Por uns anos foi Bruno Alves o vulcão da discórdia, por agora põe-se gelo nas diatribes de Luisão. E o "massacrado" André Vilas Boas perde para o consagrado Miguel Veloso que pode ter os mesmos cartões mas a uma certa realidade chama-se "combatividade". É a "Natureza" do futebol português e dos paineleiros do regime
O politicamente correcto manda fazer vénias ao clube do regime, escondendo todas as arbitrariedades neste reino da impunidade sacralizada até ao ridículo. A propósito de mais uma expulsão perdoada a Luisão, como dantes a David Luiz e recorrentemente a Javi Garcia, o futebol português continua a assobiar para o lado, como se as vestais de agora não fossem as virgens ofendidas nos últimos quatro anos quando o coro crescia contra Bruno Alves.
E enquanto na Islândia escorre lava contra o resistente gelo, fumegando cinzas para todo o continente europeu, parece que no futebol tuga está consagrada a fuga à ética, responsabilidade, credibilidade e o famigerado fair-play que, pelo visto, é mesmo só na Playstation. Depois do jogo em casa com o Liverpool, com uma cacetada a Fernando Torres, Luisão escapou impune a outra entrada a varrer sobre Liedson. Nada que espante em João Ferreira de quem, aliás, o Sporting também não se pode queixar. Noutras épocas, noutros jogos, a mesma "simpatia" e "pusilanimidade" do já celebérrimo João "Pode vir o João" Ferreira foi prodigalizada não só a benfiquistas, mas também a sportinguistas.
Claro que não foi só isso que contribuiu para a derrota do Sporting no dérbi, mas valeu alguma coisa num jogo que devia ter um mínimo de 3 expulsões para cada lado mas a "versão oficial" nem a posteriori quis manchar o espectáculo que vendem como grandioso para os seus rafeiros epígonos... Aos que negam essa importância de um jogador a menos escapa-lhes que, esta época, raramente o Benfica actuou em inferioridade numérica na Liga de todas as trapaças. Eu fiz o balanço da 1ª volta desses minutos a mais do Benfica que fez com que praticamente jogasse como se os adversários tivessem o tempo todo com 10 homens.
É curioso, porém, notar que nos últimos dias - em que também acompanhei as coisas da bola de longe -, observei o destaque dado a André Vilas Boas, o primeiro jogador a chegar aos 12 cartões amarelos na Liga. E leio, hoje, em papel, n' O Jogo, o médio do Rio Ave a evocar: "Se eu fosse dos grandes se calhar não levava tantos amarelos", foi o sentido da sua frase lapidar.
Mas vá lá explicar-se isto aos encartados prolixos comentadeiros da praça lusitana onde a disputa verbal só episodicamente é autêntica tourada à portuguesa, pois normalmente é um show de chocas na arena... Aliás, dos opinadeiros e demais apeadeiros, passando pelas estações com carris bem definidos para veicular pantominices e louvaminhas, mesmo no pós day-after ainda li que a arbitragem, como Jesus proclamou urbi et orbi logo após o prélio, foi boa e aquilo do Luisão algo de somenos... O próprio também sentenciou, de imediato, que basta ter Luisão no meio da confusão para se gerar essas coisas das tricas da bola.
O que não se diria se as duas "varridelas" a Torres e a Liedson fossem da parte de Bruno Alves que pode usar o físico, que o tem para dar e vender, mas não mostra as solas das chuteiras a ninguém? Depois do coro e missa cantada nos últimos anos, mais o espanto irónico de como o central e capitão portista não tinha mais cartões e, sobretudo, expulsões, a idolatria cega pelo líder do grupo tão do agrado de Luís Filipe Vieira rivaliza com as comadres a pedirem tolerância de ponto a tutti quanti queiram ir ver o Papa em breve.
Foi tão ternurenta a defesa das cacetadas de Luisão, e a indiferença deste face à polémica que adivinhava pois então, que até os desmandos de Miguel Veloso - outro que vem sendo perdoado sucessivamente há várias partidas a expulsões certas - foram transformados, hoje, em Record, na personificação da redescoberta garra e combatividade (sic) leoninas com o ímpeto dado ao meio-campo por Carvalhal. É assim mesmo: apesar de ter também 12 amarelos na Liga, e o total de 16 cartões na época incluindo uma expulsão (tal como André Vilas Boas que passa, pequenino e desprotegido, por ser o mais mau da fita), Miguel Veloso não traz o rótulo de caceteiro que subrepticiamente se entrega ao vila-condense. Pelas manhas e artífices correntes nos periódicos que pugnam pela "verdade desportiva" com os mesmos cicerones de episódios televisivos de fazer chorar as pedras da calçada, Miguel Veloso é o símbolo da combatividade leonina no mesmo jornal que, há poucos dias, dava o primeiro lamiré sobre André Vilas Boas: levava um cartão por cada 3 faltas cometidas.
Que Vilas Boas, mais dois colegas de sector igualmente amarelados com abundância (Silvio com 10 e Wires com 9 cartões), seja o protótipo de jogador português a cumprir a regra de "passa a bola, nunca passa o homem", num vulgarizado trinco tuga que joga a agarrar e a placar adversários, fazendo faltas que não se vê em mais lado algum, é realidade tristemente recorrente para mim, que não vou pela piedade aos coitadinhos. Sei que há muito ando em contraciclo com aqueles que advogam justificar o pontinho "sea como sea" e um empate com um grande será sempre com mérito antes de com sarrafada, massacre defensivo e três trincos tristes como os do Rio Ave que bloqueiam muitas partidas com "futebol de partir pedra". Tal como não acho normal a impunidade que desde o início tem marcado as faltas dos médios benfiquistas, sempre na base primária de "passa a bola não passa o homem". Mas já vi disso em 2004-2005, com Luisão ainda protagonista entre outros "figurões". E na época seguinte foram "eles" que começaram a estranhar a marcação de faltas a que não estavam habituados.
Mas vai assim, alegre e sem remoques, o pobre futebol da fuga para a frente em que, além-túneis, os fins justificam os meios e mais cacetada menos sarrafada o campeão há-de ser o melhor. Convém é não ter Bruno Alves para recriminar, sob pena de ficar uma nuvenzita de suspeição e as cinzas dos despiques mais ardorosos para "poluir o ambiente"
Tal como nos instantâneos fotográficos (os daqui retirados do Boston Globe) em que o fogo combate com o gelo, por cá a paisagem muda muito pouco e a aridez do futebol continua colorida só pelos coreógrafos da nossa praça. Mais ou menos derrame de lava, mais ou menos Omo que lava mais branco, umas vezes vence o fogo, outras o gelo. A "Natureza" do futebol tuga é assim. Imutável na sua estupidez atávica, conquanto o horizonte, pontualmente, mude ligeiramente os contornos.
Para reflectir entre uma jornada aos bochechos e outra para bocejar. Sim, porque o espectáculo dos golos portistas, todos brilhantes na partida da Taça, é o fogo que uns quantos apagam enquanto acorrem a apagar outros "fogos" fátuos.
A propósito destas, entre outras, imagens de rara beleza, no Boston.com, um comentários aludia à poluição e alguém ripostou que essa preocupação (em comparação com as indústrias poluentes da China, Índia e EUA) era só de quem olhava para o seu quintal, mas o mundo é muito mais do que as curtas vistas de alguém...
Precisamente o que retrata o pobre futebol português sem critério nem distinção.
Se a tunelização do nosso futebol não estivesse tão bem encaminhada, ainda iria ouvir vozes que... estes vulcões foram provocados pelo Pinto da Costa!!!
ResponderEliminarHá gelo que nunca derrete
O filme do costume... eu arranjei boa solução, não discuto com milhafres e chamo filho da puta ao realizadorzeco de treta que quer é a mama dos subsídios, de si também tão típico português.
ResponderEliminarComo já se tornou habitual um óptimo artigo, os luisões do clube do regime estão acima da lei, o poder e a imprensa acéfala dão-lhes força para continuarem a cacetar à vontade, o pior é que não sei como e quando a vilanagem irá terminar.
ResponderEliminar... e o nosso "futebol" continua a ser muito apreciado lá fora. Agora foi o Fabiano, sofredor por cá, a "crismá-lo".
ResponderEliminarSão assim estes galináceos. Ganhar, ganhar, ganhar. Não importa como.
Túneis, sumaríssimos, alargadíssimos, "combatividades", valentes, joões do pode ser, calabotes e afins, tudo lhes serve.O que lhes importa é polir o ego.