Farpas ao Benfica, despreocupação com o passivo que será corrigido, presume-se, na próxima época e realismo no imprevisível mercado do futebol na entrevista de Fernando Gomes
Não é extensa e apesar de muitas apreciações fundamentadas ficou muito por dizer na entrevista de Fernando Gomes hoje a O Jogo. Basicamente, o administrador para a área financeira relata o aspecto geral do mercado do futebol em termos que já deviam ser familiares para muitos portistas, mas alguns persistem em não entender o fenómeno e a partir para extrapolações ridículas e até acusações não fundamentadas.
A entrevista pode ser lida aqui, mas realço os seguintes aspectos que ficam, pela sua importância no contexto da actualidade financeira e desportiva do FC Porto, à apreciação dos adeptos de bancada.
Primeiro que tudo, o temor quanto ao passivo:
O FC Porto vende, respeita o orçamento e cumpre-o, mas precisa de comprar, tudo numa espiral vendas-aquisições que desagrada aos adeptos e afasta a quimera (?) da estabilidade da equipa. Mas se alguma equipa é estável (Barcelona, talvez o melhor exemplo e porventura único), é um oásis de calma da volatilidade do mercado, ainda que mais moderado este Verão.
Ora, para comprar é preciso saber, tal como saber mostrar para vender (e render) bem. Também aqui a satisfação deve ser plena, mesmo a custo da sincronia da equipa por mais de um/dois anos. Reparem na palavra "risco", associada à reconstrução da equipa, mas também à previsão de vendas. Planificação, em suma.
O fracasso do Benfica, mitigado na CS do regime, sem criar ondas nos actos eleitorais e sem que nele se fale ao longo da época tanto como alguns afamados críticos gostam de falar no FC Porto, remete-nos, já agora, para as vivências do Verão passado e o golpe maquiavélico engendrado para afastar o FC Porto da Europa - com a derrota em toda a linha que se conhece, que se celebrou mas este ano passou esquecido salvo algumas evocações que eu aqui trouxe.
Para finalizar, além de abordar o passivo - cujo descontrolo foi monstruoso a seguir ao penta e com uma má fornada de aquisições (Pizzi, Esnaider, Maric, Pavlin e tantos outros que me assustaram quando cheguei de férias do estrangeiro nesse ano) e cujos custos ainda devem estar a pagar-se agora no incremento do passivo, sem retorno financeiro evidente e desportivamente com épocas pouco abonatórias -, o responsável da área financeira da SAD podia explicar, se lho perguntassem:
Não é extensa e apesar de muitas apreciações fundamentadas ficou muito por dizer na entrevista de Fernando Gomes hoje a O Jogo. Basicamente, o administrador para a área financeira relata o aspecto geral do mercado do futebol em termos que já deviam ser familiares para muitos portistas, mas alguns persistem em não entender o fenómeno e a partir para extrapolações ridículas e até acusações não fundamentadas.
A entrevista pode ser lida aqui, mas realço os seguintes aspectos que ficam, pela sua importância no contexto da actualidade financeira e desportiva do FC Porto, à apreciação dos adeptos de bancada.
Primeiro que tudo, o temor quanto ao passivo:
"A questão do passivo apaixona os críticos, mas não deve ser vista de uma forma estática. Para já, as vendas realizadas significam que o FC Porto conseguiu equilibrar as contas da última época, cumprindo as previsões do orçamento que tinha sido traçado e conseguindo até ir mais além do que estava previsto. Contudo, os últimos movimentos do mercado não vão ser evidentes na próxima apresentação de contas que se refere ao período que terminou a 30 de Junho, pelo que não será perceptível aí um corte significativo no passivo. No entanto, o período de Julho e Agosto já vai registar uma melhoria considerável. De resto, sempre dissemos que, mais do que o passivo, aquilo que nos deve preocupar é a capacidade que o clube tem para cumprir os seus compromissos. E o FC Porto tem demonstrado reiteradamente ter capacidade para fazer face a todos os seus compromissos"Ora, esta resposta relativamente curta mas incisiva, própria de um gestor objectivo e racional, obriga a levantar algumas questões e a prever outras situações, pois daqui dá pano para mangas:
1- Primeiro, a "forma estática" aludida a quem vê, e eu sempre critiquei isso, as coisas da maneira mais simplória possível quanto ao passivo. É verdade e alguns agitadores inflamam facilmente o discurso contra a gestão financeira e económica da SAD.Vender e comprar: risco associado
2- Mas se esta matéria "apaixona os críticos", seria bom dissecá-la e isso está longe de ser válido, subsistindo algumas dúvidas no tema, permitindo intepretações várias e divagações que raiam o doentio.
3- Para a época finda contará apenas a venda de Lucho, entrando na data limite para o fecho das contas (30 de Junho). O efeito que terá, a juntar aos 12 milhões arrecadados na Champions e a mais 5 ou 6 de bilheteira e exploração comercial na Europa, pagará o orçamento na ordem dos 40 ME e isso chama-se, como é observado, cumprir a estratégia que inclui previsão de despesas e de receitas, pelo que a gestão é meritória senão excelente, mas muitos esquecem isso.
4- Há a promessa de cortar no passivo nas contas da próxima época, fruto das vendas mais recentes (Julho): veremos o montante desse valor no R&C do final da época. Mas já ficou a ideia de poder diminuir algo ao passivo já em 2008-2009.
O FC Porto vende, respeita o orçamento e cumpre-o, mas precisa de comprar, tudo numa espiral vendas-aquisições que desagrada aos adeptos e afasta a quimera (?) da estabilidade da equipa. Mas se alguma equipa é estável (Barcelona, talvez o melhor exemplo e porventura único), é um oásis de calma da volatilidade do mercado, ainda que mais moderado este Verão.
Ora, para comprar é preciso saber, tal como saber mostrar para vender (e render) bem. Também aqui a satisfação deve ser plena, mesmo a custo da sincronia da equipa por mais de um/dois anos. Reparem na palavra "risco", associada à reconstrução da equipa, mas também à previsão de vendas. Planificação, em suma.
"O reequilíbrio do plantel foi assegurado atempadamente. Procurámos, com uma dose de risco devidamente calculado, preparar as alternativas para aquelas que eram as movimentações de mercado previsíveis e que se acabaram por confirmar. Neste momento, temos um plantel devidamente equilibrado no sentido daquilo que são os objectivos do FC Porto: lutar pela vitória em todas as frentes".Fica uma alfinetada ao Benfica, onde o homólogo de Fernando Gomes (Domingos Soares Oliveira), há um ano saiu-se com a ideia de a Champions não ser fundamental para um clube viver. O curioso é que alguns gurus da área económica, amiúde citados, sustentaram o facto e até, alarves, disseram que na Taça UEFA será quase possível obter as mesmas receitas... E críticos acéfalos, além de permitirem uma série de mentiras pelo meio destes discursos "porreiro, pá!", andaram a dar de beber a esta dor antes de caírem na real. E isto vai pelo segundo ano de mais gastos no plantel e poucas receitas para o equilíbrio. Fica a alusão de Fernando Gomes ao Benfica:
"Não percebemos como alguém com responsabilidades na gestão de qualquer clube com aspirações pode dizer que a Liga dos Campeões não é fundamental".Golpe falhado na Europa
O fracasso do Benfica, mitigado na CS do regime, sem criar ondas nos actos eleitorais e sem que nele se fale ao longo da época tanto como alguns afamados críticos gostam de falar no FC Porto, remete-nos, já agora, para as vivências do Verão passado e o golpe maquiavélico engendrado para afastar o FC Porto da Europa - com a derrota em toda a linha que se conhece, que se celebrou mas este ano passou esquecido salvo algumas evocações que eu aqui trouxe.
"É quase impossível fazer uma avaliação dos custos que teria tido essa ausência, porque estamos a falar de efeitos directos e indirectos. Em termos de efeitos directos, entre receitas de bilheteiras, direitos e prémios de performance, estaremos a falar de qualquer coisa como 15 a 18 milhões de euros. Depois teríamos os efeitos indirectos que se reflectem na valorização dos jogadores. Se pensarmos que o Cissokho, por exemplo, nunca teria jogado em Madrid e em Manchester, se considerássemos que o Lisandro e o Lucho também não teriam essas montras ao seu dispor, estamos a falar de um efeito que podia facilmente atingir as dezenas de milhões de euros".Questões (colocadas?) sem resposta
Para finalizar, além de abordar o passivo - cujo descontrolo foi monstruoso a seguir ao penta e com uma má fornada de aquisições (Pizzi, Esnaider, Maric, Pavlin e tantos outros que me assustaram quando cheguei de férias do estrangeiro nesse ano) e cujos custos ainda devem estar a pagar-se agora no incremento do passivo, sem retorno financeiro evidente e desportivamente com épocas pouco abonatórias -, o responsável da área financeira da SAD podia explicar, se lho perguntassem:
- a) a diferença entre ter direito a 20% de uma futura venda de Cissokho pelo Lyon e ficar com 20% do passe do jogador, "nomenclatura" diferente mas apresentada como aparentemente a mesma coisa.
- b) a questão dos direitos televisivos na Liga portuguesa e o valor de mercado dos nossos jogos.
- c) o novo acordo com a SuperBock
- d) a questão dos lugares anuais (sem evolução anual significativa).
- e) o custo do estádio, transferência de dinheiro da SAD para o clube (500 mil contos à altura da constituição da SAD, salvo erro)
- f) até que ponto esta Liga de Clubes, no aspecto comercial e de marketing, tem feito melhor, tão incensada, do que anteriores gestões de Valentim Loureiro.
Escreve o Sr: "a) a diferença entre ter direito a 20% de uma futura venda de Cissokho pelo Lyon e ficar com 20% do passe do jogador,"nomenclatura" diferente mas apresentada como aparentemente a mesma coisa.".
ResponderEliminarAtenção sr.Zé Luís: não é uma coisa nem a outra das que refere - são 20% da MAIS-VALIA que o Lyon venha a realizar numa eventual venda. É o que consta na comunicação à CMVM, como pode verificar no site co Club. Logo, ele pode ser vendido, e não dar mais nada do que já deu, mas nunca dará 20% do valor da transacção nem a SAD ficou com 20% do passe.
Muito obrigado, maniche, pela precisão. Deve ter razão e aceito sem reservas a sua pertinente observação. Como estive fora e só li por alto algumas notícias, não estava bem por dentro da situação e o seu esclarecimento fica para quem, como eu, visto por alto e de longe, não percebeu os contornos do negócio.
ResponderEliminarClaro que o Maniche tem razão, mas o que acho curioso, é que alguns, aproveitando essa nuance, já tiraram valor ao negócio, quando o fundamental é o facto um jogador que era um ilustre desconhecido, ter sido valorizado e transferido, por 15 vezes mais do que custou, em apenas seis meses, o que torna para mim - que já abri a boca de espanto com algumas transferências, a primeira das quais, o Rui Barros, após um ano de F.C.Porto, como sénior, ter saído por, naquela altura, a verba astronómica de 1 milhão de contos -o negócio Cissokho a melhor de sempre do F.C.Porto.
ResponderEliminarTambém te posso dizer, Zé, que nos lugares anuais e em relação a esta altura da época passada, temos mais cerca de 2500 lugares vendidos.
O que em tempos de crise, me parece muito bom.
No resto uma entrevista clarificadora, mas não para quem está atento e conhece bem o clube e quem o dirige.
Um abraço
Obrigado, Vila Pouca, sobre o pormenor dos lugares anuais que, creio eu, não tem sido muito divulgado quanto a lugares já definidos e montante que representa.
ResponderEliminarÉ uma questão interessante, sabendo que em Portugal os clubes AINDA vivem mais de sócios e bilheteira do que de patrocínios, por exemplo, em contraste com o que se passa nos grandes países do futebol e nos deixa presos ao "humor" dos adeptos que podem acorrer em massa ou desertificar os estádios, ainda que no FC Porto essa tendência não se verifique.
E é uma parcela significativa de encaixe anual, pelo que me parece pertinente este tipo de informação ao mercado, para dar eco da marca do FC Porto, e aos sócios propriamente ditos.
Quanto à entrevista, como digo, esperava outro tipo de esclarecimentos mais do interior do universo SAD e as condicionantes que a envolvem que são flutuantes e nem sempre da conta e do saber dos seus adeptos, o que leva a lamúrias, protestos e grosseria até nas considerações à gestão financeira.
Só duas pequenas correcções:
ResponderEliminar1) Para o exercicio findo para além da venda do Lucho entra ainda a venda do Quaresma, pelo que se espera uma rentabilidade positiva
2) O melhor negócio de sempre do FCP continua a ser a venda do Secretário ao Real Madrid
Um abraço
Bem lembrado, DD. Mais uma razão a juntar às deficiências da entrevista e o não aprofundar do tema do passivo e das receitas propícias para o encurtar.
ResponderEliminarJá me tinha esquecido do Quaresma...
Os que criticaram a sua venda também já esqueceram as críticas então feitas à saída do Harry Potter. Estes agora não vêm a terreiro contar o que então disseram.
Conclusão: Fernando Gomes poderia ter ido mais além na questão do passivo, resta saber se o jornalista insistiu no tema e ele foi mandado para canto.
O passivo (2008/09) deve aumentar. Pelas minhas contas:
ResponderEliminarVenda de Quaresma, Marek Cech e Lucho = cerca de 36M€.
Aquisição de C. Rodriguez, Hulk, T. Costa, Guarín, Mariano e Sapunaru = cerca de 30 M€
Claro que o passivo não é importante. O importante é cumprir os compromissos, nem que para isso se peça mais um empréstimo dando como garantias os passes de alguns jogadores, aumentando-se mais o passivo, tal como fizeram esta época.
ResponderEliminarPassivo? O que é isso? Para que serve? Serve para ganhar campeonatos? Marca golos? Então não interessa para nada.
Ao contrário do que diz, a entrevista é esclarecedora e pode resumir-se numa frase: só temos hipótese de manter a hegemonia, e daí a nossa sobrevivência, estando todos os anos na CL o que nas condições actuais nos obriga a vencer a liga.
ResponderEliminarOs encornados sabem bem disso, por isso o desespero com que renovadamente em cada início de época montam o circo que bem conhecemos.
Portanto, muita e muita atenção, temos de ganhar a qualquer preço, mesmo que o passivo e tal. O passivo só interessa para continuarmos a ganhar. Mainada.
Em relação ao que será contabilizado pelo conceito de mais-valias -nomeadamente no que se refere ao Cissokho- eu tenho e mantenho as minhas dúvidas...Não li nada que mas fizesse dissipar.
ResponderEliminarPercebo que se entenda por mais-valia todo o valor realizado acima do preço de custo na aquisição de um certo utensílio ou objecto, mas o que poderá ser chamado ao produto conseguido durante a duração de uma determinada prestação de trabalho?...
Tem absoluta lógica o raciocínio do "nosso" Maniche, mas sendo assim não estou a ver que o Cissokho possa ser vendido acima desse valor e mesmo que o seja, só teria alguma expressão se fosse enorme essa diferença atingida...A não ser que ele -como jogador- se transforme ainda muito mais e eu tenha que engolir em seco esta atitude céptica... Mas é muito difícil, portanto a ser assim "o melhor é encerrar o capítulo Cissokho" nessa vertente.
No Milan, ainda tínhamos a possibilidade de amealhar com as conquistas dos "rossoneri" -muito prováveis- mas em França é muito mais complicado, até porque as coordenadas passam a ser outras e muito diferentes...É apenas uma pílula para adormecer meninos.
Quanto à entrevista do Administrador Fernando Gomes ela é pertinente, embora faltem esclarecer alguns aspectos que como diz o Zé Luís são importantes e em que eu destaco, a questão dos direitos sobre a Publicidade e as Transmissões Televisivas...Especialmente nas feitas a nível interno, porque nas efectuadas a um nível internacional temos algumas garantias dos valores que serão praticados...E parece haver alguma equidade.
ResponderEliminarEm Portugal é tudo mais nebuloso, sabemos que os que estão à frente das nossas Emissoras fazem o possível por inclinar o prato da balança de transacções a favor dos Benfiquistas, dado que o Sporting já me parece relegado para posições mais secundárias...
É oportuna a observação do subway e a achega do josé, tal como a "suspeita" do Aristodemos.
ResponderEliminarE as dúvidas do meireles têm razão de ser, daí eu achar que a entrevista não esclarece grande coisa em termos de questão de fundo: as finanças, o passivo e tal, ainda que a situação global não seja terrível, de qualquer modo não há muitas alternativas a esta "política". Pode haver críticas, se fundamentadas, mas quanto a alternativas e conhecendo as dificuldades dos clubes por todo o lado não estou a ver... a não ser uma fuga ainda mais para a frente como fez o Real Madrid.
Mas seguir esses caminho é ir ao encontro do precipício, é o que o Benfica está a fazer e com a mão do Real Madrid...A não ser que o Benfas passe a ser uma filial do Real ou a equipaB do Real Madrid...Quando cair um, cai logo o outro, melhor, quando um -o mais forte, claro que sabemos quem é- estiver no "vermelho" o outro -o mais fraco, o que é óbvio- vai para o caixote do Lixo. Se eles gostarem de se sentir assim, tudo bem, de qualquer modo, até lá devem disputar a 2ª Divisão Castelhana, para não nos fazerem concorrência desleal nas Competições Europeias...E tentarem beneficiar os Madrilistas.
ResponderEliminara venda do Quaresma já tava contabilizada na ultima vez que os resultados sairam em março..e mesmo assim tinhamos uns milhoes de prejuizo!
ResponderEliminarpenso que, como disse o aristodemos, quando sair o proximo R&C, o resultado deverá ser positivo e por volta dos 6M mais coisa menos coisa! e duvido que o passivo desça muito..se descer!
http://biologosnaarea.blogspot.com/
ResponderEliminarmst na bola:
ResponderEliminarQUE FAZER COM 70 MILHÕES?
QUE deve a SAD do FC Porto fazer com os incríveis 70 milhões de euros facturados em quinze dias de vendas e que fazem do clube o segundo maior vendedor da época a nível planetário, depois de ter sido o primeiro na época anterior?
Há três respostas possíveis para esta pergunta. Resposta n.º 1: abater o passivo. Resposta n.º 2. abater o passivo. E resposta n.º 3: abater o passivo. Só assim se garante que para o ano não vai ser preciso vender outra vez os melhores, perpetuando um círculo vicioso, de fazer e desfazer a equipa, sem fim à vista.
A capacidade vendedora do FC Porto tornou-se, de facto, um case study e devido a vários factores conjugados: primeiro que tudo, o trabalho de observação de jogadores emergentes em mercados como o argentino, onde os profissionais têm mostrado uma notável facilidade em se adaptarem ao futebol e às equipas europeias. É verdade também que há muitas compras aí feitas que se revelaram inúteis e que, às vezes até, se tornam difíceis de entender — digamos que por cada um bom jogador comprado, têm aparecido dois que se demonstra serem um fiasco, mas também é verdade que, se se podia falhar menos (ou comprar menos), também não se pode acertar sempre. Segundo factor de valorização extraordinária dos activos do FC Porto tem sido, a meu ver, o excelente trabalho desenvolvido por alguns técnicos — de que os melhores exemplos foram, sem dúvida, Mourinho e Jesualdo Ferreira. Isso, mais a cultura de vitória e o espírito de equipa, que são uma tradição do FC Porto, faz com que o comum dos adeptos já tenha interiorizado o facto de ali todos os jogadores se valorizarem mais do que nos rivais: até parece por vezes que, no Dragão, até um cepo se consegue transformar num bom jogador. E quem lá chega sabe isso, porque o historial dos últimos anos mostra que o FC Porto é uma plataforma única para que os bons jogadores cheguem ao Olimpo do futebol europeu e mundial — essa dúzia de clubes capazes de gastarem tranquilamente 20 ou 30 milhões num «passe». Quer dizer que eles entendem bem que, uma vez chegados ao Porto, vale a pena trabalhar no duro e investir no clube, se quiserem subir ao topo da mais alta montanha. Até porque — e esse é o terceiro factor de projecção — o FC Porto está cronicamente na montra da Champions. Nem Benfica nem Sporting podem oferecer tantas perspectivas de valorização a um jogador como o FC Porto oferece. Vir parar ao FC Porto é acertar na sorte grande; vir parar a Benfica e Sporting é apenas uma aposta na terminação. É por isso que, mais uma vez, por exemplo, o Benfica não consegue vender ninguém (nem sequer o sempre anunciado como cobiçadíssimo Luisão). Luís Filipe Viera irá dizer, como costuma, que preservou todos os «activos», mas a verdade é que os preservou de cobiça nenhuma — e bem que lhe deveria dar jeito desfazer-se de alguns «activos»!
Eu imagino quanto os responsáveis pelas contas das SAD de Benfica e Sporting se devem roer de inveja e espanto quando vêem notícias como a da venda de Cissokho por 15 milhões, depois de ter sido comprado por três, seis meses antes. Mas, para que isso fosse possível, foi necessário, primeiro, tê-lo descoberto — e estava ali mesmo à mão; depois, ter um treinador capaz de potenciar rapidamente o seu crescimento como jogador, e, finalmente estar na Champions e tê-lo a jogar contra colossos como o Manchester United. O resto faz o mercado, e o grande mercado, aquele que interessa, nunca se engana com os grandes jogadores, raramente compra gato por lebre (é por isso que ninguém quer os titulares do Benfica da época passada, como ninguém quer também os suplentes do FC Porto, cujo nível não se comparava com o dos titulares).
(continua)
Facto é que o FC Porto comprou barato este ano e vendeu muito e muito bem. Se Bruno Alves sair também, a SAD portista atingirá a quantia astronómica de 100 milhões de euros facturados numa só época a vender jogadores — mais do que o Manchester United, que, neste momento, lidera o ranking de facturação graças aos impensáveis 94 milhões que o Real pagou por Cristiano Ronaldo. Esta semana, as coisas mudaram um pouco em relação a Bruno Alves: o FC Porto deixou de ter qualquer necessidade de o vender e Pinto da Costa tem oportunidade de cumprir a promessa pública de só o deixar sair pelo valor da cláusula de rescisão. Todavia, e mesmo sem esses 30 milhões a juntar aos 70 já facturados, o essencial mantém-se: são demasiados lucros extraordinários de exercício para poderem simplesmente desaparecer em dois ou três anos de gestão ruinosa. Ou eles servem para abater ao défice instalado ou jamais o défice será domado, porque nem todos os anos são dourados. E o défice das SAD é igual ao défice das contas públicas do Estado: algum terá de ser pago e com juros.
ResponderEliminarENTRETANTO, prosseguem os jogos de preparação e, como gritou triunfalmente a imprensa, Jorge Jesus já ganhou o primeiro título ao serviço do Benfica: o Torneio do Guadiana — aquele para o qual o FC Porto, judiciosamente, nunca é convidado, não fosse estragar a festa ao Benfica. Não vi a «final» entre o Benfica e o Olhanense, mas rezam as crónicas que a vitória encarnada, arrancada a ferros no último minuto, foi até bastante injusta. Também não vi o Sporting perder com o Feyenoord na apresentação aos sócios, mas rezam as crónicas que a derrota foi apenas uma parte desagradável da desagradável prestação leonina. E também não vi o FC Porto despachar o Mónaco com os mesmos inesquecíveis 3-0 da final de Gelsenkirchen, mas contam que a primeira parte dos portistas chegou a ser brilhante, mesmo sem a equipa completa com os que se presume venham a ser os titulares habituais. Ou seja, parece que (e até Nuno Gomes o diz) vira o disco e toca o mesmo: o FC Porto continua a ser o grande favorito a dominar a nova época que aí vem, a nível interno.
Considerando, enquanto adepto do futebol, que mais um «penta» portista poderia ser altamente deprimente para o clima competitivo português, estou quase ao ponto de condescender e trocar, este ano, uma grande prestação europeia pelo título nacional, deixando mais confortados os adeptos verdes ou encarnados. A verdade é que tanto domínio também já vem cansando um pouco (embora eu, como qualquer adepto e qualquer portista, na hora da verdade, só queira mais e mais). Mas, por exemplo, tanto alarido, sempre habitual, com a nova época, quando ainda nem se esfumaram para nós as lembranças e alegrias da época que terminou, deixa-me um sabor a coisa forçada, prematura e até injusta. Só nos deixam saborear as vitórias tão recentes um simples mês? Já nos querem convencer que o «campeonato do defeso» — como sempre, ganho pelo Benfica, sem oposição — é mais actual do que tudo o que nós ganhámos há um simples mês atrás?
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ResponderEliminarEu li o artigo o jornal e gostei muito, apesar, de este não ter a profundidade que gostaria. Mas compreendo. E tal como o artigo, o post do Zé Luís tem muitos pontos de discussão. Mas já vi que através dos vossos comentários, o passivo está na ordem do dia. Concordo. Até porque o resto vai de vento e popa, até como o FCPSempre disse o FC Porto é um case study de sucesso.
ResponderEliminarAo ler o artigo do jornal (Eu sou de marketing e não percebo nada de finanças ou economia) passou-me uma coisa pela cabeça. Será que o passivo interessa aos clubes? Será que o passivo pode servir para desculpar muita coisa? Terão os bancos interesse nisto?
Não queria entrar na onda da teoria da conspiração. Mas lá está, parece suspeito. Está ai alguém ligado aos números que valide ou não este pensamento.
O que o subway é muito pertinente do lado do adepto, mas e o lado do accionista?
Cumprimentos e bom dia para todos.
Agremiação com medo
ResponderEliminar"A equipa de reportagem da TVI foi impedida pelo Benfica de fazer a cobertura da conferência de imprensa de apresentação do internacional brasileiro Ramires, um dos reforços dos encarnados."
Deviam estar com medo que perguntassem ao jogador se ainda queira ficar 1 ano na agremiação, para depois dar o salto para um clube grande, como ele referiu ainda no Brasil.
Apenas a comunicação social avençada é que pode entrar no estádio pago pela EPUL.
Atitude tipica destes agrupamentos mafiosos.
http://oantilampiao.blogspot.com/2009/07/agremiacao-com-medo.html
Meu Caros Amigos
ResponderEliminarInfelizmente a entrevista não é na minha opinião eclarecedora quanto ao passivo nem quanto à politica seguida para venda e compra de jogadores,estou a falar nos lucros...
Quanto é que gastamos com jogadores emprestados?
Suadações Portistas
dj duck
p.s.continuo sem perceber porque é que o nºde lugares anuais vendidos não tem aumentado significativamente apesar dos titulos conquistados...