12 agosto 2011

Corrigir um pormenor é evitar o golo do ano passado



Eu já tinha tocado no assunto, na leitura que fiz da Supertaça em Aveiro. Como esperava, quase ninguém tocou no assunto. Constatei, depois, que só o Record deu destaque a essa declaração de Vítor Pereira em Aveiro. Hoje, na conferência de Imprensa no Olival, o treinador do FC Porto referiu-se a isso mesmo, agora sem especificar mas tocando implicitamente no tema. Os poucos jornalistas presentes não procuraram saber mais além do que o repórter do PortoCanal quis saber, quando levantou, muito bem, a questão que ficou pendente do último domingo.


A saber: a única dificuldade que o FC Porto teve para ganhar a Supertaça foi o pontapé para a frente do V. Guimarães. Aliás, implicando duas coisas:


1) a defesa fica a pé fixo, não se desposiciona e torna-se um muro firme difícil de derrubar - e para mais quando são perdoadas várias grandes penalidades a quem tantas faltas comete dentro e nas imediações da área, como infelizmente sucedeu com Pedro Proença.


2) optando pelo pontapé longo, longe de ser considerado uma "transição rápida", o Guimarães quis potenciar a velocidade dos seus extremos e a corpulência do seu avançado-centro - acabou por marcar apenas de canto, mas no primeiro e único que teve na 1ª parte, o que é frequente suceder no futebol, marcando numa oportunidade.


Ora, eu percebi cedo estes dois problemas ao ver o jogo de Aveiro, Vítor Pereira disse-o sem tibiezas na conferência de Imprensa após o jogo e hoje, instado a comentar o que esperava táctica e estrategicamente do Guimarães e o que o FC Porto corrigiria no seu jogo, o treinador portista referiu apenas a necessidade de "corrigir um pormenor" e poder vencer na estreia no campeonato. O pormenor é esse, o FC Porto quis jogar demasiado depressa em Aveiro, asfixiou o adversário pressionando-o logo junto à sua área e criou imensas dificuldades a que o Vitória respondeu com pontapés longos para os seus avançados. Os minhotos jogavam com uma equipa partida, meia a defender e meia a atacar, o FC Porto por momentos chegou a ficar partido, como o seu treinador reconheceu, e houve jogadas em que os centrais portistas não tinham Souza à sua frente. Essa exposição pode causar um golo do adversário.


Não sucedeu em Aveiro. Mas, basta lembrarmos, aliás, o 1-1 da época passada. Bola longa, da direita para a esquerda, Fucile a facilitar e Faouzi a entrar nas suas costas para marcar ante Helton. Custou não ganhar um jogo dominado pelo FC Porto, o mesmo podia ter sucedido em Aveiro e Vítor Pereira não espera um Guimarães diferente, mesmo perante os seus adeptos que potencialmente poderiam exigir outra postura da sua equipa. Ao invés, estes e esta preferem achar que quase equilibraram a partida de Aveiro, desequilibrada pelos critérios aberrantes de Pedro Proença e negando que o FC Porto construísse um resultado mais confortável. Porque a partida em si não deixou outras dúvidas, nem nos penáltis por assinalar.


É essa a chave do jogo de domingo. O FC Porto vai dominar, porque é melhor e a equipa já apresenta um nível muito bom de jogo e de confiança. Mas também os índices físicos, o entrosamento e um posicionamento mais à frente na busca da bola e no potenciar do erro do adversário ainda estão a ser burilados. Acredito que com maior ou menor dificuldade o FC Porto ganhará, em Guimarães, mas há que ter em conta o início de época, em que é tão inevitável forçar comparações, ainda que descabidas, com o que vimos no final da época passada, como não haver ainda toda a gama completa de recursos disponíveis e eficazes que ao longo de uma temporada marcam a carreira de uma equipa como sucedeu nos últimos meses de 2010-2011.


Vamos ter mais bola? Mais "temporização", controlando todas as acções do jogo e com a bola em noso poder? Mais eficácia ofensiva? É uma questão de pormenores. Os pormaiores o FC Porto tem-nos todos e Vítor Pereira assume o favoritismo, no jogo e no campeonato. Pelo que fomos, pelo que fomos, mas o que ainda teremos de ser é que determinará o campeão.

O resto da conferência de Imprensa de hoje foi mais do mesmo, com pouco conteúdo e sem nenhum sinal visível novo. É a vantagem de ver em directo no PortoCanal e até conhecer (no final) os jornalistas de serviço que deambulam na sala. Vítor Pereira respondeu a tudo, mas compreensivelmente evitou algumas questões que são legítimas mas também facilmente descartáveis. Especialmente no tocante ao mercado, nada mais há a dizer, só esperar.


2 comentários:

  1. Bom...mais um campeonato se inicia e mais do mesmo. Primeiro golo do Benfífias e esse portento Nolito em fora de jogo a concretizar.

    A TVI na 1ª imagem percebeu que o mesmo estava em fora de jogo e nunca mais mostraram a dita imagem, falando de tudo e mais alguma coisa, sem comentar a posição.
    Quem ouve estes tipos até pensa que o Benfífias é o campeão de tudo e mais alguma coisa, e que imensos clubes procuram comprar os ensinamentos do mestre da táctica.

    O que mais gosto neste jogo é a mostra de imensa agressividade do Gil Vicente...Vamos ver quantos jogadores vai receber do amigo de lisboa que o empurrou para a 2ª divisão?

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  2. Out of topic: a concorrência, depois dos melões, já apanhou um galo.

    Boa época para si. (E para todos nós.)

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