Vigarice branqueada, parte II

Deixei propositadamente para melhor oportunidade a enumeração das asneiras de Lucílio Baptista no clássico e a forma vigarista como voltou a condicionar um jogo que só fortuitamente, apesar de muito ter tentado, não influenciou com peso no resultado.

Depois de nenhum jornal decente as ter descrito num rol abominável de grandes prejuízos para o FC Porto, nem o José Leirós na sua exaustiva elencagem no JN, no Trio de Ataque Rui Moreira também não descobriu metade das maroscas do árbitro-vigarista, deixando que Rui Oliveira e Costa, com o beneplácito esperado da editoria à distância do vigilante Carlos Daniel, permitisse focar os lances do Tomás Costa que, como é hábito nas televisões do regime, se multiplicaram que nem pães comparativamente até à agressão bárbara do Derlei, um peixinho no oceano...

Os lapsos do árbitro e dos comentadores encartados
Então, o que eu apontei do árbitro:

1) M. Veloso faz uma falta antidesportiva (agarrão ostensivo) logo no início, sem amarelo nem depois de chutar a bola para longe (!); 2) Rochembach corta a bola com a mão, ainda sem amarelo como porventura aconteceria se fosse de um portista; 3) Moutinho faz o primeiro de três mergulhos, junto à área portista, a antecipar os sucessivos golpes de teatro da sua lavra, sem amarelo por simulação; Sapunaru fica perplexo com o leãozinho mas não antecipa os episódios seguintes; 4) como era de esperar, Lucho leva amarelo que sai quase automático para um portista, o primeiro no jogo, repetindo-se a sequência da Luz e de Vila do Conde (já lá vamos); 5) Abel tem uma entrada rasteira, mas muito frequente quer nele quer em Grimi (lembrem a final da Taça e duas sarrafadas seguidas no Quaresma para amansar logo a fera), e já antes dele era usual em Miguel Garcia por exemplo, falta duríssima sobre Fucile que nem amarelo deu e devia ser vermelho; 6) Abel acaba por levar um cartão numa entrada idêntica a que o árbitro não podia mostrar os dedos para comprovar que sabia contar até quatro...

7) João Moutinho lidera, como capitão, o Sporting nos protestos, além de simular faltas continuamente para vergonha da sua condição de profissional e travão a uma precoce saída para o estrangeiro onde tal não lhe seria permitido em lugar algum do futebol civilizado, nem de Imprensa alguma a não ser a subserviente cá da paróquia de santos de pau carunchoso.

8) o penálti seria o mais caricato do jogo se o mais levezinho entre os levezinhos com ar de durões em Alvalade não tivesse a irreprimível tendência de se atirar para o chão ao mínimo sopro. Pegar no intensímetro para dizer que a mão de Tomás Costa derruba Moutinho é desafiar a lei das probabilidades de, salva a devida proporção, admitir que ao mínimo vento contra um avião pode cair. Para compor o ramalhete da Imprensa do regime, o argumento de o árbitro estar perto é suficiente para garantir que há penálti: viu, marcou, nada a discutir. Tomara fosse sempre assim, discussões para que existiriam?...

9) Para prosseguir na contemporização com os jovens leõezinhos que não deviam estar acima da lei mas sim merecer tratamento igual que se espera de um juiz de campo, a falta de Polga sobre Lisandro, na zona frontal à baliza e pela entrada por trás, justificava amarelo, mas também ninguém achou que devia ser assim... repararam?

10) A reclamar mais uma falta, que até existiu já na 2ª parte, Moutinho agita os braços e discute desabridamente com o árbitro, mas continua sem levar um amarelo que Liedson, por exemplo, já na parte final levou... os tais protestos permitidos a uns, outros não.

11) Tomás Costa leva um amarelo justificado por uma carga dura sobre Moutinho. Os recém-chegados ao FC Porto, como ele e Sapunaru, já perceberam em cinco semanas como é jogar em Lisboa: os guardiões do templo não disfarçam com um "cartão alaranjado", pedem logo vermelho directo.

12) Sapunaru sofre falta de Djaló, o árbitro deixa correr o marfim como essse bando de irresponsáveis faz quando um jogador do FC Porto está em dificuldades por cargas ilegais, o romeno é agredido por Derlei mas não há vermelho, sendo que Derlei é useiro e vezeiro nestas lides não obstante depois desculpar-se, digo eu que tento adivinhar, com o calor da luta.

Aqui um grande parêntesis para enquadrar a tramóia geral:

O árbitro, exactamente ao estilo de Bruno Paixão quando Nuno Gomes agrediu Filipe Anunciação em P. Ferreira, dá um tempo, reflecte (?), manda entrar o médico, o agredido põe-se de pé e com um sentido salomónico que denuncia a sua desonestidade intelectual, dá amarelo a Derlei e... amarelo ao agredido. Sapunaru já tivera um amarelo na Luz por falta inexistente sobre Léo, da qual o Benfica quase marcava golo. Além de pitons nas pernas, o romeno tem advertências e multas para aprender como é a arbitragem nos jogos da hostil capital falida do Império destroçado.

13) há quem diga que certos jogadores, Nuno Gomes e João Moutinho à cabeça de certeza, têm boa imagem, ou boa Imprensa ou algo do género que se diz quando não se tem a coragem de dizer mais nada. Pereirinha quando muito só tem certa deferência de Paulo Bento, que confia virar resultados com ele mesmo quando a intenção é defender (vide Porto-Sporting de Março de 2007). O jovem leão faz falta sobre Rodriguez de onde Bruno Alves, de livre, atiraria depois à barra. Uma falta igual à de Polga, mas este também passa pelos intervalos da chuva quanto a fazer faltas sem consequências disciplinares... Ele e Tonel, já agora...

14) à falta de pressão no campo, eis mais um quadro habitual em Alvalade, a da arruaça que se não chega das bancadas vai do banco e dois colaboradores de Paulo Bento são mandados embora...

15) já com o balão a esvaziar, Liedson faz falta, com obstrução, numa saída de Nuno, protesta e leva amarelo. A situação do guarda-redes fora da área implica que possa sofrer faltas? Não, apesar da teimosia descabelada a condizer com a figura de Rui Oliveira e Costa, que diz mesmo que até na pequena área o guarda-redes pode ser tocado, o que é uma pequena verdade em situações muito particulares. Domingos já marcou de cabeça antecipando-se a Costinha, em Alvalade, e o golo foi anulado apesar de o portista ter saltado primeiro e quem chocou com ele foi o guardião na saída atrasada.

Enfim, é muita fruta mas não foi o FC Porto que a deu.

Ponto comum nas três saídas do FC Porto?
Agora, se verificarem como na Luz, em Vila do Conde e em Alvalade o FC Porto cometeu menos faltas que os donos da casa nesses jogos e saiu com o maior número de cartões graças ao critério disciplinar selectivo de Jorge Sousa, Pedro Proença e Lucílio Baptista, expliquem lá se isto não é má-fé, má-fé ou má-fé?

O quadro dos cartões nas saídas dos dragões:

Benfica 3 - 5 FC Porto
Rio Ave 1 - 5 FC Porto
Sporting 4 - 4 FC Porto

E se os mesmos que ignoraram o empurrão de Postiga a Meyong (Bruno Paixão no Braga-Sporting); apagaram (as imagens não mais se viram) o empurrão de Ronny a Quaresma (Carlos Xistra no Sporting-Porto da época passada); menorizaram o empurrão de Polga a Lisandro (O. Benquerença na final da Taça) antes de João Paulo derrubar Moutinho para ver um vermelho directo - descobriram a intensidade do braço de Tomás Costa no leve, levezinho Moutinho com queda fatal na área - então nós é que somos malucos? Onde está a coerência dos avaliadores?

Um editor de televisão tem a obrigação de pôr no ar as imagens de valor semelhante. Descobriria, mas isso não deve ser conveniente, que o mesmo árbitro vê lances idênticos em vários jogos em favor de um clube (ou vizinho); que vários árbitros têm o mesmo comportamento pavloviano no julgamento de lances de campainha de alarme; e que o FC Porto é prejudicado por esse bando de malfeitores de campo que só têm equivalência naqueles que têm a obrigação de denunciar os abusos e desigualdades, em nome da verdade desportiva, mas as encobrem numa clandestina Liga da Falsidade e põem títulos explosivos só num certo sentido.

Pequenos exemplos reais (adivinhem onde):

O Sporting é (alegadamente) prejudicado em M. Cónegos? ROUBO
O Leiria tem uma bola meio metro na baliza de Alvalade? SPORTING TEM SORTE
A bola nem entrou na baliza do FC Porto? FRANGO DE BAÍA NÃO CONTOU
A bola terá entrado na baliza do FC Porto? BENFICA QUASE GANHAVA

Do caixão à cova
Numa época em que o líder dos árbitros Vítor Pereira faz nomeações cirúrgicas para um início de campeonato exigente para uma equipa portista em remodelação estrutural e estética, depois de apelar à protecção dos artistas e prometer equidade no tratamento dos árbitros, isto em cinco jornadas já não é o último prego no caixão, nem o atirar de areia para os olhos, mas apenas a terra para cobrir o féretro já na cova.