26 abril 2011

Villarreal e Rossi

Tinha intenção de falar do Villarreal e de Rossi, por motivos distintos ainda que unidos no obstáculo que separa o FC Porto da final da Liga Europa em Dublin. Ao ver Anderson de novo pelo M. United, esta noite, a entrar na 2ª parte com o Schalke e o 0-2 feito, era motivo para invocar o tema. O Jogo, porém, dedicou uma badana de uma página numa extensa reportagem em Vila-Real (Espanha) a apresentar o adversário dos portistas na partida de amanhã.


Rossi, de facto, foi muito falado, e muito mais do que Piqué, como potencial reforço do FC Porto, quando o M. United levou Anderson por 30,5 milhões e a porta aberta para um jogador reforçar o FC Porto. O Jogo evoca o tema, mas não esclarece se, à falta do tal reforço, vieram mais uns milhões em compensação. Não creio, pelo que fiquei sem perceber se o negócio por causa de Anderson efectivamente chegou ao fim...


O italiano nascido na América já em 2006-07 mostrava ser um prodígio em Old Trafford. Porém, tal como Piqué, não encaixou nos planos de Ferguson. Rossi acabou no Villarreal e Piqué no Barcelona.


Quem viu o jogo de domingo Sevilha-Villarreal percebeu que, melhor ainda do que a primeira equipa eliminada pelo FC Porto nos despiques directos da Liga Europa, este novo adversário tem uma qualidade superior. Perdeu o jogo (3-2) mas quando Rossi entrou, com 2-0 estabelecido cedo na partida, o jogo mudou, Rossi brilhou, o Sevilha tremeu, houve 2-1 e 3-1, depois 3-2 por Rossi, uma bola dele num poste e um festival de futebol em meia hora alucinante. O pé esquerdo macio do italo-americano que emergiu no Parma é um prodígio no conforto da bola, acariciando-a mais do que repelindo-a ou deixando-a ao acaso. Nem precisa de chutar forte, nem de tomar lanço, toca a bola com primor, tal e qual Anderson que era suposto substituir no Dragão.


O Villarreal, mesmo descansando um ou outro jogador, mostrou uma qualidade de toque e entendimento colectivo que o Sevilha não teve com o FC Porto e nem teve neste jogo da Liga espanhola injustamente ganho pelos andaluzes. A equipa gosta de ter a bola porque tem executantes que a tocam de primeira e seduzem pelo passe certo, curto ou longo, sem deixar de esticar o jogo com homens velozes nas alas e bons dianteiros, como Nilmar ex-colega de Walter no Inter de PA ou Ruben que já jogou com Falcao no River Plate de BA, que seguram a bola e suportam a chegada de mais gente da linha média muito agressiva na chegada à área.


Confirma-se que esta é não só a final antecipada da Liga Europa, com as melhores equipas e as mais concretizadoras (29-23 golos cada) e os dois goleadores da prova (Falcao, 11-Rossi, 10), sendo o adversário mais difícil e com valor acrescentado aos anteriores eliminados como Sevilha e CSKA Moscovo, que curiosamente se defrontaram na época passada nesta prova (passaram os russos) e foram sucessivamente subjugados pelo FC Porto em Fevereiro e Março.


O capitão Cazorla bate muito bem os livres, de pé direito, e os centrais, com Marchena em destaque, atacam forte nas bolas paradas ofensivas, mas são mais lentos na reacção defensiva, algo a explorar por Falcao, cabendo a Fernando vigiar as incursões de Rossi como autêntico 10 da equipa que joga de amarelo.


Os antecedentes históricos têm algo de relativo nestas apreciações, sendo que o FC Porto passou sempre as meias-finais a duas mãos, desde que a 25 de Abril de 1984 venceu o Aberdeen com 1-0 de Vermelhinho depois do golo solitário de Gomes nas Antas. O Villarreal perdeu duas semifinais europeias sem marcar golos (Valência em 2004 na UEFA) e Arsenal (2006 na Champions), mesmo com um penálti desperdiçado por Riquelme aos 88' que negou a ida a prolongamento com os ingleses e bastou em ambas um golo alheio para impedir a ascensão do chamado "Submarino Amarelo" ao topo dos jogos históricos das eurotaças.


Um golo só que bastou, por Derlei na Corunha, para carimbar a passagem à última final portista de 2004 em Gelsenkirchen.


Os antecedentes históricos podem ser relativos, mas marcam presença incontornável.


O FC Porto está perto de poder repetir uma façanha extraordinária, como em 2003, se chegar à final de Dublin como sucedeu sempre que jogou em casa a 1ª mão das semifinais, como em 1984 (Aberdeen), 1987 (Dínamo Kiev), 2003 (Lazio) e 2004 (D. Corunha).


Mourinho, de siempre - O Jogo destaca bem, hoje, a quantidade de equipas e de intérpretes individuais portugueses nas eurotaças. Mourinho, incontornável, é figura de proa no sempre escaldante Madrid-Barça, de amanhã. O discurso contundente e estratégico está-lhe no sangue. Depois de dias a fio a verberar-se a violência dos jogadores do Real Madrid nos últimos clássicos da Liga e da Copa, com Pepe em destaque, e com a "picardia" néscia saída de Portugal de que Pedro Proença apitaria no Bernabéu, com ironia de Guardiola a lembrar o odiado Benquerença que liquidou o Barça em S. Siro na época passada, Mourinho conseguiu desviar a conversa do jogo duro e até violento dos seus jogadores para uma sábia, mas arriscada e justificada, decisão arbitral que negou a Villa um golo no sábado por fora-de-jogo de centímetros. A lamentável arbitragem de Undiano Mallenco, a permitir uma violência inaudita contra Messi e Cª, tornou-se benfazeja e adequada a Mourinho para amenizar o discurso arbitrário face à nomeação do duro Wolfgang Stark que é pouco dado a contemplações quando os jogadores passam das marcas. Mourinho é especial também neste dom de virar os mind games a seu favor. O Madrid-Barça é que nunca deixará de ser apaixonante dentro do campo, tal como apimentado antes do jogo.

4 comentários:

  1. VOTE NO FCP PARA VENCEDOR DA LIGA EUROPA EM:

    http://www.montemor-evora-arraiolos.blogspot.com/

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  2. José Luís,

    Anderson foi vendido creio que por 30,5ME mais a possibilidade de um jogador emprestado durante uma época. Falava-se em Rossi ou Piqué. O Porto acabou por optar pelo extra, 1ME, tendo a transferência atingido os 31,5ME. De qualquer forma, não possuíamos a totalidade do passe, mas sim, pelos meus registos, 80%.

    Abraço

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  3. José Luís,

    Correcção: recebemos 30ME, com o posterior extra de 1,5ME por não termos optado pelo empréstimo de qualquer um dos jogadores.

    O Manchester United ficou também responsável por todos os custos inerentes ao mecanismo de solidariedade da Fifa.

    Abraço

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  4. Bom dia,

    O confronto entre FC Porto e Villarreal trata-se mesmo de uma final antecipada.
    Tratam-se das duas melhores equipas em competição e que melhor futebol praticam.

    O Villarreal tem feito um excelente campeonato, numa liga tão competitiva como é a espanhola, e não fosse a cabeça dos jogadores estar virada para a Liga Europa, estariam mais acima na tabela classificativa.
    Tem no seu plantel jogadores de grande qualidade, tais como os internacionais espanhóis Capdevilla, Marchena, Santi Cazorla (cuidado com este médio), Borja Valero e Senna. No ataque contam com os letais Nilmar e Rossi.

    Esta equipa espanhola tem fragilidades defensivas, e o FC Porto tem de fazer um jogo de grande entrega e humildade, e se estiver ao seu melhor nível vai com certeza vencer, pois apesar da qualidade do adversário somos colectivamente e em alguns sectores individualmente mais fortes.

    É fundamental não sofrer golos. Mais vale uma vitória por 1-0 que uma por 2-1, apesar de termos a capacidade de marcarmos no reduto espanhol na segunda-mão.

    Logo espera-se assim uma grande noite europeia, e que o FC Porto consiga um resultado que lhe permita fazer uma viagem tranquila a Espanha para a 2ª. mão.

    O apoio em massa dos adeptos vai ser essencial, e também a sua paciência. Hoje não vamos ter ópera. Vai ter de efectuar um jogo inteligente, muitas vezes mais de controlo e não de ataque desmesurado.

    Espero que a arbitragem seja isenta, e que não nos queiram prejudicar, para que não hajam 2 equipas portuguesas na final. Bem sabemos que Platini e os seus pares, são mestres nestes "feitos" ... basta-nos recordar da forma escandalosa como o Chelsea foi roubado diante do Barcelona há umas épocas atrás, só para se evitar final inglesa.

    Abraço

    Paulo

    http://pronunciadodragao.blogspot.com

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