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Quem pedia melhores condições de vida era não só "desordeiro" mas, antes do mais, "anti-português". É claro que, assim, nesse caldo de cultura onde fermentava o pensamento único, uma rádio nacional e um jornal "consolidado" em pequenos jornais que diziam a mesma coisa como um só, com a falsa ideia de liberdade de expressão tão evidente como o edifício vazio da Assembleia Nacional que a Constituição de 1933 essencialmente esvaziara para acabar com o forrobodó parlamentar do advento da República em 1910, tudo tenderia, de facto, para a instauração de um clima que pedia a restauração da ordem e a implementação de uma autoridade que sanasse quaisquer conflitos.
Hoje, 100 anos após a queda da Monarquia sob cuja tutela liberal a liberdade de Imprensa atingiu níveis nunca alcançados nos 100 anos seguintes, e 36 anos depois do 25 de Abril de 1974, a que ainda é televisão do Estado dedicou-nos um fartote de informação relevante que passou da "escolha" do palco de eleição dos benfiquistas para celebrar um título de futebol à longa reportagem de uma sede do Benfica em Ermesinde, com quase uma dezena de entrevistados, alegadamente vandalizada crê-se que no sábado à noite.
Fatalmente, como a pedir "ordem na sala" quiçá clamando por uma autoridade nacional que esmague os "revoltosos", seguramente "anti-portugueses desordeiros" 80 anos depois daquele título de jornal que vi agora numa série notável sobre o Estado Novo no Canal História acessível em qualquer rede de cabo para quem quiser fugir à "informação de novo normalizada" e o rasto de telenovelas com programas cor-de-rosa como dantes se ouviam na rádio e lia no "Corin Tellado", a reportagem permitia concluir que o mundo está perigoso.
A Polícia, dizem e repetem na RTP, "tirou impressões digitais", não se sabe de quê pois não houve arrombamento, apenas vidros estilhaçados de fora e tinta borratada numas paredes exteriores. Ermesinde, subitamente, viu-se não só no centro do furacão, como foi eleita sede da casa do Benfica mártir em terra de "anti-portugueses desordeiros" e, por isso, a pedirem mão forte neles, prisão certa se houvesse a PIDE e desterro da família dos condenados para os confins das Beiras interiores renegados como judeus.
Também contra os certos, identificados e localizados "anti-portugueses desordeiros", lê-se a 26/4/2010 num jornal local que as tv's do regime mostram ao País Profundo do operariado revoltado e miséria humana ao nível de há 80 anos hoje sem capacidade de se indignar e, pior, não lutar por mais do que a mera sobrevivência, que a deslocação de uma equipa local a um ponto do País em polvorosa será acompanhada de medidas de segurança e reforçadas. "Superprotecção", é o título.
Outras duas qualificações que nos dizem que o País está perigoso. Medidas de segurança e reforçadas. Para a "Superprotecção" só falta convocar-se a graça divina, agora que o Papa novo-velho se prepara para uma visita de Estado a um regime já laico mas cuas figuras não deixarão de, como dantes mas então com devoção infinita sendo um pilar do regime, acorrerem ao beija-mão, em Fátima ou virados para o Cristo-Rei.
Nem de propósito, a respeito de liberdade de expressão, o 24 de Abril de 2010 chegou com a notícia de que um órgão jurisdicional do futebol acusa outro, seu par, de querer impor a lei da rolha a um dirigente, amordaçá-lo e impedi-lo de exprimir o seu mais elementar direito de falar, a despeito de alguma condenação que sobre ele impende.
O Portugal republicano de hoje e de sempre.
Faz perceber porque suspiram tantas pessoas pelos ideais de "Abril" não cumpridos e em vias de se resvalar para um regime de informação única, um clube único e uma autoridade única que funcione num só sentido.
Contra os "anti-portugueses desordeiros", hajam "medidas de segurança e reforçadas". Tão inauditos como inelutáveis anacronismos, soam a propaganda, ditada por algum títere de meia tigela num microfone submisso e numa folha de jornal educada para formatar o pensamento do povo.
Sexta-feira, 23 de Abril de 2010
ResponderEliminarSLB pode perder 9 pontos
" a hipótese de o Benfica vir a perder 9 pontos pelautilização indevida do jogador Alan Kardec , Parece que é o tema do dia hoje. Na Comunicação Social ainda não vi nada, será verdade? Ora vejamos o apurado...
A situação é a seguinte:
- Alan Kardec jogou o seu último jogo pelo Vasco da Gama no dia 2009-08-29.
- Alan Kardec jogou o seu último jogo pelo Internacional no dia 2009-11-01 .
- Alan Kardec jogou o seu primeiro jogo pelo Benfica no dia 2010-01-24 .
- Resumindo: jogou por 3 clubes na época desportiva de 2009/2010 .
Nos regulamentos está o artigo 5º que diz o seguinte:
3. «Os jogadores podem ser inscritos por um máximo de três clubes durante o período compreendido entre 1 de Julho e 30 de Junho do ano seguinte. Durante este período, o jogador só é qualificável para participar em Jogos Oficiais por dois clubes .» "
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ResponderEliminar1) o que tem para comparar?
ResponderEliminar2) bom acervo de imagens para repor quando der jeito...
Venho agora de visitar o blogue Reflexão Portista e vejo lá esse palerma do "manel das vacas" a expelir matéria fecal daquela cabeça e a contaminar a caixa de comentários com os seus comentários com links, próprios de um vermelho ressabiado e chego aqui 2 minutos depois e vejo que o fdp também aqui passou e conspurcou este blogue. Fo**sse que é preciso muito azar.
ResponderEliminarAgora vamos no estúdio de som e além do Falcao o Hulk também seria expulso. Assim fica comprovada a tese de que só com expedientes destes podem ser campeões.
ResponderEliminarO grande problema para mim é que as noticias na rtp, estão na linha editorial das outras tvs, baixas e asquerosas, sendo que é uma empresa estatal devia por obrigação ser independente em todos os sectores, mas temo ainda pior se for privatizada.
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