20 dezembro 2008

A Primeira Metade

Esta tem sido uma época atípica para os campeões nacionais. E atípica, essencialmente, pelas oscilações que pudemos ver na equipa. O Porto foi uma equipa que nos habituou, ao longo dos anos, a praticar um futebol extremamente regular, a eliminar um mau resultado com uma vitória no jogo seguinte, e não é de todo comum vermos os azuis e brancos com um conjunto de maus resultados consecutivos. Pois bem, isso sucedeu nesta temporada, e a meu ver, nem tudo é negativo a esse respeito.

E a explicação é simples. O hábito de vencer também tem o seu lado negativo: o comodismo, a aceitação de uma realidade habitual. No fundo, a garra e a irreverência também se fazem de maus resultados, da necessidade de ultrapassar mais um obstáculo, e de conseguir provar que tudo não passa de um mau momento. Foi precisamente esse o percurso deste Porto versão 2008-09, um Porto que abanou com a famosa derrota de Londres, e que pouco depois acumulou 3 derrotas consecutivas frente a Dinamo Kiev, Leixões e Naval. Foi a 5 de Novembro que Jesualdo Ferreira conseguiu virar o rumo da equipa, com uma vitória à Porto, um 2x1 em Kiev que relançou a equipa na Liga milionária. O que julgo que poucos estariam longe de entender, foi que de facto esta vitória foi bem mais do que 3 meros pontos. No seio de um balneário jovem e pouco experiente, a vitória de Kiev tocou individualmente a cada um dos atletas, e permitiu uma reviravolta de 180 graus no tão importante factor psicológico da equipa.

Os resultados são reveladores: desde então, 9 (sim, 9!), vitórias consecutivas do campeão nacional, contabilizando uma importante partida em Alvalade para a Taça de Portugal, e dois jogos (frente a Fenerbahçe e Arsenal, respectivamente) que colocaram a equipa no primeiro posto do Grupo G. Jesualdo sabia-o, certamente, e toda a sua experiência lhe diria que quão maior fosse a tempestade, mais prolongada seria a bonança. O Porto actual revelou um Fernando cada vez mais consistente, Raúl Meireles como um pilar da equipa, Rodriguez mais e melhor adaptado, e claro, Hulk, o elemento explosivo que faltava ao ataque portista. Foi como uma explosão de estrelas, algo inesperado depois de um período tão negativo.

A partida frente ao Arsenal foi aquilo que vejo como o expoente máximo da forma portista actual. Com ou sem bola, a equipa apresentou rotinas brilhantes, cada passo era dado com confiança e segurança, revelando igualmente uma letalidade fora do comum: um belo golo de bola parada, e um contra-ataque fulminante. Hulk trouxe à equipa uma irreverência inexistente durante o "reinado" de Quaresma, e apesar da ainda pobre movimentação táctica do brasileiro, toda a sua velocidade e capacidade para abrir espaços com a bola no pé, juntamente com a potência e precisão do seu pé esquerdo nas bolas paradas, fazem do atleta um sinal + neste Porto versão 2009. Actualmente, o Porto é uma equipa que se comporta como um grande com a bola no pé, e como uma equipa pequena quando não a tem em sua posse. Na partida frente aos londrinos, foram percorridos quilómetros na tentativa de recuperar o esférico, sendo neste particular Fernando um homem em destaque. Com a saída de Assunção, Fernando Reges fez questão de revelar como é o atleta certo para o lugar, não precisando de mais de 5 partidas para assegurar a titularidade. A forma "histérica" como recupera e sai a jogar são elementos cruciais neste Porto actual, que tanto em ataque continuado como em contra-ataque gosta de jogar de pé para pé, num futebol veloz e incisivo.

São pontos a reter, num período em que o FC Porto revelou alguns dos seus reforços como valores seguros, e que no fundo Jesualdo tinha do seu lado a razão quando disse: há que dar tempo a estes jovens jogadores, verdes e inexperientes, pois certamente irão nos trazer enormes alegrias. E afinal, não parece ter mentido, o Professor.

13 comentários:

  1. Rui, post interessante que motiva discussao interessante. Pelo menos para mim.

    Jesualdo sempre alertou para o numero de jovens na equipa e para o tempo que é necessario para preparar uma equipa nestas condiçoes. Foi pena foi nao ter tido a coragem para fazer ha 3 meses o que esta a fazer agora.

    Quero dizer aqui que nada tenho contra o Professor, acho que deu a cara pelo Porto quando quem devia falar andou calado. E merece-me muito respeito por isso e muito mais.

    Mas, e apesar de concordar globalmente com este post, quando dizes:
    "Jesualdo sabia-o, certamente, e toda a sua experiência lhe diria que quão maior fosse a tempestade, mais prolongada seria a bonança".

    Nao concordo. Jesualdo nao percebeu um corno.

    Nao teve coragem para lançar quem devia e para trabalhar o que agora trabalha desde a pré-época, quando ao fim de 3 ou 4 jogos e sem ver os treinos que ele orientava, ja se vislumbravam as caracteristicas de alguns dos reforços.
    Era facil verificar a superior fineza de controlo e transporte de bola do Guarin e todo o seu poder fisico. Como era facil verificar que defensivamente nao tinha nem rotinas nem conhecimentos tacticos para fazer a posiçao de trinco. Especialmente com laterais e um central novos.

    Verficavam-se as caracteristicas de Rodriguez e Hulk, mas o treinador teimava em deslocar um dos terrenos onde pode render e de manter o outro no banco como arma de arremesso para tentar milagres quando a coisa estava a correr para o torto.

    Chegou a puxar Lisandro para uma faixa para colocar Farias a titular. Amarrou Rodriguez a uma ala durante 3 meses. Nao apostou em Hulk até ter o lugar de treinador em risco.

    Tudo isto para nao "arriscar" uma mudança do seu 433 de sempre. Dava muito trabalho e era um risco. Mas era um risco menor, como agora se prova.

    Chegámos a uma fase em que para manter o tal sistema, o desnorte era "a alma do negocio" como comprovaram as substituiçoes com o Leixoes e em Alvalade. 3 e 4 laterais esquerdos e direitos respectivamente, para além da destruiçao total do meio campo em Alvalade.

    O volte de face é provocado por Hulk e Lisandro. Sao eles que decidem o jogo de Kiev e depois o de Alvalade. Eles e todos os outros que comeram a relva e defenderam como herois. A subida de produçao de Fernando. Foi a estrutura de nivel mundial do clube que instigou o que agora vejo em campo: Solidariedade.

    De facto tens razao esse dia tocou o grupo, Individualmente e como um todo.

    E foi ter "a corda ao pescoço" que finalmente motivou o arranjo tactico necessario.
    Agora sim, tenho a certeza que aquilo que vemos em campo é o que esta a ser trabalhado todas as semanas. E a equipa apesar de ter altos e baixos, proprios da juventude, so pode melhorar.

    Se tivermos os jogadores chave em forma em Fevereiro e o problema da lateral esquerda resolvido, quero ver o que podem fazer o meio campo e a defesa do Atlético contra Hulk, Lisandro, Rodriguez e Lucho em forma. Se nao tivermos a defesa equilibrada, vai ser complicado.

    Estamos onde queremos estar. Onde todos queriam estar.
    Fomos primeiros na fase de grupos e quem nos queria derrotar na secretaria com a ajuda do populista Platini, saiu vergado, envergonhado, humilhado, ridicularizado. Mas parece que é bom "e tal", concentrarem-se numa prova "e tal".

    A tal justiça divina.

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  2. @soren

    Acho que as coisas não são tão "black and white".

    Hulk tem sido dos melhores jogadores nos ultimos tempos? tem claramente, mas será que hulk jogava desta maneira há uns tempos atras?
    Nem sempre lançar jogadores novos logo de inicio é a melhor coisa a fazer, jesualdo raramente o faz de maneira a proteger o jogador ainda para mais quando o jogador chegou no fim da pre epoca. Veja-se o caso do quaresma no inter, chegou jogou 3 ou 4 jogos começou inclusive a ser assobiado e pressionado pelos adeptos e agora é convocado de vez em quando.

    Acho que a principal razão para a equipa demorar a afinar foram as exibiçoes fracas do lucho, e a equipa conseguiu dar a volta por cima mesmo sem lucho o que não seria muito espectável.

    Falas do jogo com o leixoes, e senti tambem um desnorte do treinador, principalmente quando o jogo estava empatado, jesualdo sentiu a pressão e falta de confiança que havia sobre ele, e arriscou em demasia e acabou por perder o jogo quando poderia ter conseguido o empate que não era mau para o que se estava a ver.

    A maquina já está a carburar, regresse o lucho á forma da epoca passada, e ai ninguem nos pára.

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  3. Concordo com SOREN, em quase tudo.

    acerca do trinco, continuo a dizer que considero o Pelé muito melhor, apesar de ter de admitir que o Fernando tem vindo a crescer, mas também, ao contrario não poderia ser, aliás, foram lhe davas muitas oportunidades, que nunca vi serem dadas a jogadores formados na casa e com muito mais qualidade.
    O Fernando quando lhe falta um dos habituais titulares do meio campo, fraqueja logo, e desequilibra a equipa.
    Gostava de ver o Pelé jogar metade dos jogos "a sério" que o Fernando fez, juntamente com os habituais titulares, e não na liga intercalar.

    C.Rodriguez, finalmente perceberam (equipa tecnica) que colado á ala não rendia, como agora na posiçao mais interior e com mais liberdade.

    HULK, obvio que devia ter sido integrado na equipa mais cedo.. um caso mesmo sério, será a maior venda que o FCP fará até então..

    P.S. A falta de um lateral esquerdo é gritante.
    Lino tinha proposta de uma equipa da Alemanha, fetish do juju mante-lo na equipa!

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  4. Boas festas para todos os portistas é o meu desejo, e que o Natal seja passado em 1º lugar, rumo ao tetra.
    Cumprimentos

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  5. O balanço do Rui está correcto, as achegas nos comentários também.

    E como sobre isso já me pronunciei em devido tempo - quer na fase má, quer na recuperação encetada e na nova forma de jogar do FC Porto, insiro aqui as declarações de hoje de Jesualdo que repisam aspectos que sempre abordei e até usei a mesma expressão: os solavancos eram inevitáveis. Resta confiar, pela amostra recente, que as melhorias serão contínuas e progressivas.

    Diz Jesualdo:

    «Olhando para trás acho que o que se passou foi inevitável, não nas três derrotas, mas nos solavancos que teve. Mas quando passámos por essa fase ninguém quis fazer uma análise sobre as razões por que os jogadores que chegaram tiveram as prestações que tiveram».

    «Tiveram essas prestações porque tinham que as ter», continuou. «A não ser que o F.C. Porto fosse capaz de ir buscar jogadores consagrados, por muitos milhões de euros, para suprir os muitos milhões de euros que realizou com os jogadores formados cá e que foram vendidos.»

    No Dragão vive um clube formador, diz. «Se olharmos bem, nos últimos dois anos saíram cinco jogadores que praticamente cresceram aqui: Pepe, Anderson, Bosingwa, Paulo Assunção e Quaresma. Teria sido muito fácil os jogadores que saíram serem substituídos por jogadores a custarem milhões com qualidade igual ou superior. Mas o F.C. Porto não pode fazer isso.»

    «Quando se entender que esta é a grande força do F.C. Porto, não de hoje mas de há muitos anos, irão ser capazes de perceber que nós internamente tínhamos que ser serenos, porque sabíamos o que estávamos a fazer e sabíamos que tínhamos que passar por isto.»

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  6. O balanço do Rui está correcto, as achegas nos comentários também.

    E como sobre isso já me pronunciei em devido tempo - quer na fase má, quer na recuperação encetada e na nova forma de jogar do FC Porto, insiro aqui as declarações de hoje de Jesualdo que repisam aspectos que sempre abordei e até usei a mesma expressão: os solavancos eram inevitáveis. Resta confiar, pela amostra recente, que as melhorias serão contínuas e progressivas.

    Diz Jesualdo:

    «Olhando para trás acho que o que se passou foi inevitável, não nas três derrotas, mas nos solavancos que teve. Mas quando passámos por essa fase ninguém quis fazer uma análise sobre as razões por que os jogadores que chegaram tiveram as prestações que tiveram».

    «Tiveram essas prestações porque tinham que as ter», continuou. «A não ser que o F.C. Porto fosse capaz de ir buscar jogadores consagrados, por muitos milhões de euros, para suprir os muitos milhões de euros que realizou com os jogadores formados cá e que foram vendidos.»

    No Dragão vive um clube formador, diz. «Se olharmos bem, nos últimos dois anos saíram cinco jogadores que praticamente cresceram aqui: Pepe, Anderson, Bosingwa, Paulo Assunção e Quaresma. Teria sido muito fácil os jogadores que saíram serem substituídos por jogadores a custarem milhões com qualidade igual ou superior. Mas o F.C. Porto não pode fazer isso.»

    «Quando se entender que esta é a grande força do F.C. Porto, não de hoje mas de há muitos anos, irão ser capazes de perceber que nós internamente tínhamos que ser serenos, porque sabíamos o que estávamos a fazer e sabíamos que tínhamos que passar por isto.»

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  7. "Actualmente, o Porto é uma equipa que se comporta como um grande com a bola no pé, e como uma equipa pequena quando não a tem em sua posse."

    Só comparando com equipas italianas. O meio-campo baixa demasiado quando a equipa está em vantagem no marcador e não tem posse de bola. Esse é um dos principais motivos porque as 3 derrotas seguidas foram contra equipas com planteis consideravelmente inferiores ao do Porto.

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  8. Eis um bom tema,

    Eu penso que a mudança efectuada pelo Juju teve mais a haver com necessidade do que com vontade. O que é estranho. Se bem me lembro, nas boas épocas que o professor fez em Braga o seu esquema favorito era um 4-4-2. Quando chegou ao Porto teve adaptar o sistema que o maluco do holandês deixou como herança

    Nos dois primeiros anos de Porto havia o problema Quaresma. Era necessário adpatar um sistema às caracteristicas dele. Com a sua saída pensei que o Juju iria estruturar a equipa para a presente época no 4-4-2 ou 4-1-3-2. Enganei-me e ele também. Ao manter o sistema, adaptando o Rodriguez a extremo puro, com o Mariano (umas vezes o Lisandro) na direita, com o Lucho fora de forma e com o problema do trinco por resolver a equipa perdeu jogos e pontos imoportantes.

    Essas más prestações da equipa também foram acompanhadas por más opções tácticas, nomeadamente as substituições, em que o jogo com o Leixões foi o pior exemplo.

    A vitória em Kiev foi importante, mas também sou da opinião de que foi preciso estar com a "corda no pescoço" para o Juju ter a coragem de mudar.

    A equipa está melhor, mas ainda longe do que poderá fazer. As melhorias passarão não só por resolver o problema dos laterais. Acho que não é necessário ir ao mercado. O Sapunaru (faz-me lembrar o Seitaridis) não é tão mal como alguns o pintam. Depois de ultrapassar os problemas fisicos e com o Fucile na esquerda teremos o problema da defesa, pelo menos para consumo interno, resolvido.

    Um dos problemas passa pelo meio campo. Acho que é um luxo manter o Lucho na direita, onde rende menos, está menos em jogo e onde provoca menos desequilibrios. Passar o Lucho para uma posição mais central traria beneficios claros à equipa, mas nascia um outro problema na direita. Acho que neste momento o Porto não tem nenhum jogador para fazer essa função, nem o Meireles (sem rotinas), nem o Guarin (pouco pressionante) nem os trapalhões argentinos (Tomas Costa e Mariano) nem mesmo o Péle.

    Do mal o menos, a equipa está melhor agora. Só é preciso manter o crescimento, equilibrar a defesa e esperar calmamente que o glorigozo volte ao seu lugar natural.

    Saudações tripeiras

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  9. sirmister disse:
    "Hulk tem sido dos melhores jogadores nos ultimos tempos? tem claramente, mas será que hulk jogava desta maneira há uns tempos atras?"

    Não jogava porque nessa altura Jesualdo colocou-o como um dos extremos no estático 4-3-3 de então. Aí não podia usar as armas pelas quais foi contratado, a sua capacidade no 1x1 e forte finalização. Só na cabeça de Jesualdo é que fazia sentido converter um avançado goleador num extremo.

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  10. Ó amigo adezivo:
    Tenho curiosidade em saber, em que se baseia para afirmar que o Pelé é muito melhor que o Fernando. Não consigo perceber como se pode fazer tal afirmação de um jogador, que até hoje mais não fez do que prometer. Não se impôs como titular em nenhuma equipa por onde passou, nem no Guimarães. Das vezes que teve a oportunidade de jogar, não impressionou ninguém, bem ao contrário do Fernando, que chegou ao Estrela da Amadora e logo se transformou em elemento indiscutível, e no Porto, o que não é bem a mesma coisa, rápidamente fez o mesmo.
    Pessoalmente gostava de ver o Pelé a impor-se, porque é jovem, português, do Porto e ao que consta até é portista, além de que custou muito dinheiro. Mas receio bem que para isso tenha de ir fazer um estágio numa equipa mais pequena, onde possa jogar com regularidade, mesmo falhando algumas vezes, coisa que o FCP não se pode dar ao luxo de permitir.

    Outra perplexidade que sinto ao ler os diversos comentários, é acerca do treinador. Bem sei que todos somos excelentes treinadores de bancada, eu também sou, mas palpita-me que para alguns adeptos, nem que o Porto ganhasse todas as provas em que está envolvido, campeonato, liga dos campeões, taça de Portugal, taça da Liga, o treinador não teria qualquer mérito nisso. Se alguma decisão acertada tomou, não foi por si, foi a estrutura do clube que o obrigou; foi porque estava com a corda no pescoço; foi porque certamente ouviu ou leu os comentários dos adeptos, etc.

    Pois eu, no final desta época, não exijo que ganhe ele todas as provas, contento-me com o campeonato, taça de Portugal e meia-final da Liga dos campeões, para colocar Jesualdo Ferreira, na galeria dos melhores treinadores de sempre do FCP, ao lado do Pedroto, Artur Jorge e Mourinho.
    Nem sequer me parece necessário explicar porquê. Basta contar titulos, e, muito importante, analisar as circunstâncias em que esses titulos foram obtidos.

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  11. Hugo Martins, continua a laborar num equívoco - que resulta da dispersão de conhecimentos e de não consultar sempre os mesmos livros, pois esta matéria está mais que debatida - que é o de ter imaginado o Braga em 4x4x2.

    O Braga de Jesualdo jogava em 4x3x3 que sempre foi o sistema preferido dele, o próprio já o confessou e aqui já foi dissecado esse pequeno problema.

    Há conceitos discutíveis e esse do sistema dá pano para mangas. Mas é do comum bom senso admitir, à partida, que um treinador, elegendo o seu sistema predilecto, opte, no início de uma época ou a pegar numa equipa pela primeira vez, por usar o sistema que prefere.

    Daí ser estranho ao Aristodemos ou ao Soren que o Jesualdo tenha começado sempre na base que prefere: o 4x3x3. Perdeu tempo? Pode ser que sim. Foi tempo perdido? Pode ser que não. Tudo é discutível, mas o homem, entre os muitos méritos que teve e tem, é de convicções e o seu passado como técnico e a sua tarimba devem admitir como bom que ele, como outro qualquer, tenha partido de uma ideia. A sua. Se teve que moldá-la, adaptá-la, trabalhá-la, sintetizá-la, o que quer que seja, pois uma época dá muito tempo para tal e em dado momento Jesualdo mudou.

    Foi em Kiev? Foi. Correu bem? Correu. Perdia ao intervalo e ganhou. Convenceu-se, mas o 4x3x3 de base não está perdido ou posto de lado, está lá com as nuances que uma posição táctica ou as características de um jogador exploradas de maneira diferente (Rodriguez, também Hulk) permitiram.

    Eu não sou muito taxativo quanto a "identificar" um sistema. Vejo amiúde o 4x3x3 na equipa, basta Rodriguez abrir na esquerda, o 4x4x2 resulta da DINÂMICA do jogo e dos movimentos individuais em prol do colectivo.

    É, portanto, uma conversa interessante mas sem fim à vista.

    Importa a DINÂMICA da equipa, que depende do que os jogadores fizerem em campo: baixam no campo, fecham corredores, tapam buracos, ajudam colegas, vão ao meio, correm por dentro para defender e abrem quando atacam - tudo depende dos jogadores e do "chip" que se lhes introduz.

    Era o que preciava o FC Porto, foi o que Jesualdo fez e, tal como apontei muitas falhas na fase crítica e escrevi bem que ele tinha "perdido os papéis", digo agora que o treinador encontrou a fórmula certa para o problema de origem que ele sabia existir e eu também apontei por aqui: reorganizar o meio-campo para permitir a inserção de Hulk no ataque.

    Era essa a chave do problema e o Jesualdo encontrou-a. Se bem, se mal, se tarde, se obrigado a isso não interessa, os jogos é que revelaram o necessário ou q.b. para mudar sem mexer muito.

    Decerto também ckontribuiu, como muitas vezes acontece, um acaso, por exemplo a lesão prolongada do Tarik ou um trabalho pior que ele viesse a fazer.

    Lembro-me que antes do jogo com o Leixões perguntei pelo Tarik, ausente da convocatória. Mas o Tarik tem mostrado que não anda bem e acabou por levar o treinador noutra direcção, com opções novas para a equipa. Mesmo assim, Hulk teve de entrar ao intervalo, rendendo Tarik, em Kiev.

    Há momentos de sorte, de falicidade, de mero acaso no futebol. É preciso aproveitá-los e creio que Jesualdo fez bem. Os resultados comprovam-no. Da mesma forma que, também excluindo Fernando do jogo com o Leixões sabe-se lá porquê, quando apostou no miúdo ganhou um grande jogador. Como ganhará se Guarín tiver de render Meireles ou Lucho. Porque se vê qualidade, ela não anda ali dissimulada ou mal definida.

    Por isso o 11 ideal é este, o actual, aquele que provavelmente manterá amanhã com o Marítimo e que será o mesmo pela primeira vez em dois jogos consecutivos. Com a interrogação do lateral-esquerdo, mas essa perna manca já faz parte das imperfeições da equipa que têm de ser disfarçadas de qualquer forma.

    Agora, o fulcro da questão foi sempre inserir Hulk e tornar o meio-campo mais compacto.

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  12. Amigo nelson barbosa:
    Em que é que eu me baseio para dizer que o Pele tem mais qualidade do que o Fernando!? É simples, eu acompanho os jogos das selecções jovens Portuguesas, e já conheço o Pele á muito tempo, e por isso sei que tem características fundamentais para uma equipa como o FCP. Pelé foi comprado pelo Inter, por 2,5M€, não sendo titular do Guimarães só por isso deve ter valor ou não? Os olheiros do Inter devem ter visto alguma coisa que eu também partilho. Você viu o Pele a jogar pelo Inter? Num campeonato tão complicado e disputado, que envolve muito físico e sabedoria táctica.. Acha que é á toa, que ele foi considerado como um dos médios mais promissores do campeonato Italiano? Comparado ao Vieira, e encarado como o seu sucessor. Sabia que ele teve propostas de empréstimo de 3 equipas Italianas?

    “Não se impôs como titular em nenhuma equipa por onde passou, nem no Guimarães.”
    Não me diga que queria que ele fosse titular logo no 1º ano que chegou ao Inter com um plantel tão recheado, ou queria? Chegou a jogar algumas vezes a titular no Guimarães, mas tinha o capitão Flávio Meireles a lhe tapar a posição, e sendo muito jovem, acho que se compreende.


    “Das vezes que teve a oportunidade de jogar, não impressionou ninguém, bem ao contrário do Fernando”.
    Realmente, você comparar o jogar no Inter com o estrela da amadora, campeonato Italiano com o Português, tem tudo de realista, e até demonstra a falta de informação, acerca das exibições conseguidas pelo Pele em Itália.
    Já vi que também, não o viu a jogar pela secção sub-21 (não nos jogos finais, em que tudo estava perdido, e o Pele tinha vindo de uma lesão)..

    Acha o Fernando um jogador espectacular! Porquê, que quando o Meireles não jogou com o Setúbal, o meio campo não rendia nada, e foi muito inferior ao do adversário,na 1ª parte? Porque o Fernando necessita do trabalho do Meireles e do Lucho ao seu lado para sobressair!!!! Será por este trabalho suplementar do Lucho, que este não está a render o que rendia em épocas anteriores!?

    “receio bem que para isso tenha de ir fazer um estágio numa equipa mais pequena, onde possa jogar com regularidade, mesmo falhando algumas vezes, coisa que o FCP não se pode dar ao luxo de permitir.”
    Quer que eu enumere falhas importantíssimas que o Fernando teve com a camisola do FCP? Fez uma assistência para o Liedson, no jogo de Alvalade, fez um passe para o Kazim Kazim, que valeu o golo do Fenerbahçe, (e mais umas asneiras, mas agora não tenho tempo para relatar), nesse mesmo jogo, lembro-me por exemplo, que o Pele entrou e equilibrou a equipa.


    Para finalizar, e não voltar a dizer a mesma coisa, se ler o que escrevi: “Fernando tem vindo a crescer, mas também, ao contrario não poderia ser, aliás, foram lhe davas muitas oportunidades, que nunca vi serem dadas a jogadores formados na casa e com muito mais qualidade.”
    Com isto realço, que ele tem potencial, mas para mim o Pele está num nível superior, e daria mais qq coisa á equipa. Também compreendo, que o Jesualdo queira estabilizar “um 11“, mas também acho que pelo menos nos convocados, o Pele deveria ir, para entrar no decorrer dos jogos e mostrar o que vale, e não jogar só na intercalar, onde não existem mecanismos de jogo, ou na taça, com os habituais suplentes.

    Espero que respeite a minha opinião, tal como eu respeito a dos restantes visitantes do blog.

    Abraço

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  13. Nelson Barbosa,

    Voce pode colocar o Jesualdo com quem quiser. Eu nao o coloco com o Pedroto, nem com o Mourinho, nem com o Artur Jorge até ele ganhar um titulo Europeu.

    O Pedroto foi uma sumidade.
    Os outros sabiam mexer. Tinham instinto e muita coragem.
    Jesualdo ja apareceu mais velho e eu nao lhe ia pedir a mesma irreverencia.

    Basta ver a forma como aprendeu com esta sua experiencia no Porto. Hoje Jesualdo é um treinador diferente. Mais versatil. Esta mudança de dinamica (para pegar na palavra chave do Zé Luis) na equipa nao tenho duvidas que foi feita por necessidade, basta ver os jogos e a forma como tudo se processou. E foi sem duvida a estrutura do clube que a potenciou.

    Na mesma situaçao, noutro clube, as coisas nao se tinham processado assim.

    Nao sou treinador nem de bancada, nem de peao. No meu comentario nem falei de tacticas. Falo de decisoes e de coisas que foram vistas e revistas como o posicionamento do Rodriguez.

    De resto como diz o Zé, a questao era colocar o Hulk e o que isso provocaria no arranjo da equipa. O homem nao queria. Tinha medo. Nao tinha rasgo nem coragem para o fazer. Teve de o fazer. Ainda bem. Que trabalhe agora como sabe. Com o valor dos jogadores que tem e o espirito que vejo na equipa podemos ir muito longe.

    O futebol nao é nenhuma ciencia exacta.

    So espero que o treinador tenha aprendido com esta mudança forçada. Espero pelas proximas substituiçoes para o tentar perceber.

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