02 novembro 2009

Um túnel é um túnel em toda a parte























FC Porto em fase irregular depois da paragem do campeonato - há um problema de cansaço evidente. Sporting tem o destino de quando as coisas correm mal. Do resto, "fair-play é uma treta", não é? O adversário de Jesus é o FC Porto e o do FC Porto é o excelente Sp. Braga
Alguns amigos já estranhavam, por boas ou más razões, ainda nada ter comentado da jornada de fim-de-semana. A verdade é que só no domingo de manhã soube da derrota do Benfica em Braga mas nem me apercebi que a importância de incidentes ao intervalo à entrada do túnel na "Pedreira" desse lugar a queixa no Ministério Público. Parece normal que sucedam coisas "do futebol" no túnel da Luz, enquanto noutros campos, apesar de o denominador comum ser o mesmo clube conflituoso de sempre, se aposta na via da "criminalização" alheia.

Será porque os mergulhos na área desta vez não renderam o costumeiro penálti? Ramires ainda passou impune, mas já o Sá Viola levou um amarelo por trocar as notas do que deve ser um jogador profissional e não um artista da artimanha. Mesmo assim, vi em resumo televisivo entradas de Cardozo (como na 1ª jornada com o Marítimo, salvo erro) e Javi Garcia para cartão vermelho e nem cuidei de saber se levaram ao menos um amarelo.

Percebi que mais feio do que empurrões, eventuais insultos e exaltação a quente à saída da 1ª parte, em Braga, é cuspir. Há coisas que são pior que cuspir na sopa. E nem todos com nome de anjo são santinhos. De resto, sabemos quem proclamou ser o "fair-play uma treta" e poder levar não com um dedo - médio - bem esticado, mas com dois dedos, o mínimo e o indicador, se não se dá ao respeito.
E se Jorge Jesus proclama que o FC Porto é o seu principal adversário, curiosa afirmação relativamente a quem vai atrás, o FC Porto já definiu ser o Sp. Braga o rival a ter em conta. Aquele Arsenal minhoto que o seu ex-treinador, tão fraco a fazer contas, já considera, agora, "mais um candidato ao título". E tão fracas contas fez que não ganhou pontos onde o FC Porto perdeu, como se este jogo valesse 6 pontos na tabela... E o FC Porto perdeu em Braga num cruzamento desviado em Álvaro Pereira e feliz a levar a bola a sobrevoar Helton. Um acaso.

O FC Porto pode levar o Sp. Braga a sério. Mais do que os seus impacientes adeptos, maldizendo uma infelicidade pouco costumeira ainda que se repita um ano depois do "bater no fundo" da Figueira da Foz, os responsáveis portistas têm mesmo que olhar para o Braga. Pela atitude competitiva e de vontade de vencer que tem faltado aos dragões.

As múltiplas lesões afectaram a equipa de Jesualdo, mas não me parece apenas coincidência que, depois de uma primeira fase da época em crescendo, com um ponto negativo pela derrota em Braga, o FC Porto tenha baixado consideravelmente de produção após a interrupção do campeonato. Creio ser uma questão de cansaço, de fadiga até psicológica esta intermitência que faz as 1ªs partes enfadonhas e as 2ªs partes sem rei nem roque apesar de muita persistência cega e agressividade sem objectividade.

Ao contrário do que muitos apontam, e sem descontar os sistemas defensivos nos últimos jogos em casa com três adversários da mesma estirpe insuficiente-medíocre em bitola competitiva, os jogadores correm, mas correm mal. Porque querem a bola sem correr e duvidam do momento de a soltar porque o parceiro duvidou, antes, que a bola lhe seja bem metida se ele mesmo correr. Assim tem faltado continuidade ao jogo, uma equipa praticamente parada, com jogadores sem velocidade e a perder confiança no momento de fazer o jogo. Ou falta o passe para o espaço, como pede Hulk, ou o passe é transviado. Mas o jogo não se faz de passes apenas, é preciso desmarcações. É o misto do que tem falhado no futebol portista, a que se juntam algumas ausências importantes.

Rodriguez está no ponto morto da mesma fase da época passada, Belluschi no sai-entra que não faz render, Falcao já se desencontrou com a baliza um monte de vezes quando há tempos atrás parecia não falhar uma. Farias, no seu raio de acção limitado e rodeado de adversários, mantém a tecla afinada se o volume de jogo crescer ou for constante pelo menos. Álvaro Pereira acusa o facto de jogar sempre e cometer asneiras tácticas (posicionamento deficiente no golo do Belenenses a pôr em jogo o avançado contrário em situação facílima de anular), enquanto o lado direito perdeu em Fucile o jogador talvez em melhor momento físico e psicológico. O facto é que as alas não rendem, nem pelos laterais nem pelos extremos, ainda que a abnegação de Mariano, sempre subvalorizada, disfarce uma série de coisas que são o desencontro de várias peças com o seu dever principal: estar bem e jogar melhor, algo que até Hulk tem tido dificuldades em escolher.

Pode-se argumentar que a posição de pivot ofensivo está carenciada no momento em que se cumpre um ano de se apontar a Lucho o defeito de todas as maleitas do FC Porto. Quem agora o recorda foi decerto quem há um ano contestava o argentino. Jesualdo, por seu lado, está no ponto de ter de encontrar uma solução, mas sem o confessar sabe que o momento é de baixa de forma que sucedeu à paragem do campeonato, uma quebra a repetir na próxima semana e depois ver-se-á se algo é corrigido nesse aspecto. Fucile e Rodriguez não precisarão de jogar o "play-off" para o Mundial, Falcao idem e Hulk vai para a selecção brasileira em teste e talvez volte com a cabeça no lugar.
Nesta fase, foi pena o empate com o Belenenses, o único mau resultado desta série de jogos. Mau porque, apesar das intermitências dos deuses do jogo jogado, houve ocasiões suficientes para golear, alémd e um golo mal invalidado pela costumeira precipitação dos auxiliares que só prejudicam. Mau porque não se aproveitou para manter a diferença de três pontos para o 1º lugar. Só que o foco tem de ser esse e não a "perseguição às bruxas" que atacaram na noite de Halloween e fizeram perder pontos contra um fraco Belenenses que teve mais sorte que juízo.

Resta ver como acaba o ciclo, quando está em jogo, amanhã em Chipre, a garantia de seguir na Champions em 2010 e um jogo sempre complicado na Madeira mas onde o FC Porto obtém bons resultados quando é preciso. A paragem seguinte do campeonato terá outro tratamento interno a nível psicológico - beneficiando até de um previsível e desejado apuramento de Portugal para o Mundial - além de recuperar jogadores lesionados que já mostraram a sua importância: Fucile e Varela, além de dar consistência a outros nucleares como Rodriguez e Belluschi.

Por fim, o Sporting também não vi. Fico-me pelos resumos e algumas ideias soltas estapafúrdias postas a correr. Ainda hoje de manhã, casualmente, dei contas de que Joaquim Rita acha este plantel leonino inferior ao da época passada porque há "jogadores fora de forma" (?!). Isto comparando com o plantel que há um ano foi tido como melhorado com "três contratações cirúrgicas" e nenhuma delas joga agora. Um golo tão fantástico como ocasional forçou os leões ao empate com o Marítimo, o que pode suceder até num autogolo, com ressaltos múltiplos e a intervenção desesperada do seu guarda-redes aos 93 minutos de uma eliminatória europeia praticamente perdida com um inferior opositor holandês, naquela Twentelightzone que então descrevi.

E tal como os túneis onde se passam coisas "normais", de tão repedidas pelos beligerantes de sempre, enquanto noutros se pede investigação do CSI foleiro desta Lusitânia paixão pela intriga, também parece normal que a Polícia dispare para afugentar minorias contestatárias que permitiram ter sido sufragado em urna a política desportiva a que agora se opõem pela arruaça.

É irónico que tal aconteça como se houvesse uma grande manifestação social contra a penúria que década e meia de Governo socialista confinou o País que cai em todos os rankings internacionais: da liberdade de Imprensa ao rating para endividamento externo. Não foram milhares na rua a protestar contra a podre República da corrupção alastrada cautelosamente resguardada em longo período eleitoral.
Nem sei se a inferioridade leonina se medirá, na cabeça dos seus adeptos, por uma arrogância benfiquista que não suportam. Afinal, o paradigma continua a ser o Sp. Braga contra o qual, se tèm reparado, já começou o discurso do "tem sido ajudado em vários jogos".
Ao ouvir Paulo Bento, sempre surreal, alguém se deu conta de que, para falar de um penálti clamoroso que o pobre Collina português (perfeita imagem da miserável arbitragem nacional) transformou incrivelmente em falta fora da área, o treinador do Sporting aludisse a eventuais prejuízos de arbitragem nos jogos com FC Porto e Sp. Braga?
Há objectivamente um desfocar dos pontos essenciais, uns por mau perder, outros por mal saberem ganhar. Ou se argumenta com o "momento de forma" ou com a discrepância dos orçamentos, nas análises ao Sporting, sendo que quem aponta a divisão do dinheiro não tem presente os exactos valores em causa. Ainda há quem tenha assente que o Sporting gasta 20 ou 25ME, quando o R&C da época passada apontou para valores acima de 50ME?!...

Talvez por isso, na capital da luxúria e desperdício, rodeada de bairros sociais armados até aos dentes, se faz eco de um padre com armas de caça no nordeste transmontano.
E de repente se volte a fazer um programa (RTP-N esta manhã) para falar de futebol...
Tudo para se falar de cretinos. E túneis da discórdia.

7 comentários:

  1. a RTP-N e acólitos, deve ser o próximo "bem público" a privatizar.

    Que passem a comer do que semeiam. Assim, instalados no orçamento de Estado, vão fazendo toda a espécie de diatribes, um jornalismo de sarjeta, comprometido e subserviente, ao serviço de gente sem carácter e dignidade.

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  2. Assim não pode ser, Zé Luís, fico sem nada para acrescentar.

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  3. Muito bom Zé. Era deste texto que eu precisava de ler.


    Rumo ao Penta!

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  4. Excelente Zé Luis.

    O País que temos está seguro por arames.
    Ninguêm ouvio ou se interessou pelo que disse o Ramalho Eanes no ano transacto numa entrevista na XIC notícias.
    Dizia ele que as instituições não eram seguras, e que era necessário proceder a uma limpeza democrática.

    O que hoje se vê, é um País de sucateiros e feirantes, em que o negócio ao virar da esquina floresce a olhos vistos.

    Clubes que colocam nas sad´s património que lhes foi oferecido pelo estado e que está a ser pago por todos nós, para alegremente camuflar prejuízos astronómicos.

    Para que serve um estádio? Não me digam que vão deitar o estádio da luz abaixo para vender o terreno para construção? Se assim não for, como podem valorizar um estádio nas contas da Sad?

    Isto é uma falta de vergonha sem limites.

    Viva a gamela dos porcos e ratos de tuneis, que segundo se consta recebem envelopes de sucatas e obtêm carros de pneus pintados com faixas brancas.

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  5. Queixam-se do Jorge Sousa que, foi o mesmo que converteu um livre indirecto num penaltie inexistente a favor deles em Leiria.
    OS factos indesmentiveis deste jogo são:
    1mn de jogo - rasteira perigosa de cardoso para amarelo.
    2 mn de jogo - falta muito dura de Di Maria para Amarelo!
    7 mn - falta dura de Javi Garcia para amarelo.
    Afinal quem condicionou quem?
    Não lhes mostrar amarelos?
    Ramirez e Saviola a simular penalties?
    Ou terá sido a falta inexistente ( Meyong vs Fábio Coentrão) que deu origem ao lance do golo anulado, no qual o arbitro apitou antes de a bola entrar!
    Agarrar e empurrar não é falta?(...)
    Justificar a derrota com perseguições e fantasmas deste tipo, é um filme já visto em certas conferencias de imprensa!
    Só pode ser para tapar o sol com a peneira ou para encapotar jogos nos quais são beneficiados descaradamente!
    Sejam coerentes e da proxima não deixem cair o andor...Até parece que já tinham ganho o campeonato.

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  6. Meu caro,
    Registo que tenha falado da má situação do nosso Porto e não tenha sequer tocado no nome do Mariano, o menino amado do treinador, mas que não é capaz de um jogo superior a mediano. Com um jogador destes a distribuidor de jogo, que mesmo após uma expulsão estúpida num jogo importante, não tem qualquer castigo interno, entendo que o Porto não consegue nem pode progredir.
    Um abraço e esperemos por dias melhores,
    O Dragão

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  7. Amigo Dragão,

    falei no Mariano e se pode ser o patinho feio de muita gente, não é o mau da fita como querem fazer crer e o amigo acredita.

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