14 fevereiro 2015

Lopetegui, aqui não sabem o que é "proteger o jogo": "falo mesmo tendo ganho"

Raramente sigo e já nem no dia seguinte leio as conferências de Imprensa pós-jogos, e muito menos antes porque desprovidas de "mind games" inteligentes tão necessários nos dias que correm mas para os quais é precisa preparação especial e, especialmente, um departamento de comunicação eficaz e eficiente (são coisas diferentes). Quando muito apanho uns flashes na rádio ou na tv, esta normalmente no dia seguinte porque também fujo dos estafados especialistas de ocasião sempre escolhidos a dedo mas nunca com senso e menos ainda conhecimento acima das tricas clubísticas e da chafurdice comunicacional do estupidamente chamado "espectáculo da informação".
 
Ou seja, já hoje, por acaso, via tv, percebi o que quis Lopetegui dizer com o que ontem chamava "patadas" e falta de acção disciplinar correspondente.
 
Como o FC Porto é permanentemente vilipendiado pelos árbitros em campo mas não reage, o espanhol já se deixou de ser bom rapaz e discursou forte e feio, depois de jogos em que pedia, candidamente, numa fé inocente e pueril em terra de diabos à solta, apenas bom senso aos árbitros e que, ternurento e compreensivo, achava serem capazes de ao menos distribuir os seus erros e males pelas aldeias das várias equipas. Lopetegui diz que os árbitros, sim, os árbitros têm de "proteger o jogo", atacar a violência e não fazer com que o crime compense, o de sucessivamente ser permitido jogo violento, ou no mínimo persistentemente faltoso, como foi o caso dos selváticos de Guimarães saídos à contenda na 2ª parte. Na 2ª parte? Sim, porque embora na 1ª parte se tenham remetido a defender o pontito, enquanto não sofreram o golo da praxe habitual em que só porfia na defesa da sua área, certo é que já havia faltas que o árbitro não marcava: vide um encosto de João Afonso a Jackson que no ar tentava controlar uma bola com o peito, em cima da área. Ora, esse tipo de jogadas passou a ser castigado pelo árbitro, o inenarrável Nuno Almeida, especialmente quando Maicon saltava da mesma forma com Bernard, por exemplo, um jovem fogoso com tanta queda para o teatro como para fazer faltas repetidamente sem ver cartão - e ainda se queixam os pequenos de que são desfavorecidos em relação aos grandes, como demonstrou o infame jogo de Guimarães com o Paulo Vigarista y sus muchachos de metralhadora em punho contra o FC Porto.
 
De resto, a impunidade de "não proteger o jogo" começa nos críticos e espalha-se aos jornaleiros de serviço sem noção da sua incapacidade de traduzir o que se passa realmente no futebol, dentro e fora do campo, uma incapacidade tolhida pelo politicamente correcto que, por sua vez, responde aos anseios negociais dos patrões de Imprensa e fica escarrapachada nas capas dos pasquins, mesmo que a politiquice barata saia caro à sobrevivência futura ameaçada com a rejeição incondicional dos adeptos leitores.
 
Lopetegui não pede que sejam amigos dos seus jogadores, mas pelo menos que as faltas assinaladas tenham correspondência nos cartões. Os jogadores podem sempre fazer faltas, os árbitros marcá-las e tudo está nos parâmetros do jogo, mas há limites e há regras claras e Leis do Jogo que não podem ser escamoteadas e em Portugal, com o silêncio atroz de quase todos, é um fartar vilanagem.
 
Eu já cansei de dizer isto, de enumerar casos e apontar os bodes expiatórios.
 
Podia pedir aos jornaleiros de serviço que vejam que tipo de árbitros são nomeados para os jogos do FC Porto e os do Benfica, contando apenas as insígnias da FIFA.
 
Ou, nos jogos propriamente ditos, quantas vezes é um jogador do FC Porto o primeiro em campo a ser assinalado com amarelo (ontem foi Alex Sandro); no Benfica, ao invés, tantas vezes devia surgir um segundo amarelo mas nunca sucede uma expulsão e quando tal raro acontece devia ser capa de jornal. Ooooops, não pode ser. Isso seria "proteger o jogo".
 
Como proteger o jogo?
 
Por exemplo, os 3 desportivos meterem na capa o castigo a Lisandro Lopez por simulação de uma gp "ganha à simpatia" do árbitro. Quando, na mesma época, meses depois, Aimar teve o mesmo tratamento disciplinar em "sumaríssimo, o tema desapareceu das capas.
 
Não dou mais para o peditório e não tenho pejo em castigar os árbitros severamente, porque são o cancro do futebol e as metástases estão espalhadas: os auxiliares, ontem, no Dragão, voltaram a errar em praticamente todos os lances de jogador em linha, tendendo para marcar fora-de-jogo quando nunca existiram (numa delas também a penalizar o V. Guimarães), quando a regra manda, impõe mesmo, que se deixe seguir a jogada (de novo lembrar o golo do Rio Ave anulado de forma discricionária na Luz).
 
Em vão. Os árbitros são os maiores causadores da violência no futebol. Quando não têm que atacar o mais pequeno agarrão se o ofendido for um benfiquista, lembre-se o de Tony a Jonas em Penafiel. É surreal mas é em Portugal.
 
Ninguém defende o jogo e já é realmente pré-histórico o histérico protesto "defendam os talentos" ou "deixem jogar o Mantorras". Não há pachorra, o FC Porto tem culpa e Lopetegui, como os antecessores, percebe que está também ele sozinho.
 
É inesquecível para o anedotário tuga a perseguição feroz e animalesca a Hulk permitida por Carlos Xistra precisamente num Guimarães-Porto, no tempo de Jesualdo.
 
"Falo mesmo tendo ganho", que é o que o FC Porto devia ter feito há muitos anos como sempre aqui defendi.
 
Parabéns a Lopetegui, um gajo que tem uma cultura "do jogo" que por cá não assiste. Ainda há semanas perguntava-me que cultura tinha o espanhol para se integrar no terrorismo tuga do chico-espertismo da bola, do desenrascanço à José Soares - "o árbitro não via/assinalava", sobre a porrada em Jardel com Bruno Paixão sempre alheio em Campo Maior, faz agora 15 anos a 19 de Fevereiro!!!

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