ ter falado de Varela e R. Micael ausentes no Mundial. Mais uma questão de interpretação descuidada e desatenta, pois os nomes evocados foram-no quando o seleccionador, no seu balanço, foi instado a comentar o futuro e as próximas convocatórias com vista ao Europeu-2012. Intoxicação, portanto, além de falar à toa do que não está devidamente contextualizado. Depois, enfim, entre outras leituras atrasadas e amiúde indirectas, consegui ler um director de jornal, ex-director de um diário desportivo e crítico, como todos os sportinguistas que jamais perdoaram a passagem de CQ por Alvalade, a falar mal (também) da substituição de Hugo Almeida, para dizer (João Marcelino), a seguir, extensamente, que muitos jogadores não renderam um caracol e, por isso, subentendendo-se que houve muitas mais coisas para além da circunstancial, e nada feliz, troca de Hugo Almeida por Danny. Para finalizar o forrobódó pródigo destas circunstâncias com feras à solta, o sobrinho do Mário Soares que goza desse "estatuto" como muitos sobas do regime, um Alfredo Barroso igualmente sportinguista e cretino com maus fígados, capaz de trazer à baila o famoso 3-6 de Alvalade, com a desinformação e descontextualização da famosa substituição de Paulo Torres. "20 anos depois, lembra o velho, ainda se evoca o facto como se a razão do 3-6 para o Benfica fosse essa, quando a troca foi efectuada já o Benfica ganhava, ao intervalo, por 2-3... Enfim, na hora da derrota o pior dos tugas vem ao de cima, e é só lodo de onde nada se tira de proveitoso.
Tudo o que poderia dizer sobre Carlos Queirós como seleccionador nacional e da crítica alarve dos desqualificados assalariados lambe botas do costume, está inserto neste trabalho.
ResponderEliminarEspero não estar enganado quanto à determinação, personalidade e competência de Carlos Queirós para escolher e preparar os jogadores que melhor e mais devotadamente queiram, desportivamente, representar Portugal.
Mas não deixa de ser chocante e lamentável que um homem com a estatura, profissionalismo, educação e qualidade de Carlos Queirós, gere
tantos anti-corpos e ataques soezes, a maior parte deles sustentados apenas na antipatia pela sua postura isenta e de não alinhado com os "lobies" ou apóstolos da confraria prevalecente na comunicação social.
Na verdade, neste Portugal pequenino, são melhor aceites os mistificadores do que os honestos.
Zé Luis,
ResponderEliminarNada a acrescentar, é preciso começar a preparar o Euro 2012 com a tranquilidade que exige uma fase de qualificaçao que será uma clara renovaçao com base na equipa do ultimo Scolari do péssimo Euro 2008 onde, aí sim, tinhamos obrigaçao de ir mais longe.
Sem os Pedro Mendes, Liedson, Simao, P. Ferreira, Deco, R. Carvalho??, e com vários jogadores novos que nao ganharam nada e querem jogar algo, Portugal tem tudo para procurar uma classificaçao directa e preparar um grupo para o último europeu a 16. A partir daí chegar aos euros será demasiado facil (a 24, quase metade das federaçoes europeias) e o Mundial do Brasil ainda está longe. É o tempo perfeito para ajustar os problemas de formaçao e limpar os egos.
De começar!
um abraço
A única coisa que eu não percebo é a convocação de jogadores não tinham nenhuma hipótese de jogar com ritmo, como o Pepe, o Deco e o Paulo Ferreira. Se era para isso, jogava o Carlos Martins e o João Pereira, que ao menos conhecem o lugar e conseguem correr, por muito que estejam longe de ser brilhantes, mas às vezes têm rasgos. Os titulares, nem por isso.
ResponderEliminarO puto do ronaldo é que pode ir para...
finalmente uma pitada de lucidez neste caos de rafeiros a ladrar raivosamente sem motivo.
ResponderEliminaro queiroz errou nesta ou naquela substituição? parece que sim.
podia talvez ter sido mais ousado neste ou naquele momento dos jogos? é provável.
mas fez o que podia, com o pouco que tinha - com o nani e o bosingwa e o verdadeiro pepe e o varela e o ruben micael seria decerto outra conversa - contra a campeã europeia, que tem um potencial 40 vezes superior ao nosso.
É tempo de olhar em frente, mas há coisas por resolver. Começando pela braçadeira de capitão entregue a alguém que é um caso de estudo ou, colocando isso para segundo plano, perceber como alterar o horizonte negro que nos espera depois de tantos anos sem resultados nas selecções jovens.
Espero que a entrada a fundo na cultura da naturalização não seja a emenda, e isto nada tem de xenofobia, naturalmente. Apenas de gosto. É uma fuga para a frente ou uma cerimónia fúnebre em formato festivo.
Belo texto.
Desculpem lá amigos Portistas... Não é obrigatório amar, elogiar, endeusar CQ, pk o PdaC gosta dele... Por favor... Ou pk os lampiões o detestam, nós temos que adora-lo... Ao mesmo tempo que referem autenticos absurdos que aconteceram, insistem que ele é fantástico... Lembrem-se do outro, que tb era adorado por muitos... há 4 meses que não era titular, NAC, foi-o contra o Arsenal, e desapareceu até hoje !!!
ResponderEliminarBoa noite amigo,
ResponderEliminartem aqui um excelente blog, parabéns.
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Aqui vai o meu, responda no meu por favor, abraço e continuação de excelente trabalho.