07 março 2010

Já terminou mesmo?...

Helton tinha dito que não saía a meio de um filme.
Coincidindo com o festival de cinema do Porto, o FC Porto entregou-se desalmadamente em Alvalade. Mantenho o paralelismo. E foco, de novo, a atenção na Metodologia do Treino, em causa por estes tempos e a levantar dúvidas sobre as melhores práticas. Não por ser um expert, mas por não encontrar argumentos válidos e objectivos para o "8 e o 80" das actuações da equipa.



O certame em cartaz terminou este fim-de-semana. Mas, no Dragão, não se sabe se o terror continua.

Jesualdo reconhece que a equipa está cansada. Nota-se. E garante que vai arrebitar. Vamos ver. Ao contrário da época passada, em que fez 52 jogos oficiais, o FC Porto mal passou dos 40. Os principais rivais, à excepção do Braga, contam mais. Fraqueja mais o Sporting, cambaleia o Benfica mas tem-se aguentado bem. O FC Porto é que costuma exibir mais estofo e demonstra pernas e pulmão nesta fase da época. Em vão, desta vez. E tem de haver explicações, para além das lesões, castigos e jogadores fracos na hora de se justificarem como reforços. Deste modo, como pode Miguel Lopes comprovar que merece mais do que jogar no Rio Ave? E porque não evolui Tomás Costa a quem até o presidente, precipitado e extemporâneo, augurou ser um "reforço" de Inverno?

Não é compreensível uma quebra tão abrupta de um momento para o outro. Da mesma forma, não se vislumbra como se vai recuperar fisicamente da noite para o dia. Mas enquanto os do costume insistem na saída de Jesualdo que tem ganho muito com um bólide em trepidação constante por alteração das peças da engrenagem, o facto de aqui levantar questões sobre algum do trabalho pressupõe um respeito que o treinador merece. Ninguém acima das críticas, mas há tempo e especialmente modos para tudo e aqui não cabe a ingratidão. De resto, é cedo para balanços, ainda que o andar do que é agora uma carruagem não seja muito animador.

Além das pernas, falta motivação, o que é ainda mais inaudito no tetracampeão e que podia aproveitar deslizes alheios, como o do Braga, mas os adversários comprazem-se com os pontos perdidos pelo FC Porto. A Champions não ficou mais longe, pela via do 2º lugar, o tempo é que está mais curto com uma jornada a menos.

Passar o Arsenal pode dar um ânimo e levantar as pernas que têm andado pesadas, porque há duas taças para ganhar, uma Europa para convencer e um lugar de Champions para resgatar.

Aí, sim, seria Fantástico Porto. Findo o cinema, retomando o futebol. Não se vai lá com profissão de fé, é preciso mais convicção para retomar o caminho das vitórias. E honrar os títulos recentes, um estatuto ímpar e a perseverança de lutar até ao fim como tem sido hábito, à falta de acabar no primeiro lugar mas nunca cedendo antes de o filme acabar.


Quem não desiste e merece os parabéns é a claque (só se nota uma, a outra continua distante num canto superior do estádio, estrategica e logisticamente distante da zona de pressão junto à linha ou à baliza, e apesar de muito menos notam-se muito mais as ausências nos seus apaniguados), apoiou do princípio ao fim e desdiz os que, mais comodamente, só se lembram dela para dizer mal, como muitos aparecem só nas horas más e dizem-se grandes adeptos, como por aqui teimam alguns em aparecer. Os outros, ouvi-os propagandear que "a minha cadeira está à venda". Às pipocas, desta vez, estes juntaram mulheres e criancinhas à borla, o que inibeos adultos de protestar, bem comportados, e relega para as piadinhas fáceis com argumentos de ocasião. É o que há.



em tempo - Vivemos quatro anos de conquistas. Não do passado, desse tempo há muitas mais, mas actuais. Quem passou o tempo a invejar os títulos portistas ainda nada ganhou e esquece que o 2-2 com o Olhanense faz lembrar o 2-2 de há menos de um ano do Trofense na Luz, onde também ganharam Guimarães e Académica, esta por duas vezes (3-0 e 1-0) em épocas consecutivas. A glória é efémera, no futebol, mas nuns perdura mais do que noutros e, nestes, uma campanha ocasional não pode disfarçar as decepções costumeiras. Como não dar crédito a quem incorre num ano mau como excepção a épocas tão boas?

10 comentários:

  1. Venho por este meio pedir desculpas públicas pelas minhas ofensas verbais (fdp) á mãe do assalariado da tv estatal, que tentou branquear o lance do piscineiro saviola, quando no seu subconsciente se vislumbrou um castigo de dois jogos por simulação de penalty.

    "Hà contacto por isso o cartão amarelo é mal mostrado!"

    Claro que não é ó anormal, caso contrário o conselho bosteiro aplicaria a habitual imparcial e isenta justiça de dois jogos na bancada!!

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  2. Premuso, amadeu, que terá sido depoois do chouriço do 3-1 a partir do qual deixei de ver...

    Na 1ª parte, como sucedeu na Madeira, o braço do Maxi também não contou. Se fosse com o Fernando...

    Mas tá tudo bem, o critério é uniforme conforme joga o Benfica ou o FC Porto. Díspar comparando os jogos de cada equipa, mas uniforme no tocante aos jogos de uma equipa considerada.

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  3. Continuo a dizer que começamos a preparar tarde a temporada!E estou a vêr que ainda não começamos a preparar a próxima!
    Saudações Portistas
    duck

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  4. Também queria deixar aqui um assunto à consideração de todos,na minha opinião desde que o Prof.Jesualdo está a treinar o nosso clube o grande calcanhar de aquiles têm sido a preparação fisica!E continuo a dizer que não sei porque,mas parece-me que os jogadores demoram a entender o que ele pretende!
    Saudações Portistas!
    duck

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  5. O maior problema do FCP não é físico, é anímico. Essa teoria do cansaço, embora faça sentido em alguns casos raramente serve como desculpa. Aliás, quer a nosso favor quer desfavor a realidade já por diversas vezes contrariou a teoria.

    A equipa, como os sócios, já não acreditava (agora ainda menos) e por isso não joga. E isso preocupa-me. É como nos jogos em que estão 3-0 ao intervalo e teme-se que o resultado tome proporções historicamente desagradáveis. E essa é uma memória que não gostava de ter. Estamos no bom caminho para ficarmos a mais de 20 pontos dos lampiões coisa que concerteza toda a CS vai querer transformar num feito histórico que já não acontecia desde que inventaram a roda.
    Mesmo o jogo da taça da cerveja promete poder ser uma catástofre, tal é a falta de confiança da equipa.
    Como já referi antes, no final deste mês a época provavelmente ficará arrumada. É tempo de fazer contas à vida e pensar nos próximos anos.
    Acho pouco útil fazer agora avaliações a jogadores. Até os que já mereceram elogios intermináveis parecem agora não jogar nada. Quando a equipa está mal, todos parecem dispensáveis, mas o problema é mais grave (mas também mais simples de resolver). O grupo de trabalho não está bem e precisa urgentemente de regeneração o que me parece impossível ainda no decorrer desta época.
    Das coisas más como o que aconteceu esta época é sempre possível tirar ilacções positivas que ajudem a equipa a crescer.

    Para a regeneração acho que a equipa devia concentrar-se em chegar ao 2º lugar. Dá acesso à Liga dos Campeões e, sinceramente, depois de tudo o que tem acontecido esta época, neste momento já sentia esse objectivo com alguma satisfação.
    Os lampiões são sempre os nossos principais adversários e se eles ganhando o campeonato acedem à CL, nós não estando lá será uma dupla derrota. Acho que a equipa tem de se concentrar nesse objectivo. São oito pontos, é verdade, mas não é impossível.

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  6. Santos,

    obviamente que estado de espírito e condição física estão interligados. Ter um estofo moral dá para aguentar muita coisa, superar o cansaço. Mas se houve época em que a rotatividade foi levado mais longe foi esta. Devia notar-se menos cansaço, até porque a Champions agora motivou mais pausa.

    Não sei até que ponto, porém, a participação na Peace Cup, mais de uma semana sob um calor tórrido, não afectou a preparação. Estas coisas da pré-época pagam-se mais tarde. Pode nem ser algo cientificamente palpável ou explicável, mas por alguma razão se faz a preparação em locais mais frescos e no norte da Europa. A Juve e o Milan vão para a Suíça, mesmo que seja só atravessar a fronteira e tenham centros de treino em altitude, por exemplo.

    Há uma série de factores que, não sendo o futebol uma ciência exacta, deixam imponderáveis para resolver durante toda a época.

    Mas não há, todavia, razão para abatimento anímico antes de ir a Alvalade. O que ali sucedeu foi paranormal, uma ausência de espírito moral e tenacidade competitiva, num quadro de equipa à deriva em campo e sem entreajuda, que me chocou.

    O estado anímico agora ser inferior já é consequência. Antes de Alvalade é que não tinha causas.

    Concordo que, neste quadro, não são as prestações individuais a relevar. Apesar de haver jogadores muito fracos, e dispenso-me de falar mais de Tomás Costa por saberem desde a primeira hora o que via nele e muitos contestaram para dar-lhe tempo e oportunidades até agora quererem convencer-se que da origem a médio-ala estava a transformar-se num bom trinco, é o colectivo como um todo que tem fracassado. Tambem não tem tido sorte, é verdade, os árbitros penalizam muito os jogadores do FC Porto e poupam muito os do Benfica, mas num quadro de fragilidades é normal que nem força e energia haja para contrariar os desmandos arbitrais.

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  7. E sobre um comentário anterior do offshore, sobre o silêncio da SAD, para esse peditório não dou mais.

    Os sócios se quiserem que vão fazer manifestações para o Dragão que bem se justificam nesta matéria.

    Chega a ser ultrajante esse silêncio, ainda que já nada nos surpreenda quanto a comunicação, imagem e transmissão de valores e força da parte do situacionismo.

    E esta semana este blog também vai entrar em silêncio absoluto.

    Se todos acharem que só os blogs se manifestam, se todos se calarem talvez o silêncio da SAD seja mais ensurdecedor ainda...

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  8. Ao falarmos da "comunicação" e amplitude da marca na plataforma mediática no FC Porto, o desprezo nem é pelo alegado director de comunicação ser um ex-jornalista que vomitou praticamente todas as notícias do correio da manha na RTPN no dealbar do Apito Dourado.

    Trágico e irónico é isto:
    http://www.ionline.pt/conteudo/49828-rui-pedro-soares-o-menino-coro-chumbou-faltas
    respigado do i no "Delito de Opinião".

    Um dragão de ouro (em 2009...), fanático pelo FC Porto, que pode ter negociado o patrocínio da PT com a SAD, mas quanto a plataformas de comunicação vinha sendo falado por congeminar a Sporting TV...

    Mais anedótico deve ser difícil... e a SAD lá está no seu recondito cantinho...

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  9. Meu Caro Zé Luís,
    Tu falas e muito bem no silêncio da SAD e eu volto ao assunto,cada vez mais temos de pensar na renovação da nossa equipa dirigente e também numa maior responsabilização por parte de quem faz parte da SAD!
    Quanto ao aspecto fisico não faço disso uma teoria,apenas uma constatação.E naturalmente não serve de desculpa.
    Quanto às rotações,sou adepto delas,mas na minha opinião o Prof.Jesualdo não sabe motivar e preparar a equipa para essas rotações,para fazer-se rotações é preciso que os jogadores entendam e também estejam motivados para tal e que o treinador faça-se entender quanto ao que quer!
    Abraço
    Saudações Portistas
    duck
    p.s.num Clube como o Porto não pode haver desanimo,nem desistir,não faz parte da nossa cultura,temos de continuar exigentes e exigir aos jogadores,dirigentes,equipa técnica que tal não suceda!E se tal acontecer têm de ser responsabilizados!

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  10. Zé Luis,

    O tal fenómeno paranormal é um que concerteza afecta o grupo de trabalho e não tem a ver com questões físicas. Mas claro que concordo contigo: as coisas estão obviamente interligadas. O que eu me referia era à origem delas.
    Há coisas que gosto de tomar particular atenção e as expressões dos jogadores nos jogos e do próprio treinador são sintomáticas do estado de espírito. Até quando se marcam golos...

    Quanto à SAD, já se sabe e é pena que não hajam sinais de mudança.

    Assim de repente, não me apetecia nada que este fosse o primeiro ano de uma nova travessia no deserto... e´ que, se os lampiões mudaram na componente desportiva e pelo outro lado estão tomadas as devidas providencias, bem podemos andar os próximos anos a procurar bodes expiatórios nos jogadores e no(s) treinador(s) para justificar os possíveis insucessos.

    A verdade é que, para além dos eventuais erros normais de casting ou de pré-época, toda a equipa me parece cansada do campeonato. E eu confesso que, eu próprio, também muitas vezes me sinto desgastado. Ainda para mais, estanto em Lisboa, não só tenho de aturar com aqui e ali os ferros que vão aparecendo da CS como também da malta do dia a dia que anda inchada que nem um balão.
    Esse cansaço acumulado não tem a ver com os jogos mas pensem lá na quantidade de farpas que temos de aturar todos os dias? Dos comentadores nos jogos do trio de ataque, do oleoso, e das capas diárias que abola, record e até correio da dita tanto gostam de nos dedicar. Não sou consumidor desta corja, mas também é difícil passar ao lado. Nem nos movimentos do Porto e para o Porto nos livramos de ser atacados. E eu estou farto. Se os jogadores sentem o mesmo que nós em relação a tudo isto...

    Ontem foi mais um exemplo de como as coisas mudaram: um golo completamente duvidoso que, em condições normais não seria validado. É verdade que não se conseguem tirar ilacções concretas das imagens mas é um movimento estranho que noutros tempos não passaria impune.

    É fácil dizer que sempre assim foi e que há que aguentar. Eu percebo mas não concordo plenamente com esta ideia, até porque, à medida que o tempo passa, as coisas vão sendo feitas com cada vez mais displicência e nem os sócios nem a SAD (que tinha a obrigação de o fazer) fazem nada. Há coisas que são (foram) inadmíssiveis e, como muitos avós o disseram: para grandes males, grandes remédios.

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