20 abril 2010

Evolução na continuidade



Obviamente o FC Porto não vai a caminho de nada, a não ser uma provável e natural vitória na Taça de Portugal. Mas tem somado vitórias, não porque joga muito melhor (no domingo viram-se os mesmos passes transviados sem nexo, coisas simples deitadas para fora e exibições individuais desastradas), mas por jogar sem complexos, sem alternativas de vulto e basicamente sem objectivos.
A equipa foi massacrada por lesões e outros "azares", nunca teve a complacência dos árbitros orientada para outras equipas, alguns jogadores não se "mostraram" e outros querem mostrar que nem andaram porventura "escondidos", apenas dessincronizados com o tempo e os métodos da equipa. Um fartote de explicações possíveis para uma época fraca, não por ser fraca tout court mas por não ter ganho o campeonato e, pior, por ele estar perdido a 3 jornadas do fim. Isto sim, é fraco para um clube que pelo menos disputava o título até à última jornada. A forma de sair da Champions não ajudou ao panorama, apesar da boa carreira europeia.

Não será, porém, a crise propagada, a equipa ganhou a Supertaça e pode/deve ganhar a Taça de Portugal, passou os grupos da Champions sem problemas e ganhou ao Arsenal. Tomara muitos clubes viverem nessa crise, mesmo que pouco alegre os adeptos e responsáveis do Dragão.

Há várias explicações, não desculpas, mas há, agora, uma teimosa aversão a não se reconhecer a "boa forma", as vitórias naturais e até contundentes, os golos, até golos muito bonitos. Vem tarde, continua menosprezado e não serve de muito. Para alguns, porém, é um pouco como discutir a política e eficácia da comunicação da SAD: ah, não vale a pena, ninguém nos ouve, estamos contra todos, a CS não gosta de nós, é difícil fazer melhor.
Mas a teoria antes usada de que Hulk perdia bolas, Hulk não decidia, Hulk não marcava golos é, agora, desvalorizada a par das actuações mais consitentes e "agressivas" da equipa.
Entretanto, os médios desataram a marcar golos, coisa rara e que tanto afectou a produtividade de uma equipa que continuou a acertar muito nos postes, a sofrer golos bizarros e a não ter ou sorte ao jogo ou sorte com as arbitragens. Nem sorte em prevenir incidentes de túneis, mas isso é incompetência própria e indesculpável.
Voltando à "vaca fria": ao "melhor futebol" que agora se joga na parte final do campeonato pode não bastar o que o FC Porto tem feito, ajudado por golos até brilhantes como a bicicleta de Falcao e os golaços de Guarin ou os petardos de Hulk.
O que dantes era um martírio em relação a Hulk agora é um delírio que poucos aceitam de bom grado pela sua incontornável influência na equipa e no desenrolar do campeonato. Se não marca, oferece golos. E decide, ou ajuda decisivamente a obter vitórias. Como é normal num jogador do seu potencial. Mas quem avalizava que com Hulk o FC Porto perdeu mais pontos do que depois sem Hulk (castigado), agora perdeu tanto o pio como os portistas o entusiasmo em vias de esgotar-se como as já nulas hipóteses de ser campeão.
O que não deixa de comprovar que, nem há mal que sempre dure e Hulk teria de arrebitar e ser o que é no FC Porto e no campeonato onde os adversários voltaram a temê-lo, nem a teoria de que a suspensão decretada administrativamente pelo Bosta da Liga não era perseguição nem uma forma de diminuir, entre outros factores, as hipóteses do FC Porto no campeonato.
E o FC Porto pode acabar com uma pontuação praticamente de campeão - superado pela melhor época de sempre de um inesperado concorrente e a melhor época do maior rival em 30 anos, o que diz bem da coisa - e já ronda os 100 golos marcados na época oficial. Como tudo, vale o que vale, tem na mesma de origem as virtudes e os defeitos da planificação da época e estruturação do plantel, mas também são factos que comprovam como a equipa não era nem é tão depauperada como a pintaram. Mas quando se está na mó de baixo até os adeptos parecem falar de cima da burra.
Ouvi agora (16.30h) na rádio (como o Bruno já apontou): Ruben Micael partiu um pé. É a sina? Se for, seja como em 2002, recomece-se de novo e, de volta à Taça UEFA, ganhe-se para o relançamento internacional e novo ciclo vitorioso. Se falavam em fim de ciclo, "este azarento" nunca mais acaba, de facto. Chame-se-lhe época atípica, what ever, mas superar tantas adversidades é difícil. Crise é que nunca. E se coincide com o relançamento da presidência, pois que tenha sucesso, como anunciado. ue outro clube, se em crise, resiste assim em Portugal?

2 comentários:

  1. Ruben Micael parte o pé direito no treino...
    Mais um azar, que mais nos vai acontecer esta época!??!

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  2. Palavras sábias, mais uma vez.
    Assino por baixo.

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