01 abril 2010

Martins dos Santos

É 1 de Abril, mas há coisas que não enganam.

O "nunca contei isto a ninguém" de Luís Filipe Vieira a propósito de uma possível retirada do Benfica de um jogo com o FC Porto por causa do árbitro pretensamente posto à consideração (não foi só o Paraty para a semifinal com o Belenenses...) por Valentim Loureiro vale o que vale. Mas tem algo de notável. Ainda que seja do género da mulher da "Résistance" em "Alô, Alô" a indicar ao tasqueiro René: "Listen very carefully, I shall say this only once".

Não sei se os pasquins pegaram no assunto ou voltam a passar sobre ele como cão em vinha vindimada, para lá das audimetrias sobre pretensos debates televisivos à distância entre rivais e tv's concorrentes. Mas levanta uma questão óbvia, para lá da cortina de fumo dos "procedimentos" então em voga. E obriga a tirar dúvidas em data alusiva.

A nunca "criminalizada" escuta do "João pode vir o João Ferreira" aconteceu antes de uma semifinal da Taça de Portugal entre o Benfica e o Belenenses, em 2004. Valentim Loureiro pôs à consideração do presidente do Benfica o árbitro, que devia ser escolhido pela FPF e não com "intermediação" do então líder da Liga. O que Vieira queria era o Paraty, mas o João... pode vir o João, como se sabe mas muita gente faz de conta que não sabe ou que não vale para o caso em apreço do "priceless" Apito Dourado.

Ao referir, na SIC, que o Benfica se propunha não ir a jogo "numa final" com o FC Porto caso o árbitro, indicado por Valentim, fosse Martins dos Santos, Luís Filipe Vieira confirma que falou sobre árbitros com o major mais do que uma vez, embora esta escuta ou transcrição dela não tenha aparecido. No Apito Dourado apareceu o que calhou e caiu bem aparecer. Curiosamente, nestes dois casos, o major parece que só combinou com um dos contendores e há quem fale de "trair amigos"...
Mas os mentirosos apanham-se mais depressa do que um coxo e a tal "final" só podia ser a de 2004, no Jamor, ou a Supertaça na época seguinte, em Coimbra, que Quaresma decidiu com uma "rabieta" a Argel até fuzilar Quim no palco de areia do Municipal. Portanto, o quadro temporal é o mesmo, os telefones estavam sob escuta, pelo menos o do major (além do de Pinto da Costa), aquilo da semifinal não foi uma coisa isolada, como se fez crer, e quem faz um cesto faz um cento.



Feita esta precisão cronológica, a referência a Martins dos Santos é irónica em mais do que um sentido.

Primeiro, se foi para a final da Taça de 2004, lembrar a arbitragem de Lucílio Vigarista é explicar a razão de ser do primeiro troféu do então novo presidente do Benfica que vira, na época anterior, o FC Porto ganhar campeonato, taça e UEFA, mais uma Supertaça a seguir (ao Leiria).

Segundo, aferir que Martins dos Santos (ausente da escuta publicada da semifinal com o Belenenses) não seria idóneo era como se o Benfica tivesse queixas de Martins dos Santos, o que é ridículo por não se saber em concreto algum prejuízo benfiquista face a esse árbitro do Porto.

E remete, assim, para uma "tirada" há tempos aqui comentada, da autoria de João Manha que se dispôs a escrever, também ironizando, que "alguém um dia descobrirá que Martins dos Santos beneficiou o Benfica num jogo com o FC Porto".

E se então logo o evoquei, hoje retomo a memória. Faz precisamente 10 anos, foi a um sábado de alguma chuva de 1 de Abril de 2000 que o "golo olímpico" de Clayton na Luz não contou, com Bossio a tirar a bola da baliza chutada pelo canto directo do brasileiro. A transmissão da SIC, em directo, foi reveladora e as "imagens virtuais" da RTP, depois, no Domingo Desportivo confirmaram o que se viu com a clareza nunca tida no famoso lance Petit-Vítor Baía.

O FC Porto perdeu esse jogo na Luz, com um "chouriço" de Sabry em jogada precedida de falta que Martins dos Santos também deixou passar. Depois do escândalo de Bruno Paixão em Fevereiro em Campo Maior, a somar à derrota em Alvalade 15 dias antes, o FC Porto praticamente perdia o título em 2000, o Hexa, com aquele desaire na Luz onde marcou, como em muitas outras épocas, um golo que não valeu. Ironicamente, João Manha até fez a crónica desse jogo da Luz no Record, reconheceu no dia seguinte que as imagens desfazem o que os jornalistas julgam ver na bancada de Imprensa mas rapidamente se esqueceu do caso para vir depois com a pergunta do milhão de dólares sobre Martins dos Santos e o Benfica-Porto.
Talvez ainda fosse do tempo, conturbado e igualmente nebuloso, de Luís Filipe Vieira a liderar o Alverca e com lugar cativo junto do amigo Pinto da Costa nas Antas, mas no tempo de Souness, salvo erro, no Benfica, o Rio Ave chegou a disputar, na segunda volta, um terceiro ou quarto lugar com o Benfica na Luz. Perdeu 3-0, perdeu 3 jogadores (dois só na 1ª parte) por expulsão e o árbitro foi, adivinharam, Martins dos Santos.

Um vintém é um vintém e um cretino é um cretino. Sem enganos. E da moral não falta gente para a aspergir, não pode é ousar-se matar o borrego para expiar pecados na Páscoa.

7 comentários:

  1. uhmmmmmm...muito bem esgalhado.
    Não Há uma vitória "sem corrupção" no consulado do cadastrado "Águia do Graveto". A primeira delas em 2004 na taça de Portugal foi "cunhada" pelo Special One como FARSA depois da exibição do SrLB.

    ResponderEliminar
  2. Às vezes, tal é a catadupa de contra e desinformação pró benfiquista e anti portista que nos cerca por todos os lados, pode-se chegar a duvidar do nosso próprio juízo e convicções. O que nos vale são muitas vezes estes relatos que nos avivam a memória e tornam mais real o que nos querem fazer parecer como um sonho ou uma divagação.

    Obrigado e boa Páscoa.

    ResponderEliminar
  3. A prática desta gente é assim. A mentira está-lhes na massa do sangue.
    Se nos debruçarmos sobre os jornais desde 1920, é todo um historial de sacanices, que eles agora tentam inverter, na expectativa de que os outros não conheçam a verdade.
    Até tem dignos representantes ( e aqui o dignos vai sem aspas), que atribuem aos outros a saudação nazi. Eles não!
    "Holiganismos", também é só com os outros, pesem as mortes, agressões vandálicas, assaltos a autocarros, quer para os desviar, quer para os incendiar. Até na gratidão são uns sacanas.
    Lembrei-me desta, porque ontem vi que o Dragão recebeu Maria Amélia Canossa, agradecendo-lhe a militância, e ontem também, por acaso, tropecei num jornal de 1997, onde Luís Piçarra se queixava do abandono daqueles que agora passam a vida a tocar a sua "marcha".
    E muitos outros casos podia citar, mas era dar-lhes a importância que não têm.
    Os mais de 60 anos que tenho, dão-me uma certeza:
    - aquilo é gente que não presta, e nunca na vida será possível a convivência.
    Entretanto devemos vacinar-nos e precavermo-nos, nunca lhes virando as costas...

    ResponderEliminar
  4. Caro Vitor de Sousa partilho td o q diz e mais...essa gente está sempre pronta a que lhe adocem o ego, mas nunca é capaz de reconhecer uma vitória nossa.
    A net e os seus mais de 60 anos são muito importantes para lhes lembrar-mos o passado de mentira e corrupção.
    A existência no presente de "Ricardos Costas" , em plena democracia deve fazer-lhe, a si que viveu "tempos de come-e-cala", uma revolta hulkiana!

    Este sistema resiste a todos os regimes. Do Nazi-fascismo ao Prec e à Democracia eles atropelam sempre tudo e todos(o Braga foi o último a sentir os tentáculos do polvo) ...mas tb as pagam!

    ResponderEliminar
  5. Soren, eu desejo que sim, sinceramente, tanto como desejo que não seja o que por aí propalam (há algum tempo...), até porque quanto a adjuntos, como escrevi, o Jorge Costa é certo (daí ser impossível o Domingos, como outros afiançam).

    Mas não quero falar disso agora, nem antes de 14 de Abril, ainda que já tenha visto tanta coisa que julgava não ser possível que sou capaz de admitir tudo, mesmo com relutância...

    ResponderEliminar
  6. Ainda nos vai aparecer o Manuel José, ou o Queirós...

    Quanto ao SLM aquilo está-lhes no ADN. Até na certidão de nascimento a trafulhice imperou.

    Daqui a uns anitos lá vamos descobrir que na 4ª feira passada, houve visitas do apito ao trombas branco.

    ResponderEliminar